segunda-feira, 13 de março de 2017

Eduardo Cunha é o Marcola do Temer

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Por Jeferson Miola

Renan confirma que Eduardo Cunha é o Marcola do Temer; ele é o líder que comanda da cadeia a quadrilha que tomou o poder de assalto com o golpe de Estado. Para Renan, Cunha “exerce sim influência diretamente de sua cela, em Curitiba”.

Camacho Marcola, para recordar, é o líder maior da organização criminosa PCC [Primeiro Comando da Capital], que ostenta seu poder comandando as operações da quadrilha mesmo de dentro da penitenciária de máxima segurança, onde cumpre longa pena de prisão.

Renan Calheiros é um político arguto, que conhece com intimidade as vísceras do poder em Brasília. Renan tem denunciado a grande influência que este presidiário exerce sobre o governo Michel Temer, assim como a expansão do domínio do “caranguejo” [codinome do Cunha nas planilhas de propinas da Odebrecht] no PMDB.

Numa conversa com o ministro Moreira Franco, Renan alertou que se Padilha demorar da licença de saúde convenientemente prolongada para tentar abafar as graves denúncias que pesam sobre ele, “o Eduardo Cunha senta o Gustavo Rocha lá”.

Gustavo Rocha, que foi advogado do Cunha e curinga do presidiário em diversos cargos importantes na República, atualmente ocupa o cargo relevante de subchefe de assuntos jurídicos da Casa Civil, e chegou a ser cogitado para o Ministério da Justiça.

De acordo com Renan, “Esse grupo originário que tem como líder e chefe o Eduardo Cunha, que as pessoas vão a Curitiba para saber o que ele orienta, o que ele recomenda, o governo não pode ficar exposto a isso”.

A área de influência do Eduardo Cunha no governo golpista não é nada desprezível. Além do Temer, Moreira e Padilha no coração do governo, os tentáculos do Cunha no comando golpista são abrangentes: Alexandre Moraes, também advogado dele, foi transformado em juiz do STF; Osmar Serraglio, colocado por Cunha na presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e que defendeu sua anistia porque ele “exerceu um papel fundamental para aprovarmos o impeachment da Presidente Dilma”, foi nomeado ministro da Justiça; Carlos Marun, aliado incondicional que visita Cunha na prisão “para saber o que ele orienta, o que ele recomenda”, ganhou a presidência da comissão especial da reforma da previdência na Câmara; André Moura, um integrante da tropa de choque do Cunha, ganhou a liderança do governo Temer no Congresso.

A explicação do Temer para a denúncia do Renan é reveladora da sua condição de refém do presidiário: “Essas afirmações não têm sustentação. Imagine se o Eduardo Cunha, que está, enfim, distante, pode influenciar alguma coisa, não há influência nenhuma”.

O amedrontado Temer evita dizer que, por ser presidiário, Cunha não poderia influenciar seu governo. Ele prefere um eufemismo: “Cunha está, enfim, distante” [sic].

O relato do José Yunes sobre a propina de R$ 10 milhões que Temer pediu à Odebrecht num jantar no Palácio Jaburu – a máxima ousadia de planejar corrupção dentro do própria residência oficial do vice-presidente – elucidou a associação entre Temer e Cunha, com a intermediação do Padilha e do doleiro Lúcio Funaro, na conspiração para comprar a eleição de 140 deputados que garantiriam Cunha na presidência da Câmara e a aprovação da farsa do impeachment da Presidente Dilma.

Não é de surpreender, por isso, a continuidade da participação do presidiário Cunha no empreendimento golpista, do qual é sócio de primeira hora. Considerado o temor reverencial que o Temer tem do Eduardo Cunha, não é difícil depreender quem é o verdadeiro comandante da cleptocracia que ocupa o Planalto.

A inação do judiciário e do MP e a complacência da Rede Globo e toda a mídia neste caso é uma prova incontornável que Temer e sua cleptocracia formada pelo PMDB, PSDB, DEM, PPS, PTB, PSB, PSD etc só se sustentam porque o Brasil está sob a vigência de um regime de exceção.

Em qualquer país civilizado do mundo na plenitude do Estado de Direito, esta realidade absurda jamais seria tolerada. O Brasil é, cada vez mais, uma vergonha para o mundo.

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