sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Lula e suas circunstâncias

Foto: Ricardo Stuckert
Por Roberto Amaral, em seu blog:


O “mercado” está incomodado, ora com as declarações de Lula sobre seu programa de governo, tidas como pouco ortodoxas, ora com seu silêncio sobre as demandas da Faria Lima. E porque o mercado anda assim nervoso, os diversos indicadores da economia – das bolsas ao câmbio – vivem sua ciclotimia artificial, que tanto alimenta a ciranda financeira e enriquece os especuladores.

O presidente, publicamente pressionado, designou o professor Haddad para falar aos banqueiros reunidos para convescote em bunker paulistano. O auditório, porém, não gostou, principalmente porque não ouviu o que buscava, a capitulação de Lula. Para a Folha de S. Paulo, “São preocupantes declarações recentes de Lula e de Fernando Haddad sobre o contexto econômico”, e o Estadão diz que o mercado, em nome de quem se expressa, “vê risco com a PEC e volta a elevar a inflação de 2023”. Refletindo o amuo da Faria Lima, a bolsa caiu e o dólar, a moeda em que opera nosso capitalismo, subiu.
De outra parte, o chorume da política (que controla partidos e Congresso) tenta inviabilizar o novo governo, forçando-o desde logo a uma concordata, traficância que igualmente pleiteia a caserna, sequiosa de, mantendo os privilégios de casta, evitar a desmilitarização da república, sem o que jamais conheceremos, sequer, a plenitude da democracia liberal, experiência que o país tenta construir contra a histórica resistência dos militares e a contraofensiva da mais atrasada das classes dominantes.

Falta time aos golpistas

Charge: Toni
Por Moisés Mendes, em seu blog:

Todos os dias o golpe tem pelo menos um emissário, mas é a primeira vez que uma mensagem chega do Catar e, como surpresa, por interferência da mulher de Eduardo Bolsonaro.

Heloisa Wolf escreveu: “Pra quem acha que tudo se resume a futebol, posso garantir uma coisa: a bola tá rolando e ainda tem muito jogo”.

A Copa tem jogo até a final do dia 18, e a Polônia, um dos times mais medíocres da competição, está classificada para as oitavas.

A bola continua rolando até para a Polônia. Mas só finge que rola para o golpismo no Brasil.

Falta time aos golpistas, e eles sabem que o jogo acabou. Mesmo com a intensificação do blefe de que vem aí uma guerra civil. A ameaça de guerra é uma presença cotidiana.

A batalha para incluir os pobres no orçamento

"Brasil devastado pela covid, enfrenta uma epidemia de fome"/NYT
Por Jair de Souza


A vitória eleitoral de Lula em 30 de outubro passado foi de fato retumbante. Mas, não deve ser encarada como o desfecho exitoso de nossa luta contra o processo destrutivo iniciado com o golpe parlamentar-jurídico-midiático de 2016 e intensificado ao extremo nos quatro anos seguintes do governo nazista-bolsonarista.

A eleição de Lula nos indicou tão somente a primeira pedra a ser transposta. Por mais importante que tenha sido derrotar a monstruosa máquina construída e empregada visando eternizar no comando do aparelho do Estado as forças político-econômicas agrupadas em torno da extrema direita mais antipovo e entreguista de que se tem notícia em toda nossa história, ganhar as eleições era tão somente o primeiro passo da caminhada. E, convém ressaltar, não se tratava sequer do passo mais difícil a ser dado. As dificuldades que nos esperam depois disso são ainda maiores e terão de ser enfrentadas com muita determinação para que possamos realmente fazer algum avanço no rumo dos objetivos almejados.

A escolha de comandantes

Charge: Gledson/Associação dos Cartunistas do Brasil 
Por Manuel Domingos Neto

A chefia-de-Estado, não comandando os militares, será por eles comandada.

Foi assim desde sempre e em todo canto.

Organizações armadas veem a sociedade, às vezes chamada “pátria”, como dádiva das fileiras. Não sendo comandadas, conduzirão sua pretensa cria.

À chefia-de-Estado cabe determinar como as tropas devem ser preparadas. Comandantes supremos que atendem demandas corporativas invertem a hierarquia e se anulam: corporações devem atender ao chefe-de-Estado, não o contrário.

Ao comando supremo cumpre estabelecer diretrizes claras, objetivos precisos, missões circunscritas e meios adequados. Extrapolações da autonomia corporativa são inadmissíveis.

Militares aprendem a obedecer.

A guerra no mercado de mídia

Lula precisa da mobilização das ruas

CNN-Brasil promove demissão em massa

Instagram/Divulgação
Por Altamiro Borges

Este 1º de dezembro foi traumático para os trabalhadores da CNN-Brasil – emissora fundada em março de 2020 com o objetivo de disputar o mercado da tevê por assinatura no país. Logo pela manhã, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo recebeu relatos das covardes demissões na empresa do ricaço Rubens Menin, que também é dono da MRV Engenharia.

