sábado, 29 de abril de 2017
A greve geral e o passo seguinte
Do site Carta Maior:
O passo seguinte da greve geral de 28 de abril aponta inevitavelmente para um fórum unificado, que aprofunde a discussão de uma plataforma de emergência capaz de superar a grave encruzilhada política e econômica na qual o golpe de 2016 aprisionou a nação brasileira.
A tarefa de repactuar a sociedade com uma democracia revigorada, um crescimento justo e uma soberania feita de autonomia nas decisões do interesse popular não será urdida em gabinetes.
Ela só reunirá força transformadora se for sedimentada nas ruas, na mudança de correlação de força que sucederá às seguidas mobilizações de massa, como a deste histórico 28 de abril de 2017.
O passo seguinte da greve geral de 28 de abril aponta inevitavelmente para um fórum unificado, que aprofunde a discussão de uma plataforma de emergência capaz de superar a grave encruzilhada política e econômica na qual o golpe de 2016 aprisionou a nação brasileira.
A tarefa de repactuar a sociedade com uma democracia revigorada, um crescimento justo e uma soberania feita de autonomia nas decisões do interesse popular não será urdida em gabinetes.
Ela só reunirá força transformadora se for sedimentada nas ruas, na mudança de correlação de força que sucederá às seguidas mobilizações de massa, como a deste histórico 28 de abril de 2017.
"Vagabundo" não é quem faz greve...
Por Leonardo Sakamoto, em seu blog:
Direitos que você tem hoje, como aposentadoria, férias, 13º salário, limite de jornada de trabalho, descanso aos finais de semana, piso de remuneração, proibição do trabalho infantil, licença maternidade não foram concessões vindas do céu. Mas custaram o suor e o sangue de muita gente através de diálogos e debates, demandas e reivindicações, paralisações e greves, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
É função de empregadores e políticos fazerem parecer que foram eles que, generosamente, ofereceram direitos. E função da História contada pelos vencedores registrar isso como fato inquestionável, retirando do povo, a massa muitas vezes amorfa e sem rosto, o registro dessas vitórias.
Direitos que você tem hoje, como aposentadoria, férias, 13º salário, limite de jornada de trabalho, descanso aos finais de semana, piso de remuneração, proibição do trabalho infantil, licença maternidade não foram concessões vindas do céu. Mas custaram o suor e o sangue de muita gente através de diálogos e debates, demandas e reivindicações, paralisações e greves, não só no Brasil, mas em todo o mundo.
É função de empregadores e políticos fazerem parecer que foram eles que, generosamente, ofereceram direitos. E função da História contada pelos vencedores registrar isso como fato inquestionável, retirando do povo, a massa muitas vezes amorfa e sem rosto, o registro dessas vitórias.
'Veja' toma a maior chinelada na greve geral
Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:
Coitada da Veja. Depois de só falar mal da greve geral, resolveu fazer enquete com a pergunta: você é a favor da greve geral? O resultado está na imagem acima.
Tomou a maior chinelada de sua vida.
Menos de 4% de um total de 700 mil pessoas que responderam à enquete disseram não, ou seja, se posicionaram contra a greve.
É mais ou menos o mesmo percentual de apoio a Michel Temer, hoje em 4%, segundo a pesquisa Ipsos, a última realizada.
Greve geral fortalece a luta democrática
Salvador, 28/4/17. Foto: Cadu Cando/Mídia NINJA |
Com a adesão de 35 milhões de trabalhadores, segundo alguns líderes sindicais, a greve geral que aconteceu hoje (28) já pode ser considerada a maior já vista no Brasil.
Sua importância não é apenas numérica. A extensão da greve (tanto geográfica, envolvendo todo o país, quanto social, mobilizando quase todos os setores da sociedade) é revelada por alguns indicadores que mostram que o povo sente seu futuro ameaçado ante a perda de direitos que o governo golpista tenta impor.
Alguns destes fatores precisam ser arrolados na avaliação da greve.
Greve geral aponta nova perspectiva de luta
Florianópolis, 28/4/17. Foto: Mídia Ninja |
A greve geral de hoje é uma demonstração clara e evidente de que não vai ser nada fácil para o golpismo enfiar goela baixo dos trabalhadores suas reformas.
Mas não é só isso. É muito mais.
O movimento social está dando um baile de inteligência e estratégia nos protestos, que estão sendo realizados numa lógica de guerrilha e de redes.
Greve geral afetará novas votações
Macapá, 28/4/17. Foto: Azyara |
Temer e seu governo não passam recibo mas sabem que a greve geral desta sexta-feira terá conseqüências. O recado foi claro: é ampla e geral a insatisfação dos brasileiros com as reformas que tiram direitos e com os rumos do governo. E sabendo ler um recado social tão claro, muitos deputados não votarão a favor da reforma previdenciária. Ainda mais se governo cumprir a ameaça de demitir os apadrinhados dos que votaram contra a reforma trabalhista ou dela se ausentaram, substituindo-os por indicados de governistas leais.
