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Falando para um público telespectador de largo espectro, e com seu tempo restrito, não se vá exigir do Jornal Nacional aprofundamento nas entrevistas com candidatos a presidente da República.
Mas não precisaria ser tão primário. Uma coisa é falar para o Homer Simpson; outra é deixar para os Homers Simpsons a preparação das perguntas.
Grande entrevista é aquela que extrai do entrevistados o máximo de informações relevantes. Dois dos melhores entrevistadores - Marilia Gabriela, na TV, Mônica Bérgamo, no jornal - agem quase como ombro-amigo do entrevistado, tornam-se próximas e acabam levando o que querem: Marília expondo o íntimo de seus entrevistados; Mônica, as questões delicadas.
O entrevistador imaturo pretende que a entrevista seja uma luta de boxe, da qual só ele sairá vencedor. E quando a luta tem 15 minutos de duração, sua intenção é liquidar tudo com a bala de prata, o murro definitivo.
Mas há que se ter um mínimo de conteúdo para encurralar três políticos tarimbados.
Nas três entrevistas, o "ponto alto" foi perguntar do aeroporto para Aécio Neves, do cargo da mãe no TCU para Eduardo Campos e do "mensalão" para Dilma.
Tudo bem que os Homers Simpson queiram perguntas óbvias. E tudo bem que nada se conseguirá extrair dos entrevistados, a não ser respostas óbvias. Afinal, o show prescinde de aprofundamentos maiores.
Mas insistir nas perguntas, como se tivesse montado na lógica mais elevada vira prosa tatibitate.
Os erros de Bonner:
1- Perguntas longas demais para conteúdos óbvios demais. É como bolo duro coberto com creme de leite. Toca a massarocar creme de leite em cima para disfarçar a falta de sabor.
2- Toda pergunta longa - mesmo que eventualmente bem elaborada - permite várias rotas de saída para o entrevistado. E essas rotas sempre terminam em respostas longas e evasivas.
3- Impaciência demais com as respostas longas, motivadas pelas perguntas longas, é grosseria. Desta vez, na entrevista com Dilma, Bonner não contou com o monitoramento sábio de Fátima Bernardes, sinalizando calma com as mãos.
4- Interrupção das respostas do entrevistado. Convida-se a pessoa para ir à sua casa - o Jornal Nacional - para interrompê-lo a toda hora, querendo que a resposta se encaixe na pergunta a golpes de marreta. Pelos cálculos dos leitores, Bonner interrompeu Dilma 21 vezes.
O resultado final das três entrevistas é zero. Quem gosta do candidato achará que ele foi o máximo; quem não gosta, que ele foi o mínimo. Nos jornais e na Internet haverá uma atoarda de gritos a favor ou contra pensando que o Homer é tão Simpson a ponto de se deixar levar por torcidas de Twitter.
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