Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:
A operação ideológica da oposição para destruir as conquistas dos últimos 12 anos, durante governos Lula-Dilma, inclui um ataque contra a memória dos brasileiros.
O que se quer é apresentar um período histórico de vitórias e benefícios para a maioria da população como uma sequência de manobras demagógicas que só poderiam ter dado errado e arruinar o Brasil.
Isso explica tratamento dado a um problema real, que dia após dias preocupa um número maior de brasileiros – a alta do desemprego. Num país que estava com 5% de desemprego no final de 2014, e hoje se encontra no índice de 7,9%, num salto de 50% em dez meses, a situação é de fato preocupante e necessita de respostas urgentes, que diminuam o sofrimento da população atingida e permitam ao governo recuperar sua base de apoio.
O problema é que, por interesses políticos, tenta-se apresentar a situação pior do que já é. Para começar, o país saiu de uma situação próxima do pleno emprego para um patamar que, mesmo mais alto, continua inferior aos melhores números obtidos nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.
A luta é ideológica.
As mesmas forças que sempre fizeram uma pressão gigantesca pela aplicação das medidas de ajuste econômico que produziram uma recessão de 3,1 pontos negativos em 2015 – alta de juros, redução no crédito e corte de estímulos e investimentos – agora fingem que nada tem a ver com isso. Tentam explicar a perda de empregos como consequência direta de uma política econômica de anos, que teria produzido distorções graves, gerando uma situação impossível de sustentar.
A realidade é que, apesar do crescimento de 2015, o desemprego durante o governo Dilma – e também sob o governo Lula – continua abaixo do que os números registrados durante os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, quando o país estaria, teoricamente, sendo conduzido por uma política econômica coerente com o pensamento sábios e justos.
Entre 1995 e 2002, o desemprego nunca foi igual ou menor do 7,9%, o pior de Dilma até aqui. Sempre foi maior. Era de 8,4% em 1995, o primeiro ano de FHC no Planalto, que antes da presidência dirigia a economia através do Ministério da Fazenda. Chegou a 12,1% em 1999 e estava em 11,7% em 2002. (1)
Com diversas oscilações, sempre pelo alto, ficou em 10,6% ao ano, em média. Imagine 8 anos com o desemprego em dois dígitos.
Não por acaso, no governo de Fernando Henrique a desesperança e um conformismo pouco disfarçado em relação a criação de novos empregos ajudaram a criar a expressão "baixa empregabilidade" – para culpar os próprios desempregados pela dificuldade em encontrar postos no mercado de trabalho.
A média de 10,6% mostra o absurdo de um raciocínio conservador muito em voga nos dia de hoje. O número é 20% maior do que nos 12 anos Lula-Dilma, que foi de 8,1%( No primeiro mandato de Dilma, a média do desemprego foi de 5,4%).
Um ponto importante diz respeito aos empregos na indústria, termômetro de melhorias do mercado de trabalho. Ocorreu uma queda constante entre 1995 e 2002. Num cálculo que toma o ano de 1994 como base 100, a redução chegou a 78 no último ano do governo do PSDB. A partir de então, ocorre uma recuperação importante. Subiu-se para 97,2 em 2014.
Outro aspecto é que, no último ano de FHC, apenas 28,7% dos assalariados tinham empregos formais, que asseguram um grau mínimo de civilização aos trabalhadores. Dez anos depois da posse de Lula no Planalto, esse número havia subido para 47,5%. Um dado essencial envolve o poder de compra do salário mínimo. Em 2002, 70% do salário mínimo era consumido na aquisição da cesta básica. Em 2014, bastava 27% para comprar as mesmas mercadorias.
O raciocínio dos sábios e dos justos, nós sabemos, consiste em tentar construir uma relação de causa e efeito entre medidas de estímulo ao crescimento e distribuição de renda – marcas do governo Lula-Dilma – como principal fator para o descontrole de gastos, alta de inflação e, por fim, queda no nível de emprego. Pretende-se sustentar que naquele período a economia era melhor dirigida, nos tempos tucanos. Depende do ponto de vista. Para os assalariados, os números mostram o contrário.
Se essa visão fosse verdadeira, o desemprego sob FHC deveria ser mais baixo. O setor industrial teria sido melhor protegido. Na prática, o grande beneficiário foi o setor financeiro, o mesmo que a partir de 2015 tenta sua revanche.
Numa atitude coerente com uma visão que prioriza a atuação do próprio mercado e seus interesses, a taxa média de juros fixada pela Celic foi de 26,6% nos oito anos – um índice gigantesco, que nunca seria atingido, uma vez sequer, nos 12 anos Lula-Dilma. Nem em 2015, com juros reconhecidamente altos, os maiores desde 2003, chegou-se a esse patamar.
(1) Dados extraídos de "Vinte anos de Economia Brasileira," de Gerson Gomes e Carlos Antonio da Cruz, a partir do IBGE, IPEADATA, Banco Central.
