sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O dia em que até a Globo vaiou Ali Kamel

Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:

Passava das 9 da noite dessa quinta-feira e, como acontece quando o “Jornal Nacional” traz matérias importantes sobre temas políticos, a redação da Globo em São Paulo parou para acompanhar nos monitores a “reportagem” sobre o episódio das “bolinhas” na cabeça de Serra.

A imensa maioria dos jornalistas da Globo-SP (como costuma acontecer em episódios assim) não tinha a menor idéia sobre o teor da reportagem, que tinha sido editada no Rio, com um único objetivo: mostrar que Serra fora, sim, agredido de forma violenta por um grupo de “petistas furiosos” no bairro carioca de Campo Grande.

Na quarta-feira, Globo e Serra tinham sido lançados ao ridículo, porque falaram numa agressão séria – enquanto Record e SBT mostraram que o tucano fora atingido por uma singela bolinha de papel. Aqui, no blog do Azenha. você compara as reportagens das três emissora na quarta-feira. No twitter, Serra virou “Rojas”. Além de Record e SBT, Globo e Serra tiveram o incômodo de ver o presidente Lula dizer que Serra agira feito o Rojas (goleiro chileno que simulou ferimento durante um jogo no Maracanã).

Ali Kamel não podia levar esse desaforo pra casa. Por isso, na quinta-feira, preparou um “VT especial” – um exemplar típico do jornalismo kameliano. Sete minutos no ar, para “provar” que a bolinha de papel era só parte da história. Teria havido outra “agressão”. Faltou só localizar o Lee Osvald de Campo Grande. O “JN” contorceu-se, estrebuchou para provar a tese de Kamel e Serra. Os editores fizeram todo o possível para cumprir a demanda kameliana. mas o telespectador seguiu sem ver claramente o “outro objeto” que teria atingido o tucano. Serra pode até ter sido atingido 2, 3, 4, 50 vezes. Só que a imagem da Globo de Kamel não permite tirar essa conclusão.

Aliás, vários internautas (como Marcelo Zelic, em ótimo vídeo postado aqui no Escrevinhador) mostraram que a sequência de imagens – quadro a quadro – não evidencia a trajetória do “objeto” rumo à careca lustrosa de Serra.

Mas Ali Kamel precisava comprovar sua tese. E foi buscar um velho conhecido (dele), o peritoRicardo Molina.

Quando o perito apresentou sua “tese” no ar, a imensa redação da Globo de São Paulo – que acompanhava a “reportagem” em silêncio – desmanchou-se num enorme uhhhhhhhhhhh! Mistura de vaia e suspiro coletivo de incredulidade.

Boas fontes – que mantenho na Globo – contam-me que o constrangimento foi tão grande que um dos chefes de redação da sucursal paulista preferiu fechar a persiana do “aquário” (aquelas salas envidraçadas típicas de grandes corporações) de onde acompanhou a reação dos jornalistas. O chefe preferiu não ver.

A vaia dos jornalistas, contam-me, não vinha só de eleitores da Dilma. Há muita gente que vota em Serra na Globo, mas que sentiu vergonha diante do contorcionismo do “JN”, a serviço de Serra e de Kamel.

Terminado o telejornal, os editores do “JN” em São Paulo recolheram suas coisas, e abandonaram a redação em silêncio – cabisbaixos alguns deles.

Sexta pela manhã, a operação kameliana ainda causava estragos na Globo de São Paulo. Uma jornalista com muitos anos na casa dizia aos colegas: “sinto vergonha de ser jornalista, sinto vergonha de trabalhar aqui”.

Serra e Kamel não sentiram vergonha.

.

7 comentários:

Unknown disse...

Então esses(s) jornalista(s) tem que saber que há alternativa para quem quer fazer um trabalho sério, honesto. A Globo tem apresentado depoimentos constrangedores na área política. Primeiro foi Chico Anísio, que, por sinal, não se importou nada nada em desposar Zélo Cardoso de Melo. Depois, aquele depoimento do Vereza, que demonstrou total falta de sintonia com os fatos, parecia que tinha levado uma lavagem cerebral. A Globo é o locus dos decadentes, como Jabor também. Quem quer dar-se ao respeito e fazer uma carreira não pode lá permanecer.

Anônimo disse...

http://migre.me/1IdKR
Veja o cara que atirou bolhinha de papel a #serrarojas
Aparece o braco vestido de camisa azul

leonel disse...

Eu ja sinto vergonha de dizer q TVBOLINHA a tal #globomente é daqui do Brasil.

Laigata de Fogo disse...

De certo só o casal 45 conseguiu manter aquele ar de seriedade. Mas em casa não deve ter conseguido ter uma boa noite. Tanto que não compareceu à bancada (ou melhor, ao picadeiro) na noite de sexta-feira, dia 22/10.

Está ficando cada vez mais patético o esforço para manter toda aquela fiel seriedade. Que decadência ter que se submeter a um esforço tremendo para tentar manter firme uma tese que virou piada de tão ridícula. Só mesmo o padrão engessado de jornalismo da Rede Globo pra se manter em tão patética teimosia.

Terá o Marcelo Madureira coragem para debochar da atuação da Rede Globo nesse episódio, ou causará Marcelo Madureira grande mal à juventude desse país com uma possível omissão?

Waldete Menezes disse...

É patético o esforço que a rede globo faz para pintar o Serra de bom moço. É vergonhoso o comportamento do jornalismo dessa emissora, ferindo os dois principais pilares dessa profissão, a ética e a imparcialidade. Acredito e entendo a vergonha da jornalista por trabalhar na globo. Defendo a idéia que um programa de jornalismo que, intencionalmente falte com a verdade, deva no mí nimo ser punido por lei. Dilma, teve o seu horário político reduzido, por este motivo.

Waldete Menezes disse...

É patético o esforço que a rede globo faz para pintar o Serra de bom moço. É vergonhoso o comportamento do jornalismo dessa emissora, ferindo os dois principais pilares dessa profissão, a ética e a imparcialidade. Acredito e entendo a vergonha da jornalista por trabalhar na globo. Defendo a idéia que um programa de jornalismo que, intencionalmente falte com a verdade, deva no mí nimo ser punido por lei. Dilma, teve o seu horário político reduzido, por este motivo.

Anônimo disse...

A situação dos jornalistas da revista Veja deve ser pior ainda, pois eles são obrigados a só defenderem o serra e bater no lula. A palavra imparcialidade na midia brasileira não existe. Globo e Veja são duas vergonhas nacionais.