sexta-feira, 27 de agosto de 2021

A carestia do Brasil de Bolsonaro

Por Vanessa Grazziotin, no jornal Brasil de Fato:


A carestia não tem sido somente um assunto recorrente por parte da mídia brasileira. A carestia tem sido uma marca na vida das famílias, principalmente na vida dos mais pobres. O aumento de um sofrimento causado por uma pandemia e pela irresponsabilidade e descompromisso de um governo que não está nem aí para a vida das pessoas. Falta comida na mesa do povo, o transporte está cada vez mais caro, e, em alguns estados, o gás de cozinha chega a R$120 e a gasolina já ultrapassa os R$ 7.

Para além dos problemas “naturais” - energético, e de temperatura, que geram efeitos negativos, tanto na produção de energia quanto na de alimentos, o que tem pesado para desencadear o grave e crescente processo inflacionário é a desastrosa política econômica de Bolsonaro, que provoca a fuga de capitais, diminui os investimentos externos no país, coloca o dólar nas alturas e desencadeia um profundo processo de desindustrialização.

Uma das maiores demonstrações do descompromisso de Bolsonaro com a população é sua criminosa política de preços dos combustíveis, que estabelece a paridade entre os valores praticados no mercado interno aos preços de importação (PPI). Uma política que visa atender aos acionistas privados e aos importadores de derivados de petróleo, em detrimento dos interesses da grande maioria da população. Um verdadeiro atentado contra a economia popular, pois transfere a renda dos mais pobres aos mais ricos.

De acordo com os dados disponibilizadas pela própria Petrobras, 41% da remuneração de dividendos são distribuídos aos acionistas estrangeiros, 21% aos acionistas privados brasileiros, e apenas 38% à União e entes federais.

Outro dado importante a se destacar é o fato de que mesmo perdendo grande parte do mercado interno para as importadoras, a receita líquida da Petrobras com a venda de derivados no mercado interno aumentou R$ 11,758 bilhões, do primeiro para o segundo trimestre de 2021,(de R$ 52,031 bilhões para R$ 63,789 bilhões).

O resultado dessa política é que o Brasil, com quase 15 milhões de desempregados voltou ao Mapa da Fome, e não vê perspectiva de melhoria, nem na redução da inflação nem nas políticas que estimulem a geração de emprego e renda para a população.

A inflação oficial do país em 12 meses chegou a 8,99%, bem acima da meta, porém, na vida real, para a maioria da população pobre, a elevação do custo de vida, com os constantes aumentos dos combustíveis e da cesta básica, chega a ser superior a 20%.

O Brasil, que vive sob permanente ameaça contra a democracia, enfrenta também um profundo retrocesso civilizacional e um dos maiores processos de desmonte econômico e produtivo, cujos reflexos recaem principalmente sobre a parcela mais pobre da população. É esse Brasil sofrido que vai se conscientizando que com Bolsonaro não tem saída.

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