domingo, 23 de junho de 2013

PT e governo precisam de uma faxina

Por Breno Altman, no sítio Carta Maior:

Se a vontade política da presidente Dilma Rousseff e seu partido for realmente enfrentar a onda reacionária que tenta controlar as ruas, há uma lição de casa a ser feita. O PT e o governo precisam se livrar da quinta-coluna, que representa interesses alheios à esquerda e aos setores populares.

O termo nasceu na guerra civil espanhola, nos anos trinta do século passado. Quando Francisco Franco, líder do golpe fascista contra a república, preparava-se para marchar sobre Madri com quatro colunas, o general Quepo de Llano lhe assegurou: “A quinta-coluna está esperando para saudar-nos dentro da cidade.” Referia-se às facções que, formalmente vinculadas ao campo legalista, estavam a serviço do golpismo.

A maior expressão de quinta-colunismo no primeiro escalão atende pelo nome de Paulo Bernardo e ocupa o cargo estratégico de ministro das Comunicações. Não bastasse vocalizar o lobby das grandes empresas de telefonia e a pauta dos principais grupos privados de comunicação, resolveu dar entrevista às páginas amarelas da revista “Veja” desta semana e subscrever causas do principal veículo liberal-fascista do país.

Na mesma edição na qual estão publicadas as palavras marotas do ministro, também foi estampado editorial que celebra a ação de grupos paramilitares, na semana passada, contra o PT e outros partidos de esquerda, além de reportagem mentirosa que vocifera contra as instituições democráticas e os governos de Lula e Dilma.

Nesta entrevista, Bernardo referenda que se atribua, à militância petista, um programa que incluiria a defesa da censura à imprensa. Vai ainda mais longe, oferecendo salvo-conduto à ação antidemocrática da mídia impressa e restringindo qualquer plano de regulação a perfumarias que deixariam intactos os monopólios de comunicação, o maior obstáculo no caminho para a ampliação da liberdade de expressão.

De quebra, o ministro chancela o julgamento do chamado “mensalão”, ainda que escolhendo malandramente os termos que utiliza, caracterizando a decisão como um resultado “normal e democrático”. Por atacar seu partido nas páginas do principal arauto do reacionarismo, recebe de “Veja” elogio rasgado, ao ser considerado “um daqueles raros e bons petistas que abandonaram o radicalismo no discurso e na prática.”

Paulo Bernardo não é, porém, o único que flerta com o outro lado da barricada, apenas o que mais saçarica. Está longe de ser pequena a trupe de figuras públicas petistas que dormem com o inimigo, a maioria por pânico em enfrentar os canhões da mídia ou desejosos de receberem afagos por bom-mocismo.

O governador baiano, Jacques Wagner, é outro exemplo de atitude dúbia. Há algumas semanas bateu ponto, na mesma revista, para dar seu aval aos maus-feitos jurídicos de Joaquim Barbosa e seus aliados. Mas não parou por aí. Quando o presidente do PT, Rui Falcão, estava sob cerrados ataques por chamar sua gente à mobilização, Wagner correu aos jornais para prestar solidariedade. Não ao líder máximo de seu partido, mas aos lobos famintos que se atiravam contra o comandante petista.

Nos últimos dias assistimos incontáveis cenas que igualmente merecem uma séria reflexão. Não foi bonita ou honrosa a oferta do ministro da Justiça à repressão da PM paulista contra a mobilização social. Ou o prefeito paulistano fazendo companhia ao governador Alckmin na resposta ao movimento contra o aumento das tarifas de transporte. Nesses casos, contudo, não houve facada nas costas, mas flacidez político-ideológica que não pode ser relevada.

A questão crucial é que, para avançar na luta contra o reacionarismo e na reconquista das ruas, o PT e o governo precisam restabelecer uma ética de combate. A defesa dos interesses populares e da democracia não poderá ser feita, às últimas consequências, sem uma faxina de comportamentos e representantes que favorecem os inimigos do povo no interior das fileiras aliadas.

