sexta-feira, 7 de junho de 2013

O latifúndio multinacional

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Os grandes bancos já controlam, mediante o sistema constituído dos fabricantes de agrotóxicos, como a Monsanto, intermediários, exportadores, importadores e compradores locais, usinas de beneficiamento, bolsas de futuros, silos e armazéns, o mercado mundial de alimentos. Agora, associados aos governos dos países centrais, estão avançando sobre as terras onde ainda há áreas férteis disponíveis. Só existem dois continentes com essa possibilidade: a África e a América do Sul. 

 A China, cujo espaço territorial é quase todo árido e fragmentado em centenas de milhões de áreas reduzidíssimas, exploradas for famílias numerosas, está hoje à frente dessa conquista territorial nos dois grandes continentes. Seu rival histórico, e que sofre da mesma dificuldade geológica, o Japão, mais antigo nesse movimento, disputa as mesmas áreas. Sobre o assunto, no que se refere à China, vale a pena conhecer o estudo de Dambisa Moyo, Winner Take All ( O vencedor leva tudo). 

No caso da China não se trata só de empreendedores privados, mas de operação conduzida pelo Estado, como controlador direto de toda a economia do país. Muitos se preocupam com a compra, direta, de jazidas minerais pelos chineses, mas se esquecem do mais estratégico bem da natureza, que é a terra e, com ela, a comida. Ao juntar a agricultura à mineração (a China comprou uma serra inteira ao Peru, uma das maiores reservas de cobre) os chineses buscam controlar o solo rico do planeta.
Empresas multinacionais, além das organizações chinesas e japonesas, estão adquirindo as áreas disponíveis nas margens dos rios africanos, onde é fácil a irrigação. O mesmo ocorre na América do Sul, e mais no Brasil, onde segundo informações oficiosas, já foram investidos 60 bilhões de dólares na compra de terras. Os chineses usam argentinos como laranjas, para constituir firmas agropecuárias de fachada. O projeto chinês é importar tudo o que produzir para seu próprio consumo.
Ainda agora, na discussão, entre o governo e as Farc, na Colômbia, soube-se que lá na há titularidade regular das terras. Bastou que o governo e os guerrilheiros se dispusessem a discutir, em primeiro lugar, o problema da terra, para que o presidente Santos fosse contestado pelas oligarquias, por meio do ex-presidente Uribe.
No caso da África, os compradores se entendem diretamente com os governantes, muitos deles notórios corruptos. Os pobres não têm como resistir aos governos e são expulsos, dando lugar a trabalhadores chineses. No mundo neoliberal, esse movimento de ocupação estrangeira, impelido pelo agro-negócio, é a globalização do latifúndio. Se, no Brasil, não houver uma reação forte e estratégica, seremos, súditos dos novos donos das terras. E chegará o dia em que só as recuperaremos com sangue.

2 comentários:

velho disse...

Soberano só é o povo, mesmo que seja servil de governos corruptos, e o território é propriedade da sociedade. Esta omissão converge ao derramamento de sangue. Um povo, uma nação, um estado, em território alheio.

Anônimo disse...

A origem da propriedade brasileira tem está elencada diretamente a sociedade que recorreu a empréstimo inglês para indenizar o antigo dono, Coroa portuguesa,as propriedades surgiram de uma forma obscura e que deve ser esclarecido para a sociedade que já contribuiu com seus filhos e tornará a contribuir para defender a sua terra. Acho.