segunda-feira, 23 de março de 2020

Duas observações sobre a MP genocida

Por Gilberto Maringoni

Primeira

A Medida Provisória (MP 927), decretada por Bolsonaro na calada da madrugada - como convêm às ações milicianas - não é obra feita em cima da perna, no final de um domingo de confinamento. É extensa e complexa: tem 12 capítulos, 47 artigos e mexe com diversas outras legislações. Foi pensada, estudada e articulada exaustivamente, enquanto a quadrilha palaciana apresentava seus showzinhos em coletivas e lives ao longo da semana.

É ação sincronizada com a plutocracia e escancara a opção classista governamental de uma forma que nem o fascismo ou o nazismo fizeram.

Para não parecer exagerada a afirmação, vale lembrar que nem na Alemanha e na Itália dos anos 1930-40 os ataques aos trabalhadores nacionais foi tão frontal. Legislações laborais e iniciativas para ampliar o número de moradias e linhas de transportes visavam estabelecer regras - de proteção e controle - em economias que se recuperavam de crises profundas. Os ataques se deram contra comunistas, socialistas, judeus, ciganos, gays etc. Ou seja, contra quem em tese atentava contra o mito da unidade racial.

Não se trata aqui de aliviar regimes assassinos, mas de evidenciar a gravidade do que o presidente brasileiro está cometendo. Bolsonaro os supera nesse quesito.

Segunda

Bolsonaro e Paulo Guedes valem-se do padrão Ustra de governança. Lançam uma norma brutal no momento em que o trabalhador está confinado em sua casa, assustado e na defensiva por força da pandemia. Ou seja, quando suas vítimas estão imobilizadas. É a lógica da tortura.

Brilhante Ustra e os açougueiros que o ladeavam eram sobretudo covardes. Só se mostravam valentes com inimigos amarrados e imobilizados, para praticar suas sevícias bestiais.

O boçal segue estritamente a cartilha de seu ídolo.

No link, a íntegra da MP:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2020/Mpv/mpv927.htm.

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