O golpe militar em Honduras comprova, até para os mais tapados, que a tal “liberdade de imprensa” pregada pelos barões da mídia representa, na verdade, a “liberdade dos monopólios”. O discurso das corporações midiáticas é pura hipocrisia. Um jornalista hondurenho já foi assassinado em condições misteriosas; toda a equipe da Telesur, que dava um show na cobertura do trágico episódio, foi presa e expulsa do país pelos gangsteres golpistas; inúmeras rádios comunitárias foram atacadas; a Rede Globo de Tegucigalpa, que nada tem a ver com a Vênus enlameada brasileira, também foi fechada; até a CNN em espanhol foi proibida de exibir as cenas de violência nas ruas, que já causaram dezenas de mortes.
Apesar de toda esta brutalidade fascista, nenhum dos colunistas bem pagos da mídia hegemônica fez declarações inflamadas em defesa da “liberdade de imprensa”; nenhum meio privado criticou a brutal censura e as agressões aos jornalistas; nenhum editorial da “grande imprensa” questionou o fato de que a mídia hondurenha está nas mãos de meia dúzia de oligarcas reacionários, que clamaram pelo golpe e dão total respaldo à ditadura sanguinária. A máfia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que recentemente criticou o presidente Lula por suas “criticas descabidas ao enfoque do noticiário”, não se pronunciou contra os atentados à liberdade de expressão. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), bancada pelo CIA na sua campanha permanente contra a revolução cubana, também está quieta.
Defesa das atrocidades dos golpistas
Segundo relatos da própria Cruz Vermelha, os “gorilas” hondurenhos promovem as piores atrocidades, como invasões de casas, torturas, estupros e assassinatos, e a mídia hegemônica ainda tenta relativizar o papel dos ditadores. A Folha agora passou a qualificar o governo golpista de “interino”. A TV Globo critica o presidente deposto, Manuel Zelaya, por ele rejeitar um acordo de “conciliação nacional” com os bandidos. O Correio Braziliense chegou a justificar o golpe num texto repugnante. Alguns doentes mentais da revista Veja, travestidos de blogueiros, argumentam que a violenta deposição de Zelaya foi para “salvar a democracia”. São todos falsários quando pregam a “liberdade de imprensa”.
Para acompanhar o que de fato ocorre em Honduras é preciso furar o bloqueio dos barões da mídia. A Telesur, retransmitida pela TV Educativa do Paraná e por algumas emissoras comunitárias, continua exibindo cenas da violência dos golpistas e da crescente resistência dos hondurenhos. Pela internet, os sítios da Agência Boliviana de Notícias e o Aporrea, entre outros, trazem informações exclusivas dos movimentos sociais deste país. Na prática, estes veículos alternativos realizam a autêntica defesa da “liberdade de expressão”, enquanto a mídia hegemônica comprova que serve apenas aos interesses dos poderosos e às ambições do império. Seu discurso da “liberdade de imprensa” é puro cinismo!
terça-feira, 21 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Massacre em Honduras não existe nas TVs
Em junho passado, a mídia mundial deu enorme destaque para os protestos contra as eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Mahmoud Ahmadinejad. Mesmo criticando a “censura”, as redes de TV inundaram o planeta com cenas das “explosões espontâneas contrárias à ditadura islâmica”. A morte de uma jovem em Teerã teve overdose de exposição nas telinhas. O curioso é que o mesmo empenho na cobertura jornalística não se observa em Honduras, palco de um golpe militar que já causou dezenas de mortes. Dados oficiais da Cruz Vermelha contabilizam mais de 50 hondurenhos assassinados e cerca de mil lideranças oposicionistas presas e desaparecidas.
O repórter Laerte Braga, que mantém contatos com a resistência hondurenha, está indignado com o silêncio da mídia. Ele garante que já são mais de 150 executados no país. “Pessoas são mortas nas ruas de Tegucigalpa, muitas são conduzidas às prisões e os postos de saúde controlados pelos golpistas negam atendimento aos feridos”. Militares e esquadrões da morte invadem residências, saqueiam, estupram as mulheres e torturam. “Setores da resistência falam em banho de sangue, tamanha a selvageria dos militares. Porta-vozes da Cruz Vermelha se mostram horrorizados com a violência... Traficantes de drogas e quadrilhas com base em Miami estão em Honduras dando respaldo ao golpe e ocupam o Ministério da Justiça através de membros do esquadrão da morte”.
Mídia servil aos interesses do império
Para Laerte Braga, “há uma ação concentrada dos embaixadores dos EUA na região, em conluio com o governo paralelo dos EUA, para desestabilizar toda a área, provocar uma guerra e, assim, derrubar governos contrários aos interesses norte-americanos. Obama é um boneco, um objeto de decoração envolvido nas tramas golpistas... O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusou os golpistas de tentarem forçar uma situação de guerra para justificar uma intervenção militar norte-americana, mesmo que disfarçada com a presença de tropas de outros países, como já ocorre no Haiti”. O seu governo e o de El Salvador já reforçaram a presença de tropas nas fronteiras.
Com a mesma convicção, o jornalista Juan Gelman, do diário argentino Página 12, afirma que “a Casa Branca conhecia há meses o golpe que se preparava em Honduras, embora seus porta-vozes finjam agora sua inocência”. Ele lembra que o atual embaixador em Tegucigalpa, Hugo Llorens, privilegiou as relações com o general golpista Romero Vásquez desde a sua chegada ao país, em setembro passado. Cita ainda as declarações de Hillary Clinton contra o referendo convocado por Manuel Zelaya. “É difícil supor que os chefes militares de Honduras, armados pelo Pentágono e formados na Escola das Américas, tenham se movido sem a autorização de seus mentores”.
Golpistas corruptos e assassinos
Diante dos interesses imperiais dos EUA e do temor das elites locais com o avanço dos governos progressistas no continente, a mídia hegemônica evita mostrar as cenas de violência. Ela também ofusca os protestos diários e crescentes contra o golpe. As televisões privadas sequer denunciam que os “gorilas” são fascistas assumidos e corruptos processados. O general Romero Vásquez, autor do seqüestro do presidente Zelaya, foi preso em 1993, acusado de roubar 200 automóveis de luxo. Já o “ministro” Billy Joya foi chefe da divisão tática do Batalhão B3-16, o esquadrão da morte hondurenho que torturou e seqüestrou inúmeras pessoas nos anos 1980.
Nada disto aparece nas telinhas da televisão. O tratamento da mídia venal é totalmente diferente do exibido durante as “explosões espontâneas” no Irã. Manuel Zelaya era um obstáculo para os interesses do império na região. Ele rompeu o tratado de “livre comércio” com os EUA, firmou o acordo com a Alba (Alternativa Bolivariana das Américas) e aliou-se a Hugo Chávez, tão odiado e estigmatizado pela mídia imperial. Daí a cobertura tendenciosa. Sua linha editorial é evidente. Seguindo as ordens da Casa Branca, ela aposta na solução “negociada”, que inviabilize o retorno de Zelaya ao poder e legitime um “governo de conciliação nacional”. Tanto que vários veículos de comunicação já têm tratado o governo golpista como “interino”.
O repórter Laerte Braga, que mantém contatos com a resistência hondurenha, está indignado com o silêncio da mídia. Ele garante que já são mais de 150 executados no país. “Pessoas são mortas nas ruas de Tegucigalpa, muitas são conduzidas às prisões e os postos de saúde controlados pelos golpistas negam atendimento aos feridos”. Militares e esquadrões da morte invadem residências, saqueiam, estupram as mulheres e torturam. “Setores da resistência falam em banho de sangue, tamanha a selvageria dos militares. Porta-vozes da Cruz Vermelha se mostram horrorizados com a violência... Traficantes de drogas e quadrilhas com base em Miami estão em Honduras dando respaldo ao golpe e ocupam o Ministério da Justiça através de membros do esquadrão da morte”.
Mídia servil aos interesses do império
Para Laerte Braga, “há uma ação concentrada dos embaixadores dos EUA na região, em conluio com o governo paralelo dos EUA, para desestabilizar toda a área, provocar uma guerra e, assim, derrubar governos contrários aos interesses norte-americanos. Obama é um boneco, um objeto de decoração envolvido nas tramas golpistas... O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusou os golpistas de tentarem forçar uma situação de guerra para justificar uma intervenção militar norte-americana, mesmo que disfarçada com a presença de tropas de outros países, como já ocorre no Haiti”. O seu governo e o de El Salvador já reforçaram a presença de tropas nas fronteiras.
Com a mesma convicção, o jornalista Juan Gelman, do diário argentino Página 12, afirma que “a Casa Branca conhecia há meses o golpe que se preparava em Honduras, embora seus porta-vozes finjam agora sua inocência”. Ele lembra que o atual embaixador em Tegucigalpa, Hugo Llorens, privilegiou as relações com o general golpista Romero Vásquez desde a sua chegada ao país, em setembro passado. Cita ainda as declarações de Hillary Clinton contra o referendo convocado por Manuel Zelaya. “É difícil supor que os chefes militares de Honduras, armados pelo Pentágono e formados na Escola das Américas, tenham se movido sem a autorização de seus mentores”.
Golpistas corruptos e assassinos
Diante dos interesses imperiais dos EUA e do temor das elites locais com o avanço dos governos progressistas no continente, a mídia hegemônica evita mostrar as cenas de violência. Ela também ofusca os protestos diários e crescentes contra o golpe. As televisões privadas sequer denunciam que os “gorilas” são fascistas assumidos e corruptos processados. O general Romero Vásquez, autor do seqüestro do presidente Zelaya, foi preso em 1993, acusado de roubar 200 automóveis de luxo. Já o “ministro” Billy Joya foi chefe da divisão tática do Batalhão B3-16, o esquadrão da morte hondurenho que torturou e seqüestrou inúmeras pessoas nos anos 1980.
Nada disto aparece nas telinhas da televisão. O tratamento da mídia venal é totalmente diferente do exibido durante as “explosões espontâneas” no Irã. Manuel Zelaya era um obstáculo para os interesses do império na região. Ele rompeu o tratado de “livre comércio” com os EUA, firmou o acordo com a Alba (Alternativa Bolivariana das Américas) e aliou-se a Hugo Chávez, tão odiado e estigmatizado pela mídia imperial. Daí a cobertura tendenciosa. Sua linha editorial é evidente. Seguindo as ordens da Casa Branca, ela aposta na solução “negociada”, que inviabilize o retorno de Zelaya ao poder e legitime um “governo de conciliação nacional”. Tanto que vários veículos de comunicação já têm tratado o governo golpista como “interino”.
domingo, 19 de julho de 2009
A mídia patrocinou o golpe em Honduras
O jornalista Ernesto Carmona, numa minuciosa pesquisa publicada no sitio Rebelión, confirmou o que muitos já imaginavam. A maior parte da mídia hondurenha ajudou a preparar o clima para o golpe militar que depôs o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya no final de junho. Ela tem dado total apoio à sangrenta ditadura, que já matou dezenas de pessoas, decretou toque de recolher, censurou rádios comunitárias e jornais alternativos e transformou este pequeno país da América Central num campo de concentração. A mídia mundial nada fala sobre estas ligações macabras, até porque já apoiou outros golpes e ditaduras fascistas – como no caso do Brasil.
