Por Renata Mielli, no blog Janela sobre a palavra:
Noite de sexta-feira em São Paulo. Um friozinho outonal e um bom bate-papo. Foi neste clima que aconteceu a entrevista com o Ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, a um grupo de blogueiros. A entrevista, divulgada na agenda oficial do ministro, movimentou parte da mídia privada, que queria a todo custo participar também. Não foram convidados e ponto. Aliás, não me lembro destes jornalões nos convidarem para confraternizar nos almoços e nas entrevistas promovidas por eles.
Aqui vale um parênteses antes de entrarmos no tema da entrevista. A mídia comercial privada tem dado fortes demonstrações de que não consegue conviver com a pluralidade e com o surgimento de novas fontes de informação. Isso tem ficado explícito na postura de jornais e revistas contra sites e blogs que não seguem a mesma cartilha editorial deles. Os ataques vêm na forma de tentativas de desqualificação, acusações sem provas (são especialistas nisso) e constrangimento de anunciantes.
Voltando à entrevista. Berzoini assumiu há dois meses o Ministério das Relações Institucionais, abrindo mão de sua candidatura à Câmara dos Deputados. É calouro no ministério de Dilma, mas tem larga experiência no governo federal. Ele ocupou dois ministérios importantes no governo do ex-presidente Lula: Previdência Social e Emprego e Trabalho.
Impasse e defensiva
Conversando sobre a situação do Brasil, Berzoini não vacilou em defender o legado de 12 anos de um governo comprometido com as questões sociais. Lista uma série de avanços desde 2003: Luz para Todos, ProUni, Bolsa Família, geração de emprego, distribuição de renda entre tantos outros. Mas ao ser questionado sobre o porque de o governo não enfrentar a disputa política ideológica na sociedade e apresentar as conquistas obtidas ele reconheceu: “Por razões que eu não sei explicar, nós entramos numa defensiva inexplicável, mesmo tendo muito para mostrar”.
Sobre os motivos para o Brasil não ter conseguido dar passos mais largos em algumas agendas de caráter democrático, como a Reforma Política, a Democratização dos Meios de Comunicação e a Reforma Tributária ele disse que “vivemos impasses políticos que inviabilizam avanços mais profundos no Brasil” e, quase como um militante, reivindica que é preciso haver mais pressão social para ajudar o governo a enfrentar determinadas pautas.
Responsável pela relação do Governo Federal com o Congresso Nacional e com governos estaduais e municipais, Berzoini fez questão de sublinhar, em vários momentos da entrevista, que o governo de Dilma Rousseff, “é um governo de coalizão, que precisa compor um conjunto de forças para assegurar uma maioria parlamentar”. Esta situação, avalia, exige “afinar a sintonia entre o movimento social e o Executivo para buscar uma estratégia de como se fazer a contraposição e a luta política”.
“Temos que organizar a sociedade para que ela possa compreender o que está em jogo. Acompanho o debate da reforma política desde 2002 e ela não terá viabilidade a partir de um movimento de governo e de partidos apenas. Ou mudamos a forma de enfrentar isso, a partir da sociedade, ou não teremos avanço”, avaliou o Ministro.
O mesmo se aplica, ao seu ver, na questão da comunicação. “A pauta democrática da regulação dos meios de comunicação e de acesso democrático da sociedade aos meio de comunicação precisa partir de uma pressão externa da sociedade”.
Mas e a força do governo, Ministro Berzoini?
Se de um lado o ministro clama por mais pressão social, de outro o movimento social reclama do fechamento de canais de diálogo com o governo e, também, da falta de iniciativa do Executivo para impulsionar determinados debates públicos. “O governo tem muita força Ministro, quando ele decide enfrentar uma pauta, isso faz diferença”, lembrou um dos blogueiros presentes.
Essa foi a ênfase de várias das questões formuladas ao Ministro. “Mas, ministro, você acha importante fazer a regulação dos meios de comunicação? Este tema estará presente na campanha de Dilma à reeleição?
Berzoini respondeu que sim, que esta é uma pauta fundamental para destravar avanços democráticos no país. “Qual é o papel social da comunicação, qual é o papel econômico e como a sociedade pode se proteger dos abusos e ter acesso?”, perguntou o Ministro indicando algumas das linhas que o governo poderia seguir para discutir amplamente o assunto. E reiterou que é urgente discutir “o papel social de um sistema [comunicação] que é gerador de muita receita e lucro, que no Brasil em função da situação histórica é concentrador de renda e poder e que não tem nada haver com a coisa pública no modelo que está hoje... É uma questão de indústria, é de democracia sim, mas indústria também. Quando você discute os modelos que existem no mundo é interessante para desmistificar isso. Garantir que o cidadão tenha direito a ter acesso a informação e cultural”.
A respeito do papel político que os meios de comunicação têm cumprido na disputa eleitoral e de projetos para o Brasil ele foi direto “Eu como cidadão e agente político entendo que a grande mídia tem lado. ela é historicamente contra as conquistas dos trabalhadores. Foi contra o salário mínimo, e está contra os que estão buscando avanços para o país”.
Se o tema estará presente na campanha ele não respondeu: “Tem que perguntar isso para a Dilma”. Mas afirmou que “quando alguns candidatos dizem que são contra, isso parece cantadas para os meios de comunicação”.
