sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Alerta de perigo na MP Verde e Amarela

Por Meirivone Aragão, na revista CartaCapital:

Em mais um ataque ao Direito do Trabalho, o governo editou a Medida Provisória nº 905, no dia 11 de novembro de 2019, criando o Contrato Verde e Amarelo, um monstro de estimação do Planalto, certamente escrito por quem nunca compreendeu a natureza do contrato de trabalho, ou por não precisar dele para sobreviver ou por pura má-fé com o povo brasileiro.

A ideia seria de um contrato de trabalho com duração de até 24 meses, para fomentar o primeiro emprego de pessoas entre dezoito e vinte e nove anos de idade, exclusivo para novos postos e limitado a 20% do total de empregados.

A era do neoliberalismo totalitário

Por Joseph E. Stiglitz, no site Outras Palavras:

No final da Guerra Fria, o cientista político Francis Fukuyama escreveu um famoso ensaio chamado “The End of History?”. Ele argumentou que a queda do comunismo eliminaria o último obstáculo que separava o mundo inteiro do seu destino de democracia liberal e economia de mercado. Muita gente concordou.

Hoje, à medida que enfrentamos uma retirada da ordem global liberal baseada em regras, com governantes autocráticos e demagogos à frente de países que contêm bem mais da metade da população do mundo, a ideia de Fukuyama parece peculiar e ingênua. Mas reforçou a doutrina econômica neoliberal que prevaleceu nos últimos 40 anos.

Irã: o alvo perfeito?

Por Elias Jabbour, no site Vermelho:

Começo de forma direta a responder a questão proposta: sim! O Irã é o alvo perfeito para o próximo capítulo da tentativa de retomada da hegemonia americana no mundo, iniciada ainda no governo de Barak Obama no ano de 2013. Pouco importa os imensos riscos de uma empreitada militar que pode ser muito mais onerosa do que imaginamos.

Como e onde entra o Irã nesta grande jogada estratégica, de tipo “tudo ou nada”, lançada em meio à grande crise financeira internacional? Em primeiro lugar, o Irã está no meio do caminho entre o médio mediterrâneo, o Líbano (leia-se Hezbollah), a Síria (vitoriosa em uma guerra fratricida), o próprio Irã e a China – sendo o último o alvo estratégico, o inimigo a ser batido.

Logo ali ao lado, um aviso e uma lição

Por Eric Nepomuceno

Aqui no Brasil, 2019 foi o ano da destruição, do retrocesso, das aberrações que se sucederam sem pausa nem trégua.

Já nas vizinhanças foi um ano também agitado, com a Argentina expurgando uma catástrofe chamada Mauricio Macri, com o Uruguai vendo a direita voltar ao poder depois de um longo período da Frente Ampla mudando parte do jeito do país, com a Colômbia turbulenta, com o Equador em convulsão.

Mas é de dois outros vizinhos que enfrentaram diferentes temporais que convém buscar sinais de alerta e ao menos uma lição.

A Bolívia termina um ano tremendamente tenso sem que se saiba o que acontecerá nos próximos meses. Desde o golpe que derrubou o então presidente Evo Morales no dia 10 de novembro e instalou em seu lugar Jeanine Áñez, autoproclamada presidente interina, o país virou do avesso.

Nada de novo no front no Brasil

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Abro pela primeira vez o computador em 2020, depois de passar o primeiro dia no hospital fazendo exames, que confirmaram mais costelas fraturadas, uma delas pela segunda vez.

No meu caso, nenhuma novidade. Acho que já quebrei o esqueleto inteiro ao longo da vida, mas ainda consigo escrever.

Aliás, não encontrei novidade nenhuma até agora no noticiário do ano novo, que mal começou, e já começou mal, como o outro terminou.

Passada a euforia fabricada pela melhora de alguns índices econômicos no final de 2019 - alguns logo desmentidos, como o aumento de 9,5% da vendas de Natal - voltamos à mesma lereia de costume.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Bolsonaro fez 116 ataques à imprensa em 2019

Por Altamiro Borges

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nessa quinta-feira (2) um balanço final dos ataques do “capetão” Jair Bolsonaro à imprensa no ano passado. Os números são assustadores – o que torna ainda mais incompreensível a postura da mídia monopolista de apoiar, mesmo que parcialmente, as políticas do governo fascistizante. Segundo o levantamento, o ano de 2019 se encerrou com 116 agressões à jornalistas e veículos de comunicação. Um ataque a cada três dias do primeiro ano de existência desse regime autoritário.

Integralismo no Brasil: ontem e hoje

O caso Adélio segue mal explicado

Por que Moro negou delação de Cunha?

Por que o integralismo está de volta?

2019: ano da resistência

O veneno na nossa mesa

As mentiras sobre a retomada da economia

Por Joaquim de Carvalho, no Diário do Centro do Mundo:

A temporada de mentiras foi inaugurada em março de 2016, quando o empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo, disse em entrevista à BBC, quando perguntado sobre o que aconteceria se Dilma Rousseff caísse.

Ele assegurou que a retomada econômica seria instantânea e citou a Argentina como exemplo, àquela altura sob novo comando de Maurício Macri, que, depois de implementar ajuste fiscal, conseguiu um voo de galinho. A economia cresceu um pouco e logo foi para o buraco, jogando quase metade da população argentina na pobreza.

