quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Medo e solidão no marketing via Google

Por Patrick Berlinquette, no site Outras Palavras:

Como a Google diz diretamente, micro-momentos são os “momentos ricos em intencionalidade, quando decisões são tomadas, e preferências moldadas.” Isso esconde o que a Google não pode dizer: Sua atitude “quero-isso-agora” geralmente é produzida por incômodos sentimentos de ansiedade e medo. Quando você está fazendo compras nesta sintonia (de qualquer coisa, não apenas um produto), seus limites estão nublados pela emoção. Sua “necessidade” imediatista, transacional, de navegação ou informativa, é confundida com o desejo de que seus sentimentos ruins desapareçam.

A intencional discrição do homem de Chicago

Por Marcelo Manzano, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Fazendo jus ao frio mais-que-polar de sua Chicago, Paulo Guedes parece ter preferido hibernar nos primeiros 45 dias como superministro da Economia. Falou menos do que de hábito e, do que fez, pouco se sabe. Nos raros momentos em que botou a cara para fora, como em Davos, Guedes falou para os seus nada além do que dele se esperava: privatizações, abertura comercial, reforma da previdência. De resto, o silêncio foi sua marca.

A guerra entre Globo e Bolsonaro

Por Mauro Donato, no blog Diário do Centro do Mundo:

Memorize esta data: 19 de fevereiro. Foi provavelmente o primeiro dia em que o Jornal Nacional terá iniciado uma guerra diária contra Jair Bolsonaro. A edição de ontem contou longos e intensos minutos, repletos de expressões sisudas de seus apresentadores.

Quem te viu, quem te vê. Em menos de dois meses, o governo que se elegeu pelo falacioso discurso anticorrupção passa a ter tratamento similar ao dispensado aos anteriores, quando desafetos da Globo. Praticamente metade do JN foi dedicado a denúncias das diversas espécies de laranjais bolsonaristas, com ênfase, claro, no diz-que-diz digno de novela mexicana que envolve aquele bando de orangotango.

Estamos sob uma ditadura militar?

Por Antonio Barbosa Filho

Alguém já viu um general, brigadeiro ou almirante batendo continência para um capitão? Acho muito difícil, ainda mais para um capitão que ameaçou explodir quartéis, matando colegas, e que escapou por pouco de não ser expulso - foi apenas "desligado".

A formação disciplinar nas três Forças é muito rigorosa: quem manda é a patente, quem sabe, obedece. A única exceção são os paraquedistas, porque são os primeiros a morrer numa guerra. No metrô ou ônibus lotados, o tenente sentado levanta-se e cede o lugar a um sargento paraquedista.

Militares ocupam quase todo Planalto

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

O porta-voz da presidência de Jair Bolsonaro, general Otávio Rêgo Barros, anunciou no início da noite desta segunda-feira, 18, a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, alegando razões de “foro íntimo” de Bolsonaro para a saída do ministro.

Em menos de 50 dias, o governo tem a primeira baixa no primeiro escalão. Bebianno é acusado de repasses do PSL a candidatura laranjas em Pernambuco durante a campanha eleitoral de 2018, quando era presidente do partido.

A rendição de Bolsonaro

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Para quem tinha dúvidas sobre o tempo cultural que o país se encontra a partir da posse de Jair Bolsonaro no Planalto, a queda de Gustavo Bebianno da Secretaria Geral da Presidência não poderia ser mais instrutiva. Esqueça mudanças nas questões de gênero, reforma da Previdência, liberdades civis. O país acaba de ser atingido naquele ponto fundamental que permite distinguir a civilização humana do mundo dos animais - a linguagem.

Bolsonaro: como se tornar um inútil perigoso

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Jair Bolsonaro, na ilusão de autosuficiência própria dos simplórios, percebe mal a situação em que está envolvido e ainda confia que vai “resolver a parada” com a força carismática do “Mito”.

De um lado, um parlamento cheio de medíocres e vazio de caráteres se move para enquadrá-lo às regras do jogo. A “oferta”, muy amiga, do DEM, registrada pela Folha, para assumir a coordenação política do Governo, com Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre sendo os canais oficiais de encaminhamento das reivindicações (leia-se verbas e cargos) dos parlamentares é cicuta edulcorada.

O homem de Bolsonaro para a reforma agrária

Por Leonardo Fuhrmann, no site The Intercept-Brasil:

Em julho de 2003, um grupo de fazendeiros do Pontal do Paranapanema, no oeste paulista, resolveu posar para o Jornal Nacional com armas em punho. Eles anunciavam a formação de um ‘centro de treinamentos’ onde se preparavam para resistir às ações do MST. Lula havia chegado ao poder – e, com ele, crescia o temor de uma reforma agrária. O objetivo era apresentar poderio paramilitar para intimidar os camponeses, com armas proibidas no Brasil ou de uso restrito às Forças Armadas.

