Por Altamiro Borges
Nelson Marchezan Jr., o “prefake” de Porto Alegre, não nega o berço. Apesar de posar como “novo” na política, o fascistinha é filho de Nelson Marchezan (1938-2002), o histórico cacique da política gaúcha que presidiu a Câmara Federal durante a ditadura e foi líder do último general no poder, João Baptista Figueiredo – aquele que odiava “o cheiro do povo”. Nesta quarta-feira (3), o tucano falastrão enviou ofício ao usurpador Michel Temer solicitando o envio de tropas do Exército para o julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal (TRF-4), em 24 de janeiro. Pelo Twitter, o filhote da ditadura ainda rosnou: “Devido às manifestações de líderes políticos que convocam uma invasão em Porto Alegre, tomei essa medida para proteger o cidadão e o patrimônio público”.
Com mais este factoide, o “prefake” tenta encobrir o desastre da sua gestão e agradar as seitas que apoiam seu governo – sabe-se lá a que preço –, como o Movimento Brasil Livre (MBL). Até a revista Veja, que não pode ser acusada de esquerdista, publicou em agosto último uma matéria que evidencia as bizarrices deste sujeito. “Aos 45 anos, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) é o primeiro prefeito tucano de Porto Alegre. Ele chegou ao poder com 402.165 votos no segundo turno das eleições de 2016, mas “perdeu” para os 433.751 eleitores que decidiram votar nulo, em branco ou se abster. O número dos que optaram por rejeitar tanto o PSDB quanto o PMDB do adversário Sebastião Melo é um indicativo do tamanho do eleitorado que não é simpático ao novo prefeito”.
De acordo com a reportagem de Paula Sperb, “no cargo, o prefeito desagradou a mais gente, com medidas como a extinção de secretarias, a apresentação de projetos de concessão de bens e serviços públicos ao poder privado, a relação instável com os vereadores, a proximidade com o Movimento Brasil Livre (MBL) e os posts polêmicos nas redes sociais, principalmente atacando movimentos, sindicatos e partidos de esquerda, ao melhor estilo de seu colega de partido, o prefeito paulistano João Doria, com quem é comparado. Seu polêmico estilo descontraído inclui a elaboração de decretos de ‘zoeira’ às sextas-feiras, como um no qual liberava a população a ir para as festas juninas, mas proibia simpatizantes de ‘partidos vermelhos’ de ‘formar quadrilha’. Ou dançar – e colocar seus auxiliares para dançar – o hit Despacito, o que lhe gerou até uma paródia do sindicato dos servidores, chamada ‘Marchezito’, atacando sua gestão, que tem atrasado e parcelado salários”.
Ainda sobre o filhote da ditadura, que solicita tropas do Exército contra manifestações públicas, vale conferir o artigo do vereador Marcelo Sgarbossa (PT) publicado em 31 de dezembro no site Sul-21:
*****
O prefeito que maltrata a cidade
A capital mundial da democracia participativa está sendo calada por atos e desmandos de Nelson Marchezan Júnior. O temperamento autoritário do prefeito tem trazido uma série de danos à população de Porto Alegre.
No primeiro ano no cargo, Marchezan mostrou sua forma de governar: sem diálogo, proíbe protestos por onde passa e suspende o Orçamento Participativo. Ao mesmo tempo, desmantela os conselhos municipais, desrespeita a autonomia do Legislativo, despreza servidores públicos, não paga o salário em dia, faltando com a necessária transparência sobre o dinheiro em caixa no Município.
No transporte, acabou com a segunda passagem grátis por decreto (o que conseguimos derrubar na Justiça), e quer cortar direitos de estudantes, pessoas idosas e com deficiência. Tudo para garantir o lucro das empresas, que prestam um serviço de péssima qualidade.
O estilo belicoso atinge inclusive aliados, com o prefeito destratando os próprios secretários e assessores, que chegam a pedir demissão para evitar os maus tratos.