Alianças e trapaças que fizeram história

José Alencar e Lula. Foto: Ricardo Stuckert
Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:

Embora costume ser apresentada no tom de voz empostado de quem pretende revelar maturidade política e espírito responsável para encarar o futuro brasileiro, a empolgação de tantas personalidades respeitáveis com a ideia de "frente ampla", "conciliação" e outras poções mágicas de nosso laboratório político revela um conhecido problema do país - a falta de memória.

As alianças que marcaram os 14 anos do PT no Planalto raras vezes deram certo - e a postura desleal de aliados, muitas vezes definida como traição, ajuda a explicar a catástrofe que o país enfrenta hoje.

O vice José de Alencar foi um grande aliado de Lula e uma exceção. Nunca escondeu discordâncias com determinados pontos do PT e tinha restrições à reforma agrária.

Parlamentarismo fake não apaga luta do povo

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

O ano de 2019 deixa algum legado positivo? Sem dúvida, malgrado a predominância de acontecimentos nefastos na vida nacional.

Mas é necessário questionar se as pequenas conquistas alcançadas, a rejeição a algumas propostas do governo correspondem aos manejos de setores políticos das classes dominantes que se vendem como democráticos e defensores do Estado de direito, ou às lutas do povo brasileiro pela democracia, direitos sociais e soberania nacional.

Os louros da resistência pertencem ao povo, num quadro de enormes restrições à atividade de suas organizações políticas e sociais.

A ilusão da retomada da economia

Da Rede Brasil Atual:

O meio empresarial brasileiro está “comemorando” precocemente possibilidades de ganhos de curto – com redução de custos do trabalho, por exemplo –, mas não está sendo parte de um processo de recuperação sustentável e vigorosa da economia. O alerta é do professor Denis Maracci Gimenez, do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), da Univesidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Para Gimenez, doutor em Desenvolvimento Econômico, a análise do cenário econômico nacional, depois de um ano de governo Bolsonaro, ou de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, não há no horizonte nenhuma articulação entre o setor privado nacional e o setor público, sob a gerência do Estado, que aponte para um caminho de retomada do crescimento.

Não é que o Temer tem razão?

Por Fernando Brito, em seu blog:

É-me obrigatório concordar com o que diz o sr. Michel Temer, hoje, no Estadão, numa entrevista onde a vaidade e a pretensão só faltam escorrer pela tela do computador.

Diz ele que “o governo [Bolsonaro] vai indo bem porque está dando sequência ao que fiz”.

De fato, há imensas semelhanças entre ambos, a começar pelo fato de que, sem uma onda de histeria que idiotizasse o pais, ambos jamais teriam chegado à presidência.

Turbulento 2019 e a travessia que tramamos

Do site Outras Palavras:

Atravessamos mais um ano. Do lado de fora, enfrentamos uma tempestade que já era prevista, mas não por isso deixou de nos atormentar: do desastre de Brumadinho, às queimadas da Amazônia; da escalada das bravatas da ultradireita aos tiros com cada vez mais frequentes nas favelas. Com a luneta, observamos, ao longe, as insurgências e a indignação diante de um capitalismo que recrudesce: no Chile, no Haiti, na França.

PF de Moro não investiga terrorismo

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

O ministro da justiça Sérgio Moro transformou a Polícia Federal na sua polícia política. Ele converteu a PF na Gestapo bolsonarista – o equivalente à polícia política secreta da Alemanha nazista.

Moro tem uma mentalidade fascista, é adepto do direito penal do inimigo. Ele é um violador contumaz do ordenamento jurídico brasileiro. Moro aprofunda o regime de exceção para operar interesses ideológicos e partidários bem definidos.

Moro já comandava a Polícia Federal quando ainda chefiava a Lava Jato em Curitiba. Ele direcionava a instituição para atuar na perseguição ao único adversário político capaz de atrapalhar a viabilidade do seu projeto fascista. O alvo estratégico, principal – na verdade, sua obsessão doentia – sempre foi Lula.

A esquerda, os militares e o imperialismo

Por José Luís Fiori, no site Carta Maior:

"As grandes potências são aqueles Estados de toda parte da Terra que possuem elevada capacidade militar perante os outros, perseguem interesses continentais ou globais e defendem estes interesses por meio de uma ampla gama de instrumentos, entre eles a força e ameaças de força, sendo reconhecidos pelos Estados menos poderosos como atores principais que exercem direitos formais excepcionais nas relações internacionais" - Charles Tilly, Coerção, Capital e Estados Europeus. São Paulo: EDUSP, 1996, p. 247.

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Foi depois da Primeira Grande Guerra que o movimento socialista internacional repudiou o colonialismo europeu e transformou o “imperialismo” no inimigo número um da esquerda mundial. Assim mesmo, quando os socialistas chegaram pela primeira vez ao poder, na Europa, e foram obrigados a governar economias capitalistas, não conseguiram extrair consequências da sua própria teoria do imperialismo para o plano concreto das políticas públicas. E quando foram chamados a comandar diretamente a política econômica, como no caso de Rudolf Hilferding, entre outros, seguiram o receituário vitoriano clássico, do “sound money and free markets” – até muito depois da Segunda Guerra, quando aderiram, já nos anos 60 e 70, às ideias, propostas e políticas keynesianas. Mas na década de 80, estes mesmos partidos se converteram ao programa ortodoxo da austeridade fiscal e das reformas liberais que levaram à desmontagem parcial do Estado de Bem-estar Social.