Segundo o estudo, a mídia hondurenha, a exemplo da brasileira, é altamente concentrada. Três famílias controlam os quatro jornais diários de circulação nacional e uma única família domina as redes de televisão e rádio. “Um reduzido grupo de empresários, que se apropriou do direito de informar, monopoliza a ‘liberdade de expressão’, posta a serviço dos seus próprios interesses políticos e econômicos, uma vez que explora um rentável negócio”. Conforme aponta, a mídia segue “uma orientação ideológica de direita e pertence a empresários que mantêm os diários como uma empresa mercantil. Seus vínculos com os grupos de poder político são muito estreitos, porque eles mesmos pertencem também a estes grupos de poder”.
Oligarcas dominam os jornais impressos
Dos quatro jornais, dois são editados na capital, Tegucigalpa (El Heraldo e Tiempo), e dois são impressos em San Pedro Sula, a segunda maior cidade do país (La Tribuna e La Prensa). Todos são comandados por velhos oligarcas, que controlam os dois partidos que se revezam no poder há décadas. La Tribuna tem como maior acionista o ex-presidente de Honduras, Roberto Flores Facussé (1998-2002), do Partido Liberal (PLH), um agrupamento de centro-direita, fundado em 1891, a qual pertence o presidente deposto. O seu setor mais à direita, comandado por Roberto Micheleti, orquestrou o golpe com aos generais corruptos, alinhados e adestrados nos EUA.
Já o jornal La Prensa pertence à família de Jorge Larach, que também é dona de El Heraldo. Sua linha editorial defende “a necessidade de que o país se abra aos conceitos modernos da economia de mercado” e atacou ferozmente à decisão de Zelaya de romper com o tratado de livre comércio (TLC) com os EUA. O diário El Heraldo, um dos mais raivosos no apoio ao golpe, é dirigido pelo filho de Jorge Larach, “membro das comissões de notáveis, sempre próximo ao presidente de turno e provedor da indústria de armas e de medicamentos do Estado”. Por último, o Tiempo pertence a Jaime Rosenthal, um poderoso banqueiro que também é secretário-geral do PLH e já disputou várias vezes a presidência de Honduras e sempre foi rechaçado nas urnas.
Um oligarca domina a TV
Já a televisão é controlada por uma única pessoa, José Rafael Ferrari, que também possui enorme presença nas rádios e é presidente da Fundação Teletón. Ele é dono de uma rede nacional e dirige canais com distintos nomes e afiliadas – canais 5, 13, 7. Suas emissoras omitem as manifestações contra os golpistas e as condenações internacionais ao golpe e dão amplo respaldo à ditadura de Micheleti. Nos seus telejornais diários, Honduras parece que foi salva da “ditadura chavista” de Zelaya e hoje vive no paraíso da democracia liberal e numa autêntica paz – a paz dos cemitérios.
As emissoras de rádio de alcance nacional também são dominadas por velhos oligarcas e existem somente duas revistas semanais – Hablemos claro e Honduras this week (nome em inglês, numa prova cabal de subserviência). “Todos estes personagens são defensores acirrados da ‘liberdade de imprensa’, tal como prega a Sociedade Interamericana de Imprensa (SID), os diários mais reacionários do continente, as cadeias internacionais de notícias, como a CNN, e todas as caixas de ressonância do golpe em Honduras”, ironiza Ernesto Carmona.
Segundo o estudo, a mídia hondurenha, a exemplo da brasileira, é altamente concentrada. Três famílias controlam os quatro jornais diários de circulação nacional e uma única família domina as redes de televisão e rádio. “Um reduzido grupo de empresários, que se apropriou do direito de informar, monopoliza a ‘liberdade de expressão’, posta a serviço dos seus próprios interesses políticos e econômicos, uma vez que explora um rentável negócio”. Conforme aponta, a mídia segue “uma orientação ideológica de direita e pertence a empresários que mantêm os diários como uma empresa mercantil. Seus vínculos com os grupos de poder político são muito estreitos, porque eles mesmos pertencem também a estes grupos de poder”.
Oligarcas dominam os jornais impressos
Dos quatro jornais, dois são editados na capital, Tegucigalpa (El Heraldo e Tiempo), e dois são impressos em San Pedro Sula, a segunda maior cidade do país (La Tribuna e La Prensa). Todos são comandados por velhos oligarcas, que controlam os dois partidos que se revezam no poder há décadas. La Tribuna tem como maior acionista o ex-presidente de Honduras, Roberto Flores Facussé (1998-2002), do Partido Liberal (PLH), um agrupamento de centro-direita, fundado em 1891, a qual pertence o presidente deposto. O seu setor mais à direita, comandado por Roberto Micheleti, orquestrou o golpe com aos generais corruptos, alinhados e adestrados nos EUA.
Já o jornal La Prensa pertence à família de Jorge Larach, que também é dona de El Heraldo. Sua linha editorial defende “a necessidade de que o país se abra aos conceitos modernos da economia de mercado” e atacou ferozmente à decisão de Zelaya de romper com o tratado de livre comércio (TLC) com os EUA. O diário El Heraldo, um dos mais raivosos no apoio ao golpe, é dirigido pelo filho de Jorge Larach, “membro das comissões de notáveis, sempre próximo ao presidente de turno e provedor da indústria de armas e de medicamentos do Estado”. Por último, o Tiempo pertence a Jaime Rosenthal, um poderoso banqueiro que também é secretário-geral do PLH e já disputou várias vezes a presidência de Honduras e sempre foi rechaçado nas urnas.
Um oligarca domina a TV
Já a televisão é controlada por uma única pessoa, José Rafael Ferrari, que também possui enorme presença nas rádios e é presidente da Fundação Teletón. Ele é dono de uma rede nacional e dirige canais com distintos nomes e afiliadas – canais 5, 13, 7. Suas emissoras omitem as manifestações contra os golpistas e as condenações internacionais ao golpe e dão amplo respaldo à ditadura de Micheleti. Nos seus telejornais diários, Honduras parece que foi salva da “ditadura chavista” de Zelaya e hoje vive no paraíso da democracia liberal e numa autêntica paz – a paz dos cemitérios.
As emissoras de rádio de alcance nacional também são dominadas por velhos oligarcas e existem somente duas revistas semanais – Hablemos claro e Honduras this week (nome em inglês, numa prova cabal de subserviência). “Todos estes personagens são defensores acirrados da ‘liberdade de imprensa’, tal como prega a Sociedade Interamericana de Imprensa (SID), os diários mais reacionários do continente, as cadeias internacionais de notícias, como a CNN, e todas as caixas de ressonância do golpe em Honduras”, ironiza Ernesto Carmona.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Congresso da UNE e manipulação da mídia
Após viajarem milhares de quilômetros em centenas de ônibus fretados, mais de 15 mil jovens de todos os recantos do país estarão reunidos em Brasília para participar do 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Durante cinco dias, eles esbanjarão energia, criatividade e garra em várias passeatas, em acirradas polêmicas nos 25 grupos de debate sobre temas candentes e em plenárias infindáveis. Não haverá cansaço ou desanimo, mas uma baita disposição para lutar por melhorias na educação e por mudanças profundas no país. Caso a mídia tupiniquim respeitasse a nossa juventude, o congresso seria manchete em todos os jornais e nas emissoras de TV e rádio.
Mas a mídia hegemônica prefere evitar qualquer engajamento dos jovens. Ela aposta sempre na alienação e ceticismo. Rejeita qualquer ação coletiva. Prefere estimular o consumismo doentio e o individualismo exacerbado. Por isso, o evento da UNE surge, no máximo, no pé de página dos jornalões tradicionais ou em rápidos flashes na TV. Quando ela trata do evento, é para atacar a organização juvenil e criminalizar suas lutas. Ela omite ou emite opiniões raivosas. Como nos ensina Perseu Abramo, no livro “Padrões de manipulação na grande imprensa”, a ocultação e a inversão da opinião pela informação são duas técnicas muito utilizadas pelos barões da mídia.
Padrões de manipulação da imprensa
“O padrão da ocultação se refere à ausência e presença dos fatos reais na produção da imprensa. Não se trata, evidentemente, de fruto do desconhecimento e nem mesmo de mera omissão diante do real. É, ao contrário, um deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade. Esse é um padrão que opera nos antecedentes, nas preliminares da busca da informação, isto é, no ‘momento’ das decisões de planejamento da edição, naquilo que na imprensa geralmente se chama de pauta... O padrão da ocultação é decisivo e definitivo na manipulação da realidade: tomada a decisão de que um fato ‘não é jornalístico’, não há a menor chance de que o leitor tome conhecimento de sua existência por meio da imprensa. O fato real é eliminado da realidade, ele não existe”, ensina o mestre na obra reeditada pela Fundação Perseu Abramo.
Já o segundo truque visa “substituir, inteira ou parcialmente, a informação pela opinião. O órgão de imprensa apresenta a opinião no lugar da informação, e com o agravante de fazer passar a opinião pela informação. O juízo de valor é inescrupulosamente usado como se fosse a própria mera exposição narrativa/descritiva da realidade. O leitor/espectador já não tem mais diante de si a coisa tal como existe ou acontece, mas sim uma determinada valorização que órgão quer que ele tenha de uma coisa que ele desconhece, porque o seu conhecimento lhe foi oculto, negado e escamoteado pelo órgão... Ao leitor/espectador não é dada qualquer oportunidade que não a de consumir, introjetar e adotar como critério de ação a opinião que lhe é autoritariamente imposta”.
O zumbido irritante da Folha
Estes e outros truques da manipulação estão presentes na cobertura do cativante evento da UNE. As emissoras de televisão, que falam para milhões de brasileiros, preferem ocultar o congresso; é como se ele não existisse. Já os jornalões tradicionais, que atingem pequenas faixas entorpecidas das camadas médias, optam por desqualificar os militantes estudantis e suas bandeiras. A opinião substitui a informação. Um caso emblemático é o da cobertura da Folha de S.Paulo, que ainda ilude os ingênuos com o seu falso ecletismo. Com o título “Patrocinada pela Petrobras, UNE faz manifestação contra a CPI”, um texto de pé de página investiu raivosamente contra o congresso.
Não há qualquer informação sobre a pauta do congresso, sobre os participantes ou sobre as lutas estudantis. O artigo hidrófobo destaca apenas que a Petrobras “direcionou R$ 100 mil ao evento” e que os universitários programaram uma manifestação contra a CPI do Senado. A exemplo dos ataques desferidos contra o MST e as centrais sindicais, que recebem verbas públicas para vários projetos culturais e educacionais, a Folha tenta caracterizar a UNE como “governista”. Também critica o fato dos líderes estudantis ocuparem postos no governo Lula. O cinismo é descarado.
Quem está de rabo preso?
Um simples anúncio publicitário da Petrobras na Folha custa muito mais do que o patrocínio ao congresso da UNE. Nem por isso, ela é governista. Pelo contrário. O jornal é um dos principais porta-vozes da oposição demo-tucana. Para ser coerente nas críticas ao uso das verbas oficiais, a Folha deveria rejeitar os milionários anúncios em suas páginas. O governo Lula também poderia ser mais ousado, evitando alimentar cobra. Quanto a tal CPI do Senado, o jornal não informa que ela foi instalada por imposição da própria mídia e serve aos propósitos da oposição demo-tucana. Já no que se refere aos líderes estudantis em postos do governo, a Folha confirma que tem nojo do povo. Para ela, trabalhador é para trabalhar; estudante é para estudar; e a elite é para governar.
