sábado, 7 de julho de 2012

Kassab e a distribuição do sopão

Por Daniel Mello, da Agência Brasil, na Rede Brasil Atual

Um grupo de manifestantes distribuiu na noite de ontem (6) cerca de 50 quilos de sopa na Praça da Sé, no centro da capital paulista. Eles protestaram contra as declarações do secretário municipal de Segurança Urbana, Edsom Ortega, publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo de que iria punir organizações não governamentais (ONGs) e entidades assistenciais que insistissem em dar sopão a moradores de rua.


Com a repercussão negativa da entrevista, a prefeitura divulgou uma nota desmentindo que pretenda proibir a distribuição de alimentos. “O que existe é a proposta de que as entidades ocupem espaços públicos destinados para o atendimento às pessoas em situação de rua, como as tendas instaladas pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social”, diz a nota.

“A nossa proposta é distribuir a sopa para todo o cidadão, não só quem está em situação de rua”, declarou o coordenador no Movimento Nacional da População de Rua, Anderson Lopes, que criticou a falta de uma política de segurança alimentar. “Quem vive na rua passa fome, passa dificuldades. Então, para nós, é de fundamental importância que exista uma política de segurança alimentar. Como não existe na cidade de São Paulo, são importantes essas organizações que distribuem comida e dão água”.

Para a doutoranda em ciências sociais Rose Barbosa, é péssimo o tratamento que vem sendo dado aos moradores de rua na cidade. “A gente entende que isso é uma luta pelo direito à cidade. Um direito que vem sistematicamente sendo violado, principalmente no caso da população em situação de rua, onde a gente sabe que a atual gestão municipal trata essa questão como de segurança pública e não de assistência ou de direitos humanos”.

Roberto Parente, uma das pessoas que prepararam a sopa, disse que tudo foi feito com doações de legumes recolhidas na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp). Para ele, o protesto é importante para que não haja retrocesso na garantia dos direitos individuais. “Isso não é altruísmo, isso é reivindicação de direitos básicos. Se você fechar os olhos, daqui a pouco os seus direitos podem estar ameaçados”, ressaltou Parente.

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