domingo, 31 de janeiro de 2021

A maior façanha de Bolsonaro (por enquanto)

Por Eric Nepomuceno, no site Brasil-247:

Aprendi, ainda menino, que é essencial reconhecer características e até mesmo eventuais qualidades tanto em adversários como em inimigos. Esse reconhecimento é essencial na hora de planejar o combate.

Acontece que quando se trata de enfrentar alguém irremediavelmente desequilibrado, um primata sociopata, garimpar qualidades é tarefa quase que impossível. Características, tudo bem. Mas qualidade, e ainda mais eventuais façanhas...

Eis porém que, de repente, ao repassar a semana pela memória, percebo que está sendo cometida uma injustiça enorme com Jair Messias.

Despenca, e isso a cada hora, uma avalanche de críticas contundentes contra ele e o general da ativa do Exército, Eduardo Pazuello, seu cúmplice no maior genocídio jamais cometido em nosso país e um dos maiores do mundo ao longo de pelo menos o último século.

Aqui e acolá Pazuello tem o devido reconhecimento: energúmeno prepotente e nulidade irremediável para o posto que ocupa, o de ministro da Saúde, cumpre à perfeição a missão recebida.

Espalhou militares tanto da ativa como da reserva por cargos antes ocupados por médicos e pesquisadores, sem se esquecer das forças paralelas, ou seja, a Polícia Militar, num esforço concentrado para cumprir estritamente a orientação de Jair Messias: deixar milhares de brasileiros morrerem à míngua.

Cá entre nós, não chega a ser propriamente uma façanha. Afinal, regra medular nos militares – ainda mais os que, como Pazuello, continuam ativos – é justamente obedecer sem pestanejar as ordens recebidas.

É verdade que o tribunal de Nühremberg ignorou o tal argumento de “Eu estava apenas cumprindo ordens”, mas como as chances de um julgamento similar no Brasil são remotas, lá vai o general da ativa emporcalhando o uniforme e, pior, o próprio Exército.

Jair Messias, por sua vez, foi muito, muito mais longe.

Conduziu o Brasil a um posto inédito, conforme revelado num meticuloso estudo que examinou a ação dos governos de 98 países ao redor do planeta na prevenção e combate à pandemia.

A façanha: fomos contemplados com a classificação de piores do mundo nesse quesito. Nenhum, absolutamente nem um único mandatário foi capaz de ser tão criminosamente irresponsável.

Ao cumprir com rigor marcial seus instintos de psicopata sem volta nem remédio, estabeleceu de maneira surpreendente um rosário de iniciativas, todas exitosas, destinadas a apressar, para mais de 200 mil pessoas, o destino que, conforme o próprio Jair Messias fez questão de recordar, é inevitável – a morte.

Até mesmo seu ídolo e guia, o catapultado Donald Trump, que bem que tentou imitar o discípulo mas foi contido a tempo, advertiu sobre os riscos de os Estados Unidos caírem na vala em que Jair Messias nos jogou.

Ser considerado no relatório elaborado por entidades estrangeiras de investigação e pesquisa como sendo o pior governo do mundo na hora de tentar conter e combater a pandemia não é coisa pouca.

Já não são apenas brasileiros a condenar o genocídio levado a cabo pelo Ogro que habita o palácio presidencial: a façanha conta, agora, com reconhecimento internacional.

Se – e quando – Jair Messias for levado diante de um tribunal, aqui ou seja onde for, esse veredito será levado – e bem levado – em conta.

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