Por Roberto Andrés, no site Outras Palavras:
O Bruno Torturra fez uma ótima análise do bolsonarismo a partir do capanguismo. O caso do Roberto Alvim expressa um aspecto particular disso: o comportamento de risco em bandos – de capangas, milicianos ou mafiosos.
Sim, estou falando do governo.
A lógica é a mesma em qualquer bando paramilitar. A hierarquia se dá pela lei do mais forte. Para os da base, subir na hierarquia demanda um tipo de comportamento que envolve risco. Se o cara não se arriscar, não sobe. Precisa ir pro front, atirar, matar, o que for.
Mas se ele se arriscar demais, dança. Pode dançar por conta própria, se ferindo ou morrendo. Ou pode dançar por colocar em risco o grupo. Há uma terceira forma de dançar: começar a aparecer demais e ameaçar substituir o chefe. Aí ele começa a correr perigo no bando.
A lógica do bando incentiva esse risco calculado, uma inteligência da força bruta, que vai deixando alguns para trás e permitindo que outros escalem na hierarquia. O bando depende dessa dinâmica. Opera sucessivamente por: risco, recompensa para uns e abandono para outros.
Assim funciona o bolsonarismo, um tipo de autoritarismo inserido nas instituições que busca sempre afrouxar os limites democráticos. O líder não atua sozinho. Ele usa da premiação e abandono da lógica de bando para incentivar sua base a romper limites democráticos.
Alvim é um ótimo exemplo. Começou como presidente da Funarte, um cargo médio. Tomou risco: xingou a atriz Fernanda Montenegro. O chefe gostou. A coisa pegou mal para as almas ainda sensíveis, mas não para a base do governo. Nem para o centrão. Alvim foi premiado.
Então Alvim tomou um risco maior. Decidiu fazer um vídeo evocando a retórica de um ministro nazista. Aí a coisa foi longe demais. Da centro-direita à esquerda, todos repudiaram. Alvim então ameaçou o bando. Teve a cabeça cortada, ficou pelo caminho.
Assim o bando bolsonarista vai testando e alargando os limites da democracia brasileira. É importante alternar premiação e abandono.
A premiação incentiva a base a testar mais coisas bizarras, como aquelas que busca sempre o ministro Abraham Weintraub. O abandono preserva o bando para seguir vivo.
Alvim não foi o primeiro nem o último. A tendência é cada vez mais esses personagens obscuros do bolsonarismo, tipo o secretário da pesca, se jogarem nas bizarrices para galgar degraus na hierarquia. Uns vão cair e outros vão subir. A roda gira e o autoritarismo segue.
Infelizmente, não parece estar no radar do campo democrático brasileiro o esforço conjugado para interromper esse grupo de capangas.
O Bruno Torturra fez uma ótima análise do bolsonarismo a partir do capanguismo. O caso do Roberto Alvim expressa um aspecto particular disso: o comportamento de risco em bandos – de capangas, milicianos ou mafiosos.
Sim, estou falando do governo.
A lógica é a mesma em qualquer bando paramilitar. A hierarquia se dá pela lei do mais forte. Para os da base, subir na hierarquia demanda um tipo de comportamento que envolve risco. Se o cara não se arriscar, não sobe. Precisa ir pro front, atirar, matar, o que for.
Mas se ele se arriscar demais, dança. Pode dançar por conta própria, se ferindo ou morrendo. Ou pode dançar por colocar em risco o grupo. Há uma terceira forma de dançar: começar a aparecer demais e ameaçar substituir o chefe. Aí ele começa a correr perigo no bando.
A lógica do bando incentiva esse risco calculado, uma inteligência da força bruta, que vai deixando alguns para trás e permitindo que outros escalem na hierarquia. O bando depende dessa dinâmica. Opera sucessivamente por: risco, recompensa para uns e abandono para outros.
Assim funciona o bolsonarismo, um tipo de autoritarismo inserido nas instituições que busca sempre afrouxar os limites democráticos. O líder não atua sozinho. Ele usa da premiação e abandono da lógica de bando para incentivar sua base a romper limites democráticos.
Alvim é um ótimo exemplo. Começou como presidente da Funarte, um cargo médio. Tomou risco: xingou a atriz Fernanda Montenegro. O chefe gostou. A coisa pegou mal para as almas ainda sensíveis, mas não para a base do governo. Nem para o centrão. Alvim foi premiado.
Então Alvim tomou um risco maior. Decidiu fazer um vídeo evocando a retórica de um ministro nazista. Aí a coisa foi longe demais. Da centro-direita à esquerda, todos repudiaram. Alvim então ameaçou o bando. Teve a cabeça cortada, ficou pelo caminho.
Assim o bando bolsonarista vai testando e alargando os limites da democracia brasileira. É importante alternar premiação e abandono.
A premiação incentiva a base a testar mais coisas bizarras, como aquelas que busca sempre o ministro Abraham Weintraub. O abandono preserva o bando para seguir vivo.
Alvim não foi o primeiro nem o último. A tendência é cada vez mais esses personagens obscuros do bolsonarismo, tipo o secretário da pesca, se jogarem nas bizarrices para galgar degraus na hierarquia. Uns vão cair e outros vão subir. A roda gira e o autoritarismo segue.
Infelizmente, não parece estar no radar do campo democrático brasileiro o esforço conjugado para interromper esse grupo de capangas.
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