Segundo investigações da polícia e da CPI da Terra, de 2005, os milicianos rurais eram ligados a Luiz Antônio Nabhan Garcia, fazendeiro da região e presidente da UDR, a União Democrática Ruralista. Hoje, ele é secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura – em outras palavras, o responsável demarcações de terras e a reforma agrária.


Ford fecha fábrica. Cadê a mídia otimista?

Por Altamiro Borges

A multinacional estadunidense Ford anunciou nesta terça-feira (19) que fechará a sua fábrica em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. A abrupta decisão faz parte do projeto da empresa de encerrar a produção de caminhões nas unidades instaladas na América do Sul. A previsão é de que até o final do ano a "reestruturação" resultará na demissão de 2,7 mil metalúrgicos  além do corte nos empregos indiretos das firmas que fornecem peças e prestam serviços. Com certeza, a mídia burguesa  nutrida com milhões em publicidade  tentará abrandar o impacto do fechamento da fábrica. Até porque seus colunistas de aluguel vinham jurando que a economia, sob o comando do rentista Paulo Guedes com o seu plano ultraliberal e entreguista, já estava em plena retomada. Baita recuperação!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Estadão detona a "criançada" de Bolsonaro

Por Altamiro Borges

Por seu ódio visceral a Lula e às forças de esquerda, o Estadão deu uma importante contribuição para a ascensão fascista no Brasil, que resultou na eleição de Jair Bolsonaro em outubro passado. Sem se preocupar com o futuro do país, o jornal da falida e endividada famiglia Mesquita ligou o "foda-se" e apostou em algo que sabia que tinha tudo para dar errado. Em 1964, o diário oligárquico também deu apoio a um golpe militar e pouco depois foi censurado e perseguido pela ditadura. Agora, com apenas 50 dias da tragédia, o Estadão parece que já não nutre qualquer expectativa no êxito do presidente-capetão. O editorial publicado nesta terça-feira (19) evidencia um rápido desencanto que pode atingir outros setores da cloaca empresarial brasileira. Vale conferir o petardo e aguardar os próximos lances:

O incêndio do Reichstag à brasileira

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – Bebianno e os militares

Desde os primeiros movimentos do governo de transição, um dos grupos que se posicionou foi dos financiadores de campanha, Gustavo Bebianno, Paulo Marinho e Luciano Bivar. Tentaram emplacar nomes em áreas de grandes contratos, como o Ministério de Minas e Energia, da Infraestrutura. Foram impedidos pelo grupo militar.

Esta é a razão para não ter havido esforço para segurar a sua demissão, apesar dos métodos atabalhoados de Jair Bolsonaro e filhos.

Bernie Sanders enfrenta fascismo bolsonárico

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Tocqueville no seu “Democracia na América” (II p..813), considerando que a democracia – por carregar o gérmen de um novo despotismo – transformar-se-ia no “seu contrário”, escreveu que “nossos contemporâneos imaginam um poder único, tutelar, onipotente, mas eleito pelos cidadãos (e) consolam-se pelo fato de serem tutelados, pensando que eles mesmos selecionaram seus tutores(…). Num sistema deste gênero os cidadãos saem, por um momento da dependência, para designar o seu amo e logo voltam a entrar nela”. Vem do Século 19 uma lúcida lição sobre a questão democrática na pós-modernidade da pós-verdade, que nos faz pensar no Brasil destes nossos dias de crueldade, miséria moral e autoritarismo que combina o ultraliberalismo com os espasmos fascistas que nos trouxeram até a tragédia.

A maldade da "reforma" da Previdência


Editorial do site Vermelho:

A luta desesperada da direita pela “reforma” da Previdência Social diz muita coisa. Uma delas, talvez a principal, é que há uma conta a ser paga, inflada pelos efeitos da crise global que estourou em 2007-2008. O chamado “déficit fiscal”, que na visão dos neoliberais deve ser sanado com recursos provenientes dos direitos dos trabalhadores e do patrimônio público — as privatizações —, é o coração do problema. Ao desvendá-lo, aparece a essência da crise e se compreende o desespero da direita pela “reforma” da Previdência Social.

Quem é Juan Guaidó, o golpista venezuelano?