Noite de sexta-feira em São Paulo. Um friozinho outonal e um bom bate-papo. Foi neste clima que aconteceu a entrevista com o Ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, a um grupo de blogueiros. A entrevista, divulgada na agenda oficial do ministro, movimentou parte da mídia privada, que queria a todo custo participar também. Não foram convidados e ponto. Aliás, não me lembro destes jornalões nos convidarem para confraternizar nos almoços e nas entrevistas promovidas por eles.
Aqui vale um parênteses antes de entrarmos no tema da entrevista. A mídia comercial privada tem dado fortes demonstrações de que não consegue conviver com a pluralidade e com o surgimento de novas fontes de informação. Isso tem ficado explícito na postura de jornais e revistas contra sites e blogs que não seguem a mesma cartilha editorial deles. Os ataques vêm na forma de tentativas de desqualificação, acusações sem provas (são especialistas nisso) e constrangimento de anunciantes.
Voltando à entrevista. Berzoini assumiu há dois meses o Ministério das Relações Institucionais, abrindo mão de sua candidatura à Câmara dos Deputados. É calouro no ministério de Dilma, mas tem larga experiência no governo federal. Ele ocupou dois ministérios importantes no governo do ex-presidente Lula: Previdência Social e Emprego e Trabalho.
Impasse e defensiva
Conversando sobre a situação do Brasil, Berzoini não vacilou em defender o legado de 12 anos de um governo comprometido com as questões sociais. Lista uma série de avanços desde 2003: Luz para Todos, ProUni, Bolsa Família, geração de emprego, distribuição de renda entre tantos outros. Mas ao ser questionado sobre o porque de o governo não enfrentar a disputa política ideológica na sociedade e apresentar as conquistas obtidas ele reconheceu: “Por razões que eu não sei explicar, nós entramos numa defensiva inexplicável, mesmo tendo muito para mostrar”.
Sobre os motivos para o Brasil não ter conseguido dar passos mais largos em algumas agendas de caráter democrático, como a Reforma Política, a Democratização dos Meios de Comunicação e a Reforma Tributária ele disse que “vivemos impasses políticos que inviabilizam avanços mais profundos no Brasil” e, quase como um militante, reivindica que é preciso haver mais pressão social para ajudar o governo a enfrentar determinadas pautas.
Responsável pela relação do Governo Federal com o Congresso Nacional e com governos estaduais e municipais, Berzoini fez questão de sublinhar, em vários momentos da entrevista, que o governo de Dilma Rousseff, “é um governo de coalizão, que precisa compor um conjunto de forças para assegurar uma maioria parlamentar”. Esta situação, avalia, exige “afinar a sintonia entre o movimento social e o Executivo para buscar uma estratégia de como se fazer a contraposição e a luta política”.
“Temos que organizar a sociedade para que ela possa compreender o que está em jogo. Acompanho o debate da reforma política desde 2002 e ela não terá viabilidade a partir de um movimento de governo e de partidos apenas. Ou mudamos a forma de enfrentar isso, a partir da sociedade, ou não teremos avanço”, avaliou o Ministro.
O mesmo se aplica, ao seu ver, na questão da comunicação. “A pauta democrática da regulação dos meios de comunicação e de acesso democrático da sociedade aos meio de comunicação precisa partir de uma pressão externa da sociedade”.
Mas e a força do governo, Ministro Berzoini?
Se de um lado o ministro clama por mais pressão social, de outro o movimento social reclama do fechamento de canais de diálogo com o governo e, também, da falta de iniciativa do Executivo para impulsionar determinados debates públicos. “O governo tem muita força Ministro, quando ele decide enfrentar uma pauta, isso faz diferença”, lembrou um dos blogueiros presentes.
Essa foi a ênfase de várias das questões formuladas ao Ministro. “Mas, ministro, você acha importante fazer a regulação dos meios de comunicação? Este tema estará presente na campanha de Dilma à reeleição?
Berzoini respondeu que sim, que esta é uma pauta fundamental para destravar avanços democráticos no país. “Qual é o papel social da comunicação, qual é o papel econômico e como a sociedade pode se proteger dos abusos e ter acesso?”, perguntou o Ministro indicando algumas das linhas que o governo poderia seguir para discutir amplamente o assunto. E reiterou que é urgente discutir “o papel social de um sistema [comunicação] que é gerador de muita receita e lucro, que no Brasil em função da situação histórica é concentrador de renda e poder e que não tem nada haver com a coisa pública no modelo que está hoje... É uma questão de indústria, é de democracia sim, mas indústria também. Quando você discute os modelos que existem no mundo é interessante para desmistificar isso. Garantir que o cidadão tenha direito a ter acesso a informação e cultural”.
A respeito do papel político que os meios de comunicação têm cumprido na disputa eleitoral e de projetos para o Brasil ele foi direto “Eu como cidadão e agente político entendo que a grande mídia tem lado. ela é historicamente contra as conquistas dos trabalhadores. Foi contra o salário mínimo, e está contra os que estão buscando avanços para o país”.
Se o tema estará presente na campanha ele não respondeu: “Tem que perguntar isso para a Dilma”. Mas afirmou que “quando alguns candidatos dizem que são contra, isso parece cantadas para os meios de comunicação”.
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