quinta-feira, 2 de março de 2023

Damares Alves volta a atacar os Yanomami

Ilustração: ArteVillar
Por Altamiro Borges


A senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos do covil fascista de Jair Bolsonaro, segue desrespeitando os povos indígenas. Ela agora quer ocupar uma das vagas que será aberta para a comissão externa que apura o genocídio dos Yanomami em Roraima. Nessa terça-feira (28), o Senado aprovou o pedido de Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Humberto Costa (PT-PE) para ampliar o número do colegiado de cinco para oito senadores. De imediato, a inimiga dos povos indígenas se candidatou à vaga.

“Posso colaborar muito. A comissão com mais senadores trará um relatório mais imparcial e mais completo”, justificou a cínica bolsonarista. Na prática, seu objetivo é sabotar a apuração sobre os crimes cometidos e salvar sua própria pele. No mês passado, o Psol pediu a cassação da senadora, acusando-a por crimes ambientais, de prevaricação e de genocídio. A sigla alegou que a ex-ministra “utilizou a máquina pública como um instrumento para uma política etnocida e racista” e que ela defendeu “expressamente a prática do garimpo ilegal em terras indígenas, bem como o incentivo à invasão dessas áreas por grupos ilegais de madeireiros e pecuaristas”.

Homicídios, estupros e pandemia da Covid

O partido também lembrou que os Yanomami pediram, desde 2020, auxílio do governo para conter as invasões de garimpeiros e as violações aos direitos humanos, “com registros de homicídios, estupros, contaminação por diversas doenças, inclusive Covid”. Eles também informaram ao poder público que a tribo vinha sofrendo com o desabastecimento de alimentos e com a ausência de remédios. Mas a ministra Damares Alves nunca fez nada. Para as lideranças indígenas, a omissão da falsa evangélica foi criminosa.

Um balanço inicial da tragédia Yanomami indicou que “570 crianças morreram entre 2019 e 2022, número 29% maior que nos quatro anos anteriores; 152 crianças de zero a cinco anos morreram de desnutrição no mesmo período, aumento de 360%; e somente em 2022, foram 11 mil casos de malária no Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami, que conta com cerca de 30 mil habitantes”, relatou o site UOL.

O ingresso de Damares Alves na comissão tende a piorar ainda mais a sua composição. Na semana passada, a Urihi Associação Yanomami e a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) já tinham divulgado notas de repúdio aos senadores escolhidos para integrar o grupo, especialmente contra o presidente do colegiado, Chico Rodrigues (PSB-RR), um conhecido defensor do garimpo ilegal no estado – que ficou famoso ao ser preso com R$ 33 mil escondidos na cueca em uma operação da Polícia Federal em outubro de 2020. Segundo reportagem do site Repórter Brasil, um avião que circulou em garimpo ilegal na terra Yanomami era do senador.

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