Os atentados terroristas que ceifaram as vidas de jornalistas e funcionários do Charlie Hebdo, de policiais e populares numa mercearia em Paris são atos condenáveis, alvo do repúdio dos comunistas, das forças revolucionárias, autenticamente socialistas e democráticas em todo o mundo.
As manifestações espontâneas em solidariedade às vítimas são legítimas expressões de uma consciência progressista que se desenvolve a par com a liberdade, a crítica, a razão, a verdade, armas indispensáveis na luta contra as tiranias e o reacionarismo.
Os comunistas, cujos métodos e formas de luta levam sempre em conta o grau de consciência e organização das massas populares, têm opinião clara sobre o terrorismo. Quando em 1887, ainda na juventude, Lênin criticou a tentativa de assassinato contra o czar da Rússia, Alexandre III, na qual o seu irmão estava implicado e pela qual foi condenado à morte, fixou uma referência sobre o tema. Até os dias de hoje, os comunistas têm critérios de análise para assumir posições em face de acontecimentos como os da semana passada em Paris, do mesmo modo como tiveram quando ocorreram os atentados às torres gêmeas de Nova York, em 2001.
Apenas não nos confundimos quanto à identidade que os ideólogos a serviço do status quo pretendem estabelecer entre terrorismo e violência revolucionária, esta muitas vezes necessária pela imposição das circunstâncias, como a História já demonstrou exaustivamente.
Por isso mesmo, não estamos dispostos a repetir frases tolas nem somar-nos à nauseante pregação das lideranças imperialistas mundiais, incluindo o presidente francês François Hollande, em campanha para constituir uma frente mundial sob a sua direção, que toma a guerra ao terrorismo como pretexto para atingir a fins que nada têm a ver com os interesses dos povos ou os proclamados valores democráticos da nem tão civilizada “civilização ocidental”.
Parlons claire, messieurs. A guerra ao terror proclamada no início do século pelo ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e intermitentemente reeditada, faz parte de uma estratégia de terror infinito contra os povos, em sacrifício da soberania nacional, da democracia, dos direitos dos povos e das liberdades, inclusive a de expressão. As duas primeiras reações do imperialismo aos atentados às torres gêmeas foram a guerra ao Afeganistão e ao Iraque e a tentativa, tal como agora, de criar uma frente mundial, sob a égide das potências ocidentais, no quadro da edificação do que chamavam de “nova ordem”.
Se a presença maciça de franceses na manifestação do último domingo (11) é um brado de defesa da liberdade e de repúdio a um crime hediondo, merecedora do aplauso e da solidariedade de toda a humanidade, o mesmo não se pode dizer da “comissão de frente” exibida em imagens de TV e nas fotos dos jornais desta segunda-feira. Em absoluto, não nos sentimos representados por Hollande, Merkel, Netanyahu, Rajoy, Cameron et caterva, líderes de uma ordem imperialista em que o terrorismo de Estado se tornou rotina.
Seguramente, o combate ao terrorismo é uma necessidade dos dias atuais, porquanto afeta indistintamente os povos do mundo, a começar pelo terrorismo de Estado praticado e fomentado no Oriente Médio com o apoio das potências imperialistas ocidentais, inclusive a França de Hollande, um dos campeões no apoio ao terrorismo dos bandos armados na Síria, e o terrorismo genocida exercido pelo Estado sionista contra os palestinos.
Fosse a ONU uma organização efetivamente democrática, livre da instrumentalização pelas potências imperialistas no âmbito do Conselho de Segurança permanente, poderia ser o cenário para um debate franco e a adoção de medidas eficazes contra o terrorismo. Mas não é assim, nem será, enquanto perdurar a ordem iníqua em que deliberadamente se confunde a defesa da democracia com a imposição da hegemonia das potências imperialistas. Em tal quadro não nos cabe outra alternativa senão denunciar a hipocrisia dessas forças e cumprir nossa tarefa de contribuir para o reforço da resistência e da luta dos povos.
Na denúncia da hipocrisia, vale aumentar o tom da crítica à mídia, esta usina de mentiras que quer capitalizar para si a defesa da liberdade de expressão, quando ela própria é a maior inimiga de tal liberdade, na medida em que impõe um pensamento único e uma versão única dos fatos. Desde as guerras que levaram à destruição da antiga Iugoslávia, no crepúsculo do século 20, até os conflitos dos dias que correm, a mídia comporta-se como fautora de guerras, preparando o ambiente junto à opinião pública para justificar intervenções, golpes, bombardeios e magnicídios.
1 comentários:
... tres milhoes de manipulados na França e 40 chefes de Estado prontos para a guerra... quantos mais?
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