Por Altamiro Borges
Os novos documentos do serviço diplomático dos EUA vazados pelo WikiLeaks ainda vão dar muito o que falar. Traduzidos, eles serão um prato cheio para a crítica demolidora da blogosfera progressista – já que a mídia colonizada evita repercuti-los – e servirão também de fonte para futuros estudos acadêmicos sobre as complexas relações Brasil-EUA.
Entre outras questões, os documentos vazados servem para quatro reflexões iniciais:
1- Como já afirmou Julian Assange, o criador do WikiLeaks que é vítima de brutal perseguição do império, eles comprovam que o serviço diplomático dos EUA virou, na prática, um centro de espionagem. Embaixadores, cônsules e outros serviçais até parecem agentes da CIA. Eles bisbilhotam a vida das pessoas (inclusive do secretário-geral da ONU, investigado por ordens diretas de Hillary Clinton), coletam dados para favorecer a “guerra comercial” das multinacionais ianques e tentam interferir nos rumos de países “soberanos”. Em outro contexto histórico, os diplomatas dos EUA simplesmente seriam expulsos dos países espionados.
2- Apesar de decadente e em crise, o imperialismo estadunidense continua bastante ativo e agressivo – o que deveria servir de alerta para alguns que acreditavam que ele já nem mais existia. A diplomacia dos EUA, como não poderia deixar de ser, visa unicamente manter os interesses econômicos e políticos do império. Ela monitora tudo o que ocorre no mundo, em especial nos países mais estratégicos na geopolítica mundial. Neste sentido, o Brasil é alvo de permanente espionagem. Como sempre enfatiza Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty, o nosso país desperta forte cobiça por sua dimensão continental, densidade populacional, capacidade produtiva e reservas naturais. Não se deve subestimar seu potencial – e os EUA sabem disto.
3- Os memorandos vazados pelo WikiLeaks também confirmam que os EUA mantêm intimas ligações com a direita entreguista do Brasil – o que já é fartamente conhecido na história. Apesar de o governo Lula ter mantido “relações cordiais” com o império, este nunca tolerou a sua política externa mais altiva – como na prioridade ao Mercosul ou na rejeição ao golpe militar-ianque em Honduras. Não é para menos que a diplomacia estadunidense sempre privilegia o contato com a oposição demotucana, conforme relata Natalia Vianna, representante do WikiLeaks no Brasil (leia aqui). Nas eleições de 2010, ela voltou a manifestar simpatia por José Serra, o candidato demotucano que prometeu que “como presidente iria pressionar por uma política externa mais alinhada com os EUA”, segundo um dos telegramas enviados pelo consulado de São Paulo à Casa Branca.
4- Mas os EUA não têm “amigos” apenas nos partidos de direita com complexo de vira-lata. O risível nos últimos documentos do WikiLeaks é que eles confirmam a relação promíscua de setores da mídia “privada” com o império. Num dos memorados há o relato da reunião, em 12 de janeiro último, do cônsul dos EUA com um “importante colunista da revista Veja, Diogo Mainardi”. Ele explica como, a partir de uma “conversa com José Serra”, escreveu sua coluna propondo o nome de Marina Silva como vice na chapa da oposição – para “contrabalançar a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres”. Outro descreve a conversa do cônsul, em 21 de janeiro, com Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, que aposta que o ex-governador mineiro aceitará ser vice do ex-governador paulista e que “uma chapa Serra-Neves” seria imbatível. Após a leitura dos documentos fica a dúvida se estes e outros “calunistas” da mídia são cabos-eleitorais da direita, que escrevem sob o seu soldo, ou meros “amigos” dos EUA.
Os novos documentos do serviço diplomático dos EUA vazados pelo WikiLeaks ainda vão dar muito o que falar. Traduzidos, eles serão um prato cheio para a crítica demolidora da blogosfera progressista – já que a mídia colonizada evita repercuti-los – e servirão também de fonte para futuros estudos acadêmicos sobre as complexas relações Brasil-EUA.
Entre outras questões, os documentos vazados servem para quatro reflexões iniciais:
1- Como já afirmou Julian Assange, o criador do WikiLeaks que é vítima de brutal perseguição do império, eles comprovam que o serviço diplomático dos EUA virou, na prática, um centro de espionagem. Embaixadores, cônsules e outros serviçais até parecem agentes da CIA. Eles bisbilhotam a vida das pessoas (inclusive do secretário-geral da ONU, investigado por ordens diretas de Hillary Clinton), coletam dados para favorecer a “guerra comercial” das multinacionais ianques e tentam interferir nos rumos de países “soberanos”. Em outro contexto histórico, os diplomatas dos EUA simplesmente seriam expulsos dos países espionados.
2- Apesar de decadente e em crise, o imperialismo estadunidense continua bastante ativo e agressivo – o que deveria servir de alerta para alguns que acreditavam que ele já nem mais existia. A diplomacia dos EUA, como não poderia deixar de ser, visa unicamente manter os interesses econômicos e políticos do império. Ela monitora tudo o que ocorre no mundo, em especial nos países mais estratégicos na geopolítica mundial. Neste sentido, o Brasil é alvo de permanente espionagem. Como sempre enfatiza Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty, o nosso país desperta forte cobiça por sua dimensão continental, densidade populacional, capacidade produtiva e reservas naturais. Não se deve subestimar seu potencial – e os EUA sabem disto.
