quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Bicudo se comportou como Kim Kataguiri

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Foge da minha capacidade de compreensão.

Que leva um homem de 93 anos como Hélio Bicudo a agir como um garoto irresponsável?

Anciãos costumam levar concórdia onde há conflito. Com seu extemporâneo e ridículo pedido de impeachment de Dilma, Bicudo está levando mais conflito onde já existe conflito em doses brutais.

A discórdia se instalou até em sua própria família. Uns filhos se disseram contra, e uma única filha apoiou o pai com aquele habitual blablablá de corrupção.

Repitamos sempre: o problema número 1, 2 e 3 do Brasil é a desigualdade social. A direita predadora fala tanto em corrupção - não a dela, naturalmente - para desviar a atenção do câncer que é a iniquidade social.

E Bicudo adere ao coro dos insensatos ou espertalhões.

É como se Kim Kataguiri tivesse encarnado em Bicudo, e dali brotasse Kim Bicudo ou Hélio Kataguiri.

Nada contra velhos na política.

Alguns deles trazem lições formidáveis aos moços. O Papa Francisco é um caso. Pepe Mujica, outro.

Mas Bicudo podia ter passado sem essa.

Você pode ser tentado a achar que ele passou todos estes anos desde que se retirou da vida pública lendo a Veja e os editoriais do Estadão.

Sua petição já nasce morta: Dilma vai até 2018. O Brasil não vai recuar ao estágio de Republiqueta por causa dos maus perdedores e dos trapaceiros habituais.

Sobrará do episódio apenas uma mancha de óleo na biografia de Bicudo.

Bicudo chegou tarde, e mal, à discussão do impeachment.

Não consta que, em sua longa carreira política, ele tenha cometido alguma barbaridade.

Agora, a caminho dos 100 anos, cometeu uma que vale por muitas.

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