No livro citado, Perseu Abramo desmascara a frase publicitária do jornal. “A Folha está de rabo preso com o leitor só tem seu verdadeiro significado desvendado quando recolocada de pé sobre o chão e lida com a re-inversão dos seus termos: o leitor é que está de rabo preso com a Folha, e por extensão com todos os grandes órgãos de comunicação. Recriando a realidade à sua maneira e de acordo com seus interesses político-partidários, os órgãos de comunicação aprisionam seus leitores nesse círculo de ferro da realidade irreal e sobre ele exercem todo o seu poder. O Jornal Nacional faz plim-plim e milhões de brasileiros salivam no ato. Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil e Veja dizem alguma coisa e centenas de milhares de brasileiros abanam o rabo em sinal de assentimento e obediência”.
Mas a mídia hegemônica prefere evitar qualquer engajamento dos jovens. Ela aposta sempre na alienação e ceticismo. Rejeita qualquer ação coletiva. Prefere estimular o consumismo doentio e o individualismo exacerbado. Por isso, o evento da UNE surge, no máximo, no pé de página dos jornalões tradicionais ou em rápidos flashes na TV. Quando ela trata do evento, é para atacar a organização juvenil e criminalizar suas lutas. Ela omite ou emite opiniões raivosas. Como nos ensina Perseu Abramo, no livro “Padrões de manipulação na grande imprensa”, a ocultação e a inversão da opinião pela informação são duas técnicas muito utilizadas pelos barões da mídia.
Padrões de manipulação da imprensa
“O padrão da ocultação se refere à ausência e presença dos fatos reais na produção da imprensa. Não se trata, evidentemente, de fruto do desconhecimento e nem mesmo de mera omissão diante do real. É, ao contrário, um deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade. Esse é um padrão que opera nos antecedentes, nas preliminares da busca da informação, isto é, no ‘momento’ das decisões de planejamento da edição, naquilo que na imprensa geralmente se chama de pauta... O padrão da ocultação é decisivo e definitivo na manipulação da realidade: tomada a decisão de que um fato ‘não é jornalístico’, não há a menor chance de que o leitor tome conhecimento de sua existência por meio da imprensa. O fato real é eliminado da realidade, ele não existe”, ensina o mestre na obra reeditada pela Fundação Perseu Abramo.
Já o segundo truque visa “substituir, inteira ou parcialmente, a informação pela opinião. O órgão de imprensa apresenta a opinião no lugar da informação, e com o agravante de fazer passar a opinião pela informação. O juízo de valor é inescrupulosamente usado como se fosse a própria mera exposição narrativa/descritiva da realidade. O leitor/espectador já não tem mais diante de si a coisa tal como existe ou acontece, mas sim uma determinada valorização que órgão quer que ele tenha de uma coisa que ele desconhece, porque o seu conhecimento lhe foi oculto, negado e escamoteado pelo órgão... Ao leitor/espectador não é dada qualquer oportunidade que não a de consumir, introjetar e adotar como critério de ação a opinião que lhe é autoritariamente imposta”.
O zumbido irritante da Folha
Estes e outros truques da manipulação estão presentes na cobertura do cativante evento da UNE. As emissoras de televisão, que falam para milhões de brasileiros, preferem ocultar o congresso; é como se ele não existisse. Já os jornalões tradicionais, que atingem pequenas faixas entorpecidas das camadas médias, optam por desqualificar os militantes estudantis e suas bandeiras. A opinião substitui a informação. Um caso emblemático é o da cobertura da Folha de S.Paulo, que ainda ilude os ingênuos com o seu falso ecletismo. Com o título “Patrocinada pela Petrobras, UNE faz manifestação contra a CPI”, um texto de pé de página investiu raivosamente contra o congresso.
Não há qualquer informação sobre a pauta do congresso, sobre os participantes ou sobre as lutas estudantis. O artigo hidrófobo destaca apenas que a Petrobras “direcionou R$ 100 mil ao evento” e que os universitários programaram uma manifestação contra a CPI do Senado. A exemplo dos ataques desferidos contra o MST e as centrais sindicais, que recebem verbas públicas para vários projetos culturais e educacionais, a Folha tenta caracterizar a UNE como “governista”. Também critica o fato dos líderes estudantis ocuparem postos no governo Lula. O cinismo é descarado.
Quem está de rabo preso?
Um simples anúncio publicitário da Petrobras na Folha custa muito mais do que o patrocínio ao congresso da UNE. Nem por isso, ela é governista. Pelo contrário. O jornal é um dos principais porta-vozes da oposição demo-tucana. Para ser coerente nas críticas ao uso das verbas oficiais, a Folha deveria rejeitar os milionários anúncios em suas páginas. O governo Lula também poderia ser mais ousado, evitando alimentar cobra. Quanto a tal CPI do Senado, o jornal não informa que ela foi instalada por imposição da própria mídia e serve aos propósitos da oposição demo-tucana. Já no que se refere aos líderes estudantis em postos do governo, a Folha confirma que tem nojo do povo. Para ela, trabalhador é para trabalhar; estudante é para estudar; e a elite é para governar.
No livro citado, Perseu Abramo desmascara a frase publicitária do jornal. “A Folha está de rabo preso com o leitor só tem seu verdadeiro significado desvendado quando recolocada de pé sobre o chão e lida com a re-inversão dos seus termos: o leitor é que está de rabo preso com a Folha, e por extensão com todos os grandes órgãos de comunicação. Recriando a realidade à sua maneira e de acordo com seus interesses político-partidários, os órgãos de comunicação aprisionam seus leitores nesse círculo de ferro da realidade irreal e sobre ele exercem todo o seu poder. O Jornal Nacional faz plim-plim e milhões de brasileiros salivam no ato. Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil e Veja dizem alguma coisa e centenas de milhares de brasileiros abanam o rabo em sinal de assentimento e obediência”.
Jô Soares e o “caçador de marajás”
Nos momentos mais deprimentes das “baixarias na política”, como na atual crise do Senado, Jô Soares sempre leva ao seu programa da TV Globo várias comentaristas globais para espinafrar os políticos e desqualificar a política. São as tais “meninas do Jô”, sempre tão venenosas e cheias de certezas. No programa desta quarta-feira, as jornalistas Cristiana Lobo, Lúcio Hippolito, Lilian Witte Fibe, Flávia Oliveira e Ana Maria Tahan concentraram seus ataques no recente aperto de mão do presidente Lula ao senador Collor de Mello, numa solenidade pública em Alagoas. Para elas, travestidas de vestais da ética, este gesto seria a prova definitiva de que política não presta.
As “meninas do Jô” só deixaram da lembrar aos telespectadores sem memória que a candidatura de Collor de Mello, em 1989, foi fabricada nos sinistros laboratórios da própria TV Globo. Elas inclusive evitaram utilizar a expressão “caçador de marajás”, cunhada na época para alavancar o político alagoano e evitar a vitória de Lula, o temido líder grevista daquele período. Elas também nada falaram sobre a manipulação grosseira feita pelo Jornal Nacional da edição do debate entre os dois candidatos, nas vésperas daquele pleito. E ainda omitiram a informação de que a família de Collor de Mello ainda é proprietária da empresa afiliada da TV Globo em Alagoas.
Anarquista ao gosto do patrão
Diante das baixarias da famíglia Marinho, o recente aperto de mão é apenas um gesto protocolar! Com seu humor tendencioso, Jô Soares nunca cobrou qualquer autocrítica de seus patrões. Além das “meninas do Jô”, ele poderia ouvir o professor Venício de Lima, que no livro “Mídia: crise política e poder no Brasil” desmascara as manipulações da TV Globo na eleição do “caçador de marajás” e em outros episódios lamentáveis da nossa história recente. Também poderia convidar o professor Bernardo Kucinski, que no livro “A síndrome da antena parabólica” denuncia o total colapso da ética na mídia brasileira e o papel nefasto da famíglia Marinho na política nacional.
Até algum tempo atrás, Jô Soares ainda seduzia muita gente. Na época da ditadura, que contou com o apoio ativo da TV Globo até a reta final da campanha das “Diretas-Já”, ele fez um humor corajoso de denúncia da censura e dos militares. Após a conquista da democracia liberal, ele se deu por satisfeito e nunca mais incomodou os poderosos e os barões da mídia. Maroto, ele vestiu a oportuna fantasia do “anarquista”. O falecido professor Maurício Tragtemberg, um intelectual anarquista autêntico, costumava zombar destes anarquistas “riquinhos”, que fazem suas críticas comportamentais, mas não tem qualquer compromisso com a justiça social.
As “meninas do Jô” só deixaram da lembrar aos telespectadores sem memória que a candidatura de Collor de Mello, em 1989, foi fabricada nos sinistros laboratórios da própria TV Globo. Elas inclusive evitaram utilizar a expressão “caçador de marajás”, cunhada na época para alavancar o político alagoano e evitar a vitória de Lula, o temido líder grevista daquele período. Elas também nada falaram sobre a manipulação grosseira feita pelo Jornal Nacional da edição do debate entre os dois candidatos, nas vésperas daquele pleito. E ainda omitiram a informação de que a família de Collor de Mello ainda é proprietária da empresa afiliada da TV Globo em Alagoas.
Anarquista ao gosto do patrão
Diante das baixarias da famíglia Marinho, o recente aperto de mão é apenas um gesto protocolar! Com seu humor tendencioso, Jô Soares nunca cobrou qualquer autocrítica de seus patrões. Além das “meninas do Jô”, ele poderia ouvir o professor Venício de Lima, que no livro “Mídia: crise política e poder no Brasil” desmascara as manipulações da TV Globo na eleição do “caçador de marajás” e em outros episódios lamentáveis da nossa história recente. Também poderia convidar o professor Bernardo Kucinski, que no livro “A síndrome da antena parabólica” denuncia o total colapso da ética na mídia brasileira e o papel nefasto da famíglia Marinho na política nacional.
Até algum tempo atrás, Jô Soares ainda seduzia muita gente. Na época da ditadura, que contou com o apoio ativo da TV Globo até a reta final da campanha das “Diretas-Já”, ele fez um humor corajoso de denúncia da censura e dos militares. Após a conquista da democracia liberal, ele se deu por satisfeito e nunca mais incomodou os poderosos e os barões da mídia. Maroto, ele vestiu a oportuna fantasia do “anarquista”. O falecido professor Maurício Tragtemberg, um intelectual anarquista autêntico, costumava zombar destes anarquistas “riquinhos”, que fazem suas críticas comportamentais, mas não tem qualquer compromisso com a justiça social.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Congresso da UNE e desemprego dos jovens
A União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade unitária dos universitários que sempre teve papel de destaque nas lutas democráticas e populares do Brasil, inicia hoje o seu 51º congresso. O evento reunirá mais de 15 mil jovens, cheios de energia e combatividade, em Brasília. Durante cinco dias, eles participarão de 25 mesas de debates plurais, discutindo os temas de maior relevo para a juventude. Ao final, aprovarão seu plano de lutas e elegerão a nova direção da entidade. A mídia hegemônica, que prefere noticiar fofocas e desfiles, possivelmente fará uma cobertura pífia deste evento de porte e destilará seu veneno, na linha da criminalização dos movimentos sociais.
