quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Salário mínimo continua mísero

Entrou em vigor no início de fevereiro o novo valor do salário mínimo nacional – que subiu de R$ 415 para R$ 465. O reajuste de 12% beneficiará 42,8 milhões de brasileiros que sobrevivem com esta miséria, entre os trabalhadores formais e informais (mais de 25 milhões), aposentados e pensionistas (17,8 milhões). Ele também incidirá sobre o seguro-desemprego, já que o benefício é vinculado desde 1992. Segundo o Ministério do Planejamento, o novo mínimo vai injetar R$ 23,1 bilhões na economia neste ano, sendo um forte fator de estímulo ao mercado interno.

De positivo, é preciso enfatizar que o presidente Lula manteve seu compromisso de campanha de valorização do salário mínimo e tem promovido os maiores reajustes das últimas quatro décadas. Nos seus seis anos de mandato, o aumento real foi de 46,05% - somando a reposição da inflação, ele cresceu 132% no período (era de R$ 200 no final do reinado de FHC). Além disso, o governo tem sustentado, apesar da gritaria do patronato, o reajuste acima da inflação, tendo como base o crescimento do PIB, e antecipa o reajuste mês a mês – cumprido acordo firmado com as centrais.

A gritaria egoísta do capital

De negativo, não dá para esconder que o salário continua mínimo, irrisório. Quando foi criado por Getúlio Vargas, em 1º de maio de 1938, ele tinha como objetivo cobrir todas as necessidades básicas dos trabalhadores. O valor atual está distante deste objetivo. Como afirma o professor da Unicamp Cláudio Dedecca, uma dos maiores especialistas no tema, o atual reajuste de 50 reais é insatisfatório. “O salário mínimo deveria ser, no mínimo, três vezes maior”. Segundo projeções do Dieese, para garantir a cesta básica a um casal com dois filhos, deveria ser de R$ 1.634,73.

Apesar das críticas, Dedecca avalia que o reajuste é uma medida eficaz de combate aos efeitos da crise capitalista. “Não tenho dúvida de que ele contribui para a sustentação do nível de atividade economia em 2009. O salário mínimo é uma medida relevante de combate à crise”. O professor da Unicamp rejeita a gritaria egoísta de parte do patronato, com dos representantes da Fiesp, que criticaram o reajuste. Para ele, o aumento real movimentará a economia e estimulará o comércio interno. “Se um setor tem um gasto maior com o reajuste do mínimo, por outro lado, uma massa maior trabalhadores passa a consumir, como no setor de alimentação, o que estimula o mercado”.

4 comentários:

Anônimo disse...

O problema em si não é o valor do salário mínimo, mas o valor real de compra do salário mínimo. De que adianta aumentar o salário mínimo se com ele aumenta o preço do petróleo e derivados, da cesta básica, etecetera. O grande problema está na carestia patrocinada pelos leitões capitalistas.

Unknown disse...

Inicio aqui uma campanha, e espero contar com os companheiros da mídia alternativa nessa empreitada. Edmar Moreira para vice na chapa de José Serra à presidência da República em 2010.
Afinal onde os demos poderão encontrar outro nome mais apropriado? Qual político demo está em condição moral melhor que a de Edmar?
www.dissolvendo-no-ar.blogspot.com

Humberto Carvalho Jr. disse...

O salário continua com a mesma face da primeira fase do capitalismo: suprir as necessidades mínimas para que o trabalhador consiga chegar à empresa no dia seguinte para produzir a mais-valia.

Muito bem posta a questão do salário mínimo. Parabéns, Miro!

Abraço.

Anônimo disse...

O maior problema com o salário mínimo é que para a maioria da população acaba sendo visto como o salário máximo.
Assim, mesmo as pessoas que acham o salário mínimo insignificante e podem pagar mais, norteam o pagamento dos seus funcionário pelo salário mínimo e não pelo que o trabalhador merece e ele pode pagar. Isso, acontece, por exemplo, para uma boa parte do maiores empregadores do Brasil (as chamadas donas de casa).
Nelson Robson