“Em poucas horas, dezenas de jornalistas que trabalhavam na sede da emissora (localizada na Avenida Paulista, em São Paulo) perderam seus empregos. Números extraoficiais dão conta que cerca de 40 jornalistas da capital foram demitidos – de acordo com informações coletadas com diferentes fontes, mais de 100 postos de trabalho foram extintos nas diferentes praças da emissora”, descreve o site da entidade.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Bolsonaro cogita pedir fim de atos em quartéis

Charge: Zepa
Por André Cintra, no site Vermelho:


Jair Bolsonaro (PL) decidiu recuar, ao menos por enquanto. O medo de ser condenado à prisão após o fim de seu governo – e do foro privilegiado – levou o presidente a vislumbrar um aceno ao Judiciário, em especial ao STF (Supremo Tribunal Federal). Segundo a colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, ele já cogita pedir aos bolsonaristas o fim dos atos golpistas nas portas dos quartéis do Exército.

Ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Bolsonaro afirmou que falará publicamente em breve sobre o assunto, “em alguma ocasião pública ou mesmo em uma live” nas redes sociais. “A questão, porém, é o que ele deve dizer e quando fazê-lo”, registra Malu.

Os protestos na China

Quem perdeu a eleição quer mandar em Lula

Amoêdo se desfilia do falido partido Novo

Centrão não se vende, o Centrão se aluga

Militar golpista passa dos limites

Os pendrives de Eduardo Bolsonaro no Catar

Lula manda e as Forças Armadas obedecem

1º de janeiro de 2003
Por Jeferson Miola, em seu blog:

A expectativa a respeito da escolha do ministro da Defesa e dos comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica está no mesmo nível da ansiedade – e da histeria – do mercado financeiro acerca da definição dos ministros da área econômica.

Na montagem do governo Lula I [2003/2006], a definição do ministro da Defesa transcorreu com naturalidade; sem sobressaltos. O anúncio do titular da Pasta, embaixador José Viegas, somente aconteceu em 23 de dezembro de 2002, no último lote de anúncios do ministério.

No contexto brasileiro atual, contudo, a questão militar e a gestão econômica são os dois assuntos mais sensíveis do processo de transição do governo eleito.

Lula organiza e monta seu terceiro governo flanqueado, por um lado, pelas cúpulas militares; e, por outro lado, por setores poderosos do capital. E é, ainda, restringido pelo esquema corrupto do orçamento secreto do Congresso Nacional.

Mal-estar na indicação de Múcio para Defesa

Charge: Fredy Varela
Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:


A candidatura de José Múcio para o Ministério da Defesa ameaça transformar-se no primeiro grande conflito político do governo Lula.

Num universo habituado a se mover em silêncio, as tensões provocadas pela indicação são crescentes.

Quadro experiente do conservadorismo brasileiro, que passou o regime de 64 nas asas do PFL e adjacências, Múcio tem sido apontado como o gerente ideal para administrar uma das mais delicadas questões políticas da República -- o lugar dos comandantes militares em nossa democracia.

A questão é complexa, porém.

Sabemos que no artigo 142 a Carta de 1988 consagra subordinação das Forças Armadas ao poder civil ao dizer que elas constituem "instituições nacionais, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do presidente da República".

Tempo certo da questão trabalhista

Foto: Cláudio Kbene/Divulgação
Por João Guilherme Vargas Netto


Ao reler os contos de Machado de Assis temos as mesmas sensações de um avarento ao recontar as moedas de seu tesouro. Cada um deles, assim como cada uma delas, é um novo deslumbramento.

É o que acontece com o conto “Tempo de crise”, de 1873, em que se narram as especulações políticas sobre uma troca de governo. Com exceção do dito “lamber os vidros por dentro”, que à época queria dizer o mesmo que “trocar as meias sem tirar os sapatos”, de hoje, o conto é de uma atualidade e precisão surpreendentes ( o que se passava na Rua do Ouvidor passa-se agora aceleradamente nas redes sociais).

Cabem todas as dúvidas e opiniões de quem participa ou de quem apenas comenta, que são muitas.

A linguagem e o autoengano bolsonarista

Por Jair de Souza

O povo brasileiro está vivenciando um momento crucial para a história de toda a humanidade. O porvir dos embates que estão se desenrolando em nosso país vai ser também, em grande medida, determinante para o desenlace da luta global contra o ressurgimento do nazismo.

A análise da evolução histórica do capitalismo nos mostra que o fascismo é um dos recursos extremos ao qual as forças do grande capital apelam em seus intentos de aniquilar a resistência popular em períodos de sérias crises existenciais para esse sistema de exploração social. As peculiaridades adotadas pelo fascismo sofrem variações em função das especificidades presentes em cada povo, região ou momento em que o mesmo aparece.