Entre os temas que angustiam estes jovens conscientes e aguerridos, o da perspectiva de trabalho da juventude obrigatoriamente estará em pauta. A grave crise estrutural do capitalismo, acelerada pelo colapso da economia dos EUA, agrava um cenário que já era negativo e coloca em dúvida o futuro. Recente estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que o mercado de trabalho para os jovens brasileiros é marcado pelos altos índices de desemprego e informalidade. De acordo com o relatório “Trabalho decente e juventude no Brasil”, 67,5% dos jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados ou no mercado informal em 2006.
Falta de perspectiva dos jovens
O detalhado estudo, que tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 1992 a 2006, comprova que o déficit era maior entre as mulheres jovens (70,1%) do que entre os homens jovens (65,6%). O índice também era mais dramático entre os jovens negros (74,7%) do que entre os jovens brancos (59,6%). Já as jovens mulheres negras vivem, segundo a própria OIT, “uma situação de dupla discriminação”, de gênero e etnia. O desemprego e a informalidade afetavam 77,9% das jovens mulheres negras. Se o quadro já era grave antes da eclosão da crise capitalista, ele deve ter piorado na fase atual, segundo Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil.
Apesar de reconhecer os avanços nas políticas públicas de geração de emprego para juventude do governo Lula, a diretora da OIT avalia que eles ainda são insuficientes. Para ela, o desafio maior consiste “em melhorar a qualidade da educação”. A pesquisa indica que 7% dos jovens brancos tinham baixa escolaridade e que o número mais do que dobrava (16%) entre os jovens negros. Também aponta que dos 22 milhões de jovens economicamente ativos, 30% trabalhavam mais de 20 horas semanais, o que prejudica o seu desempenho escolar. “Há uma espécie de círculo vicioso: o jovem não entra no mercado porque não tem experiência, mas para ter experiência ele precisa estar dentro do mercado”, alerta Laís Abramo.
Políticas públicas mais ativas
Com as mesmas preocupações, o atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann, propõe medidas de maior impacto para encarar o drama da falta de perspectiva da juventude, principal vítima do desemprego, da precariedade e da informalidade. No livro “A batalha pelo primeiro emprego”, reeditado pela Publisher, ele afirma que é urgente a adoção de políticas públicas mais ativas. Ele não trata a educação como panacéia, já que muitos jovens saídos da universidade hoje estão desempregados. “No Brasil, o avanço da escolaridade do jovem não tem sido acompanhado da melhor inserção e trajetória no mercado do trabalho”. O problema, portanto, não reside unicamente na educação, como difundem a mídia e os neoliberais.
Entre outras propostas, Pochmann defende que o ingresso do jovem no mercado de trabalho seja adiado, dando-lhe mais tempo para o estudo. Os avanços tecnológicos, que impulsionaram ainda mais a produtividade, justificariam e tornariam viável esta medida. Ele lembra que nos chamados países desenvolvidos, a cada 10 jovens, seis se encontram em situação de inatividade; no Brasil, sete a cada 10 já trabalham. “A ampliação da idade para ingresso no trabalho decorre da maior ocupação do tempo livre das faixas etárias inferiores da população com educação e programas de treinamento profissional de iniciação ao trabalho”. Ele também defende “a obrigação legal por parte das empresas com mais de nove empregados de conceder tempo e condições de formação prática ao trabalhador jovem” e a drástica redução das horas-extras.
Pochmann destaca a urgência da luta contra os entraves neoliberais. “Uma estratégia nacional pelo primeiro emprego do jovem deve levar em consideração, em primeiro lugar, a necessidade do crescimento econômico sustentado por um período relativamente longo de tempo, em especial no Brasil que tem cerca de 1,5 milhão de pessoas que ingressam anualmente no trabalho... Sem isso, as medidas direcionadas ao ingresso da juventude no trabalho tornam-se insuficientes, parcialmente compensatórias e relativamente parciais”. A leitura do seu livro é obrigatória para os conscientes e combativos militantes da UNE, que lutam por mudanças profundas no Brasil.
Entre os temas que angustiam estes jovens conscientes e aguerridos, o da perspectiva de trabalho da juventude obrigatoriamente estará em pauta. A grave crise estrutural do capitalismo, acelerada pelo colapso da economia dos EUA, agrava um cenário que já era negativo e coloca em dúvida o futuro. Recente estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que o mercado de trabalho para os jovens brasileiros é marcado pelos altos índices de desemprego e informalidade. De acordo com o relatório “Trabalho decente e juventude no Brasil”, 67,5% dos jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados ou no mercado informal em 2006.
Falta de perspectiva dos jovens
O detalhado estudo, que tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 1992 a 2006, comprova que o déficit era maior entre as mulheres jovens (70,1%) do que entre os homens jovens (65,6%). O índice também era mais dramático entre os jovens negros (74,7%) do que entre os jovens brancos (59,6%). Já as jovens mulheres negras vivem, segundo a própria OIT, “uma situação de dupla discriminação”, de gênero e etnia. O desemprego e a informalidade afetavam 77,9% das jovens mulheres negras. Se o quadro já era grave antes da eclosão da crise capitalista, ele deve ter piorado na fase atual, segundo Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil.
Apesar de reconhecer os avanços nas políticas públicas de geração de emprego para juventude do governo Lula, a diretora da OIT avalia que eles ainda são insuficientes. Para ela, o desafio maior consiste “em melhorar a qualidade da educação”. A pesquisa indica que 7% dos jovens brancos tinham baixa escolaridade e que o número mais do que dobrava (16%) entre os jovens negros. Também aponta que dos 22 milhões de jovens economicamente ativos, 30% trabalhavam mais de 20 horas semanais, o que prejudica o seu desempenho escolar. “Há uma espécie de círculo vicioso: o jovem não entra no mercado porque não tem experiência, mas para ter experiência ele precisa estar dentro do mercado”, alerta Laís Abramo.
Políticas públicas mais ativas
Com as mesmas preocupações, o atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann, propõe medidas de maior impacto para encarar o drama da falta de perspectiva da juventude, principal vítima do desemprego, da precariedade e da informalidade. No livro “A batalha pelo primeiro emprego”, reeditado pela Publisher, ele afirma que é urgente a adoção de políticas públicas mais ativas. Ele não trata a educação como panacéia, já que muitos jovens saídos da universidade hoje estão desempregados. “No Brasil, o avanço da escolaridade do jovem não tem sido acompanhado da melhor inserção e trajetória no mercado do trabalho”. O problema, portanto, não reside unicamente na educação, como difundem a mídia e os neoliberais.
Entre outras propostas, Pochmann defende que o ingresso do jovem no mercado de trabalho seja adiado, dando-lhe mais tempo para o estudo. Os avanços tecnológicos, que impulsionaram ainda mais a produtividade, justificariam e tornariam viável esta medida. Ele lembra que nos chamados países desenvolvidos, a cada 10 jovens, seis se encontram em situação de inatividade; no Brasil, sete a cada 10 já trabalham. “A ampliação da idade para ingresso no trabalho decorre da maior ocupação do tempo livre das faixas etárias inferiores da população com educação e programas de treinamento profissional de iniciação ao trabalho”. Ele também defende “a obrigação legal por parte das empresas com mais de nove empregados de conceder tempo e condições de formação prática ao trabalhador jovem” e a drástica redução das horas-extras.
Pochmann destaca a urgência da luta contra os entraves neoliberais. “Uma estratégia nacional pelo primeiro emprego do jovem deve levar em consideração, em primeiro lugar, a necessidade do crescimento econômico sustentado por um período relativamente longo de tempo, em especial no Brasil que tem cerca de 1,5 milhão de pessoas que ingressam anualmente no trabalho... Sem isso, as medidas direcionadas ao ingresso da juventude no trabalho tornam-se insuficientes, parcialmente compensatórias e relativamente parciais”. A leitura do seu livro é obrigatória para os conscientes e combativos militantes da UNE, que lutam por mudanças profundas no Brasil.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Serra e o “futurismo” da Revista da Folha
Com a manchete “São Paulo futurista”, a Revista da Folha desde domingo ingressou com tudo na campanha presidencial do governador paulista José Serra. Quem lê a reportagem, que trata dos “rascunhos de uma São Paulo em projetos que somam R$ 32 bilhões”, é levado a acreditar que a capital, administrada pelo demo Gilberto Kassab, e o estado, comandado há décadas pelos tucanos, serão o paraíso do futuro. Não haverá mais congestionamentos quilométricos, moradias precárias, menores consumindo crack no centro da cidade, falta de canalização do esgoto, postos de saúde abandonados, escolas caindo aos pedaços. As maquetes exibidas seduzem os ingênuos!
A reportagem promete um território dos sonhos. “Um metrô conectando o centro ao aeroporto de Cumbica. Edifícios com arquiteturas de grife espalhados pela cidade... Recuperação de uma das regiões mais degradadas da cidade [a cracolândia na estação da Luz]... Um sistema de transporte público um tanto melhor do que esse que São Paulo hoje possui [qual?]... E a favela do futuro”. José Serra nem é entrevistado para não dar muito na cara. No seu lugar, seu fiel seguidor Kassab, que disse em recente entrevista que “durmo de paletó” para atender o chefe notívago, garante que a São Paulo futurista terá “melhor fluidez no trânsito, mais áreas verdes, mais segurança, mais emprego, mais educação e melhor prestação de serviços”.
Truque de edição esconde a realidade
O repórter Gustavo Fioratti até explica que os projetos estão apenas no papel, que pouca coisa de concreto foi encaminhada. Também observa que as mudanças “imaginadas” são fomentadas pelo “maior evento futebolístico do planeta” – a Copa do Mundo de 2014. E reconhece que tais obras dependerão, também, das verbas do governo federal. Mas estas ponderações ficam ofuscadas no meio das páginas com ilusórias maquetes e fotomontagens. O leitor incauto da Revista da Folha, principalmente das camadas médias alienadas, é induzido a crer no “futurismo” tucano. A vida é um inferno na maior metrópole do país, mas no futuro, com “Serra presidente”, será um paraíso!
A manobra lembra um alerta do falecido jornalista Aloysio Biondi, um exemplo de dignidade na profissão. No artigo “Mentira e caradurismo (ou: a imprensa no reinado de FHC)”, que serviu de posfácio do livro “Padrões de manipulação da grande imprensa”, de Perseu Abramo, outro ícone do jornalismo, ele mostra que a mídia hegemônica bajulou descaradamente o tucano FHC. “Sem medo de exagerar, pode-se comprovar que técnicas jornalísticas e a experiência de profissionais regiamente pagos foram utilizadas permanentemente para encobrir a realidade. Valeu lançar mão de tudo: de manchetes falsas, inclusive ‘invertendo a informação’, a colocar o lide no final das matérias, isto é, esconder a informação realmente importante nas últimas linhas”.
Um dos truques mais usados pela mídia no reinado de FHC foi o de prometer um futuro melhor sem base na realidade. O ilusionismo foi feito com base em “manchetes encomendadas”, “cifras enganosas” e “omissão escandalosa”. Na época, ele advertiu: “No jornalismo do reinado de FHC é bobagem confiar nos títulos e na abertura, ou primeiras linhas (lide) da matéria, que são sempre otimistas... Técnica de edição? Diariamente, os jornais estão cheios desses truques de esconder a verdade”. O alerta de Aloysio Biondi se encaixa perfeitamente na análise critica da reportagem dominical da Revista da Folha, uma peça descarada da campanha presidencial de outro tucano.
