Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:
No comentário de hoje, na CBN, Merval Pereira, com a arrogância que lhe é peculiar, disse que é “absurdo” Lula se considerar “intocável”, por ter dito – segundo ele para os “blogueiros chapa-branca” – que “duvido que tenha um promotor, delegado, empresário que tenha a coragem de afirmar que eu me envolvi em algo ilícito.”
Merval, eu posso dizer o mesmo; o leitor deste blog pode dizer o mesmo e acredito que milhões de brasileiros possam dizer o mesmo.
Até porque – ao menos para as pessoas criteriosas – acusar alguém de se envolver “em algo ilícito” depende, senão de provas, ao menos de indícios muito robustos.
Do contrário, é caluniar. O que, isto sim, é crime.
E, de fato, uma ameaça à democracia.
Se isso é uma “ameaça”, como diz você em seu comentário, então eu e milhões de pessoas neste país somos “ameaças”, porque nunca nos envolvemos em algo ilícito.
O que ameaça a democracia, Merval, é a sua tese de que “depois que for investigado, se não tiver nada, aí sim, vai poder dizer que foi investigado, que foi perseguido e que não encontraram nada. Aí tudo bem”.
Não, Merval, só se age assim nas ditaduras, onde você vasculha a vida do adversário que passa a ter de provar que é inocente.
Na democracia, existe a presunção da inocência e é inadmissível a investigação de alguém sem acusação formal o a existência de indício material da existência de crime.
A “suspeita” subjetiva jamais é razão suficiente para isso. Não existe investigação porque se “acha” que alguém “deve” estar “envolvido em algo ilícito”.
E convenhamos, Merval, será que o Dr. Moro e os guapos procuradores do Paraná não teriam feito isso a Lula, se tivessem algo assim?
O seu Direito, Merval, é o Direito do lobo diante do carneiro.
Já que você é “ministro” do STF, vai mesmo em latim a lição de Fedro, o fabulista romano, dedicada por ele ” a todos aqueles que oprimem a apenas se escondendo atrás de falsos pretextos”.
Ad rivum eundem Lupus et Agnus venerant siti compulsi: superior stabat Lupus, longeque inferior Agnus: tunc fauce improba latro incitatus jurgii causam intulit. Cur, inquit, turbulentam fecisti mihi istam bibenti?
Qualquer dificuldade, peça ao Michel Temer, ele traduz.
PS. Para nós, mortais, a fábula:
No comentário de hoje, na CBN, Merval Pereira, com a arrogância que lhe é peculiar, disse que é “absurdo” Lula se considerar “intocável”, por ter dito – segundo ele para os “blogueiros chapa-branca” – que “duvido que tenha um promotor, delegado, empresário que tenha a coragem de afirmar que eu me envolvi em algo ilícito.”
Merval, eu posso dizer o mesmo; o leitor deste blog pode dizer o mesmo e acredito que milhões de brasileiros possam dizer o mesmo.
Até porque – ao menos para as pessoas criteriosas – acusar alguém de se envolver “em algo ilícito” depende, senão de provas, ao menos de indícios muito robustos.
Do contrário, é caluniar. O que, isto sim, é crime.
E, de fato, uma ameaça à democracia.
Se isso é uma “ameaça”, como diz você em seu comentário, então eu e milhões de pessoas neste país somos “ameaças”, porque nunca nos envolvemos em algo ilícito.
O que ameaça a democracia, Merval, é a sua tese de que “depois que for investigado, se não tiver nada, aí sim, vai poder dizer que foi investigado, que foi perseguido e que não encontraram nada. Aí tudo bem”.
Não, Merval, só se age assim nas ditaduras, onde você vasculha a vida do adversário que passa a ter de provar que é inocente.
Na democracia, existe a presunção da inocência e é inadmissível a investigação de alguém sem acusação formal o a existência de indício material da existência de crime.
A “suspeita” subjetiva jamais é razão suficiente para isso. Não existe investigação porque se “acha” que alguém “deve” estar “envolvido em algo ilícito”.
E convenhamos, Merval, será que o Dr. Moro e os guapos procuradores do Paraná não teriam feito isso a Lula, se tivessem algo assim?
O seu Direito, Merval, é o Direito do lobo diante do carneiro.
Já que você é “ministro” do STF, vai mesmo em latim a lição de Fedro, o fabulista romano, dedicada por ele ” a todos aqueles que oprimem a apenas se escondendo atrás de falsos pretextos”.
Ad rivum eundem Lupus et Agnus venerant siti compulsi: superior stabat Lupus, longeque inferior Agnus: tunc fauce improba latro incitatus jurgii causam intulit. Cur, inquit, turbulentam fecisti mihi istam bibenti?
Qualquer dificuldade, peça ao Michel Temer, ele traduz.
PS. Para nós, mortais, a fábula:
Ao mesmo rio lobo e cordeiro vieram
Levados pela sede. Acima estava o lobo.
E longe, abaixo, o cordeiro. Então com goela cruel
O ávido ladrão causa de disputa suscita:
“Por que” diz “tornaste-me turva
A água de beber?” O lanígero defronte temendo:
“Como posso”, questiona, “fazer o que lastimas, ó lobo?”
“De ti decorre aos meus tragos o líquido”
Repelido, ele, pela força da verdade:
“Antes destes seis meses”, afirmou, “mal me disseste”
Respondeu o cordeiro “Ora, nascido eu não era”
“Por Hércules, então teu pai”, responde ele, “disse-me mal”
E assim agarrado despedaça-o em injusta morte
Levados pela sede. Acima estava o lobo.
E longe, abaixo, o cordeiro. Então com goela cruel
O ávido ladrão causa de disputa suscita:
“Por que” diz “tornaste-me turva
A água de beber?” O lanígero defronte temendo:
“Como posso”, questiona, “fazer o que lastimas, ó lobo?”
“De ti decorre aos meus tragos o líquido”
Repelido, ele, pela força da verdade:
“Antes destes seis meses”, afirmou, “mal me disseste”
Respondeu o cordeiro “Ora, nascido eu não era”
“Por Hércules, então teu pai”, responde ele, “disse-me mal”
E assim agarrado despedaça-o em injusta morte
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