segunda-feira, 1 de outubro de 2018

As eleições consolidam o fracasso do golpe

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

De terno cinza e gravata torta, Michel Temer abriu pela última vez, na terça-feira 25, a Assembleia-Geral anual das Nações Unidas, em Nova York. A honra cabe ao Brasil desde 1955, não importam a legitimidade e a popularidade do presidente. Nem o prontuário criminal, e o de Temer escapou de mais uma denúncia porque Raquel Dodge, a PGR que indicou, resolveu esperar o fim do mandato dele para tomar providências num caso de 10 milhões de reais odebrechtianos.

Na despedida na ONU, Temer aproveitou para um breve balanço de seu governo. “Voltamos a crescer e a gerar emprego. Programas sociais antes ameaçados pelo descontrole dos gastos puderam ser salvos e ampliados. Portanto, devolvemos o Brasil ao trilho do desenvolvimento.” E arrematou: “O País que entregarei a quem o povo brasileiro venha a eleger é melhor do que aquele que recebi”.

O “povo” não está lá muito de acordo. Para 82%, o governo é ruim ou péssimo. A desaprovação à figura pessoal de Temer é de 92%. A maioria acha sua gestão pior que a de Dilma Rousseff, 60%.

Na reta final da eleição, as pesquisas mostram ainda um desastre à vista para todos os presidenciáveis ligados ao impeachment que alçou Temer ao poder.

Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Podemos), João Amoêdo (Novo), enfim, “os 50 tons de Temer”, na definição certeira e bem-humorada de Guilherme Boulos (PSOL), estão virtualmente mortos. Nenhum tinha dois dígitos. Juntos, alcançavam 21%, o mesmo que Fernando Haddad, o vice-líder, conforme um levantamento do Ibope de 26 de setembro, o último conhecido até a conclusão desta reportagem um dia depois.

Principal candidato do bloco do impeachment, apoiado pelo “centrão” governista, Alckmin só chega ao duelo final contra o petista por milagre, na improvável hipótese de a onda anti-Bolsonaro recém-surgida virar um tsunami capaz de derreter o candidato dos reacionários, na dianteira com 27%. Quer dizer, o iminente fiasco nas urnas atesta: o golpe de 2016 é um fracasso político.

Não é difícil entender a ruína. Quando Temer assumiu, havia 11,4 milhões de desempregados. Em agosto, último dado disponível no IBGE, eram 12,7 milhões. O batalhão que desistiu de procurar vaga por achar inútil, o chamado desalento, passou de 3 milhões ao recorde de 4,8 milhões.

No Nordeste, terra de 39 milhões de eleitores, 26% do total, há um “desastre ocupacional”, segundo Felipe de Holanda, conselheiro do Conselho Federal de Economia e presidente do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos. Uma situação, diz ele, iniciada ainda com Dilma e exacerbada por Temer com o congelamento de gastos públicos por duas décadas, redução do colchão social (Bolsa Família) e reajuste do salário mínimo abaixo da inflação.

Do primeiro trimestre de 2015 ao mesmo de 2018, foram fechadas mais vagas no Nordeste (1,7 milhão) do que na soma do resto do País (1,4 milhão). Não surpreende Alckmin, Marina, Meirelles, Dias e Amoêdo entrarem no fim da campanha com pífios 14% de intenção de voto na região.

A vida da população está particularmente dura no Nordeste, morada de três de cada quatro miseráveis, mas a desolação é geral. A pesquisa de setembro da FGV-SP sobre a confiança dos brasileiros mostrou piora nas expectativas, hoje no menor nível desde janeiro de 2017. E o motivo principal não é incerteza eleitoral, mas “uma queda forte da confiança de consumidores de menor poder aquisitivo e uma alta moderada da confiança dos consumidores de maior poder aquisitivo”, segundo a coordenadora da pesquisa, Viviane Seda Bittencourt.

