Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Se a história repete em ciclos, a eventual ascensão de Michel Temer será o desfecho que faltava para a saga da Nova República repetir a da República Velha: a ampliação do quadro de desagregação política, econômica e social, com o Parlamento sem rumo disputando pedaços do orçamento, com a sofreguidão do último baile da República.
Na palestra na inauguração do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), Michel Temer escancarou a moeda de barganha com o Congresso que, aliás, já tinha sido antecipada por Delfim Netto em entrevista concedida ao Brasilianas – e ainda não levada ao ar. Trata-se de acenar com a divisão do bolo orçamentário com os parlamentares, proposta que, se levada ao pé da letra, liquida com o conceito de nação do país. Assim: se você ficar do meu lado, garanto recursos para as emendas que você apresentar.
Um dos maiores desafios políticos brasileiros, ao longo de toda a República, foi a dificuldade em submeter o orçamento a uma lógica nacional, colocando-o a salvo das demandas paroquiais dos parlamentares.
Tem sido assim desde a República Velha. O político é eleito e pretende atender às demandas de sua base e de seus financiadores. O território onde se dá esse embate é o orçamento. Quando não existe uma pauta política agregadora ou limites constitucionais, cada parlamentar tratará de pegar seu quinhão esfrangalhando com as contas públicas e comprometendo a unidade administrativa, os grandes pontos de atuação do Executivo federal, os gastos em educação, saúde, habitação etc.
Justamente por isso, os Constituinte de 1988 trataram de blindar o orçamento com as destinações constitucionais obrigatórias.
No governo Fernando Henrique Cardoso houve a primeira concessão ao fisiologismo orçamentário, permitindo as emendas parlamentares, mesmo assim sujeitas a contingenciamento. E, ainda assim, criou o maior espaço de barganha e corrupção do parlamento.
O aceno de Temer aos parlamentares é curto e grosso: me apoiem e iremos– o Executivo e o Congresso – repartir o orçamento. Para tanto, o primeiro passo será acabar com as vinculações obrigatórias – os gastos com saúde e educação.
Caso a manobra do impeachment seja bem-sucedida, haverá o seguinte quadro:
1. Aprofundamento da recessão devido às turbulências políticas da travessia.
2. Redução drástica dos gastos sociais do orçamento.
3. Como consequência, desmantelamento das redes de proteção social, dos investimentos em educação e saúde.
4. Aprofundamento da política ortodoxa do Banco Central.
Tudo isso em um quadro de profunda desorganização econômica e radicalização política, com metade do país considerando golpe o impeachment.
É o próprio rascunho do mapa do inferno.
Se o movimento do impeachment prosseguir nessa toada, e for bem-sucedido, se terá o caminho aberto em 2018 para uma liderança com viés autoritário.
Primeiro, a radicalização do próprio gabinete Temer, já que explodirão manifestações sociais por todo o país. Depois, sua própria deslegitimação política para colocar em prática as barganhas políticas oferecidas aos parlamentares. Finalmente, pela ascensão de uma candidatura radical para acabar com o banquete.
Gradativamente, os movimentos de Temer vão legitimando a atuação de Dilma Rousseff. Com todos seus erros, trata-se ainda de um ponto de resistência ao desmantelamento do próprio conceito de Nação.
Se a história repete em ciclos, a eventual ascensão de Michel Temer será o desfecho que faltava para a saga da Nova República repetir a da República Velha: a ampliação do quadro de desagregação política, econômica e social, com o Parlamento sem rumo disputando pedaços do orçamento, com a sofreguidão do último baile da República.
Na palestra na inauguração do IDP (Instituto Brasiliense de Direito Público), Michel Temer escancarou a moeda de barganha com o Congresso que, aliás, já tinha sido antecipada por Delfim Netto em entrevista concedida ao Brasilianas – e ainda não levada ao ar. Trata-se de acenar com a divisão do bolo orçamentário com os parlamentares, proposta que, se levada ao pé da letra, liquida com o conceito de nação do país. Assim: se você ficar do meu lado, garanto recursos para as emendas que você apresentar.
Um dos maiores desafios políticos brasileiros, ao longo de toda a República, foi a dificuldade em submeter o orçamento a uma lógica nacional, colocando-o a salvo das demandas paroquiais dos parlamentares.
Tem sido assim desde a República Velha. O político é eleito e pretende atender às demandas de sua base e de seus financiadores. O território onde se dá esse embate é o orçamento. Quando não existe uma pauta política agregadora ou limites constitucionais, cada parlamentar tratará de pegar seu quinhão esfrangalhando com as contas públicas e comprometendo a unidade administrativa, os grandes pontos de atuação do Executivo federal, os gastos em educação, saúde, habitação etc.
Justamente por isso, os Constituinte de 1988 trataram de blindar o orçamento com as destinações constitucionais obrigatórias.
No governo Fernando Henrique Cardoso houve a primeira concessão ao fisiologismo orçamentário, permitindo as emendas parlamentares, mesmo assim sujeitas a contingenciamento. E, ainda assim, criou o maior espaço de barganha e corrupção do parlamento.
O aceno de Temer aos parlamentares é curto e grosso: me apoiem e iremos– o Executivo e o Congresso – repartir o orçamento. Para tanto, o primeiro passo será acabar com as vinculações obrigatórias – os gastos com saúde e educação.
Caso a manobra do impeachment seja bem-sucedida, haverá o seguinte quadro:
1. Aprofundamento da recessão devido às turbulências políticas da travessia.
2. Redução drástica dos gastos sociais do orçamento.
3. Como consequência, desmantelamento das redes de proteção social, dos investimentos em educação e saúde.
4. Aprofundamento da política ortodoxa do Banco Central.
Tudo isso em um quadro de profunda desorganização econômica e radicalização política, com metade do país considerando golpe o impeachment.
É o próprio rascunho do mapa do inferno.
Se o movimento do impeachment prosseguir nessa toada, e for bem-sucedido, se terá o caminho aberto em 2018 para uma liderança com viés autoritário.
Primeiro, a radicalização do próprio gabinete Temer, já que explodirão manifestações sociais por todo o país. Depois, sua própria deslegitimação política para colocar em prática as barganhas políticas oferecidas aos parlamentares. Finalmente, pela ascensão de uma candidatura radical para acabar com o banquete.
Gradativamente, os movimentos de Temer vão legitimando a atuação de Dilma Rousseff. Com todos seus erros, trata-se ainda de um ponto de resistência ao desmantelamento do próprio conceito de Nação.
0 comentários:
Postar um comentário