sexta-feira, 1 de abril de 2022

Pessimismo com a economia abala Bolsonaro

Charge: Alê
Por Altamiro Borges

O pessimismo toma conta da sociedade, o que ajuda a explicar a irritação recente de Jair Bolsonaro, que só pensa na sua reeleição. Pesquisa Datafolha divulgada nesta semana mostra que três de cada quatro brasileiros acham que a economia vai piorar e que os preços vão disparar nos próximos meses – cenário só visto nos piores momentos da pandemia da Covid-19.

De acordo com a sondagem, o sentimento negativo em relação à economia contagia todos os níveis de renda, regiões e grupos partidários. No caso dos eleitores mais pobres, 76% dizem esperar mais inflação e 55% acham que o desemprego vai subir. O clima de desalento e insatisfação é generalizado, como destaca o articulista Bruno Boghossian na Folha:

"Esse ambiente é especialmente perigoso para Bolsonaro porque a percepção de mal-estar econômico ficou atrelada, em larga medida, à atuação do governo: 75% dos entrevistados atribuem ao presidente muita ou alguma responsabilidade pela nova onda de alta de preços, e 68% dizem o mesmo sobre o aumento específico dos combustíveis. O mau humor abala uma linha mestra do discurso de Bolsonaro sobre o assunto: a transferência de responsabilidades para outros atores”.

Percepção do aumento da corrupção

Outra pesquisa do Datafolha aponta abalos em mais uma “linha mestra” do neofascista: o discurso falso sobre o combate à corrupção. Mesmo sem ainda sentir todos os efeitos do escândalo dos pastores lobistas que surrupiavam o Ministério da Educação, ela mostra que subiu de 36% para 53% o número de brasileiros que acreditam na alta da roubalheira no país.

Na comparação com a sondagem de dezembro passado, 17% acham que a corrupção vai diminuir e 26% avaliam que ela ficará como está. A expectativa da alta da corrupção é ainda maior entre mulheres (58%), pessoas com ensino fundamental (59%) e quem ganha até dois salários mínimos (59%). É menor, apenas, entre os que recebem mais de dez salários (38%).

“O salto de agora mostra um pessimismo maior, com mais da metade (53%) aguardando piora no cenário, mas ainda distante do pico alcançado em março de 2021 (67%). Naquela época, além da aliança do presidente com o Centrão, o noticiário estava salpicado de revelações sobre os esquemas de ‘rachadinhas’ da família Bolsonaro e o episódio da nebulosa compra de uma mansão de R$ 6 milhões por seu filho Flávio Bolsonaro”, lembra a Folha.

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