A reportagem promete um território dos sonhos. “Um metrô conectando o centro ao aeroporto de Cumbica. Edifícios com arquiteturas de grife espalhados pela cidade... Recuperação de uma das regiões mais degradadas da cidade [a cracolândia na estação da Luz]... Um sistema de transporte público um tanto melhor do que esse que São Paulo hoje possui [qual?]... E a favela do futuro”. José Serra nem é entrevistado para não dar muito na cara. No seu lugar, seu fiel seguidor Kassab, que disse em recente entrevista que “durmo de paletó” para atender o chefe notívago, garante que a São Paulo futurista terá “melhor fluidez no trânsito, mais áreas verdes, mais segurança, mais emprego, mais educação e melhor prestação de serviços”.
Truque de edição esconde a realidade
O repórter Gustavo Fioratti até explica que os projetos estão apenas no papel, que pouca coisa de concreto foi encaminhada. Também observa que as mudanças “imaginadas” são fomentadas pelo “maior evento futebolístico do planeta” – a Copa do Mundo de 2014. E reconhece que tais obras dependerão, também, das verbas do governo federal. Mas estas ponderações ficam ofuscadas no meio das páginas com ilusórias maquetes e fotomontagens. O leitor incauto da Revista da Folha, principalmente das camadas médias alienadas, é induzido a crer no “futurismo” tucano. A vida é um inferno na maior metrópole do país, mas no futuro, com “Serra presidente”, será um paraíso!
A manobra lembra um alerta do falecido jornalista Aloysio Biondi, um exemplo de dignidade na profissão. No artigo “Mentira e caradurismo (ou: a imprensa no reinado de FHC)”, que serviu de posfácio do livro “Padrões de manipulação da grande imprensa”, de Perseu Abramo, outro ícone do jornalismo, ele mostra que a mídia hegemônica bajulou descaradamente o tucano FHC. “Sem medo de exagerar, pode-se comprovar que técnicas jornalísticas e a experiência de profissionais regiamente pagos foram utilizadas permanentemente para encobrir a realidade. Valeu lançar mão de tudo: de manchetes falsas, inclusive ‘invertendo a informação’, a colocar o lide no final das matérias, isto é, esconder a informação realmente importante nas últimas linhas”.
Um dos truques mais usados pela mídia no reinado de FHC foi o de prometer um futuro melhor sem base na realidade. O ilusionismo foi feito com base em “manchetes encomendadas”, “cifras enganosas” e “omissão escandalosa”. Na época, ele advertiu: “No jornalismo do reinado de FHC é bobagem confiar nos títulos e na abertura, ou primeiras linhas (lide) da matéria, que são sempre otimistas... Técnica de edição? Diariamente, os jornais estão cheios desses truques de esconder a verdade”. O alerta de Aloysio Biondi se encaixa perfeitamente na análise critica da reportagem dominical da Revista da Folha, uma peça descarada da campanha presidencial de outro tucano.
domingo, 12 de julho de 2009
Lançado o livro “A ditadura da mídia”
A mídia hegemônica vive um paradoxo. Ela nunca foi tão poderosa no mundo e no Brasil, em decorrência dos avanços tecnológicos nos ramos das comunicações e das telecomunicações, do intenso processo de concentração e monopolização do setor nas últimas décadas e da criminosa desregulamentação do mercado que a deixou livre de qualquer controle público. Atualmente, ela exerce a sua brutal ditadura midiática, manipulando informações e deturpando comportamentos. Na crise de hegemonia dos partidos burgueses, a mídia hegemônica confirma uma velha tese do revolucionário italiano Antonio Gramsci e transforma-se num verdadeiro “partido do capital”.
Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura tendenciosa de inúmeros processos eleitorais. Alguns governantes, respaldados pelas urnas, decidem enfrentar, com formas e ritmos diferentes, esse poder que se coloca acima do Estado de Direito. Na América Latina rebelde, as mudanças no setor são as mais sensíveis.
No caso do Brasil, a mídia controlada por meia dúzia de famílias também esbanja poder, mas dá vários sinais de fragilidade. Na acirrada disputa sucessória de 2006, o bombardeio midiático não conseguiu induzir o povo ao retrocesso político. Pesquisas recentes apontam queda de audiência da poderosa TV Globo e da tiragem de jornalões tradicionais. O governo Lula, com todas as suas vacilações, adota medidas para se contrapor à ditadura midiática, como a criação da TV Brasil e a convocação da primeira Conferência Nacional de Comunicação.
Este quadro, com seus paradoxos, coloca em novo patamar a luta pela democratização da mídia e pelo fortalecimento de meios alternativos, contra-hegemônicos, de informação. Este desafio se tornou estratégico. Sem enfrentar a ditadura midiática não haverá avanços na democracia, nas lutas dos trabalhadores por uma vida mais digna, na batalha histórica pela superação da barbárie capitalista e nem mesmo na construção do socialismo. Aos poucos, os partidos de esquerda e os movimentos sociais percebem que esta luta estratégica exige o reforço dos veículos alternativos, a denúncia da mídia burguesa e uma plataforma pela efetiva democratização da comunicação.
O livro A ditadura da mídia tem o modesto objetivo de contribuir com este debate. Não é uma obra acadêmica, mas uma peça de denúncia política. Ela não é neutra nem imparcial, mas visa desmascarar o nefasto poder da mídia hegemônica e formular propostas para a democratização dos meios de comunicação. O livro foi prefaciado pelo professor Venício A. de Lima, um dos maiores especialista no tema no país, e apresenta também um comentário do jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele reúne cinco capítulos:
1- Poder mundial a serviço do capital e das guerras;
2- A mídia na berlinda na América Latina rebelde;
3- Concentração sui generis e os donos da mídia no Brasil;
4- De Getúlio a Lula, histórias da manipulação da imprensa;
5- Outra mídia é urgente: as brechas da democratização.
O exemplar custa R$ 20,00. Na venda de cotas para entidades (acima de 50 exemplares), o valor unitário é de R$ 10,00. Para adquirir sua cota, escreva para: aaborges1@uol.com.br.
Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura tendenciosa de inúmeros processos eleitorais. Alguns governantes, respaldados pelas urnas, decidem enfrentar, com formas e ritmos diferentes, esse poder que se coloca acima do Estado de Direito. Na América Latina rebelde, as mudanças no setor são as mais sensíveis.
No caso do Brasil, a mídia controlada por meia dúzia de famílias também esbanja poder, mas dá vários sinais de fragilidade. Na acirrada disputa sucessória de 2006, o bombardeio midiático não conseguiu induzir o povo ao retrocesso político. Pesquisas recentes apontam queda de audiência da poderosa TV Globo e da tiragem de jornalões tradicionais. O governo Lula, com todas as suas vacilações, adota medidas para se contrapor à ditadura midiática, como a criação da TV Brasil e a convocação da primeira Conferência Nacional de Comunicação.
Este quadro, com seus paradoxos, coloca em novo patamar a luta pela democratização da mídia e pelo fortalecimento de meios alternativos, contra-hegemônicos, de informação. Este desafio se tornou estratégico. Sem enfrentar a ditadura midiática não haverá avanços na democracia, nas lutas dos trabalhadores por uma vida mais digna, na batalha histórica pela superação da barbárie capitalista e nem mesmo na construção do socialismo. Aos poucos, os partidos de esquerda e os movimentos sociais percebem que esta luta estratégica exige o reforço dos veículos alternativos, a denúncia da mídia burguesa e uma plataforma pela efetiva democratização da comunicação.
O livro A ditadura da mídia tem o modesto objetivo de contribuir com este debate. Não é uma obra acadêmica, mas uma peça de denúncia política. Ela não é neutra nem imparcial, mas visa desmascarar o nefasto poder da mídia hegemônica e formular propostas para a democratização dos meios de comunicação. O livro foi prefaciado pelo professor Venício A. de Lima, um dos maiores especialista no tema no país, e apresenta também um comentário do jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele reúne cinco capítulos:
1- Poder mundial a serviço do capital e das guerras;
2- A mídia na berlinda na América Latina rebelde;
3- Concentração sui generis e os donos da mídia no Brasil;
4- De Getúlio a Lula, histórias da manipulação da imprensa;
5- Outra mídia é urgente: as brechas da democratização.
O exemplar custa R$ 20,00. Na venda de cotas para entidades (acima de 50 exemplares), o valor unitário é de R$ 10,00. Para adquirir sua cota, escreva para: aaborges1@uol.com.br.
sábado, 11 de julho de 2009
Visita à rebelde e criativa Rádio Favela
Em 9 de julho, enquanto a elite paulista festejava o feriado da fracassada “revolução oligárquica de 1932”, estive em Belo Horizonte para uma agenda carregada. Pela manhã, audiência pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, requerida pelo deputado Carlin Moura (PCdoB) para debater os desafios da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. Na seqüência, um almoço com comunicadores populares, entre eles integrantes da combativa Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço), o incansável jornalista Luis Carlos Bernardes, o Peninha, e o legendário Edivaldo Amorim, Didi, presidente da Associação Brasileira de Canais Comunitários (Abccom). O papo foi excelente – só faltou a indispensável cachaça mineira. Depois, uma conversa com o atual presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, o classista Aloísio Morais.
Todas as atividades foram riquíssimas. Para encerrar o educativo dia, o jornalista Kerison Lopes organizou uma marcante visita à Rádio Favela FM. No alto do morro da Serra, a maior favela de BH, uma prova inconteste do heroísmo e criatividade do povo brasileiro. Num pequeno sobrado, vários jovens envolvidos na programação desta rádio comunitária. Fundada em 1981, ela enfrentou violenta repressão, inúmeras prisões e processos; teve seus equipamentos várias vezes destruídos ou escondidos às pressas – como retrata o belo filme “Uma onda no ar”. Com muita persistência, ela conquistou a comunidade e, após quase 20 anos de heroísmo, conseguiu a sua outorga legal.
Um exemplo para o Brasil
No estúdio bem equipado, dois comentaristas esculhambam a elitização do futebol mineiro, com a cobrança de elevados ingressos na Libertadores da América, que terá o Cruzeiro na decisão. “O futebol é do povo, não é da elite que come caviar e toma champanhe”, dispara um dos locutores. Na varanda, que dá uma vista panorâmica da capital mineira, o ativo Misael dos Santos mostra as marcas das algemas que ficaram de uma de suas prisões, “quando a rádio era chamada de pirata”. Lembra sua mudança forçada para São Paulo, mas que o levou a trabalhar como operador de som nas greves operárias do ABC e a conhecer o líder grevista Lula, o atual presidente do Brasil.
Misael fala empolgado da programação da Rádio Favela, que toca todo tipo de música, presta diversos serviços à comunidade e dá informações aos ouvintes, sempre numa linguagem popular e com abordagens críticas. “A elite metida do país apanha bastante na rádio”. Este comunicador e guerreiro popular também lembra os prêmios da emissora, que inclusive foi condecorada duas vezes pela ONU por sua atuação no combate às drogas e à violência. Hoje o sinal da rádio atinge vários municípios da região metropolitana de Belo Horizonte e tem uma maiores audiências do Estado.
Que bom seria para a consciência crítica da sociedade se o Brasil tivesse milhares de emissoras comunitárias legalizadas como a Rádio Favela. A ditadura midiática não teria o mesmo poder de manipulação que dispõem atualmente. Misael, obrigado pela aula!
