domingo, 1 de novembro de 2020

Piriri de Bolsonaro e recorde do desemprego

Por Altamiro Borges


Na semana passada, Jair Bolsonaro teve uma recaída no seu piriri verborrágico – para desconsolo dos setores de “centro” da política e da mídia que apostavam no enquadramento do presidente. Ele esbanjou homofobia – contra o refrigerante Jesus e a “boiolagem dos maranhenses”; expôs seu anticomunismo doentio, atacando o governador Flávio Dino e a candidata à prefeitura de Porto Alegre (RS), Manuela D’Ávila, ambos do PCdoB; voltou a rosnar preconceito contra a “vacina chinesa”; e esbravejou contra o ex-aliado e atual rival eleitoral João Doria, governador de São Paulo.

Enquanto disparava sua diarreia verbal, talvez para ocultar outras sujeiras, o IBGE informava o novo recorde de desemprego no país. No trimestre encerrado em agosto, o índice subiu para 14,4%, a maior taxa da série histórica iniciada em 2012. No total, o Brasil tem 13,8 milhões de pessoas na fila do desemprego.

A taxa deve explodir nos próximos meses

Segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), do IBGE, houve aumento de 1,6 ponto percentual na taxa de desemprego na comparação com o trimestre anterior. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2019, são 2,6 pontos percentuais a mais nesta taxa macabra.

Para Adriana Beringuy, analista de pesquisa do IBGE, o desemprego já era alto, mas se mantinha oculto. "As pessoas perdiam seus empregos, mas não pressionavam a estatística porque as medidas de isolamento social mantinham muitas delas fora do mercado de trabalho". Agora, porém, a taxa deve explodir de vez.

Ainda de acordo com a pesquisa, o contingente de pessoas desalentadas – que não buscaram trabalho, mas gostariam de conseguir uma vaga e estavam disponíveis – bateu recorde e agora soma 5,9 milhões. A alta foi de 8,1% (mais 440 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior.

O crescimento do trabalho informal

Já a taxa de informalidade chegou a 38% da população ocupada (equivalente a 31 milhões de trabalhadores informais). No menor patamar da série histórica, o número de trabalhadores domésticos chegou a 4,6 milhões, queda de 9,4% (ou 473 mil pessoas) frente ao trimestre anterior.

A Pnad do IBGE também aponta que só houve alta na população ocupada em um dos dez agrupamentos de atividade. O número de pessoas empregadas na agricultura, pecuária e pesca aumentou 2,9% no trimestre encerrado em agosto, o que representa 228 mil pessoas a mais operando no setor.

No mesmo período, a população ocupada da indústria caiu 3,9%, perdendo 427 mil trabalhadores, enquanto comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas teve retração de 4,7%, ou menos 754 mil pessoas. Na construção, o cenário foi de estabilidade.

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