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Às vésperas das eleições deste domingo, 24 de novembro, o governo de Honduras está utilizando policiais militares e da migração para perseguir e intimidar observadores internacionais, que identifica como simpatizantes da candidata oposicionista Xiomara Castro de Zelaya, do Partido Livre (Liberdade e Refundação).
Personalidades como Rigoberta Menchú, prêmio Nobel da Paz, e o juiz Baltazar Garzón, reconhecido por sua luta contra as ditaduras latino-americanas, foram impedidas até de entrar no país. Ao mesmo tempo, os golpistas convidaram 23 organizações de extrema direita para acompanhar o pleito.
Na cidade de El Progreso, próxima a San Pedro Sula, um dos principais polos da resistência ao golpe contra o ex-presidente Manuel Zelaya, cinco soldados da Migração, fortemente armados, entraram no centro de capacitação da Igreja em busca de “salvadorenhos”. Terceira principal cidade do país, El Progreso é o berço de Roberto Micheletti, ditador alçado ao poder pelos Estados Unidos em 2009.
Na capital, Tegucigalpa, prefeitos e parlamentares da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), que governa El Salvador, também foram abordados e constrangidos por policiais a poucos metros do hotel em que estamos hospedados.
Solidariedade internacionalista
“Atendendo ao convite da Confederação Unitária de Trabalhadores de Honduras (CUTH), estamos aqui para acompanhar solidariamente o povo hondurenho neste passo para superar o golpe de Estado, a violência e a instabilidade. Como há uma desconfiança com o que possa ocorrer, nossa atuação visa contribuir para que não haja uma transgressão da lei e que seja respeitada a decisão das urnas”, declarou Ivan González, coordenador político da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA). Acompanham a missão da CSA lideranças sindicais da República Dominicana (CNUS), Panamá (Convergência Sindical), Brasil (CUT e Força Sindical) e AFL-CIO (Estados Unidos).
Representando a executiva nacional da Central Única dos Trabalhadores, José Celestino Lourenço (Tino) e Daniel Gaio reiteraram, durante coletiva de imprensa, o compromisso da entidade com a integração latino-americana e com a vitória da democracia. Tino condenou a cultura antissindical que se fortaleceu após o golpe contra o presidente Zelaya, e reiterou a confiança em que será virada a página de perseguição, violência e assassinatos. “Estaremos juntos no processo de refundação do país, estimulando a construção de um Estado democrático de direito, com participação social, valorização do trabalho e distribuição de renda”, acrescentou.
Em nome do Partido dos Trabalhadores (PT), Kjeld Jakobsen lembrou a solidariedade militante do povo brasileiro, que “teve como hóspede” o presidente Zelaya em sua embaixada, mobilizando-se para que a comunidade internacional intercedesse. “Este é um momento histórico para resgatar a democracia, a soberania e a vontade popular”, sublinhou Kjeld.
Manifesto divulgado pela CUTH no dia 14 de novembro afirma que Honduras vive uma situação histórica crucial, “imersa numa profunda crise geral com suas manifestações de pobreza, atraso, alto desemprego, dependência, corrupção e delinquência”. No atual governo, alerta a Confederação Unitária de Trabalhadores de Honduras, “foram suprimidas importantes conquistas e direitos dos trabalhadores, se persegue e assassina a camponeses, se eleva o custo de vida, se encarecem as tarifas de serviços públicos, se privatizam instituições do estado, se militariza a sociedade, se atropelam como nunca antes os direitos humanos e as liberdades dos cidadãos”. Por estas e outras razões, a CUTH conclama o voto no Partido Liberdade e Refundação, “a organização política mais consequente e com as propostas de governo mais identificadas com o povo hondurenho”.
Além do presidente, 5,4 milhões de hondurenhos elegerão neste domingo 128 deputados ao Congresso Nacional, 20 deputados ao Parlamento Centro-Americano (Parlacen) e 298 prefeitos e vice-prefeitos.
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