Todas as atividades foram riquíssimas. Para encerrar o educativo dia, o jornalista Kerison Lopes organizou uma marcante visita à Rádio Favela FM. No alto do morro da Serra, a maior favela de BH, uma prova inconteste do heroísmo e criatividade do povo brasileiro. Num pequeno sobrado, vários jovens envolvidos na programação desta rádio comunitária. Fundada em 1981, ela enfrentou violenta repressão, inúmeras prisões e processos; teve seus equipamentos várias vezes destruídos ou escondidos às pressas – como retrata o belo filme “Uma onda no ar”. Com muita persistência, ela conquistou a comunidade e, após quase 20 anos de heroísmo, conseguiu a sua outorga legal.
Um exemplo para o Brasil
No estúdio bem equipado, dois comentaristas esculhambam a elitização do futebol mineiro, com a cobrança de elevados ingressos na Libertadores da América, que terá o Cruzeiro na decisão. “O futebol é do povo, não é da elite que come caviar e toma champanhe”, dispara um dos locutores. Na varanda, que dá uma vista panorâmica da capital mineira, o ativo Misael dos Santos mostra as marcas das algemas que ficaram de uma de suas prisões, “quando a rádio era chamada de pirata”. Lembra sua mudança forçada para São Paulo, mas que o levou a trabalhar como operador de som nas greves operárias do ABC e a conhecer o líder grevista Lula, o atual presidente do Brasil.
Misael fala empolgado da programação da Rádio Favela, que toca todo tipo de música, presta diversos serviços à comunidade e dá informações aos ouvintes, sempre numa linguagem popular e com abordagens críticas. “A elite metida do país apanha bastante na rádio”. Este comunicador e guerreiro popular também lembra os prêmios da emissora, que inclusive foi condecorada duas vezes pela ONU por sua atuação no combate às drogas e à violência. Hoje o sinal da rádio atinge vários municípios da região metropolitana de Belo Horizonte e tem uma maiores audiências do Estado.
Que bom seria para a consciência crítica da sociedade se o Brasil tivesse milhares de emissoras comunitárias legalizadas como a Rádio Favela. A ditadura midiática não teria o mesmo poder de manipulação que dispõem atualmente. Misael, obrigado pela aula!
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Uma rádio a serviço das lutas populares
Neste mês de julho, o Jornal Brasil Atual, transmitido diariamente nos 98,1 FM da Rádio Terra de São Paulo, completa seis anos de programação de alta qualidade. Ele apresenta reportagens ao vivo, entrevistas, noticiário local, nacional e internacional e programas especiais, com destaque para temas relacionados ao mundo do trabalho, aos movimentos sociais e à cultura brasileira. Ele conta com o apoio de inúmeras entidades – Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Carta Maior, Caros Amigos, Observatório Social e Oboré, entre outras.
O Jornal Brasil Atual é dirigido pelo experiente jornalista Colibri e é coordenado por Terlania Bruno. Na edição de hoje (10/7), por exemplo, ele entrevista o ex-deputado Aldo Arantes, que comenta o início da “Operação Tocantins” de busca dos corpos dos guerrilheiros do Araguaia; já o jornalista Beto Almeida, da direção da Telesur, analisa a revolta contra o golpe de Honduras. A rádio também possui vários colunistas, que tratam da “defesa do consumidor”, “meio ambiente”, “saúde do trabalhador”, “questão de gênero” e “coisas do Brasil”. Numa delas, “O outro lado da notícia”, faço criticas às manipulações da mídia. Publico abaixou as três mais recentes.
As homenagens ao Plano Real
Nos últimos dias, os jornalões decadentes e as redes privadas de TV têm feito grande alarde para “comemorar” o 15º aniversário do Plano Real. O rejeitado FHC tem sido bajulado por articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu da moita para criticar a excessiva exposição do seu ex-ministro e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. A exagerada exposição tem nítidos objetivos eleitorais. Tanto que o governador José Serra, que nem era muito favorável ao Real, mas hoje é o presidenciável tucano, também ganhou os holofotes da mídia.
Mas o Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. Ele trouxe enormes prejuízos para os trabalhadores. A estabilização conservadora da economia causou recordes de desemprego, brutal arrocho de salários, explosão da informalidade e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das estatais, na abertura indiscriminada da nossa economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores. Tanto que nas eleições de 2002, FHC foi rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite e manipula, mas o povo não é trouxa!
Golpe militar em Honduras
A brutal e ilegal deposição do presidente Manuel Zelaya de Honduras, na madrugada de 28 de junho, causa calafrios nos latino-americanos, incluindo os brasileiros. Ela lembra o período dos golpes militares e das ditaduras sanguinárias no continente. Exatamente por isso, ela precisa ser rechaçada pela sociedade. O povo hondurenho tem saído às ruas todos os dias, em manifestações gigantescas, para condenar os golpistas. Tem enfrentado a violenta repressão dos gorilas, que já causou dezenas de mortos e feridos. O povo hondurenho necessita da nossa ativa solidariedade. É urgente se indignar e despertar, não aceitando as manipulações da maior parte da mídia.
Alguns blogueiros trogloditas da Veja tem defendido os fascistas. Já a CNN, poderosa emissora dos EUA que transmite para bilhões de pessoas no mundo, tem procurado relativizar o golpe, exibindo manifestações da elite branca hondurenha e atacando o presidente democraticamente eleito. Não há como atenuar o papel destes golpistas. Eles são fascistas, assassinos e racistas. O ministro golpista de Relações Exteriores, Ortez Colindres, reagiu às criticas do presidente Obama com a seguinte frase: “Esse negrinho [Barack Obama] nem sabe onde fica Tegucigalpa, a capital de Honduras”. A frase racista indica o desespero dos golpistas, cada vez mais isolados no país e no mundo. É urgente ir às ruas para gritar “fora os golpistas de Honduras”.
Visita do ministro-terrorista de Israel
Está agendada para final de julho a visita oficial ao Brasil do ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, um fascista assumido. Criador de um partido de ultradireita, defende o extermínio de palestinos e a invasão de países vizinhos. Já chegou a propor que os milhares de prisioneiros palestinos fossem afogados no Mar Morto. Cínico, ofereceu ônibus para transportá-los. Em dezembro de 2008, ele defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, dizendo que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”. Em junho de 2009, ele ameaçou “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio com armas nucleares. Lieberman é um monstro, semelhante aos carrascos nazistas que dizimaram o povo judeu. Ele também está envolvido em inúmeras irregularidades. Inclusive já foi processado por ligação com o crime organizado, como a Máfia Russa e tráfico de drogas.
Vamos ver qual será o comportamento da mídia. Em maio último, ela fez um escarcéu contra a visita ao país do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo deu destaque a um pífio protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi festejado pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA. Na seqüência, a mesma mídia divulgou mentiras sobre fraude nas eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos a Ahmadinejad. Será que agora ela também fará um escarcéu contra a visita de Lieberman. Será que noticiará os protestos contra sua visita? É bom acompanhar atentamente para ver se ela apóia o carrasco israelense.
O Jornal Brasil Atual é dirigido pelo experiente jornalista Colibri e é coordenado por Terlania Bruno. Na edição de hoje (10/7), por exemplo, ele entrevista o ex-deputado Aldo Arantes, que comenta o início da “Operação Tocantins” de busca dos corpos dos guerrilheiros do Araguaia; já o jornalista Beto Almeida, da direção da Telesur, analisa a revolta contra o golpe de Honduras. A rádio também possui vários colunistas, que tratam da “defesa do consumidor”, “meio ambiente”, “saúde do trabalhador”, “questão de gênero” e “coisas do Brasil”. Numa delas, “O outro lado da notícia”, faço criticas às manipulações da mídia. Publico abaixou as três mais recentes.
As homenagens ao Plano Real
Nos últimos dias, os jornalões decadentes e as redes privadas de TV têm feito grande alarde para “comemorar” o 15º aniversário do Plano Real. O rejeitado FHC tem sido bajulado por articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu da moita para criticar a excessiva exposição do seu ex-ministro e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. A exagerada exposição tem nítidos objetivos eleitorais. Tanto que o governador José Serra, que nem era muito favorável ao Real, mas hoje é o presidenciável tucano, também ganhou os holofotes da mídia.
Mas o Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. Ele trouxe enormes prejuízos para os trabalhadores. A estabilização conservadora da economia causou recordes de desemprego, brutal arrocho de salários, explosão da informalidade e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das estatais, na abertura indiscriminada da nossa economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores. Tanto que nas eleições de 2002, FHC foi rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite e manipula, mas o povo não é trouxa!
Golpe militar em Honduras
A brutal e ilegal deposição do presidente Manuel Zelaya de Honduras, na madrugada de 28 de junho, causa calafrios nos latino-americanos, incluindo os brasileiros. Ela lembra o período dos golpes militares e das ditaduras sanguinárias no continente. Exatamente por isso, ela precisa ser rechaçada pela sociedade. O povo hondurenho tem saído às ruas todos os dias, em manifestações gigantescas, para condenar os golpistas. Tem enfrentado a violenta repressão dos gorilas, que já causou dezenas de mortos e feridos. O povo hondurenho necessita da nossa ativa solidariedade. É urgente se indignar e despertar, não aceitando as manipulações da maior parte da mídia.
Alguns blogueiros trogloditas da Veja tem defendido os fascistas. Já a CNN, poderosa emissora dos EUA que transmite para bilhões de pessoas no mundo, tem procurado relativizar o golpe, exibindo manifestações da elite branca hondurenha e atacando o presidente democraticamente eleito. Não há como atenuar o papel destes golpistas. Eles são fascistas, assassinos e racistas. O ministro golpista de Relações Exteriores, Ortez Colindres, reagiu às criticas do presidente Obama com a seguinte frase: “Esse negrinho [Barack Obama] nem sabe onde fica Tegucigalpa, a capital de Honduras”. A frase racista indica o desespero dos golpistas, cada vez mais isolados no país e no mundo. É urgente ir às ruas para gritar “fora os golpistas de Honduras”.
Visita do ministro-terrorista de Israel
Está agendada para final de julho a visita oficial ao Brasil do ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, um fascista assumido. Criador de um partido de ultradireita, defende o extermínio de palestinos e a invasão de países vizinhos. Já chegou a propor que os milhares de prisioneiros palestinos fossem afogados no Mar Morto. Cínico, ofereceu ônibus para transportá-los. Em dezembro de 2008, ele defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, dizendo que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”. Em junho de 2009, ele ameaçou “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio com armas nucleares. Lieberman é um monstro, semelhante aos carrascos nazistas que dizimaram o povo judeu. Ele também está envolvido em inúmeras irregularidades. Inclusive já foi processado por ligação com o crime organizado, como a Máfia Russa e tráfico de drogas.
Vamos ver qual será o comportamento da mídia. Em maio último, ela fez um escarcéu contra a visita ao país do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo deu destaque a um pífio protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi festejado pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA. Na seqüência, a mesma mídia divulgou mentiras sobre fraude nas eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos a Ahmadinejad. Será que agora ela também fará um escarcéu contra a visita de Lieberman. Será que noticiará os protestos contra sua visita? É bom acompanhar atentamente para ver se ela apóia o carrasco israelense.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
A juventude e o direito à comunicação
Após intensa e prolongada pressão dos movimentos sociais, o governo Lula finalmente convocou a 1ª Conferência Nacional da Comunicação para os dias 1, 2 e 3 de dezembro. Foi preciso dobrar a resistência dos barões da mídia, que exercem enorme influência na chamada “opinião pública”, contam com expressiva bancada de deputados e senadores e estão infiltrados no próprio Palácio do Planalto, principalmente através da figura do ministro das Comunicações, Hélio Costa – ou melhor, do ministro da TV Globo. A convocação da conferência já representa uma vitória das forças progressistas e populares e é um marco histórico na luta pelo avanço da democracia no Brasil.
