quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

PF caça hackers que atacaram Janja

Foto de Janja em seu perfil no X
Por Altamiro Borges


A Polícia Federal segue na caçada aos hackers bolsonaristas que invadiram a conta da primeira-dama Janja da Silva na rede social X (antigo Twitter). Na noite desta terça-feira (12), a PF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão, e de eventual prisão, em Minas Gerais. Os alvos da operação policial ainda são mantidos em sigilo. A expectativa do Ministério da Justiça é de que os criminosos sejam identificados em breve e punidos “no rigor da lei”.

A conta foi invadida na noite de segunda-feira (11) com ataques asquerosos à primeira-dama. De imediato, a PF solicitou que a plataforma suspendesse as postagens e anunciou a abertura de inquérito na Diretoria de Crimes Cibernéticos. Já o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a ação da polícia. E a Advocacia-Geral da União (AGU) notificou o X exigindo que os hackers sejam identificados.

Ataques misóginos e violentos

Segundo revela o site UOL, “há suspeita de ao menos dois menores de idade envolvidos no caso. A PF não deve divulgar ainda a identidade dos suspeitos. Durante quase uma hora, o hacker fez postagens de cunho misógino e com muitos palavrões contra a primeira-dama. Uma das mensagens dizia ‘sou uma vagabun* estuprad*’. As postagens também atingiram o presidente Lula (PT), que foi chamado de ‘vagabundo’, e o ministro Alexandre de Moraes. ‘Logo vai sofrer impeachment. Nada que ele faça vai impedir a gente de falar a verdade, enquanto tenho tempo falarei mais e mais’, escreveu o invasor na conta da primeira-dama”.

Diante das agressões repugnantes, Janja da Silva reagiu nas redes sociais: “Na noite de ontem, os ataques de ódio e o desrespeito que eu sofro diariamente chegaram a outro patamar. Minha conta do X foi hackeada e, por minutos intermináveis, foram publicadas mensagens misóginas e violentas contra mim. Posts machistas e criminosos, típicos de quem despreza as mulheres, a convivência em sociedade, a democracia e a lei”.

“Eu já estou acostumada com ataques na internet, por mais triste que seja se acostumar com algo tão absurdo. Mas a realidade é que a internet é um espaço potente para o bem e para o mal. E é comprovado que nós, mulheres, somos as que mais sofrem com os ataques de ódio aqui nas redes. O que eu sofri ontem é o que muitas mulheres sofrem diariamente. Mulheres no Brasil inteiro são vítimas de ataques machistas, que tomam conta das redes sociais e muitas vezes saem dela, acabando em agressões físicas e feminicídios. Milhares de mulheres perdem ou até tiram a própria vida a partir de ataques como o que sofri na noite de ontem”.

“A Polícia Federal e a plataforma X foram acionadas imediatamente e estão tomando as devidas providências. O ódio, a intolerância e a misoginia precisam ser combatidos e, os responsáveis, punidos. Agradeço todas as manifestações de solidariedade e apoio que tenho recebido desde então. Eu sei, e é sempre bom relembrar, que não estamos sozinhas”.

Ausência de regulação das plataformas digitais

Já o coletivo Prerrogativas, integrado por renomados juristas, advogados, defensores públicos e integrantes aposentados do Ministério Público, divulgou uma nota incisiva contra “os ataques machistas e misóginos” e com críticas a ausência de regulação das plataformas digitais. Vale conferir:

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O Grupo Prerrogativas, formado por juristas, docentes e profissionais da área jurídica, vem a público para manifestar sua solidariedade à primeira-dama Janja Lula da Silva, em razão da invasão de sua conta no X (antigo Twitter) e repudiar os ataques machistas e misóginos perpetrados pelos criminosos.

Foi com indignação que testemunhamos a invasão da conta da primeira-dama da República Federativa do Brasil, em um ataque criminoso, que possui em todos os seus caracteres a mais vil expressão da extrema-direita do país. Repudiamos veementemente o caráter ofensivo, machista, misógino e preconceituoso das postagens realizadas pelo hacker, que atacaram não apenas a honra da primeira-dama, mas também desrespeitaram a dignidade de todas as mulheres da nação.

Este ato repulsivo expõe as vulnerabilidades das redes sociais e a urgente necessidade de uma regulamentação mais eficaz para proteger a privacidade e a segurança dos seus usuários. A demora na ação para bloquear a conta invadida é um reflexo alarmante da fragilidade das medidas de segurança adotadas pelas plataformas digitais.

Expressamos nossa solidariedade à primeira-dama e a todas as mulheres que enfrentam diariamente o machismo, a misoginia e a violência virtual e parabenizamos as autoridades competentes pelas céleres medidas investigativas que, certamente levarão à pronta identificação e responsabilização dos autores desse ataque covarde.

Por fim, ressaltamos a necessidade de uma regulamentação mais robusta das plataformas digitais, de modo a assegurar a integridade e a dignidade de todos os usuários.

É imperativo que avancemos na construção de ambientes online seguros, livres de discursos de ódio, machismo e intolerância. Juntos, devemos nos unir para garantir o respeito e a proteção de todas e todos, independentemente de gênero, raça ou posição social."

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