Mudança na rotina das escolas sem conversar com a comunidade escolar, corte de vagas na Educação de Jovens e Adultos sem aviso prévio, suspensão de linhas de ônibus sem comunicar ninguém são mais algumas demonstrações do desrespeito do alcaide. Para piorar, antes de acabar o ano, conseguiu aprovar um projeto que ameaça com multa e restringe as manifestações, remetendo a práticas do nefasto período da ditadura.
Avesso ao debate, o prefeito toma medidas sem discutir com as parcelas da sociedade que serão afetadas. Envia projetos de Lei para a Câmara sem conversar com a própria base governista. Atuando como gestor de vendas, segue com a sanha privatista de liquidar o patrimônio público. Esta é a lógica de Marchezan desde que assumiu a Prefeitura. Ações que prejudicam o serviço público e a população, causam enormes transtornos ao funcionalismo e geram insegurança e incerteza sobre o futuro.
Essa instabilidade faz mal a Porto Alegre. Os 40 dias de paralisação de servidores públicos, que fizeram a maior greve da história da Capital, é resultado dessa inabilidade do prefeito. Protestos e manifestações não devem cessar em 2018, pois nada nos leva a crer que a postura adotada por Marchezan mudará. Se o prefeito insistir na terceirização de serviços e na privatização de empresas públicas como a Carris e o Dmae, que já foram modelos de qualidade, a tendência é que os conflitos na cidade se acentuem.
Em menos de um ano, a Capital percebeu que está abandonada por quem foi eleito para cuidá-la. Nosso porto ficou menos alegre.
Resistir aos retrocessos é um dever civilizatório. Um ano de fortes desafios nos aguarda. Estamos preparados para resistir e seguir trabalhando para construir uma cidade mais humana e participativa.
*****
Leia também:
- O cabide de emprego dos fedelhos do MBL
- Os deputados que aprovaram a PEC da Morte
- A rotulagem e os deputados transgênicos
- Idade penal: como votou cada deputado
- Quem votou contra os trabalhadores
- As eleições do desencanto com a política
Nelson Marchezan Jr., o “prefake” de Porto Alegre, não nega o berço. Apesar de posar como “novo” na política, o fascistinha é filho de Nelson Marchezan (1938-2002), o histórico cacique da política gaúcha que presidiu a Câmara Federal durante a ditadura e foi líder do último general no poder, João Baptista Figueiredo – aquele que odiava “o cheiro do povo”. Nesta quarta-feira (3), o tucano falastrão enviou ofício ao usurpador Michel Temer solicitando o envio de tropas do Exército para o julgamento de Lula no Tribunal Regional Federal (TRF-4), em 24 de janeiro. Pelo Twitter, o filhote da ditadura ainda rosnou: “Devido às manifestações de líderes políticos que convocam uma invasão em Porto Alegre, tomei essa medida para proteger o cidadão e o patrimônio público”.
Com mais este factoide, o “prefake” tenta encobrir o desastre da sua gestão e agradar as seitas que apoiam seu governo – sabe-se lá a que preço –, como o Movimento Brasil Livre (MBL). Até a revista Veja, que não pode ser acusada de esquerdista, publicou em agosto último uma matéria que evidencia as bizarrices deste sujeito. “Aos 45 anos, Nelson Marchezan Jr. (PSDB) é o primeiro prefeito tucano de Porto Alegre. Ele chegou ao poder com 402.165 votos no segundo turno das eleições de 2016, mas “perdeu” para os 433.751 eleitores que decidiram votar nulo, em branco ou se abster. O número dos que optaram por rejeitar tanto o PSDB quanto o PMDB do adversário Sebastião Melo é um indicativo do tamanho do eleitorado que não é simpático ao novo prefeito”.