A exemplo das outras 53 conferências institucionais promovidas pelo governo, ela será precedida das etapas municipais (até 31 de agosto) e das etapas estaduais (até 31 de outubro). Sua comissão organizadora já está em pleno funcionamento, apesar das justas críticas a sua composição – que exagerou na representação dos empresários e discriminou inúmeros movimentos sociais. Dos três titulares do Legislativo, por exemplo, dois são ligados às empresas de radiodifusão. Os barões da mídia, que não queriam a conferência, farão de tudo agora para emplacar as suas posições. Daí a necessidade dos movimentos sociais priorizarem, desde já, esta batalha de caráter estratégico.
Entrave ao avanço civilizatório
A luta pela democratização da comunicação tem tudo a ver com as aspirações da juventude. Não haverá avanços civilizatórios sem que se supere o poder concentrado e manipulador da ditadura midiática. Da mesma forma como a água suja que sai das torneiras gera doenças, as informações distorcidas, a cultura enlatada e entretenimento consumista que jorram pelos jornais impressos e pelas redes de rádio e televisão também nos contaminam e causam sérios danos à saúde mental. Da mesma forma como já encaramos a educação, saúde e saneamento como direitos humanos, hoje é premente encarar a comunicação de qualidade e plural como direito humano inalienável.
Atualmente, em decorrência dos avanços tecnológicos nas comunicações e telecomunicações, da lógica monopolista do capitalismo e da desregulamentação neoliberal, a mídia exerce um poder descomunal na sociedade, manipulando informações e deformando comportamentos. No campo informativo, ela criminaliza os movimentos sociais, discrimina segmentos da população, justifica guerras, torturas e genocídios “bushianos”, agenda a política, fabrica “caçadores de marajás” e “príncipes da Sorbonne”, destrói reputações, desestabiliza os governos progressistas e promove “golpes midiáticos”, entre outros graves atentados à democracia, as leis e ao Estado de Direito.
No campo comportamental, a mídia mercantiliza vida. O que importa é o ter e não o ser. Como afirma o mestre Eduardo Galeano, para os barões da mídia o “tempo livre é tempo prisioneiro; as casas muito pobres não têm cama, mas tem televisão, e a TV está com a palavra. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada a serviço da necessidade de vender... As mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera”. A sociedade é escravizada pela mídia!
Neste sentido, o professor Dênis de Moraes acerta ao dizer que a mídia tem hoje um duplo papel. Como instrumento ideológico, que nada tem de neutra ou imparcial, ela é a principal apologista do deus-mercado. Já como poderosa empresa capitalista, ela busca apenas elevar os lucros. “As corporações da mídia projetam-se, a um só tempo, como agentes discursivos, com uma proposta de coesão ideológica em torno da globalização, e como agentes econômicos proeminentes no mercado mundial, vendendo os próprios produtos e intensificando a visibilidade dos anunciantes. Evidenciar esse duplo papel é decisivo para entender a sua forte incidência na atualidade”.
Mídia concentrada e manipuladora
Hoje, a mídia hegemônica não tem mais nada do romantismo da fase inicial do jornalismo. Ela é uma poderosa empresa capitalista, ligada ao capital financeiro e, inclusive, à indústria de armas. No mundo, ela está nas mãos de duas dezenas de corporações, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões. São proprietárias de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços online, portais e provedores de internet. AOL-Time Warner, Viacom, Disney, News, Bertelsmann, NBC-Universal, Comcast e Sony, as oito principais no ranking da mídia e do entretenimento, visam impor seu domínio empresarial e sua hegemonia no planeta.
Já no Brasil, que teve um processo sui generis de concentração, ela é ainda mais anômala. Como aponto no livro A ditadura da mídia, “a ausência de legislação proibitiva da propriedade cruzada, o desrespeito à Constituição, o respaldo da ditadura militar, as relações promiscuas com o Estado e a própria lógica monopolista do capital, entre outros fatores, explicam sua brutal concentração. Na década passada, nove famílias dominavam o setor: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Mesquita (Estado), Frias (Folha), Nascimento e Silva (Jornal do Brasil) e Levy (Gazeta). Hoje são apenas cinco, já que as famílias Bloch, Levy e Nascimento faliram e o clã Mesquita atravessa uma grave crise financeira”.
Neste quadro totalmente distorcido, a Rede Globo ocupa posição hegemônica. Possui 35 grupos afiliados que controlam, ao todo, 340 veículos. Sua influência é forte não apenas no setor de TV. O conteúdo gerado pelos 69 veículos próprios do grupo carioca é distribuído por um sistema que inclui 33 jornais, 52 rádios AM, 76 rádios FM, 11 rádios OC, 105 emissoras de TV, 27 revistas e 17 canais, nove operadoras de TV paga e mais 3.305 retransmissoras. Como sintetiza o professor Venício A. de Lima, “o sistema brasileiro de mídia, além de historicamente concentrado, é controlado por poucos grupos familiares, é vinculado às elites políticas locais e regionais, revela um avanço sem precedentes das igrejas e é hegemonizado por um único grupo, a Rede Globo”.
Esta brutal concentração garante à mídia hegemônica enorme capacidade de manipular “corações e mentes”. No mundo todo, ela a dita moda e vende produtos descartáveis. Ela induz a sociedade a acreditar nas falsidades imperialistas, seja ao divulgar 935 mentiras para justificar o genocídio de um milhão de iraquianos ou ao pregar o “mundo sem fronteiras” e sem controle do capital – o que acelerou a atual crise capitalista, responsável por milhões de desempregados e pela falta de perspectiva para a juventude. Já no Brasil, ela clamou pelo golpe de 1964, apoiou a sanguinária ditadura, sabotou as campanhas das “diretas-já” e do impeachment de Collor, elegeu presidentes fantoches neoliberais e desestabilizou governos progressistas.
O papel destacado da juventude
Diante deste breve diagnóstico, não dá para se omitir na preparação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. O combativo movimento estudantil brasileiro, de ricas tradições, tem enorme responsabilidade nesta jornada. A conferência será uma chance impar na história para envolver amplos setores no esforço pedagógico para debater “da comunicação que temos à comunicação que queremos”. Também será a oportunidade para apresentar várias propostas concretas visando democratizar os meios de comunicação – entre elas, a do fortalecimento da rede pública, da revisão das outorgas e renovações das concessões às emissoras privadas de rádio e televisão, do incentivo à radiodifusão comunitária, do estímulo à inclusão digital e do novo marco regulatório.
Sem derrotar a ditadura midiática, não haverá avanços na democracia e nem luta dos brasileiros contra a barbárie capitalista; a perspectiva de superação deste sistema de opressão e exploração, de construção do socialismo renovado, ficará ainda mais distante. O desafio agora é o de marcar as conferências em cada município e estado, mobilizar multidões e formular propostas. A guerra contra os barões da mídia, com o seu corrosivo poder de manipulação, será titânica. A juventude, maior vítima da contaminação midiática, poderá ter papel de destaque neste processo. É o seu futuro que está em jogo. Depois, não adianta reclamar do poder nefasto da mídia hegemônica.
A exemplo das outras 53 conferências institucionais promovidas pelo governo, ela será precedida das etapas municipais (até 31 de agosto) e das etapas estaduais (até 31 de outubro). Sua comissão organizadora já está em pleno funcionamento, apesar das justas críticas a sua composição – que exagerou na representação dos empresários e discriminou inúmeros movimentos sociais. Dos três titulares do Legislativo, por exemplo, dois são ligados às empresas de radiodifusão. Os barões da mídia, que não queriam a conferência, farão de tudo agora para emplacar as suas posições. Daí a necessidade dos movimentos sociais priorizarem, desde já, esta batalha de caráter estratégico.
Entrave ao avanço civilizatório
A luta pela democratização da comunicação tem tudo a ver com as aspirações da juventude. Não haverá avanços civilizatórios sem que se supere o poder concentrado e manipulador da ditadura midiática. Da mesma forma como a água suja que sai das torneiras gera doenças, as informações distorcidas, a cultura enlatada e entretenimento consumista que jorram pelos jornais impressos e pelas redes de rádio e televisão também nos contaminam e causam sérios danos à saúde mental. Da mesma forma como já encaramos a educação, saúde e saneamento como direitos humanos, hoje é premente encarar a comunicação de qualidade e plural como direito humano inalienável.
Atualmente, em decorrência dos avanços tecnológicos nas comunicações e telecomunicações, da lógica monopolista do capitalismo e da desregulamentação neoliberal, a mídia exerce um poder descomunal na sociedade, manipulando informações e deformando comportamentos. No campo informativo, ela criminaliza os movimentos sociais, discrimina segmentos da população, justifica guerras, torturas e genocídios “bushianos”, agenda a política, fabrica “caçadores de marajás” e “príncipes da Sorbonne”, destrói reputações, desestabiliza os governos progressistas e promove “golpes midiáticos”, entre outros graves atentados à democracia, as leis e ao Estado de Direito.
No campo comportamental, a mídia mercantiliza vida. O que importa é o ter e não o ser. Como afirma o mestre Eduardo Galeano, para os barões da mídia o “tempo livre é tempo prisioneiro; as casas muito pobres não têm cama, mas tem televisão, e a TV está com a palavra. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada a serviço da necessidade de vender... As mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera”. A sociedade é escravizada pela mídia!
Neste sentido, o professor Dênis de Moraes acerta ao dizer que a mídia tem hoje um duplo papel. Como instrumento ideológico, que nada tem de neutra ou imparcial, ela é a principal apologista do deus-mercado. Já como poderosa empresa capitalista, ela busca apenas elevar os lucros. “As corporações da mídia projetam-se, a um só tempo, como agentes discursivos, com uma proposta de coesão ideológica em torno da globalização, e como agentes econômicos proeminentes no mercado mundial, vendendo os próprios produtos e intensificando a visibilidade dos anunciantes. Evidenciar esse duplo papel é decisivo para entender a sua forte incidência na atualidade”.
Mídia concentrada e manipuladora
Hoje, a mídia hegemônica não tem mais nada do romantismo da fase inicial do jornalismo. Ela é uma poderosa empresa capitalista, ligada ao capital financeiro e, inclusive, à indústria de armas. No mundo, ela está nas mãos de duas dezenas de corporações, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões. São proprietárias de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços online, portais e provedores de internet. AOL-Time Warner, Viacom, Disney, News, Bertelsmann, NBC-Universal, Comcast e Sony, as oito principais no ranking da mídia e do entretenimento, visam impor seu domínio empresarial e sua hegemonia no planeta.
Já no Brasil, que teve um processo sui generis de concentração, ela é ainda mais anômala. Como aponto no livro A ditadura da mídia, “a ausência de legislação proibitiva da propriedade cruzada, o desrespeito à Constituição, o respaldo da ditadura militar, as relações promiscuas com o Estado e a própria lógica monopolista do capital, entre outros fatores, explicam sua brutal concentração. Na década passada, nove famílias dominavam o setor: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Mesquita (Estado), Frias (Folha), Nascimento e Silva (Jornal do Brasil) e Levy (Gazeta). Hoje são apenas cinco, já que as famílias Bloch, Levy e Nascimento faliram e o clã Mesquita atravessa uma grave crise financeira”.
