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No áudio de uma conversa entre mafiosos, Romero Jucá já havia confessado que o principal objetivo do impeachment de Dilma era "estancar a sangria" das investigações da Lava-Jato. O vazamento do diálogo causou a primeira queda no "ministério de notáveis", mas Romero Jucá se manteve como "o homem-forte" de Michel Temer e virou presidente do PMDB. Agora, a insuspeita revista "Veja", não se sabe ainda por quais motivos oportunistas, traz uma entrevista bombástica com o quarto ministro defenestrado do covil golpista. "O governo quer abafar a Lava Jato", garante Fábio Medina Osório, que foi exonerado do cargo de chefe da Advocacia-Geral da União (AGU) nesta sexta-feira (9).
"Fui demitido porque contrariei muitos interesses. O governo quer abafar a Lava Jato. Ele tem muito receio de até onde a Lava Jato pode chegar", afirmou o ex-ministro à edição desta semana da revista. Para ele, "a AGU tem a obrigação de buscar a responsabilização de agentes públicos que lesam os cofres federais", mas há um esforço para se evitar a continuidade da investigação. Fábio Medina não dá os nomes dos sabotadores, mas é fácil imaginar. Dos 23 ministros do covil golpista, sete já tiveram seus nomes ligados ao esquema de corrupção da Petrobras. O próprio Michel Temer já foi citado!
Segundo especulações da imprensa, o ex-advogado-geral da União entrou em rota de colisão com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, um dos principais líderes do "golpe dos corruptos". O atrito se deu porque Fábio Medina pediu ao Supremo Tribunal Federal para ter acesso aos inquéritos de políticos envolvidos na Lava-Jato. A solicitação causou desespero na base governista e no Palácio do Planalto. Eliseu Padilha não perdoou a sua atitude, afirmando que ele atuava em descompasso com as orientações do "presidente" Michel Temer, segundo matéria da Folha deste domingo (11).
"A intenção de Osório era mover ações de improbidade e ressarcimento contra esses políticos, assim como a AGU fizera com as empreiteiras acusadas de envolvimento no petrolão. Entre os políticos cujo acesso aos inquéritos foram autorizados pelo STF estão o do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente do PMDB Valdir Raupp (RO)", relata o jornal. A atitude do ex-ministro da AGU evidentemente desagradou os assaltantes do Palácio do Planalto, que desejam "estancar a sangria" das investigações. O resultado foi a exoneração de Fábio Medina.
As manobras para "estancar a sangria"
Para o seu lugar, o Judas Michel Temer nomeou Grace Maria Fernandes Mendonça, funcionária de carreira da AGU. A primeira mulher a virar ministra no covil golpista tem conhecidas ligações com o PSDB, em especial com o cambaleante Aécio Neves. Ela foi coordenadora-geral de gabinete (2001) e adjunta do advogado-geral (2002) durante o triste reinado de FHC, que ficou famoso por engavetar várias denúncias de corrupção. Grace Mendonça também é muito ligada a Gilmar Mendes, o ministro tucano do Supremo Tribunal Federal (STF) - que nas últimas semanas, após a concretização do golpe dos corruptos, tem feito estranhas declarações contra os "abusos de autoridade" da Lava-Jato.
Em suas andanças pelo país para denunciar a conspiração golpista, a presidenta Dilma várias vezes afirmou que "o impeachment foi utilizado para interromper as investigações da Lava-Jato". Em uma destas ocasiões, num evento em Lauro de Freitas (BA), ela foi enfática: "As razões de impeachment estão ficando cada vez mais claras para a população. É para desmontar o governo que construímos ao longo dos últimos treze anos. É para diminuir o controle sobre todos os processos da Lava Jato. É para tentar negociar uma forma de interromper as investigações". A vida vai demonstrando, inclusive para o mais tapado dos midiotas, que ela estava certa. A entrevista de Fábio Medina na bíblia dos "coxinhas", a Veja, apenas confirma que está em curso uma operação para "estancar a sangria".
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