Natural os de baixo sentirem-se assim. Além da falta de emprego, a renda média mensal de quem tinha uma vaga em 2017 caiu em relação a 2016, de 2.223 para 2.178 reais. A miséria ganhou 1,5 milhão de pessoas de um ano para o outro. O Brasil está com um pé de volta ao mapa da fome. Natural também eles puxarem as expectativas para baixo, pois são numerosíssimos. Da população de 207 milhões, 86 milhões tinham algum trabalho no ano passado. A metade de baixo desse batalhão ganhava, em média, 754 reais por mês, segundo o IBGE.

Este ano, há 147 milhões de aptos a votar, conforme o TSE, dos quais 45% são analfabetos, cursaram no máximo o ensino fundamental ou então declaram que apenas sabem ler e escrever. Aliás, seriam 150 milhões, mas o TSE excluiu 3 milhões, todos pobres de lugares distantes, porque eles não fizeram o chamado recadastramento biométrico. Uma exclusão confirmada na quarta-feira 26 pelo Supremo Tribunal Federal, em uma ação do PSB e engrossada pelo PT a pedir o oposto.

Já a turma de maior poder aquisitivo não tem do que reclamar, e as razões são óbvias. O programa econômico do atual governo é para eles, a exemplo do que acontece na Argentina, onde Mauricio Macri acaba de enfrentar mais uma greve geral. O problema é que os ricos beneficiados pela agenda de Temer não ganham eleição presidencial no Brasil, pois são muito poucos. A turma do 1% mais rico é um clube de umas 900 mil pessoas. Somente 14% dos eleitores têm ensino superior.

O programa econômico de Temer foi citado por ele mesmo como o motivo da queda de Dilma, quando foi pela primeira vez a Nova York inaugurar uma assembleia da ONU, em setembro de 2016. “Há muitíssimos meses atrás, nós lançamos um documento chamado ‘Ponte para o Futuro’”, comentou a portas fechadas com empresários. “Como isso não deu certo, não houve a adoção (da Ponte por Dilma), instaurou-se um processo que culminou, agora, com a minha efetivação como presidente.”

O pacote temerista é neoliberal: privatizações, menos investimento público em saúde, educação e obras, reforma trabalhista, tudo para facilitar os negócios privados, gerar lucros a empresários. Seus resultados? Depois de o PIB encolher quase 8% na soma de 2015 e 2016, tempos de Dilma, cresceu 1% em 2017, 1,2% no primeiro trimestre de 2018 e 1% no segundo.

O Brasil, diz o economista João Sicsú, ex-diretor do Ipea, está em “depressão”. Esta se caracteriza, afirma, pelo ritmo lento tanto da recuperação da atividade quanto do emprego após recessões brabas. A demora de agora, segundo ele, é falta de gasto público. Um problema da política econômica cotidiana de Dilma desde o fim do primeiro mandato dela e que Temer agravou ao botar coisas na legislação, como o congelamento de gastos por 20 anos.

“A ideia de que um ajuste fiscal contracionista gera efeitos expansionistas é uma crença sem base real. O setor privado só vai investir se o setor público investir primeiro”, afirma Sicsú. “O que o Temer fez serviu apenas para garantir que os credores continuem recebendo juros da dívida.”

Há também explicações não econômicas para a iminente humilhação eleitoral do impeachment. Dilma foi cassada sob o pretexto de pedaladas fiscais, mas o que levou milhões às ruas pela derrubada dela foi a revolta com a corrupção. A fúria moralista alimentada contra o PT voltou-se contra o feiticeiro.

O governo Temer é um mar de escândalos. O eleitorado conservador, antes tucano, caiu no colo de Bolsonaro, uma vez que o PSDB acabou engolfado por malfeitos emedebistas e pelos próprios, vide a prisão recente do agora já solto Beto Richa, governador do Paraná até abril.

Aécio Neves, um dos generais do impeachment após a apertada derrota para Dilma em 2014, só não foi parar na cadeia no ano passado graças ao misericordioso voto de uma juíza conterrânea mineira, Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal. Mas foi ouvido por todo o País a comentar em uma gravação clandestina: “Tem que ser um que a gente mate antes de fazer delação”. Hoje senador e ex-presidenciável, Aécio, de 58 anos, agora concorre “apenas” a deputado federal.

