sábado, 10 de novembro de 2018

Bolsonaro, o maestro da violência

Por Maurício Dias, na revista CartaCapital:

Grande parte dos eleitores votou, em 8 de outubro, contra Jair Bolsonaro. Ele venceu no segundo turno. Poucos brasileiros, os que ganharam e os que perderam, talvez desconheçam o perfil humano do próximo presidente. Pessoa quase desalmada. A cada dia todos vão conhecê-lo melhor.

É um político de extrema-direita. Que seja. Sobre ele, o que importa neste caso, é uma marca assustadora. Bolsonaro é implacavelmente violento. A bandeira dele, por exemplo, será certamente a de impor mais violência para enfrentar a violência. Para isto propõe a liberação da compra de armas de fogo pelos cidadãos. Um faroeste brasileiro.

Bolsonaro paralisará o governo apos posse

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Ou o capitão reformado Jair Bolsonaro não esperava ganhar as eleições ou é um político irresponsável.

Nesses primeiros dez dias após a vitória, o presidente eleito já deu suficientes demonstrações de total despreparo e de falta de um programa de governo.

Atirando balas perdidas para todo lado, Bolsonaro já deixou claro, para quem ainda tinha alguma dúvida, que não tem a menor ideia de como vai governar este país de 208 milhões de habitantes e 12,5 milhões de desempregados.

Bolsonaro ainda é um ponto de interrogação

Por Roberto Requião, no site Carta Maior:

A sociedade brasileira saiu das últimas eleições tão confusa quanto entrou. A campanha foi pobre em termos políticos. A polarização se deu, em muitos casos, em termos de comportamento individual, e não de propostas fundamentais. Nesse aspecto, não houve grandes diferenças entre os candidatos. O tema da corrupção sequestrou o debate. É curioso, mas a poucos ocorreu que corrupção é um tema da polícia e da Justiça, não de Presidência da República. O presidente da República é aquele que traça os grandes rumos do país, a grande estratégia, e não alguém que sai por aí a caçar corruptos. Ele tem mais a fazer.

Fascismo, teu novo nome é Consumismo

Por Fran Alavina, no site Outras Palavras:

Mesmo após sua morte atroz, em novembro de 1975, Pasolini não deixou de incomodar. Uma de suas últimas polêmicas, expressa nos seus textos (Scritti Corsari e Letterre Luterane), bem como no seu último filme Salò, era a afirmação do nascimento de um novo tipo de fascismo. Desta nova forma de totalitarismo disfarçado, o pensador italiano estava bem certo. Exatamente por isso, ocupava uma posição de deslocamento entre os intelectuais de seu tempo. Os contemporâneos viam seu diagnóstico do presente como algo exagerado. Uma visão que, segundo eles, diria muito mais sobre a personalidade de Pasolini, do que sobre seu próprio tempo.

O ‘topa tudo por dinheiro’ de Silvio Santos

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Já saíram do ar, tão subitamente como entraram, as esdrúxulas vinhetas do SBT com evocações aos tempos da ditadura militar.

Montagens grotescas, feitas em cima da perna, desenterrando Don & Ravel, “O Cisne Branco” e o que a gurizada traduzia como “Japonês tem Quatro Filhos”, mandadas fazer pessoalmente por Sílvio Santos e sugerindo o tradicional “ame-o ou deixe-o”.

Sílvio, como se sabe, já nos deixou e mora na Flórida.

A mídia e a imbecilização da nação

Por Adilson Filho, no blog Viomundo:

Cultivar a ignorância como valor social, será essa a contribuição do Brasil recém-saído das urnas para o mundo?

Pior do que a inclinação para se manter afastado do conhecimento e de ostentar a própria burrice por aí, crente que ‘tá abafando’, é a impossibilidade crônica que esse novo perfil nacional tem de pensar por si mesmo.

O nosso tipo de burrice não encontra paralelo.

Não toquem nas reservas internacionais

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Depois de o governo Temer ter detonado com mais de 200 bilhões de reais deixados pelo governo Dilma nos cofres do BNDES, criminosamente esterilizados com sua devolução “antecipada” ao Tesouro - quando havia um prazo de 30 anos para serem pagos - no lugar de tê-los
investido em infraestrutura para a a geração de renda e emprego e a retomada de obras paralisadas - muitas dela pela justiça- chegou a hora do Presidente do Itaú, banco que lucrou mais de 20 bilhões de reais neste ano, propor a “saudável” diminuição das reservas internacionais do país - também economizadas pelo PT - para “diminuir” a dívida pública brasileira, que já é das mais baixas entre as 10 maiores economias do mundo.

