terça-feira, 19 de março de 2024

Tarcísio, Caiado e o carniceiro de Israel

Charge: Latuff
Por Altamiro Borges


Enquanto os governadores bolsonaristas Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) visitam o carniceiro Benjamin Netanyahu, organismos internacionais voltam a alertar sobre a tragédia humanitária provocada pelo Estado sionista de Israel na Faixa de Gaza. Nesta segunda-feira (18), até o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borell, afirmou que o território palestino parece “um cemitério a céu aberto”. Já um novo informe da ONU descreve o “cenário catastrófico” de fome em Gaza.

Segundo artigo de Jamil Chade no site UOL, o relatório das Nações Unidas aponta que mais da metade da população da Palestina corre o risco de ficar sem o que comer se “até o final de maio de 2024 não houver um cessar-fogo e acesso para o fornecimento de suprimentos e serviços essenciais à população. Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, Israel precisa permitir a entrada de ajuda imediatamente. Ele destacou que a dimensão da fome é a mais elevada já registrada pela entidade. Segundo ele, o mundo precisa agir para ‘prevenir o impensável, o inaceitável e o injustificável’”.

O dramático informe foi publicado no dia em que Israel negou o visto para que o chefe da Agência da ONU para Refugiados Palestinos, Philippe Lazzarini, entrasse em Gaza. “Minha visita hoje era para coordenar e melhorar a resposta humanitária... Essa fome é uma mancha em nossa humanidade coletiva. A fome pode ser evitada com vontade política", explicou o suíço. “O veto à sua entrada ocorre um dia após o governo brasileiro ter anunciado que vai continuar a financiar a agência, gesto que já havia sido feito por Canadá e a UE (União Europeia)”, relata Jamil Chade, que reproduz trechos do relatório sobre a fome na região:

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“70% da população do norte de Gaza, com 210 mil pessoas, seriam os mais afetados. A continuidade do conflito e a quase total falta de acesso das organizações humanitárias e dos caminhões comerciais às províncias do norte provavelmente aumentarão as vulnerabilidades e a disponibilidade, o acesso e a utilização extremamente limitados de alimentos, bem como o acesso à saúde, à água e ao saneamento”.

“O limite da fome para a insegurança alimentar aguda das famílias já foi muito ultrapassado e, considerando os dados mais recentes que mostram uma tendência de aumento acentuado nos casos de desnutrição aguda, é altamente provável que o limite da fome para a desnutrição aguda também tenha sido ultrapassado... Espera-se que a tendência de aumento da mortalidade também se acelere, resultando na probabilidade de que todos os limites da fome sejam ultrapassados em breve”.

“Nas últimas semanas, mais de 25 crianças morreram desidratadas ou desnutridas. As províncias de Deir al-Balah e Khan Younis, no sul do país, e a província de Rafah, estão classificadas na Fase 4 do índice de desnutrição, apontado como ‘Emergência’. ‘No entanto, na pior das hipóteses, essas províncias enfrentam o risco de fome até julho de 2024’, diz o relatório. Além disso, o informe constata que ‘toda a população da Faixa de Gaza (2,23 milhões) está enfrentando altos níveis de insegurança alimentar aguda’”.

“Entre meados de março e meados de julho, no cenário mais provável e sob a premissa de uma escalada do conflito, incluindo uma ofensiva terrestre em Rafah, metade da população da Faixa de Gaza (1,11 milhão de pessoas) deverá enfrentar condições catastróficas... ‘Essa análise atualizada confirma o que todos nós temíamos: uma deterioração rápida e profunda da situação da segurança alimentar em Gaza. Metade da população está enfrentando níveis catastróficos de insegurança alimentar’, disse Beth Bechdol, diretora-geral adjunta da FAO”.

“Isso atinge o nível mais alto já registrado, diferente de tudo o que já vimos antes. Em dezembro, o relatório anterior indicou que a fome era provável. Se não forem tomadas medidas para cessar as hostilidades e fornecer mais acesso humanitário, a fome é iminente. Ela pode já estar ocorrendo. É necessário acesso imediato para facilitar a entrega de assistência urgente e crítica em escala”, completou Beth Bechdol.

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