domingo, 2 de junho de 2013

A força da UNE

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Por Joanne Mota, no sítio Vermelho:

“Nossa geração é muito boa. Ela é inteligente, generosa, talentosa, crítica e combativa. Penso que nossa geração já esquadrinhou sua marca, com conquistas fundamentais e o caminho agora é ampliar essas conquistas, mas isso só ocorrerá com unidade, luta e muito debate”, afirmou Daniel Iliescu, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), em exclusiva para o Portal Vermelho, ao falar da juventude brasileira.

Entre uma mesa e outra do 53º Congresso da UNE, que reúne mais de sete mil estudantes de 800 municípios do país, Daniel conversou com a reportagem do Portal Vermelho e fez um balanço das atividades da UNE nos últimos dois anos, destacando as conquistas e esquadrinhando os desafios.

Segundo ele, “a juventude brasileira está preparada para conquistar o mundo, pois ao contrário do que canta a ladainha de setores conservadores e retrógrados da sociedade, essa juventude é combativa, pensante e está pronta para lutar”.

Ele frisa que, “ao longo destes dois anos, a gestão da rede de entidades estudantis acertou muito na política e teve muita disposição para lutar pelo que a juventude acredita. E por que digo isso? Digo isso porque quando a UNE acerta na política ela vai embora, ela ocupa espaços e marca posição. E isso reflete o que é a nossa entidade. Ela é forte, capilarizada e sempre está pronta para lutar”, externou Iliescu.

Daniel lembra que as conquistas da UNE são alcançadas através de um amplo e intenso trabalho, que é realizado por muitas mãos e mentes. Segundo ele, “só com a convergência da força da juventude que foi possível, por exemplo, mudar a opinião da presidenta Dilma Rousseff em relação à luta pelos 10% do PIB (Produto interno bruto) para a Educação e de que os royalties do Petróleo e o Fundo Social do Pré-Sal deveriam financiar uma revolução na Educação. Essa é a força da juventude, esse e o papel da UNE”.

Resistência histórica

O falar sobre a resistência histórica da UNE, Daniel lembrou das grandes lutas passadas e das lideranças que assumiram a linha de frente desses embates. O dirigente estudantil destaca que para além de cumprir esse papel de resistência, a geração atual precisa fazer valer o esforço e luta das gerações anteriores.

“Se lá eles fizeram a resistência para garantir liberdade e democracia, hoje nosso papel é de influenciar concretamente nos rumos da política e do Brasil, bem como na vida de cada jovem do país. Porque é isso o que acontece quando a UNE, em plena greve das federais, conquista a Lei de Cotas, após 12 anos de luta. Uma medida que alterará profundamente a sociedade, porque irá abrir caminho para uma grande parcela excluída historicamente”.

Mesmo com os passos dados, Daniel destaca que há ainda uma longa e dura jornada de luta. Seja pela ampliação do financiamento para a Educação, com melhorias na infraestrutura e valorização dos profissionais, seja pela atenção particular que deverá ser nada à qualidade desta Educação. Posicionamento, que segundo Daniel, a UNE tem bem amarrado para as próximas lutas.

Ao falar sobre a aprovação do Estatuto da Juventude, o dirigente estudantil destacou ser uma significativa vitória, um grande marco de avanço democrático. No entanto, ele destaca que “poderia ter sido melhor, infelizmente o Governo Federal desidratou proposta em função da Lei de Responsabilidade Fiscal, o que brecou a possibilidade de haver um fundo para as políticas públicas de juventude para o Brasil, mas avaliamos que foi um avanço”.

Luta pelas Reformas

Ao falar sobre a luta pelas reformas, Iliescu frisou que é um traço da entidade envolver a juventude nas questões e lutas nacionais e a lutas pelas reformas faz parte, sim, da agenda da juventude. E pontua que quando uma entidade se mobiliza pela Educação, a gente percebe que a solução está relacionada à solução de outros.

Segundo ele, “o maior inimigo dos 10% do PIB para Educação são os 49% do orçamento da União que é direcionado para pagar a dívida pública. Dinheiro que vai para banqueiro, ao invés de ir para a Educação, ou seja, investimento que seria depositado em nosso povo”.

“Quando a gente luta pelo avanço do Brasil, o tema da ampliação da liberdade de expressão, por exemplo, torna-se central para a conquista de outras lutas. Ou seja, é condição para a democracia uma mídia que favoreça o debate amplo e crítico sobre as questões nacionais, que apresente à sociedade as lutas de forma verdadeira. De modo que a aplicação de um novo marco regulatório é bandeira da UNE, mas também deve ser de todo o Brasil e muitos setores da sociedade civil já entenderam isso”, refletiu.

“Precisamos por um fim aos oligopólios midiáticos, precisamos que meios de comunicação façam valer o que está previsto na Constituição Federal. Os movimentos sociais sabem disso e não irão descansar até que isso seja respeitado e a UNE caminha ao lado deles”.

Sobre a luta pela Reforma Política, Iliescu reafirmou que é urgente uma nova reconfiguração do sistema político brasileiro. “É absolutamente pervertido e corrupto, aliás, é uma das raízes da corrupção no Brasil, o sistema de financiamento privado para as campanhas eleitorais. É uma flagrante contradição de interesses. O sistema da forma que está não é democrático e favorece apenas os setores abastados da sociedade. Isso perverte a democracia”.

Comissão da Verdade

Ao avaliar os primeiros seis meses de trabalho da Comissão da Verdade da UNE, Daniel ressaltou que o principal objetivo da Comissão é confrontar a história contada pelo governo militar e resgatar a realidade dos fatos.

“Queremos contribuir para a reconstrução das trajetórias individuais e de resistência do movimento estudantil, foi por isso que criamos a Comissão da UNE em janeiro de 2013, durante o 14º Conselho Nacional de Entidades de Base (Coneb), na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em Recife”.

Durante a entrevista, ele destacou figuras que foram fundamentais para a instalação da Comissão da verdade da UNE, entre elas estão Paulo Vanucchi, ex-ministro dos Direitos Humanos e integrante da Comissão Nacional da Verdade; Paulo Abrão, secretário Nacional de Justiça; Claúdio Fonteles, coordenador da Comissão Nacional da Verdade. Para Daniel.

De acordo com o presidente da Une, “é chegada a hora de avançar e punir os torturadores. É chegada a hora de mudar a história dos livros didáticos e apresentar a verdadeira história da Ditadura. Não chegamos ate aqui por acaso. Foi com a força da juventude que a luta por verdade entrou no centro das discussões e com está força que lutaremos pela punição dos torturadores. E diz que é hora do estado honrar quem lutou pelo Brasil e não a quem o sufocou. Acabou a paz para os militares de pijama, para aqueles que saíram impunes das atrocidades durante a Ditadura", gritou o presidente da UNE.

Ele acrescentou que “a Une não descansará até que o Supremo Tribunal Federal (STF) reveja a Lei de Anistia. Por isso, de julho até o dia 28 de Agosto [data da criação da Lei de Anistia durante o Regime Militar] a UNE, em conjunto com as demais forças da juventude, realizará uma grande Jornada em Brasília para pressionar o STF e fazer valer a verdade sobre o que foi a Ditadura no Brasil”.

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