3- Os memorandos vazados pelo WikiLeaks também confirmam que os EUA mantêm intimas ligações com a direita entreguista do Brasil – o que já é fartamente conhecido na história. Apesar de o governo Lula ter mantido “relações cordiais” com o império, este nunca tolerou a sua política externa mais altiva – como na prioridade ao Mercosul ou na rejeição ao golpe militar-ianque em Honduras. Não é para menos que a diplomacia estadunidense sempre privilegia o contato com a oposição demotucana, conforme relata Natalia Vianna, representante do WikiLeaks no Brasil (leia aqui). Nas eleições de 2010, ela voltou a manifestar simpatia por José Serra, o candidato demotucano que prometeu que “como presidente iria pressionar por uma política externa mais alinhada com os EUA”, segundo um dos telegramas enviados pelo consulado de São Paulo à Casa Branca.
4- Mas os EUA não têm “amigos” apenas nos partidos de direita com complexo de vira-lata. O risível nos últimos documentos do WikiLeaks é que eles confirmam a relação promíscua de setores da mídia “privada” com o império. Num dos memorados há o relato da reunião, em 12 de janeiro último, do cônsul dos EUA com um “importante colunista da revista Veja, Diogo Mainardi”. Ele explica como, a partir de uma “conversa com José Serra”, escreveu sua coluna propondo o nome de Marina Silva como vice na chapa da oposição – para “contrabalançar a atração pessoal que Lula exerce sobre os pobres”. Outro descreve a conversa do cônsul, em 21 de janeiro, com Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, que aposta que o ex-governador mineiro aceitará ser vice do ex-governador paulista e que “uma chapa Serra-Neves” seria imbatível. Após a leitura dos documentos fica a dúvida se estes e outros “calunistas” da mídia são cabos-eleitorais da direita, que escrevem sob o seu soldo, ou meros “amigos” dos EUA.
3 comentários:
Altamiro
Sejamos práticos. Como atacar os EUA, como deixar a nossa ingenuedade de lado. A proposta do Rodrigo é um grito no ar e nada mais.
A resposta é muito simples e o Rodrigo não está enxergando. Quem representa e sempre representou os interesses das empresas estrangeiras aqui no Brasil, principalmente EUA e Grã-Bretanha ? FIESP. Palavras jogadas ao vento são apenas isso, palavras, eu gosto de ação.
Tem uma guardada para a FIESP no segundo semestre. Quero ver essa danada na comissão do congresso bem constrangida. As vezes contragimento é só do que precisamento para demolir o inimigo.
Os EUA defendem seu país e seus concidadãos a qualquer preço, eu respeito isso, devemos fazer o mesmo com os nossos traidores. Nenhuma traíção deve ou será perdoada. Quanto ao Serra e Cia, o que Rodrigo acharia de um pergunta na comissão de fiscalização e controle financeiro do tipo: O que você Serra , você Aécio, você Arruda e você Yeda pretendiam com aplicações no Sistema Financeiro? Seria desestabilizar a nossa moeda ou é só impressão?
Acho que com essas preliminares eu provo ao Rodrigo que o povo brasileiro aprendeu a não ser tão ingenuo assim.
Á um detalhe a Dilminha não sofre também desse mal, ela confia desconfiando e desconfia confiando como uma boa mineira-gaucha que é.
WikiLeaks e os mitos da democracia
(publicado na revista Caros Amigos)
A notoriedade conquistada pelo WikiLeaks teve inúmeros efeitos positivos, louvados à exaustão. Também conhecemos os questionamentos de seus adversários, alguns bem espinhosos e insolúveis, como os que debatem a necessidade de proteger dados governamentais estratégicos. Passado o furor das polêmicas iniciais, porém, é necessário apontar alguns equívocos menos evidentes de ambas as facções.
As informações divulgadas trouxeram pouca novidade àquilo que o leitor atento de jornais já sabia há décadas. Mesmo a infame perseguição a Julian Assange é típica do regime político em vigor nos EUA, que sempre combateu antagonistas com os instrumentos usados pelas chamadas ditaduras contra seus dissidentes. Assange, indefeso como qualquer cidadão comum, jamais escaparia das armadilhas jurídicas, econômicas e jornalísticas que esmagam quem ousa confrontar o “sistema”.
Apesar do discurso iconoclasta, ele precisou recorrer à mídia corporativa para legitimar-se e salvar a própria pele. Governos e empresas atingidos superaram o breve embaraço e voltaram às atividades obscuras de praxe. Assange serviu para elevar a audiência e aprimorar a blindagem de seus inimigos, e depois foi descartado. Pagou um preço demasiado apenas para confirmar que não existe liberdade de imprensa ou direito à informação no mundo real do poder, que esses princípios ocos alimentam fantasias convenientes à natureza totalitária da farsa democrática.
A ilusória força mobilizadora da internet ameniza nossa amedrontada submissão às engrenagens que não podemos (e talvez não queiramos) destruir. É enganosamente confortável denunciar injustiças e violências no ambiente inofensivo da virtualidade. O ativismo eletrônico, ainda que necessário, não basta para operar mudanças efetivas no cotidiano das populações. E pode também levar a inúteis sacrifícios pessoais.
www.guilhermescalzilli.blogspot.com
Miro,
Apenas observo que "prioridade ao Mercosul" é uma falácia, com todo o respeito ao que vc escreve. O Mercosul é uma fraude, simples assim. O Brasil, no Cone Sul, prioriza a si mesmo, cagando para a Argentina, o Uruguai e o Paraguai. Integração zero, o resto é papo.
Postar um comentário