quinta-feira, 27 de julho de 2023

Agressões a indígenas disparam com Bolsonaro

Lideranças indígenas protestam em frente ao Congresso
durante o Acampamento Luta pela Vida, em 2021.
Foto: Diego Baravelli/ Greenpeace
Por Altamiro Borges


Estudo divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica, comprova que a violência contra os povos indígenas bateu recordes durante as trevas de Jair Bolsonaro. Os assassinatos quase dobraram e os conflitos aumentaram 567% nos quatro anos do governo genocida.

Os dados assustadores são do relatório anual “Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil”. Eles foram obtidos de fontes públicas, como a Secretaria Especial de Saúde Indígena, o Sistema de Informação sobre Mortalidade e as secretarias estaduais de saúde. O Cimi monitora essas informações há quase 20 anos. 

Segundo o estudo, o tipo de violência que mais cresceu nos últimos quatro anos foi o de conflitos territoriais. No total, foram 407 casos, contra 61 no ciclo anterior – aumento de 567%. O último ano do fascista no poder, em 2022, teve um recorde de 158 registros, 1.336% a mais do que em 2018 (com 11 casos). Os assassinatos de indígenas tiveram um aumento de 83% – passou de 355 casos de 2015 a 2018 para 651 de 2019 a 2022.

Invasões das terras e resistência

Para Roberto Liebgott, conselheiro do Cimi, o aumento destes números confirma a explosão de invasões das terras indígenas. Mas eles também revelam a heroica luta nestas áreas. “Os conflitos mostram a resistência dos povos indígenas a esse ambiente que se criou com a antipolítica de Bolsonaro. Conforme eles resistiam às invasões, à negação de seus direitos, às medidas administrativas da Funai, eles também passaram a ver o conflito fundiário. É a resposta dos indígenas à violência”.

O indigenista também avalia que muitos dos casos de conflitos por territórios não são registrados. “Não temos a dimensão do conjunto todo. Se a gente pegasse área por área, ia detectar números até mais amplos. Mas esses dados já são suficientes para mostrar essa ofensiva e essa resistência”.

Os três principais tipos de violência catalogados pelo Cimi tiveram crescimento nos quatro anos das trevas de Jair Bolsonaro: violência contra o patrimônio (40%), contra a pessoa (64%) e por omissão do Estado (65%). A quantidade de invasões e de casos de exploração ilegal dos recursos naturais (como garimpo ou extração de madeira) subiu de 317 casos, entre 2015 e 2018, para 1.133 de 2019 a 2022 – aumento de 257%.

Os vários casos de violência

Os registros de desmatamento cresceram de 48, em 2021, para 74 em 2022, tornando-se a causa mais frequente de invasão, posto que antes era da extração de minério. “Quando Ricardo Salles [ministro do Meio Ambiente do fascista] dizia lá atrás que precisava abrir as porteiras, elas foram abertas. A boiada foi entrando numa crescente, então o desmatamento foi crescendo pela liberalização das regras de controle e fiscalização”, explica Roberto Liebgott.

Como lembra reportagem da Folha, “o ano de 2022 registrou uma série de casos notórios de violência ligada aos indígenas. Entre os exemplos está o agravamento da crise no território yanomami, que no fim de abril viu uma comunidade inteira desaparecer e ser aliciada por garimpeiros, ou os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, mortos dentro da Terra Indígena Vale do Javari”.

A violência cresceu em todas as categorias catalogadas pelo Cimi. As chamadas “ameaças diversas” - aquelas que não são de morte, como casos de perseguição - subiram 160% nos últimos quatro anos em comparação com o ciclo anterior. Já os casos de abuso de poder tiveram um crescimento de 154%, ameaça de morte, 118%, e os assassinatos, 83%.

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