A operação ideológica da oposição para destruir as conquistas dos últimos 12 anos, durante governos Lula-Dilma, inclui um ataque contra a memória dos brasileiros.
O que se quer é apresentar um período histórico de vitórias e benefícios para a maioria da população como uma sequência de manobras demagógicas que só poderiam ter dado errado e arruinar o Brasil.
Isso explica tratamento dado a um problema real, que dia após dias preocupa um número maior de brasileiros – a alta do desemprego. Num país que estava com 5% de desemprego no final de 2014, e hoje se encontra no índice de 7,9%, num salto de 50% em dez meses, a situação é de fato preocupante e necessita de respostas urgentes, que diminuam o sofrimento da população atingida e permitam ao governo recuperar sua base de apoio.
O problema é que, por interesses políticos, tenta-se apresentar a situação pior do que já é. Para começar, o país saiu de uma situação próxima do pleno emprego para um patamar que, mesmo mais alto, continua inferior aos melhores números obtidos nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.
A luta é ideológica.
As mesmas forças que sempre fizeram uma pressão gigantesca pela aplicação das medidas de ajuste econômico que produziram uma recessão de 3,1 pontos negativos em 2015 – alta de juros, redução no crédito e corte de estímulos e investimentos – agora fingem que nada tem a ver com isso. Tentam explicar a perda de empregos como consequência direta de uma política econômica de anos, que teria produzido distorções graves, gerando uma situação impossível de sustentar.
A realidade é que, apesar do crescimento de 2015, o desemprego durante o governo Dilma – e também sob o governo Lula – continua abaixo do que os números registrados durante os oito anos de governo Fernando Henrique Cardoso, quando o país estaria, teoricamente, sendo conduzido por uma política econômica coerente com o pensamento sábios e justos.
Entre 1995 e 2002, o desemprego nunca foi igual ou menor do 7,9%, o pior de Dilma até aqui. Sempre foi maior. Era de 8,4% em 1995, o primeiro ano de FHC no Planalto, que antes da presidência dirigia a economia através do Ministério da Fazenda. Chegou a 12,1% em 1999 e estava em 11,7% em 2002. (1)
Com diversas oscilações, sempre pelo alto, ficou em 10,6% ao ano, em média. Imagine 8 anos com o desemprego em dois dígitos.
Não por acaso, no governo de Fernando Henrique a desesperança e um conformismo pouco disfarçado em relação a criação de novos empregos ajudaram a criar a expressão "baixa empregabilidade" – para culpar os próprios desempregados pela dificuldade em encontrar postos no mercado de trabalho.
A média de 10,6% mostra o absurdo de um raciocínio conservador muito em voga nos dia de hoje. O número é 20% maior do que nos 12 anos Lula-Dilma, que foi de 8,1%( No primeiro mandato de Dilma, a média do desemprego foi de 5,4%).
Um ponto importante diz respeito aos empregos na indústria, termômetro de melhorias do mercado de trabalho. Ocorreu uma queda constante entre 1995 e 2002. Num cálculo que toma o ano de 1994 como base 100, a redução chegou a 78 no último ano do governo do PSDB. A partir de então, ocorre uma recuperação importante. Subiu-se para 97,2 em 2014.
Outro aspecto é que, no último ano de FHC, apenas 28,7% dos assalariados tinham empregos formais, que asseguram um grau mínimo de civilização aos trabalhadores. Dez anos depois da posse de Lula no Planalto, esse número havia subido para 47,5%. Um dado essencial envolve o poder de compra do salário mínimo. Em 2002, 70% do salário mínimo era consumido na aquisição da cesta básica. Em 2014, bastava 27% para comprar as mesmas mercadorias.
O raciocínio dos sábios e dos justos, nós sabemos, consiste em tentar construir uma relação de causa e efeito entre medidas de estímulo ao crescimento e distribuição de renda – marcas do governo Lula-Dilma – como principal fator para o descontrole de gastos, alta de inflação e, por fim, queda no nível de emprego. Pretende-se sustentar que naquele período a economia era melhor dirigida, nos tempos tucanos. Depende do ponto de vista. Para os assalariados, os números mostram o contrário.
Se essa visão fosse verdadeira, o desemprego sob FHC deveria ser mais baixo. O setor industrial teria sido melhor protegido. Na prática, o grande beneficiário foi o setor financeiro, o mesmo que a partir de 2015 tenta sua revanche.
Numa atitude coerente com uma visão que prioriza a atuação do próprio mercado e seus interesses, a taxa média de juros fixada pela Celic foi de 26,6% nos oito anos – um índice gigantesco, que nunca seria atingido, uma vez sequer, nos 12 anos Lula-Dilma. Nem em 2015, com juros reconhecidamente altos, os maiores desde 2003, chegou-se a esse patamar.
(1) Dados extraídos de "Vinte anos de Economia Brasileira," de Gerson Gomes e Carlos Antonio da Cruz, a partir do IBGE, IPEADATA, Banco Central.
1 comentários:
E quanto ao PIB?
Postar um comentário