domingo, 12 de outubro de 2014

FMI ingressa na campanha de Aécio

Por Altamiro Borges

Christine Lagarde, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) envolvida num escândalo de corrupção na França, resolveu aderir explicitamente à campanha de Aécio Neves. De Washington, onde participava de mais um evento dos agiotas, ela atacou: “Há muitos gargalos na economia brasileira e isso precisa ser enfrentado”. A declaração foi aplaudida pelo presidenciável tucano e pela mídia entreguista, que sempre adotaram um comportamento servil, de complexo de vira-lata, diante do FMI. No triste reinado de FHC, o Brasil ficou de joelhos três vezes para este organismo do capital financeiro. Arminio Fraga, o tzar da economia no eventual governo Aécio Neves, sempre foi porta-voz destes abutres!

Christine Lagarde foi ministra da Economia no governo de Nicolas Sarkozy (2007-2012). Ela foi uma das principais culpadas pela crise na França, com a explosão do desemprego e a brutal regressão social. Ou seja: não tem moral nenhuma para falar sobre os “gargalos” do Brasil. Além disso, a chefona do FMI também se meteu em corrupção. No início de setembro, Christine Lagarde foi indiciada pela Justiça da França por uso irregular de dinheiro público. Ela foi acusada de assinar papéis falsos que garantiram repasse de recursos do governo ao empresário Bernard Tapie, antigo doador das campanhas da extrema-direita francesa. Caso seja condenada, a ex-ministra da Economia poderá pegar até um ano de prisão.

Apesar deste histórico nefasto, Christine Lagarde é tratada pela mídia colonizada como uma “madame” acima de qualquer suspeita. Suas bravatas são usadas para reforçar o coro da oposição neoliberal no país. No momento, elas servem para animar o palanque do cambaleante Aécio Neves. Nem mesmo o histórico desastroso do FMI é lembrado pela imprensa entreguista. Este organismo dos abutres quase levou o Brasil à falência na ditadura militar e no reinado de FHC. Seus dirigentes humilhavam o país com suas visitas periódicas. Medidas recessivas eram receitadas a servis governantes, gerando desemprego, retirada de direitos trabalhistas e a tal “austeridade fiscal” – que serve apenas aos banqueiros.

O mesmo FMI é hoje alvo de protestos diários na Europa por ter imposto o veneno neoliberal. Alguns dos seus gurus inclusive foram guindados a postos de comando nos governos da Grécia, Itália, França e Portugal. Eles são detestados pela sociedade, vistos como os culpados pelo desmonte do Estado de Bem-Estar Social no velho continente. A mídia evita falar desta tragédia. Tenta vender a ideia de que o Brasil afunda na crise e até difunde a mentira de que o restante dos países capitalistas está em recuperação. Miriam Leitão, a urubóloga da TV Globo, chegou a provocar a presidenta Dilma Rousseff, afirmando que a Alemanha seria a prova desta retomada. Dias depois, ela foi desmentida pelo próprio governo alemão.

A mídia colonizada divulga as bravatas eleitoreiras de Christine Lagarde e vários documentos apocalípticos do FMI contra o Brasil. Mesmo neste caso, a seletividade é criminosa. Na semana passada, o próprio organismo dos agiotas confirmou que a situação da economia capitalista é grave. Em documento prévio à sua reunião anual, no final da semana passada, o FMI rebaixou a expectativa de crescimento global para 3,3% em 2014 (-0,4%) e 3,8% para o próximo ano. A imprensa partidarizada preferiu destacar apenas os trechos do documento que tratam das dificuldades do Brasil. Tudo para beneficiar Aécio Neves e garantir no cargo de seu ministro-forte o agiota Arminio Fraga, o exterminador do futuro!

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2 comentários:

Unknown disse...

Esta campanha não é só uma campanha eleitoral brasileira. Há muito mais em jogo.
O tamanho da nossa economia na AL nos transforma no alvo perfeito para o Império e o Cassino detonarem o projeto de independência do continente, e, de quebra, o projeto dos BRICs de criar uma alternativa à hegemonia do dólar, que não passa de papel sujo pintado de verde.

Cristiane Carvalho disse...

Ficou claro pra mim que o FMi está fazendo campanha pro Aécio quando esta senhora disse que "o Brasil deve manter o Bolsa família"