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Policiais militares de Minas Gerais executaram a tiros um homem negro e desarmado, em Contagem, neste fim de semana. Imagens de celular gravadas por testemunhas (publicadas no site G1) mostram o momento em que um dos agentes leva Marcos Vinícius Vieira Couto, 29 anos, para trás de uma Kombi. Em seguida, dá para ouvir e ver os clarões de três disparos em sequência.
A PM mineira divulgou nota com versão inverossímil de resistência à prisão. O comando da instituição, a secretaria de Segurança Pública e o governador Romeu Zema, candidato à reeleição, têm a obrigação de mandar investigar e punir os responsáveis pela barbárie. Caso contrário, estarão protegendo criminosos e concordando com a aplicação da pena de morte contra civis sem direito à defesa e a processo, sem julgamento e sem condenação.
Polícia bandida não é uma novidade no aparato de segurança brasileiro. A violência como método está entranhada na formação dos agentes. Nem mesmo a Constituição de 1988 foi capaz de reverter tal anomalia e manteve a estrutura policial baseada na Doutrina de Segurança Nacional.
A difusão da lógica bolsonarista de que tudo se resolve a bala potencializou a brutalidade nas ruas. Basta lembrar a morte de Genivaldo Jesus dos Santos, também negro, assassinado por agentes da Polícia Rodoviária Federal na viatura transformada em câmara de gás, há quase dois meses, em Sergipe.
Nem mesmo as filmagens intimidam os criminosos. Além da certeza de impunidade, sabem que parte da sociedade aceita e até aplaude a violência policial. É forçoso reconhecer que a falta de segurança transforma parte da população em presa fácil do discurso extremista de que “bandido bom é bandido morto”.
O Brasil precisa de paz e de respeito aos direitos humanos e isso não é incompatível com políticas de segurança e condições de trabalho adequadas para os bons policiais. Uma democracia verdadeira não pode tolerar a existência de esquadrões da morte.
* Publicado originalmente na Folha de S.Paulo em 19/07/2022.
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