sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Base militar dos EUA e o poder de generais

Por Renato Rovai, em seu blog:

Uma nota publicada hoje na Folha de S. Paulo, assinada pelo jornalista Igor Gielow, traz os bastidores do recuo do presidente Bolsonaro em relação à instalação de uma base americana em território nacional.

Bolsonaro depois de eleito havia oferecido publicamente aos EUA esse privilégio estratégico que transformaria o Brasil definitivamente em colônia Miameira.

Além de Bolsonaro, o chanceler Ernesto Araújo, confirmou a intenção na sequência. E o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que esteve na posse do presidente no dia 1º representando Trump, bateu palmas.

Mas o Alto Comando do Exército, que reúne os generais de quatro estrelas, topo da hierarquia das Forças Armadas, deu um recado direto e reto ao atual ministro da Defesa Fernando Azevedo e Silva, que foi do colegiado e hoje está na reserva: os militares não topam entregar a soberania do país assim de bandeja.

Ato contínuo, o governo anunciou hoje o recuo em abrir o território nacional para a instalação de uma base americana.

Isso deixa claro que a despeito de o governo Bolsonaro parecer um animal invertebrado, ele tem uma coluna. No limite, quem dá as cartas são os milicos.

Eles permitirão todo tipo de sandice em relação a temas ideológicos, até porque concordam com essas bizarrices do tipo Escola Sem Partido, restrições a direitos das mulheres, LGBTs e negros, eliminação de terras indígenas e mesmo que um governo no ano 19 do século XXI tenha um ministério da Família.

Mas em relação a questões estratégicas que digam respeito a perda de poder, inclusive, das Forças Armadas, eles estarão ali para dizer não.

Este volta-atrás de Bolsonaro na questão da base americana pode significar outros “volta-atrás”. Empresas estratégicas para o país, como a Petrobrás e a Eletrobras, não serão entregues da forma como deseja Paulo Guedes.

Em breve, o grupo dos quatro estrelas vai começar a dizer não aos Chicagos Oldies da política econômica. E se vierem a vencer o braço de ferro, como parece natural, o governo pode se tornar mais coeso, mas ao mesmo tempo mais distante do mercado.

Se até lá a Globo já tiver entrado em guerra franca com o Bolsonarismo, o país pode entrar numa crise imprevisível.

Porque os quatro estrelas não estão para brincadeira. E na visão deles, Bolsonaro foi eleito como símbolo de uma intervenção militar. Apenas como símbolo.

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