De acordo com a reportagem de Paula Sperb, “no cargo, o prefeito desagradou a mais gente, com medidas como a extinção de secretarias, a apresentação de projetos de concessão de bens e serviços públicos ao poder privado, a relação instável com os vereadores, a proximidade com o Movimento Brasil Livre (MBL) e os posts polêmicos nas redes sociais, principalmente atacando movimentos, sindicatos e partidos de esquerda, ao melhor estilo de seu colega de partido, o prefeito paulistano João Doria, com quem é comparado. Seu polêmico estilo descontraído inclui a elaboração de decretos de ‘zoeira’ às sextas-feiras, como um no qual liberava a população a ir para as festas juninas, mas proibia simpatizantes de ‘partidos vermelhos’ de ‘formar quadrilha’. Ou dançar – e colocar seus auxiliares para dançar – o hit Despacito, o que lhe gerou até uma paródia do sindicato dos servidores, chamada ‘Marchezito’, atacando sua gestão, que tem atrasado e parcelado salários”.
Ainda sobre o filhote da ditadura, que solicita tropas do Exército contra manifestações públicas, vale conferir o artigo do vereador Marcelo Sgarbossa (PT) publicado em 31 de dezembro no site Sul-21:
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O prefeito que maltrata a cidade
A capital mundial da democracia participativa está sendo calada por atos e desmandos de Nelson Marchezan Júnior. O temperamento autoritário do prefeito tem trazido uma série de danos à população de Porto Alegre.
No primeiro ano no cargo, Marchezan mostrou sua forma de governar: sem diálogo, proíbe protestos por onde passa e suspende o Orçamento Participativo. Ao mesmo tempo, desmantela os conselhos municipais, desrespeita a autonomia do Legislativo, despreza servidores públicos, não paga o salário em dia, faltando com a necessária transparência sobre o dinheiro em caixa no Município.
No transporte, acabou com a segunda passagem grátis por decreto (o que conseguimos derrubar na Justiça), e quer cortar direitos de estudantes, pessoas idosas e com deficiência. Tudo para garantir o lucro das empresas, que prestam um serviço de péssima qualidade.
O estilo belicoso atinge inclusive aliados, com o prefeito destratando os próprios secretários e assessores, que chegam a pedir demissão para evitar os maus tratos.
Mudança na rotina das escolas sem conversar com a comunidade escolar, corte de vagas na Educação de Jovens e Adultos sem aviso prévio, suspensão de linhas de ônibus sem comunicar ninguém são mais algumas demonstrações do desrespeito do alcaide. Para piorar, antes de acabar o ano, conseguiu aprovar um projeto que ameaça com multa e restringe as manifestações, remetendo a práticas do nefasto período da ditadura.
Avesso ao debate, o prefeito toma medidas sem discutir com as parcelas da sociedade que serão afetadas. Envia projetos de Lei para a Câmara sem conversar com a própria base governista. Atuando como gestor de vendas, segue com a sanha privatista de liquidar o patrimônio público. Esta é a lógica de Marchezan desde que assumiu a Prefeitura. Ações que prejudicam o serviço público e a população, causam enormes transtornos ao funcionalismo e geram insegurança e incerteza sobre o futuro.
Essa instabilidade faz mal a Porto Alegre. Os 40 dias de paralisação de servidores públicos, que fizeram a maior greve da história da Capital, é resultado dessa inabilidade do prefeito. Protestos e manifestações não devem cessar em 2018, pois nada nos leva a crer que a postura adotada por Marchezan mudará. Se o prefeito insistir na terceirização de serviços e na privatização de empresas públicas como a Carris e o Dmae, que já foram modelos de qualidade, a tendência é que os conflitos na cidade se acentuem.
Em menos de um ano, a Capital percebeu que está abandonada por quem foi eleito para cuidá-la. Nosso porto ficou menos alegre.
Resistir aos retrocessos é um dever civilizatório. Um ano de fortes desafios nos aguarda. Estamos preparados para resistir e seguir trabalhando para construir uma cidade mais humana e participativa.
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