“O PSDB adotou a pior estratégia possível”, diz o cientista político Renato Perissinotto, da Universidade Federal do Paraná. Em vez de ter paciência e compromisso democrático de esperar Dilma se desgastar no governo até a eleição deste ano, afirma, foi para a guerra do impeachment. “Uma das consequências desse erro foi assumir o abacaxi da crise econômica. Quem está vinculado à crise econômica, que dois anos depois ainda não acabou? O governo Temer, que o PSDB apoia. Não adianta o PSDB tentar se desvincular do governo, a população é sensata para perceber o vínculo”, afirma Perissinotto, também presidente da Associação Brasileira de Ciência Política.

Um problema reconhecido no ninho tucano. “As pessoas estão com raiva. Nós tiramos a Dilma para que houvesse um governo melhor, mas o Temer não é um bom governo”, diz o deputado Ricardo Tripoli, candidato do PSDB ao Senado por São Paulo.

Seu conterrâneo e correligionário Alckmin, de 65 anos, é a maior vítima da maldição do impeachment. Caminha para o destino de um político sem mandato em tempos de governo do adversário, o ostracismo. O PSDB disputa eleições de forma competitiva desde 1994, esteve perto da vitória em 2014, era quem tinha sex-appeal para seduzir mídia, empresários, artistas e classe média na cassação de Dilma, é o berço intelectual do neoliberalismo de Temer.

Alckmin chega à última semana da campanha com cerca de 8% nas pesquisas, patamar pífio perto da votação dele na eleição de 2006 contra Lula (41% dos votos válidos) e do PSDB em 2014 (33%). É menos até do que os tucanos alcançaram na primeira eleição após a ditadura militar, 11% em 1989, quando tinham um ano de vida. Alckmin cumpre, assim, uma profecia de agosto de 2017 da consultoria política global Eurasia, a irritá-lo até hoje. “É a Hillary do Brasil”, o establishment fadado à derrota, como a senhora Clinton na eleição americana de 2016.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso farejava o fiasco. Em 2017 e no início de 2018, insistiu com o apresentador global Luciano Huck para que saísse candidato. Em 20 de setembro, fez uma última tentativa de salvar a coalizão do impeachment do fracasso nas urnas. Lançou uma espécie de manifesto, com palavras parecidas com a de outro de sua lavra, de junho. O resultado também foi igual, nenhum.

Para FHC, de 87 anos, é preciso deter uma “marcha da insensatez”, a polarização entre Bolsonaro e o PT. Todos os presidenciáveis “que não se aliam às visões radicais que opõem ‘eles’ contra ‘nós’” deveriam se unir para enfrentar em 7 de outubro aqueles que “apostam em soluções extremas” e para governar juntos a partir de 2019. Não citou pelo nome ninguém dos que poderiam se unir, mas o pessoal em questão era sabido, a turma dos “50 tons de Temer”.

A união era desejada por uma parte do empresariado, um setor que apoiou o impeachmente que ganhou a reforma trabalhista barateadora do brasileiro durante o governo Temer. Desejada ao menos por aquela parcela que não se bolsonarizou até aqui. “Essa fragmentação que tivemos do centro, com Alckmin, Meirelles, Alvaro Dias, Amoêdo e Marina Silva, leva a que os extremos prevaleçam. É preciso que haja uma desistência de quatro dos cinco”, disse ao Valor o presidente da Companhia Suzano, Walter Shalka, um dia após a carta de FHC. Para ele, o empresariado “se omitiu ao longo da história e está se omitindo neste momento mais uma vez”, e agora vê que nem Bolsonaro nem Haddad “está conseguindo explicitar as reformas de que o País precisa”.

FHC escalou o advogado Miguel Reale Jr., seu último ministro da Justiça e uma das primeiras assinaturas no pedido de impeachment de Dilma, para tentar reunir “os 50 tons de Temer”. Deu em nada, só em um humor. Reale Jr., de 74 anos, sondou representantes dos cinco presidenciáveis com a ideia de marcar um encontro deles em 24 de setembro. A reunião melou na última hora, devido à desistência de Marina. Ela alegou que não sabia que Alckmin e Meirelles participariam e que nem sequer tinha sido convidada. “Mentira deslavada”, reagiu Reale Jr. em O Globo.