Greve geral e a aula de (não) jornalismo
Foto: Mídia Ninja |
Observando o desespero demonstrado nas expressões faciais dos repórteres de campo, assim como o desconforto manifestado por analistas nos estúdios televisivos dos grandes meios de comunicação, sobretudo das Organizações Globo, pode-se afirmar que a greve geral alcançou extraordinário êxito.
Teve a feliz capacidade de repercutir e expressar as reivindicações, os protestos, as angústias e os pontos de vista de milhões de trabalhadores brasileiros. Mesmo que demasiadamente a contragosto, a grande mídia se vê forçada a noticiar a força mobilizatória do mundo do trabalho.
As narrativas e abordagens, como habitualmente ocorre naquilo que importa aos interesses populares, tenderam a demonizar os manifestantes e os grevistas. As suas vozes, praticamente silenciadas, significativamente desconsideradas pelo noticiário. Aos trabalhadores grevistas e manifestantes não é conferida qualquer legitimidade para falar.
sexta-feira, 28 de abril de 2017
A greve e o monstro midiático da mentira
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:
Logo pela manhã, cruzei a região de Pinheiros e Perdizes, na zona oeste de São Paulo, e tive o primeiro impacto: a cidade estava vazia, parecia manhã de domingo. Com um agravante: não vi sequer um ônibus circulando num trajeto de cerca de oito quilômetros.
Pelas redes sociais, saltavam imagens idênticas Brasil afora: ruas vazias, terminais de ônibus desertos. Esse era o mundo real. Mas do rádio do carro brotava a voz do collorido comentarista Claudio Humberto, que apresentava outra realidade: “o país segue vida normal”, dizia o ex porta-voz de Collor, hoje travestido de jornalista temerário. A imagem acima mostra a estação Sé do Metrô em São Paulo: vida normal?
Logo pela manhã, cruzei a região de Pinheiros e Perdizes, na zona oeste de São Paulo, e tive o primeiro impacto: a cidade estava vazia, parecia manhã de domingo. Com um agravante: não vi sequer um ônibus circulando num trajeto de cerca de oito quilômetros.
Pelas redes sociais, saltavam imagens idênticas Brasil afora: ruas vazias, terminais de ônibus desertos. Esse era o mundo real. Mas do rádio do carro brotava a voz do collorido comentarista Claudio Humberto, que apresentava outra realidade: “o país segue vida normal”, dizia o ex porta-voz de Collor, hoje travestido de jornalista temerário. A imagem acima mostra a estação Sé do Metrô em São Paulo: vida normal?
Doria e o cárcere privado na greve geral
Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Matéria da jornalista Monica Bergamo publicada na Folha de São Paulo online na tarde da última quinta-feira (27) revelou que o prefeito regional de Pinheiros (São Paulo), Paulo Mathias, afirmou em vídeo que parte de seus funcionários dormiria no prédio da prefeitura regional para não ter que enfrentar a paralisação dos transportes marcada para esta sexta-feira (28) em várias cidades, inclusive São Paulo.
O vídeo mostra Mathias acompanhado de seis funcionários da área de manutenção e dizendo que foi surpreendido e ficou “arrepiado, emocionado” com a decisão dos funcionários de passar a noite no local de trabalho:
Greve geral: “Esperança e resistência”
Foto: Tiago Macambira/Jornalistas Livres |
Os trabalhadores brasileiros estão de parabéns. Também os militantes políticos, os ativistas sociais, sindicatos e movimentos sociais. Assim como os estudantes e a juventude.
Hoje é um dia histórico.
Nesses dias difíceis, a luta pela democracia e a defesa das conquistas sociais são dever de todos nós. O povo brasileiro foi às ruas para dizer que não aceita a perda de seus direitos.
Foi às ruas contra um governo golpista que promove o mais brutal ataque aos direitos dos trabalhadores. E que compromete o futuro dos nossos filhos e netos, com um retrocesso na previdência que é perverso e sombrio.
A "operação-mídia" contra a greve
Por Igor Felippe Santos
As “informações de bastidores” divulgadas na grande mídia sobre as avaliações do Palácio do Planalto em relação à greve geral dão o tom de como o governo vai tratar a maior paralisação das últimas décadas no país.
O que os chamados “jornalistas influentes”, que na verdade são porta-vozes oficiais, dizem é que o governo avaliava que a mobilização seria muito maior e que não existiu uma greve geral.
A cobertura da mídia tenta transformar a paralisação das atividades nas grandes cidades em atos isolados de uma minoria, de caráter político, de constrangimento e imposição do medo à maioria da população.
As “informações de bastidores” divulgadas na grande mídia sobre as avaliações do Palácio do Planalto em relação à greve geral dão o tom de como o governo vai tratar a maior paralisação das últimas décadas no país.
O que os chamados “jornalistas influentes”, que na verdade são porta-vozes oficiais, dizem é que o governo avaliava que a mobilização seria muito maior e que não existiu uma greve geral.
A cobertura da mídia tenta transformar a paralisação das atividades nas grandes cidades em atos isolados de uma minoria, de caráter político, de constrangimento e imposição do medo à maioria da população.
