Por Fernando Brito, em seu blog:
O senhor Paulo Guedes chega ao Ministério com um parasita dirigindo seu carro. Entra e outro parasita abre-lhe o elevador privativo, pelo qual sobe ao quinto andar, para seu gabinete.
Uma parasita transmite-lhe as mensagens que o aguardavam, enquanto outro parasita serve-lhe o café fumegante.
O “homem” já não era dos mais simpáticos, carregado do autoritarismo próprio dos banqueiros , ramo no qual simpatia não é coisa que se ofereça a subalternos.
Mas agora ele cruzou o limite entre a humilhação privada e a ofensa pública.
Afinal, embora não sejam raros os maus tratos no trabalho diário, outros executivos, ao menos publicamente, os chamam agora de “colaboradores”.
Cada um daqueles parasitas e centenas de milhares de outros levaram ontem um desaforo para casa.
Tiveram que enfrentar a irritação de mulheres e maridos, que os veem sair cedo e chegar tarde da repartição, muitas vezes além do horário.
Já acostumados ao perigo de falar, nos tempos de hoje, ruminam a vergonha em silêncio.
Sabem que é deles que se fala, não dos “bacanas”, os do segundo e terceiro escalão – em geral, funcionários requisitados do Banco do Brasil, da Caixa, da Receita ou das carreiras jurídicas, porque ganham relativamente bem e aceitam trabalhar pelos cargos da DAS que, sem isso, não contratam profissionais “competitivos”.
Não a eles, que há anos aceitam de tudo esperando aquela gratificação mixuruca, mas que faz falta em seus parcos vencimentos.
Não vão mais se aposentar tão cedo e nem terão reajuste. É tocar a vida com o que se tem, porque veem em volta que muitos não têm mais.
Guedes pode soltar notas “oficiais” dizendo que não disse o que disse nem que pensa o que pensa.
Gravou em sua própria testa um estigma indelével.
A maldição dos humildes gruda mais que um parasita.
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