terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

Bolsonaro usou software espião 887 vezes

Charge: Borega
Por Altamiro Borges


Antes de tentar dar um golpe, Jair Bolsonaro militarizou o poder, empregando mais de 6 mil oficiais em importantes cargos do governo e fascistizando as estruturas do Estado. Esse aparelhamento fica evidente com a divulgação da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-faz-tudo do “capetão”. Nesta segunda-feira (24), matéria do site UOL revelou que “a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foi utilizada durante o governo Bolsonaro para monitorar adversários políticos e até mesmo aliados, através do uso irregular de um software de espionagem israelense chamado First Mile”.

Segundo as investigações da Polícia Federal, que serviram de base à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro e outros 33 milicianos – fardados e civis –, “um pequeno núcleo dentro da Abin, sob a direção de Alexandre Ramagem, realizou monitoramento ilegal de diversas personalidades políticas e jornalistas. O sargento Giancarlo Gomes Rodrigues, cedido do Exército para a agência, utilizou o software First Mile em pelo menos 887 ocasiões para rastrear a localização de pessoas consideradas ‘inimigas’ do então presidente”.

Espionagem sob comando do general Heleno

Entre os alvos da vigilância irregular estavam o ex-presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, a ex-deputada Joyce Hasselmann, o ex-deputado Vicente Cândido e o ex-deputado Jean Wyllys. O software israelense de espionagem, adquirido sem licitação na transição entre os governos do traíra Michel Temer e do fascista Jair Bolsonaro, permite rastrear a localização de aparelhos celulares em tempo real através da triangulação de torres de telefonia. A operação estava sob o comando do general Augusto Heleno, então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

“Documentos apreendidos mostram que Heleno mantinha uma agenda manuscrita com ‘missões’ relacionadas ao planejamento de ações contra o sistema eleitoral, parte de uma estratégia mais ampla de desacreditar as urnas eletrônicas. “O general Heleno é um elemento que ao contrário do que se chegou a se dizer durante o governo Bolsonaro, que ele estava ali para vigiar e acalmar o Bolsonaro, ele era o cara que botava lenha na fogueira”, afirma José Roberto de Toledo no site UOL.

Informações sobre Michelle e o filho Renan

“Em uma reunião com militares, Heleno chegou a mencionar que tinha ‘funcionários da Abin que nós vamos infiltrar nas outras campanhas’, sendo interrompido por Bolsonaro: ‘Peraí, general, aí não, não fala isso aqui, depois a gente fala sozinho’”. Como enfatiza a reportagem, “a investigação revela ainda que a Abin foi usada para fins particulares do presidente, como levantar informações sobre seu filho Jair Renan e sua ex-esposa, durante uma investigação da Polícia Civil do Distrito Federal sobre possível prática de lobby”.

As revelações sobre o uso criminoso da Abin constam da denúncia apresentada pela PGR, que inclui provas materiais como transcrições de conversas e documentos apreendidos. “O caso expõe como uma instituição estatal, que deveria servir aos interesses estratégicos do país, foi desviada para atender a interesses particulares e alimentar paranoias políticas do então presidente. A denúncia é descrita como ‘uma peça quase cômica, se não fosse trágica’, que mostra como a Abin ‘foi privatizada para atender exclusivamente os interesses particulares da figura que estava ali na presidência da República, querendo dar um golpe de Estado’”, conclui a reportagem.

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