Da escravidão à reforma trabalhista
Por Pedro Paulo Zahluth Bastos, na revista CartaCapital:
A reforma trabalhista que autoriza o vale-tudo nos contratos de trabalho foi aprovada na Câmara de Deputados com o recurso previsível a argumentos neoliberais. Vários deputados alegaram ser preciso reinstituir o livre-mercado nas relações trabalhistas, pois as leis existentes protegeriam em excesso o vendedor da jornada de trabalho e diminuiriam o incentivo aos compradores de mão-de-obra. No fim, o aumento da demanda favoreceria os trabalhadores: a reforma trabalhista seria para o próprio bem deles.
No louvor às virtudes do livre-mercado, este discurso é muito semelhante àquele dos traficantes e proprietários de escravos brasileiros no século XIX. Os primeiros reclamavam das pressões inglesas para fechar um mercado como outro qualquer: o do corpo negro. Os segundos exigiram até indenização do Império por intervir na esfera da livre propriedade privada em 1888, embora talvez soubessem que o tipo de greve geral da época, a fuga massiva de escravos, exigia a abolição para preservar a mão-de-obra no campo. Em 1887, o Clube Militar anunciara a recusa do Exército a caçar e capturar os escravos que fugiam em massa.
A reforma trabalhista que autoriza o vale-tudo nos contratos de trabalho foi aprovada na Câmara de Deputados com o recurso previsível a argumentos neoliberais. Vários deputados alegaram ser preciso reinstituir o livre-mercado nas relações trabalhistas, pois as leis existentes protegeriam em excesso o vendedor da jornada de trabalho e diminuiriam o incentivo aos compradores de mão-de-obra. No fim, o aumento da demanda favoreceria os trabalhadores: a reforma trabalhista seria para o próprio bem deles.
No louvor às virtudes do livre-mercado, este discurso é muito semelhante àquele dos traficantes e proprietários de escravos brasileiros no século XIX. Os primeiros reclamavam das pressões inglesas para fechar um mercado como outro qualquer: o do corpo negro. Os segundos exigiram até indenização do Império por intervir na esfera da livre propriedade privada em 1888, embora talvez soubessem que o tipo de greve geral da época, a fuga massiva de escravos, exigia a abolição para preservar a mão-de-obra no campo. Em 1887, o Clube Militar anunciara a recusa do Exército a caçar e capturar os escravos que fugiam em massa.
O golpismo brinca com fogo
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil (12/5/16) |
Michel Temer, João Doria e outros meliantes estão indo com muita sede ao pote para esmagar o povo brasileiro. Podem se dar mal.
Desde a República Velha, nenhum governo rompeu laços com o movimento sindical. Nem mesmo as ditaduras ou os governos neoliberais anteriores.
As duas gestões de Getúlio Vargas – que criou a CLT – tiveram no movimento dos trabalhadores – mesmo buscando mantê-lo sob controle – importante base de articulação e apoio. A criação do PTB, em 1945, teve o papel de se contrapor ao PCB nas disputas sindicais.
O desemprego e a "retomada" do Temer
O IBGE divulgou hoje os números do desemprego.
E, para variar, subiu.
F foi a maior taxa de desocupação da série histórica da pesquisa, iniciada no primeiro trimestre de em 2012.
Segundo o Instituto, o número de pessoas desocupadas chegou a 14,2 milhões, recorde da série histórica. O aumento desta legião de desempregados foi de 14,9% (mais 1,8 milhão de pessoas) frente ao trimestre anterior e 27,8% (mais 3,1 milhões de pessoas em busca de trabalho) em relação ao mesmo trimestre de 2016.
A greve geral bate à porta da História
Hoje em Belo Horizonte. Foto: Fotos: Isis Medeiros/Jornalistas Livres |
A julgar por todas as informações disponíveis, inclusive no Planalto, no final do dia será possível ter uma dimensão exata dos efeitos da greve geral na evolução política do país.
Na madrugada de 28 de abril, quando publico estas linhas, já é possível reconhecer sinais importantes sobre a jornada de hoje, que anunciam o mais amplo esforço até aqui dos brasileiros e brasileiras para enfrentar o retrocesso político iniciado pela encenação parlamentar - a expressão é de Joaquim Barbosa - que afastou Dilma Rousseff e abriu as portas para o mais violento ataque violento e a seus direitos desde a unificação da Previdência Social e da CLT, há mais de 70 anos.
Cantanhêde e o nome do marido na Lava-Jato
Eliane e Gilnei Rampazzo (à dir.), da GW Comunicação, em lançamento de livro |
A não ser que jornalistas estejam acima da lei, Eliane Cantanhêde, colunista da GloboNews e do Estadão, deve explicações a seu público.
A empresa do marido Gilnei Rampazzo, a GW Comunicação, é citada na Lava Jato pelo delator Benedicto Júnior, o BJ, o mesmo que falou do esquema de Aécio Neves na Cidade Administrativa de Minas Gerais.
Benedicto entregou aos investigadores uma planilha na qual listou as obras no Estado de São Paulo em que houve propina.
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