“Não precisa de reunião, a solução é muito simples: basta que o candidato do PSDB e de vários partidos do ‘centrão’, Geraldo Alckmin, que está estagnado ou caindo nas pesquisas, renuncie à sua candidatura e me apoie, porque eu sou o candidato do centro democrático que está crescendo.”

Palavras públicas de Meirelles, ex-ministro da Fazenda de Temer, o milionário de 73 anos que injetou incríveis 45 milhões de reais do próprio bolso na campanha e que chega à reta final com 2% nas pesquisas. Este, diz Renato Perissinotto, foi para a campanha com uma fraqueza extra, além de ter saído das entranhas do governo. “Ele é uma figura obscura, tem cara de burocrata, de candidato a deputado.”

Na esperança de reverter o fracasso à vista, Alckmin deu uma guinada na campanha nos últimos dias. Um gesto desesperado de quem tinha planos moderados e queria não ser rejeitado por eleitores lulistas. Impôs a guinada à equipe de marqueteiros liderada por Luiz Flavio “Lula” Guimarães. Este achava que dez dias de tevê bastavam para Alckmin se tornar competitivo, com uma propaganda a priorizar a biografia do candidato. Depois de uns 15, nada. O candidato levou para dentro de seu comitê um experiente analista político conservador, Antonio Lavareda, com uma ordem: “O que ele disser para fazer, faça”. 

Agora, a propaganda é pau puro nos adversários dos “extremos”. Bolsonaro, diz Alckmin, é contra gays, mulheres e pobres e a favor de neonazistas. O PT é a volta da corrupção, a soltura de Lula. Só ele, Alckmin, afirma o próprio, consegue evitar o retorno dos petistas ao poder, devido à alta rejeição bolsonarista. “É esse eleitor que vamos buscar. O que vale é a última onda”, afirmou o tucano em Madureira, subúrbio do Rio, na segunda-feira 24.

O desastre do PSDB pode ser completo, devido à situação em São Paulo. O maior colégio eleitoral do País, com 33 milhões de eleitores, 22% do total, é reduto do partido desde 1995. De lá para cá, só viu governador tucano, à exceção do atual, Márcio França, do PSB, que era vice de Alckmin. O tucano João Doria Jr., cria de Alckmin, disputa uma eleição acirrada para governador com Paulo Skaf, do MDB e da Fiesp pró-impeachment. No último Ibope, dava 24% a 22% para Skaf.

Doria Jr. afastou-se de Alckmin, e não é de hoje, o que só piora a situação do presidenciável no estado. A campanha de Doria Jr. espalhou recentemente o cartaz “Contagem regressiva. Faltam 15 dias para você mudar São Paulo”. Nenhuma referência a Alckmin ou ao PSDB. O ex-prefeito paulistano está de olho numa dobradinha com Bolsonaro. Emissários dos dois já tiveram reunião no escurinho. Compreensível: Alckmin chega à reta final da campanha com 14% de intenção de voto entre os paulistas, longe de Bolsonaro, dono de 33%.

Em Minas Gerais, a traição foi menos discreta. Obra do vice do senador tucano Antonio Anastasia na chapa que concorre a governador. Ao comentar pesquisas nos últimos dias, o deputado Marcos Montes, do PSD, disse em um evento: “O professor Anastasia e eu temos nosso candidato à Presidência da República, que eu acho que é extremamente competente, o Geraldo Alckmin. Lamentavelmente, a sociedade brasileira começa a enxergar que não é seu momento, começa a ver que seus números não avançam e com isso se acende um sinal amarelo, indo para o sinal vermelho. E nós temos que ter responsabilidade”. A responsabilidade, segundo ele, chama-se Jair Bolsonaro, de 63 anos.