8 comentários:

Anônimo disse...

paulo bernardo resolveu
"dar entrevista às páginas amarelas da revista “Veja”
isso ai bernardo. continue assim que logo mais você vai ser convidado para a ilha de caras.
-gente finória é outra coisa.
emerson57

Ignez disse...

Caro Miro, esse trio: Paulo Bernardo, José Cardoso e Jacques Wagner é apenas a ponta do iceberg. Há o Suplicy, também. E os parlamentares que nunca se pronunciaram nem para destacar as políticas sociais, nem para rechaçar as acusações vis contra o governo que deveriam defender, por representar. A única que se pronunciava era a Presidenta. Mulher corajosa, como sempre. Há tempos os blogueiros e seus leitores falam de "quinta-coluna", no governo. Eu,também. Agora, resta saber se os fascistas vão derrubar o governo na marra; ou vão se submeter às eleições.Não só o Brasil está em risco. Toda a América Latina e seus governos Progressistas que estruturaram o MERCOSUL. O Brasil ainda compõe os BRICS, não esqueçamos...

Anônimo disse...

Como Já disse em comentários anteriores, o PT precisa começar a degola o quanto antes, mas, duvido muito que isso vá ocorrer, então, é preciso convocar toda a esquerda pra formar uma coalizão contra a mídia golpista, saindo as ruas e exigindo a regulamentação das comunicações como uma maneira de embalar as forças democráticas num sentido comum. a próxima bandeira está na reforma do judiciário antidemocrático e corrupto, aliado das corporações imperialistas; precisamos exigir o fim dos cargos vitalícios, dos mega salários,a dissolução do STF e pelas eleições diretas para o novo conselho judiciário que vai substituir o STF quinta coluna, classista e antidemocrático

Anônimo disse...

não somente o PT mas, também, o poder judiciário, boa parte daquilo que estamos protestando teve sua origem no péssimo judiciário que aí está, precisamos exigir o fim dos cargos vitalícios, mega salários, e a dissolução do STF que é classista, antidemocrático, aliado do imperialismo, julga sem provas, aceita a censura da mídia golpista contra a blogosfera, e em seu lugar eleger democraticamente pelo voto popular um conselho judicial composto de pessoas do judiciário comprometidas com as causas populares. devemos lutar contra os fascistas.

Anônimo disse...

Quem é responsável pelo cargo que esse tucano travestido chamado Paulo Bernardo ocupa? é ela mesmo a Presidenta Dilma, por muito menos no passado eu ja vi petistas serem expulsos do partido. não entendo essa postura da Dilma, e ai tem uma amiguinha dela a Helena Chagas fazendo uma gestão vergonhosa na sua pasta, acorda Dilma! manda esses infiltrados embora antes que seja tarde

Angelo Cestaro

Anônimo disse...

Ué...cadê a nossa tolerância para com o contraditório, que tanto nos acusam?
O companheiro Bernardo não tem o legítimo direito de divergir? Quaquer divergência já falamos em degola?

Anônimo disse...

Quando esse Judas esculhambou os Correios, nos saimos a luta e nos CHAMARAM DE ESQUERDISTAS, MASSA DE MANOBRA DE PARTIDOS DE EXTREMA ESQUERDA. Hoje vocês veem que é esse Judas. a cada dia destruindo os Correios, alem de jogar dividir a federação dos trabalhadores, empurrando boa parte dos sindicatos paras mãos do PCO, PSOL e PSTU, partidos que a poucos anos não tinham a menor representatividade junto aos trabalhadores dos Correios.

Anônimo disse...

Na verdade, Miro, o PT tem que fechar! E eu digo isso, depois de quase 20 anos, como militante! Temos que exigir uma reforma política, com, no máximo 3 partidos! O PT que eu defendi, nos anos 90, morreu! Eu detesto o PT do século 21! Para mim, se tornou pior que PFL, ACM e Maluf!