Foto: Ricardo Stuckert |
A maioria dos colunistas e parte do próprio noticiário da Folha de S. Paulo têm mostrado que Bolsonaro ficou assustado com a devolução dos direitos políticos do ex-presidente Lula, a ponto de defender a vacina e usar máscara, contrariando sua própria natureza de negacionista. Mas o que ficou claro nos dois últimos dias é que também a Folha está com medo de um Lula que, com suas condenações anuladas e diante da justa e provável declaração de suspeição de Moro pelo STF, retoma seu protagonismo natural na política brasileira e pode ser ele mesmo candidato à presidência e/ou liderar um processo de reconquista da democracia e reconstrução do país.
Na edição de domingo, a Folha fabricou um longo texto cujo único objetivo é tentar manter a perseguição jurídica movida contra o ex-presidente Lula, na contramão da decisão e da tendência do STF. O jornal produziu uma espécie de “cozido” em que mistura e repete todas as acusações forjadas, fabricadas e inventadas no contexto do lawfare promovido para me destituir do governo e, depois, impedir Lula de ser candidato a presidente em 2018, quando era favorito.
A Folha destaca processos que nunca tiveram andamento, inquéritos que não prosseguiram porque Lula sequer foi interrogado, acusações que prescreveram, ações que foram arquivadas por falta de provas a pedido do ministério público, denúncias rejeitadas, por ineptas, pela Justiça federal e até pelo TRF-3. A intenção óbvia é manter a narrativa midiática persecutória que a própria Folha construiu, junto com o resto da mídia comercial brasileira.
A fragilidade do texto publicado domingo só é superada pela grosseira manipulação de uma pesquisa que a Folha mandou seu instituto de opinião fabricar sob medida para ser manchete da edição desta segunda-feira. Nesta pesquisa, o Datafolha transforma os seus cerca de 2 dois mil entrevistados em juristas amadores, porque os induz, de maneira totalmente indevida e absurda, a se colocar no papel de juízes para decidir se Lula é culpado ou inocente num dos julgamentos a que foi submetido. Justamente o julgamento que o STF acaba de declarar nulo, sem valor jurídico.
Com esta inovação metodológica, a Folha transforma o julgamento de um cidadão pelo Poder Judiciário numa imitação barata de paredão do BBB. Obriga leigos a prolatar sentenças por telefone, como se fossem juízes, mesmo sem terem sequer tido condições de ler os processos. E fabrica sob medida uma pesquisa para ser replicada no Jornal Nacional e na Rede Globo.
Com a Lava Jato desmoralizada pelo vazamento legalmente autorizado de seus abusos e com a decisão do ministro Fachin, a Folha assume o papel de viúva inconsolável de Moro. Espera com isso influenciar no julgamento da suspeição do juiz, buscando absolver quem liderou crimes contra a imparcialidade da justiça e o sagrado direito de defesa. Assim, a Folha se volta para a manipulação mais descarada e culpa Lula. Pratica essa ignomínia porque tem medo. O medo ao ex-presidente Lula leva a Folha ao desespero. E o desespero faz a Folha querer, novamente, interditá-lo. Mais uma vez subestima a inteligência e a memória do povo deste País.
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