Do site Carta Maior:

Estamos há um mês nos fazendo essa pergunta: quem é Juan Guaidó? Quem é esse fenômeno que apareceu com tanta força na política internacional, reconhecido por vários governos como presidente (!!!) da Venezuela, mesmo sem ser eleito, e que rapidamente também foi aceito pelos representantes da direita uruguaia. Guaidó se dá ao luxo inclusive de criticar o nosso presidente Tabaré Vázquez simplesmente porque o nosso país, junto com o México, avançou pelo único caminho possível para nós que amamos a democracia, a liberdade, a paz e especialmente o diálogo. E claro, Guaidó não está de acordo com essas posturas.

Desafios do governo para golpear a Previdência

Por Cristiane Sampaio, no jornal Brasil de Fato:

A tradicional rejeição popular em relação a pautas de retirada de direitos faz com que o governo Bolsonaro pise num terreno movediço quando o assunto é a reforma da Previdência, apesar de ter maioria no Congresso Nacional. As denúncias de corrupção envolvendo o PSL, seu partido, aumentam ainda mais os desafios do ex-capitão e de seu ministro Paulo Guedes.

O governo tem esbarrado em dificuldades de articulação política com partidos mais conservadores. Na semana passada, líderes de legendas como o PP, por exemplo, queixaram-se do problema da corrupção, que se delineia em meio à primeira crise da gestão, hoje alfinetada por escândalos envolvendo supostos laranjas.

Bolsonaro trai os produtores de leite

Do blog Viomundo:

De nada adiantou a forte reação dos produtores nacionais de leite diante da decisão da área econômica do governo Bolsonaro de não renovar a aplicação de tarifas antidumping para importação de leite em pó da União Europeia e da Nova Zelândia.

Após a decisão, alertado para o fato de que esses países têm grandes estoques do produto, o que poderia gerar uma enxurrada de leite estrangeiro no Brasil, o presidente foi às redes sociais para garantir ao setor que iria “manter o nível de competitividade”.

Mas Bolsonaro não cumpriu a promessa.

Crise econômica em governo de 'curto prazo'

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

Apresentada por porta-vozes do rentismo e propagandistas neoliberais como administrações incompetentes e esbanjadoras de recursos da população, os governos estaduais e municipais estão sendo empurrados para a liquidação dos sistemas públicos de aposentadoria e pensão. Dessa forma esperam aliviar a asfixia fiscal a qual estão submetidos pelos cinco últimos anos de economia paralisada.

Acontece que a solução prometida a governadores e prefeitos dificilmente virá da realização de reformas previdenciária e privatizante na administração pública. Infelizmente não se trata apenas de equívoco atinente à visão prisioneira do "curtoprazismo", mas à superficialidade neoliberal ao difundir saídas simples para questões complexas, como na crença de centralizar no Estado as razões dos males do país.

Bolsonaro e a ausência de honra entre ladrões

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O PSL, partido de Bolsonaro, apodreceu rapidamente. As candidaturas de laranjas serviram para enriquecer um partido recém-nascido e nascido grande graças à onda de loucura que se apoderou do país. Porém, o “mito” de pés de barro não hesitou em entregar as cabeças dos comparsas ao menor sinal de perigo. Essa é uma lição para quem quiser se aliar ao clã fascista.

O Congresso que tomou posse dia 1º reúne o menor número de parlamentares declaradamente governistas dos últimos 24 anos. Na Câmara, a base oficial de Jair Bolsonaro representa 22% das cadeiras, enquanto que, no Senado, não passa de 8%.


A gente vai continuar indo ao Extra…

Por Renato Rovai, em seu blog:

O Brasil se tornou um país impressionantemente ruim. Um boçal aplica um mata-leão até matar um menino de 19 anos num dos bairros mais abastados do Rio de Janeiro. Sufoca-o indefeso até que faleça.

A cena inunda a internet. Faz 24 horas que a vi. São quase meia-noite de sexta e ela invade minha timeline de novo.

Não choro. Não chorei ontem. Mas sinto um desespero silencioso, porque a vida daquele guri não parece valer nada.

Governo Bolsonaro: ópera-bufa em sete atos

Por Thais Reis Oliveira, na revista CartaCapital:

O governo de Jair Bolsonaro completa 50 dias nesta segunda-feira, 18. Mas é tanto recuo, tanto bate-cabeça, tanta intriga e tanta crise que o tempo parece outro: uns cinco anos, alguém diria. Destaque para a degola de um de seus homens fortes, o aprofundamento do caso Queiroz e a revelação de um esquema de candidaturas laranja no PSL.

Chamuscado por um início cheio de tropeços e o estouro precoce de crises públicas e privadas, o presidente chega fragilizado à disputa com o Congresso – embora beneficiado pelo acordo com Rodrigo Maia e pela vitória contra Renan Calheiros.