O purgatório bolsonariano

Por Wanderley Guilherme dos Santos, no blog Cafezinho:

Transpondo a linguagem truculenta de ideias do século XIX para o reacionarismo megalomaníaco do século XXI, o candidato eleito projeta um governo de ocupação em guerra contra o século XX.

Depois da Segunda Guerra Mundial começou a derrubada de preconceitos contra o voto feminino, a proteção ao trabalho, organizações sindicais, o pluralismo político-partidário, a laicidade do Estado.

Pelo fim do século, a crescente participação extraparlamentar de movimentos em defesa de minorias raciais, religiosas, do meio ambiente, da universalização dos direitos civis, da equiparação profissional entre mulheres e homens, conquistaram legitimidade e proteção constitucional.

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Mulheres ganham espaço na Câmara dos EUA

Ilhan Omar. eleita pelo Partido Democrata. EFE/Archivo
Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A eleição para o Congresso dos EUA é mais um indício do protagonismo que as mulheres terão na luta contra o fascismo em ascensão no mundo. As novas vozes progressistas ganharam espaço sobretudo na Câmara dos Deputados, como ocorreu no Brasil em 2018: negras, indígenas, latinas e muçulmanas foram eleitas, e a imprensa norte-americana já fala em uma vitória histórica das minorias. Haverá mais mulheres na Câmara (mais de 100) na próxima legislatura do que nunca. Pelo menos 87 delas são democratas.

Fake News seguirão pautando as eleições

Por Victor Amatucci, no blog Diário do Centro do Mundo:

Metade dos eleitores que usam o WhatsApp dizem acreditar nas notícias que recebem pelo aplicativo, segundo pesquisa do Datafolha. O levantamento foi feito nos dias 24 e 25 de outubro de 2018, véspera do 2º turno das eleições no Brasil.

O fenômeno das Fake News – notícias falsas com linguagem jornalística – ficou amplamente conhecido com a eleição de Donald Trump em 2016 .

O uso dos metadados pela Cambridge Analytica para construir o perfil dos eleitores americanos foi a base para a produção das notícias falsas. A construção baseada num perfil psicossocial tem muito mais poder de convencimento que qualquer credibilidade de um veículo de imprensa.

Ódio e Humanidade real: fascismo em alta

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

O Presidente FHC disse esta semana que findou, em Portugal, que “ainda não sabe” se Bolsonaro é de extrema direita. Ciro Gomes manifestou, logo depois do resultado eleitoral, que não admite mais “fazer campanhas eleitorais ao lado do PT”. Magno Malta pode ser “Ministro da Família” e Moro estará ao lado do Presidente eleito como Super ministro. Até aqui são contingências da política – más ou boas – que podem ser criticadas ou apoiadas, dentro de uma certa relação com a democracia e que permitem que os seus protagonistas possam mudar ou não de posição, no curso dos contenciosos ordinários da democracia e assim serem julgados, politicamente, pelos seus aliados ou adversários.

Werneck Sodré e o povo brasileiro

Nelson Werneck Sodré
Por Augusto C. Buonicore, no site da Fundação Mauricio Grabois:

Neste artigo não pretendemos fazer uma exaustiva análise da rica obra do historiador comunista Nelson Werneck Sodré, e sim analisar um único texto: Quem é o povo no Brasil? Essa escolha nos parece óbvia, pois nele o autor expõe de maneira mais clara, até didática, o seu conceito de povo brasileiro. Dentro da velha e respeitável tradição marxista e leninista, abordada no artigo anterior, ele escreveu o seu pequeno ensaio, publicado na coleção Cadernos do Povo Brasileiro, da Editora Civilização Brasileira. Posteriormente, o texto foi incorporado à segunda edição de Introdução à Revolução Brasileira (1963).


Moro cospe na Constituição e STF se cala

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O artigo 95 da Constituição do Brasil é claro: juiz é juiz – e ponto. Mesmo em férias, juiz continua sendo juiz. Juiz só deixa de ser juiz depois de exonerado do cargo.

