Editorial do sítio Vermelho:
“É preciso não ter medo,/ é preciso ter a coragem de dizer./O homem deve ser livre...” – estes versos do poema “Rondó a Liberdade” exprimem com perfeição a personalidade heroica e destemida de seu autor, o revolucionário comunista Carlos Marighella, cujo centenário é comemorado hoje, 5 de dezembro.
Carlos Marighella deixou uma marca indelével na luta do povo brasileiro ao longo do século 20. Teórico marxista, militante da luta popular, dirigente partidário, deputado Constituinte em 1946, ele foi também um poeta notável que, nos bancos escolares, costumava escrever suas provas em versos.
Filiado ao Partido Comunista do Brasil desde 1934, conheceu as prisões (saiu da cadeia em 1945, anistiado no final do Estado Novo) e ganhou o ódio da direita e dos conservadores. Fez parte da geração que, na década de 1930, resistiu ao desmantelamento do Partido Comunista pela polícia política; em 1945 juntou-se aos que reorganizaram o Partido, tornando-se um de seus quadros mais destacados. Na Assembleia Nacional Constituinte notabilizou-se pela defesa intransigente e radical da democracia, contra a obstinada resistência oligárquica que pretendia um estado de direito apenas formal e de escassa participação popular.
Nos debates comunistas de meados da década de 1950, foi sensível aos argumentos da ala revolucionária que resistia ao revisionismo que tomou de assalto a direção do Partido. Mas não aderiu à reorganização de 1962, permanecendo no velho PCB mais alguns anos, até divergir em 1966, descontente com a moderação ante a ditadura militar; foi expulso em 1967 e, no ano seguinte, organizou a principal organização da resistência armada urbana contra a ditadura, a Ação Libertadora Nacional (ALN), da qual foi teórico e dirigente.
A ditadura o considerou, naqueles anos, seu inimigo nº 1, e caçou-o até a emboscada montada na capital paulista pelo facínora símbolo da tortura e da repressão, Sérgio Fleury, sendo assassinado sem chance de defesa em 4 de novembro de 1969. “O assassinato deste conhecido revolucionário é mais uma ação vergonhosa e covarde que se acrescenta à onda de inomináveis violências que a ditadura militar vem cometendo. A história do Brasil registra poucos crimes políticos tão infames, tão friamente planejados” como este, indignou-se a nota em que o Partido Comunista do Brasil condenou aquele crime, publicada no jornal comunista A Classe Operária.
Carlos Marighella é um dos heróis do povo, e a recuperação oficial de sua memória teve início em 1996 quando o governo federal reconheceu a responsabilidade do Estado por seu assassinato. E avança agora quando, na 53ª Caravana da Anistia, em Salvador (BA), sua cidade natal, ele será oficialmente anistiado e o Estado brasileiro, pela voz dos representantes da Comissão da Anistia, pedirá perdão pelo crime cometido em 4 de novembro de 1969.
A anistia a Carlos Marighella, o pedido de perdão por seu assassinato e a inauguração do memorial Marighella Vive, são importantes passos das autoridades brasileiras para a reconciliação da nação com sua memória de luta e resistência democrática, nacional e anti-imperialista. É o sentido da luta pela revelação das atrocidades cometidas durante a ditadura militar de 1964 simbolizada na aprovação da Comissão da Verdade – os brasileiros tem o direito de saber quão covarde foi a repressão e perseguição policial aos democratas e comunistas, de honrar o heroísmo da resistência, e de cultuar aqueles que tombaram ante a ferocidade do arbítrio.
O revolucionário Carlos Marighella anotou seus sonhos de liberdade na forma de versos. E transformou sua própria vida em defesa dos trabalhadores, da democracia e da nação, em um poema épico que os brasileiros precisam conhecer e difundir.
“É preciso não ter medo,/ é preciso ter a coragem de dizer./O homem deve ser livre...” – estes versos do poema “Rondó a Liberdade” exprimem com perfeição a personalidade heroica e destemida de seu autor, o revolucionário comunista Carlos Marighella, cujo centenário é comemorado hoje, 5 de dezembro.
Carlos Marighella deixou uma marca indelével na luta do povo brasileiro ao longo do século 20. Teórico marxista, militante da luta popular, dirigente partidário, deputado Constituinte em 1946, ele foi também um poeta notável que, nos bancos escolares, costumava escrever suas provas em versos.
Filiado ao Partido Comunista do Brasil desde 1934, conheceu as prisões (saiu da cadeia em 1945, anistiado no final do Estado Novo) e ganhou o ódio da direita e dos conservadores. Fez parte da geração que, na década de 1930, resistiu ao desmantelamento do Partido Comunista pela polícia política; em 1945 juntou-se aos que reorganizaram o Partido, tornando-se um de seus quadros mais destacados. Na Assembleia Nacional Constituinte notabilizou-se pela defesa intransigente e radical da democracia, contra a obstinada resistência oligárquica que pretendia um estado de direito apenas formal e de escassa participação popular.
Nos debates comunistas de meados da década de 1950, foi sensível aos argumentos da ala revolucionária que resistia ao revisionismo que tomou de assalto a direção do Partido. Mas não aderiu à reorganização de 1962, permanecendo no velho PCB mais alguns anos, até divergir em 1966, descontente com a moderação ante a ditadura militar; foi expulso em 1967 e, no ano seguinte, organizou a principal organização da resistência armada urbana contra a ditadura, a Ação Libertadora Nacional (ALN), da qual foi teórico e dirigente.
A ditadura o considerou, naqueles anos, seu inimigo nº 1, e caçou-o até a emboscada montada na capital paulista pelo facínora símbolo da tortura e da repressão, Sérgio Fleury, sendo assassinado sem chance de defesa em 4 de novembro de 1969. “O assassinato deste conhecido revolucionário é mais uma ação vergonhosa e covarde que se acrescenta à onda de inomináveis violências que a ditadura militar vem cometendo. A história do Brasil registra poucos crimes políticos tão infames, tão friamente planejados” como este, indignou-se a nota em que o Partido Comunista do Brasil condenou aquele crime, publicada no jornal comunista A Classe Operária.
Carlos Marighella é um dos heróis do povo, e a recuperação oficial de sua memória teve início em 1996 quando o governo federal reconheceu a responsabilidade do Estado por seu assassinato. E avança agora quando, na 53ª Caravana da Anistia, em Salvador (BA), sua cidade natal, ele será oficialmente anistiado e o Estado brasileiro, pela voz dos representantes da Comissão da Anistia, pedirá perdão pelo crime cometido em 4 de novembro de 1969.
A anistia a Carlos Marighella, o pedido de perdão por seu assassinato e a inauguração do memorial Marighella Vive, são importantes passos das autoridades brasileiras para a reconciliação da nação com sua memória de luta e resistência democrática, nacional e anti-imperialista. É o sentido da luta pela revelação das atrocidades cometidas durante a ditadura militar de 1964 simbolizada na aprovação da Comissão da Verdade – os brasileiros tem o direito de saber quão covarde foi a repressão e perseguição policial aos democratas e comunistas, de honrar o heroísmo da resistência, e de cultuar aqueles que tombaram ante a ferocidade do arbítrio.
O revolucionário Carlos Marighella anotou seus sonhos de liberdade na forma de versos. E transformou sua própria vida em defesa dos trabalhadores, da democracia e da nação, em um poema épico que os brasileiros precisam conhecer e difundir.
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