A eleição em Minas traz outra demonstração do fracasso eleitoral do impeachment. Dilma Rousseff disputa uma das duas vagas ao Senado e lidera com certa folga, 29% em um Datafolha de 20 de setembro. O segundo colocado, Carlos Viana, do PHS, tinha 14%. O PT, aliás, é uma Fênix em todo o País. Em setembro, era o partido preferido de 24% dos brasileiros, segundo o Ibope, índice igual ao de 2010, último ano de Lula no poder.

Dias atrás, a campanha dilmista acionou Marina Silva no TSE, devido a declarações dadas pela presidenciável em entrevista ao Jornal Nacional de 30 de agosto. “Dilma e Temer são farinha do mesmo saco”, dissera a ambientalista, “cometeram o mesmo crime de caixa 2, de desvio de dinheiro público.” Na terça-feira 25, Marina venceu o julgamento, mas tomou uma patada registrada nos anais do TSE. “É claramente uma pessoa ressentida, porque, no fundo, o que Marina queria era estar no lugar de Dilma, ter sido escolhida por Lula sua sucessora”, afirmou durante o julgamento o advogado Eugênio Aragão, último ministro da Justiça de Dilma.

Em sua terceira tentativa de chegar ao poder, Marina, de 60 anos, sairá de cena bem menor do que entrou. Ao concorrer em 2010, pelo PV, teve 19 milhões de votos, 19% do total. Em 2014, foram 22 milhões de votos, 21%, ao herdar a chapa do PSB após a morte de Eduardo Campos em acidente aéreo. Chegou a empatar com Dilma nas pesquisas no fim de agosto e só ficou fora do duelo final com a petista ao ser ultrapassada por Aécio Neves na última semana da eleição.

Derrotada em 2014, a ambientalista que um dia foi lulista e petista embarcou no “Fora Dilma”, embora até preferisse a cassação da chapa Dilma-Temer no TSE e a realização de nova eleição. Entrou na disputa de 2018 com uns 15%, vice-líder nas pesquisas. Agora ronda os 5%, em quinto lugar.

Algumas razões ajudam a entender o insucesso marinista. Dona de uma biografia admirável, a ex-ministra apostou em um partido que não vinga, tem dificuldade para assumir posições, some quando não é tempo de pedir voto. Mais: terminou a última eleição de braços dados com o PSDB, selou o apoio a Aécio contra Dilma com uma cena para história, um beija-mão do mineiro. Na campanha atual, a Rede Globo fez chegar um recado a Marina: não bateria nela em seu noticiário. Seria a ambientalista a candidata do coração global?

A postura da emissora na campanha aborreceu tucanos. “Esta é uma eleição esquisita. A mídia, com essa postura de desconstrução do sistema político… Me refiro particularmente à Globo, que podia ter tido um papel pedagógico sobre o que colocar no lugar do sistema político atual, mas não
fez isso”, diz o secretário-geral do PSDB, o deputado Marcus Pestana. “Na entrevista no Jornal Nacional eles passaram 60% do tempo tentando carimbar o Geraldo Alckmin de corrupto.” Recorde-se: o telejornal entrevistou ao vivo os principais presidenciáveis no fim de agosto, e para muita gente seus apresentadores não fizeram entrevistas, mas interrogatório.

Mas até que entre globais há quem ajude Alckmin. Merval Pereira, membro da Academia Brasileira de Letras, comentarista no jornal, na tevê e na rádio da família Marinho, tem defendido que o PSDB está certo: PT e Bolsonaro são extremistas iguais, cada um por um lado da política, ambos ameaças à democracia.

Teve jornalista do establishment midiático que perdeu a paciência com o imortal da ABL, caso de Fernando de Barros e Silva, por muitos anos editor na Folha de S.Paulo, hoje diretor de redação da revista Piauí. “Merval Pereira é um bom termômetro da febre que acomete o País. Ele é o sintoma de algo que o ultrapassa. Ele é a prova viva e involuntária de que a democracia brasileira corre, sim, riscos de ir pelo ralo”, escreveu em 21 de setembro.

Vai ser divertido ver como o establishment midiático se comportará em um segundo turno entre Haddad e Bolsonaro, caso se confirme o iminente desastre eleitoral da turma do impeachment.

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