Ninguém pode ser juiz e agente político-partidário ao mesmo tempo. A Constituição não deixa nenhuma sombra de dúvida: para o bem da República, da democracia e do Estado de Direito, justiça e política não se misturam e não se confundem:

“Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias:

[…]

A sobrevivência da democracia

Por Jandira Feghali

Em 5 de outubro de 1988, o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães proferiu histórico discurso em sessão de promulgação da Carta Magna. Naquele dia, ele afirmou que “a Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa, ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca. Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio, o cemitério. A persistência da Constituição é a sobrevivência da democracia”. Nada mais emblemático.

Edir Macedo e as demissões na TV Gazeta

Por Altamiro Borges

Nesta segunda-feira (5), a Fundação Cásper Líbero demitiu cerca de 80 funcionários, metade deles da TV Gazeta. Em uma nota lacônica, ela afirmou tratar-se de “reestruturação interna com o objetivo de equalizar as despesas à realidade das receitas do momento”, e culpou “a situação macroeconômica, com forte retração no mercado publicitário” pelo doloroso facão. É certo que a recessão – e a própria crise do modelo de negócios da mídia tradicional – contribuiu para os cortes. Mas há boatos de que as dispensas também já refletem as trevas de Jair Bolsonaro. O bispo “charlatão” Edir Macedo, dono da Record, poderia estar por traz das demissões.

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Ronaldinho não será ministro dos Esportes

Por Altamiro Borges

Com forte exposição midiática e muita grana e ostentação, alguns atletas têm se arriscado no mundo da política, geralmente com posições de direita. Nas eleições de 2014, por exemplo, o “fenômeno” Ronaldo – o “Ronalducho”, segundo o apelido cunhado pelo corrosivo José Simão – foi o destaque. Ele apoiou ativamente o cambaleante Aécio Neves. Após a carreira do tucano ter virado pó, o ex-craque da seleção brasileira se disse decepcionado e sumiu de campo. Quem o substituiu no pleito deste ano foi Ronaldinho Gaúcho, que chegou a anunciar sua candidatura ao Senado e o apoio a Jair Bolsonaro. Na véspera da eleição, o jogador postou nas redes sociais uma foto vestindo a camiseta amarela da “ética” CBF com o número 17 em alusão ao postulante neofascista.

O governo errante de Jair Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Com recuos e declarações contraditórias, a cada dia como presidente eleito Jair Bolsonaro faz aumentar as dúvidas sobre o que de fato pensa acerca de questões fundamentais e sobre como vai realmente governar o Brasil.

A maior delas é sobre como será construída a governabilidade, a maioria parlamentar, tendo o PSL conquistado apenas 10% das cadeiras na Câmara.

O futuro superministro Paulo Guedes defendeu ontem “uma prensa” no atual Congresso para aprovar a reforma previdenciária de Temer ainda este ano.

'Musa do veneno' será ministra da Agricultura

Por Cida de Oliveira, na Rede Brasil Atual:

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) anunciou na noite de ontem (7) a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) como ministra da Agricultura. Primeira mulher escolhida para compor o primeiro escalão do governo que toma posse em 1º de janeiro, ela recebeu o apelido de Musa do Veneno pelos próprios ruralistas quando em maio promoveu festa para comemorar a aprovação, em comissão especial, do chamado Pacote do Veneno, projeto que revoga a atual Lei dos Agrotóxicos.

Somos muitos, podemos ser fortes

Por Silvio Caccia Bava, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Cinquenta e oito milhões de brasileiros e brasileiras elegeram Jair Bolsonaro presidente da República. Isso representa 39% do total de 147 milhões de pessoas aptas a votar. Temos então que 89 milhões de brasileiros e brasileiras, ou 61% dos eleitores, não votaram nele. Destes que não votaram em Bolsonaro, 47 milhões votaram em Haddad; quase 30 milhões não compareceram às urnas; votos brancos e nulos somaram 14 milhões de eleitores. Está dada uma ampla base potencial para a organização de um bloco de defesa da democracia e dos direitos sociais, configurando a possibilidade de criação de uma forte oposição política ao governante eleito.

Equipe de Bolsonaro agita o mercado

Por Carlos Drummond, na revista CartaCapital:

Os primeiros movimentos do governo eleito na área econômica são um desastre e isto não é nenhuma fake new. Impera a confusão na definição de rumos, mostra a sequência de tropeços e desencontros que inquieta o mercado, alarma setores da indústria e do comércio exterior e torna cada vez mais remota a recuperação da produção, do crescimento, do desenvolvimento tecnológico e da geração de empregos, temas rarefeitos quando não inexistentes entre as proposições dos vencedores das eleições.