Charge: Borega |
Observem que curioso: quando duas crianças brigam na escola, obtém-se resultados opostos se o inspetor diz que "fulano agrediu beltrano" ou que "beltrano acusa fulano" de tê-lo agredido.
No primeiro caso, trata-se de saber se a vítima está bem e o que fazer com o agressor para que a agressão jamais se repita.
No segundo caso, levantam-se suspeitas tanto sobre o acusador quanto sobre o acusado e, não raro, quem paga o pato é o acusador, cuja imagem oscila entre delator e covarde.
No primeiro caso, a tendência é que se puna o agressor. No segundo, a tendência é que se suplique ao acusador que cesse a confusão, e ambos são repreendidos. "Essas crianças, diz-se com enfado e resignação, sempre aprontando..."
O que isso tem a ver com a conjuntura política?
Leiam as reportagens na Folha e no Globo sobre a agressão cometida por um deputado bolsonarista e sua gangue armada contra Freixo e candidatos que o apóiam.
O fato gravíssimo ocorreu neste sábado, dia 16 de julho, na Tijuca. As manchetes: "Freixo acusa deputado de intimidação em ato no Rio" (Globo) e "Aliados de Freixo acusam bolsonarista de ameaçar ato".
Tirem suas próprias conclusões, lembrando o que disse o vice-presidente sobre o assassinato de Marcelo Arruda por um fanático bolsonarista: "Tem briga de bêbado todo fim de semana".
Pergunto: a mídia está assumindo sua responsabilidade ante a evidente e assustadora escalada de violência bolsonarista?
A meu ver, está reincidindo, com criminosa pusilanimidade, naquele famigerado mote "Difícil escolha", de 2018, tratando Haddad e Bolsonaro como duas opções equivalentes.
Não sei a vocês, mas a mim essa torpeza causa profunda angústia e preocupação.
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