Neste quadro totalmente distorcido, a Rede Globo ocupa posição hegemônica. Possui 35 grupos afiliados que controlam, ao todo, 340 veículos. Sua influência é forte não apenas no setor de TV. O conteúdo gerado pelos 69 veículos próprios do grupo carioca é distribuído por um sistema que inclui 33 jornais, 52 rádios AM, 76 rádios FM, 11 rádios OC, 105 emissoras de TV, 27 revistas e 17 canais, nove operadoras de TV paga e mais 3.305 retransmissoras. Como sintetiza o professor Venício A. de Lima, “o sistema brasileiro de mídia, além de historicamente concentrado, é controlado por poucos grupos familiares, é vinculado às elites políticas locais e regionais, revela um avanço sem precedentes das igrejas e é hegemonizado por um único grupo, a Rede Globo”.
Esta brutal concentração garante à mídia hegemônica enorme capacidade de manipular “corações e mentes”. No mundo todo, ela a dita moda e vende produtos descartáveis. Ela induz a sociedade a acreditar nas falsidades imperialistas, seja ao divulgar 935 mentiras para justificar o genocídio de um milhão de iraquianos ou ao pregar o “mundo sem fronteiras” e sem controle do capital – o que acelerou a atual crise capitalista, responsável por milhões de desempregados e pela falta de perspectiva para a juventude. Já no Brasil, ela clamou pelo golpe de 1964, apoiou a sanguinária ditadura, sabotou as campanhas das “diretas-já” e do impeachment de Collor, elegeu presidentes fantoches neoliberais e desestabilizou governos progressistas.
O papel destacado da juventude
Diante deste breve diagnóstico, não dá para se omitir na preparação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. O combativo movimento estudantil brasileiro, de ricas tradições, tem enorme responsabilidade nesta jornada. A conferência será uma chance impar na história para envolver amplos setores no esforço pedagógico para debater “da comunicação que temos à comunicação que queremos”. Também será a oportunidade para apresentar várias propostas concretas visando democratizar os meios de comunicação – entre elas, a do fortalecimento da rede pública, da revisão das outorgas e renovações das concessões às emissoras privadas de rádio e televisão, do incentivo à radiodifusão comunitária, do estímulo à inclusão digital e do novo marco regulatório.
Sem derrotar a ditadura midiática, não haverá avanços na democracia e nem luta dos brasileiros contra a barbárie capitalista; a perspectiva de superação deste sistema de opressão e exploração, de construção do socialismo renovado, ficará ainda mais distante. O desafio agora é o de marcar as conferências em cada município e estado, mobilizar multidões e formular propostas. A guerra contra os barões da mídia, com o seu corrosivo poder de manipulação, será titânica. A juventude, maior vítima da contaminação midiática, poderá ter papel de destaque neste processo. É o seu futuro que está em jogo. Depois, não adianta reclamar do poder nefasto da mídia hegemônica.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Obama e os ditadores racistas de Honduras
“Esse negrinho [Barack Obama] nem sabe onde fica Tegucigalpa”. A frase racista do “ministro” das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Ortez Colindres, indica o desespero dos golpistas, cada vez mais isolados no país e no mundo. Além dos protestos diários e massivos da população contra a deposição ilegal e brutal de Manuel Zelaya, esse arremedo de ditadura militar não conta com o apoio de nenhum governo do planeta, nem o do “império do mal”. Daí a reação racista e apavorada contra o presidente dos EUA, que se recusou a receber os gorilas golpistas.
O caráter fascista do golpe em Honduras é evidente – apenas o Correio Braziliense, a CNN e os colunistas trogloditas da Veja tentam acobertar. Até a TV Globo e outros veículos têm tratado os golpistas de “golpistas”. A Folha evita rotular a ditadura hondurenha de “ditabranda”. As cenas exibidas na mídia são de violenta repressão às manifestações populares, com mortes e dezenas de feridos. Há relatos sobre o fechamento de rádios e jornais – mas até agora a máfia da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) não se pronunciou em defesa da “liberdade de expressão”. Os golpistas só contam com o apoio declarado dos direitistas mais truculentos e inábeis.
O suspeito papel dos EUA
Diante do total isolamento interno e externo, qual a duração desta ditadura sanguinária? Não dá ainda para prever. Ela depende da correlação de forças internas, da capacidade de pressão dos setores democráticos e populares de Honduras, e também da interferência externa. Neste caso, os EUA jogam um papel chave. Barack Obama rejeitou os golpistas, mas até agora o império evita medidas mais incisivas. Parece apostar numa solução “negociada”, que tire de cena os “gorilas”, mas que também barre o retorno ao governo de Manuel Zelaya, que recentemente rompeu um acordo bilateral (TLC) com os EUA e aderiu a Alternativa Bolivariana das Américas (Alba).
É sempre bom lembrar que o golpe desfechado em 28 de junho teve os “requintes” das operações da CIA, a temida agência terrorista dos EUA. O presidente Zelaya foi seqüestrado de madrugada e enviado, encapuzado, para Costa Rica; uma carta de renúncia foi falsificada; as embaixadas de Cuba e Venezuela foram atacadas; a TV pública foi destruída. Também é fato que os EUA têm uma base militar em Palmerola e sempre tiveram vários “consultores militares” neste país. John Negroponte, o servidor terrorista de Bush, até hoje é chamado de “vice-rei de Honduras”. Para a jornalista Stella Calloni, com tamanha presença, “é impossível que os EUA ignorassem o golpe”.
Obama, tratado indignamente pelos golpistas, está na berlinda. Caso silencie, terá dado apoio na prática ao primeiro golpe militar da sua gestão, em nada se diferenciando de Bush. Caso tente uma manobra, ele também será julgado pela história. Como anteviu o escritor uruguaio Eduardo Galeano, pouco antes de sua posse, “Obama, primeiro presidente negro da história dos EUA, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá, ele nunca esqueça isso”.
O caráter fascista do golpe em Honduras é evidente – apenas o Correio Braziliense, a CNN e os colunistas trogloditas da Veja tentam acobertar. Até a TV Globo e outros veículos têm tratado os golpistas de “golpistas”. A Folha evita rotular a ditadura hondurenha de “ditabranda”. As cenas exibidas na mídia são de violenta repressão às manifestações populares, com mortes e dezenas de feridos. Há relatos sobre o fechamento de rádios e jornais – mas até agora a máfia da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) não se pronunciou em defesa da “liberdade de expressão”. Os golpistas só contam com o apoio declarado dos direitistas mais truculentos e inábeis.
O suspeito papel dos EUA
Diante do total isolamento interno e externo, qual a duração desta ditadura sanguinária? Não dá ainda para prever. Ela depende da correlação de forças internas, da capacidade de pressão dos setores democráticos e populares de Honduras, e também da interferência externa. Neste caso, os EUA jogam um papel chave. Barack Obama rejeitou os golpistas, mas até agora o império evita medidas mais incisivas. Parece apostar numa solução “negociada”, que tire de cena os “gorilas”, mas que também barre o retorno ao governo de Manuel Zelaya, que recentemente rompeu um acordo bilateral (TLC) com os EUA e aderiu a Alternativa Bolivariana das Américas (Alba).
É sempre bom lembrar que o golpe desfechado em 28 de junho teve os “requintes” das operações da CIA, a temida agência terrorista dos EUA. O presidente Zelaya foi seqüestrado de madrugada e enviado, encapuzado, para Costa Rica; uma carta de renúncia foi falsificada; as embaixadas de Cuba e Venezuela foram atacadas; a TV pública foi destruída. Também é fato que os EUA têm uma base militar em Palmerola e sempre tiveram vários “consultores militares” neste país. John Negroponte, o servidor terrorista de Bush, até hoje é chamado de “vice-rei de Honduras”. Para a jornalista Stella Calloni, com tamanha presença, “é impossível que os EUA ignorassem o golpe”.
Obama, tratado indignamente pelos golpistas, está na berlinda. Caso silencie, terá dado apoio na prática ao primeiro golpe militar da sua gestão, em nada se diferenciando de Bush. Caso tente uma manobra, ele também será julgado pela história. Como anteviu o escritor uruguaio Eduardo Galeano, pouco antes de sua posse, “Obama, primeiro presidente negro da história dos EUA, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá, ele nunca esqueça isso”.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Terrorista de Israel e silêncio da mídia
Nos meses de abril e maio passado, a mídia hegemônica fez um baita escândalo contra a visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo chegou a dar destaque a um reduzido protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi comemorado como “uma vitória dos direitos humanos” pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA.
Logo na seqüência, em junho, a mesma “grande imprensa” fez o maior escarcéu com o resultado das eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Ahmadinejad. Ela amplificou a mentira de que a eleição fora fraudada. Nem o alerta de um diretor da “informada” CIA, confirmando a legitimidade do pleito, serviu para acalmar os ânimos colonizados dos barões da mídia. Eles não disfarçaram o temor com a rebeldia crescente do Irã, que coloca em risco os “valores ocidentais” e desafia o decadente imperialismo. Nos mesmos dias, o assassinato de dezenas de indígenas no Peru, um país vizinho, foi ofuscado pelas manchetes contra a “fraude” no Irã. Haja engodo!
Rechaçar a visita do ministro-terrorista
Agora, esta mesma mídia manipuladora silencia sobre a visita ao Brasil, em julho, de um dos maiores carniceiros da Israel, o ministro de Relações Exteriores Avigdor Lieberman. Neste caso, não há dúvidas ou suspeitas: Lieberman é um racista assumido, que prega descaradamente ações terroristas. O jornal Água Verde, publicado no Paraná, preparou um dossiê sobre esse asqueroso personagem que, evidentemente, não será reproduzido pela chamada “grande imprensa”. Vale à pena conhecer sua história, até para organizar, desde já, protestos contra a sua indesejada visita.
“Virá ao Brasil no final deste mês de julho o racista e terrorista israelense Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, com a única tarefa de pressionar o governo brasileiro a romper relações com o Irã, país com o qual o Brasil tem ótimas relações comerciais. Em todo o país estão sendo organizadas manifestações de repúdio à vinda de Lieberman, um judeu sionista (racista) nascido na Moldávia.
Lieberman participou da quadrilha liderada por Ariel Sharon e responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas. Ele é fundador do partido de extrema direita Yisrael Beitenu (“Israel é nossa casa”), que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as declarações racistas e criminosas do terrorista Lieberman destacamos as seguintes:
“Transformar o Irã num aterro”
- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;
- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;
- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Lieberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.
- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Lieberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;
- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;
- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”
- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;
- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;
- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.
Logo na seqüência, em junho, a mesma “grande imprensa” fez o maior escarcéu com o resultado das eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Ahmadinejad. Ela amplificou a mentira de que a eleição fora fraudada. Nem o alerta de um diretor da “informada” CIA, confirmando a legitimidade do pleito, serviu para acalmar os ânimos colonizados dos barões da mídia. Eles não disfarçaram o temor com a rebeldia crescente do Irã, que coloca em risco os “valores ocidentais” e desafia o decadente imperialismo. Nos mesmos dias, o assassinato de dezenas de indígenas no Peru, um país vizinho, foi ofuscado pelas manchetes contra a “fraude” no Irã. Haja engodo!
Rechaçar a visita do ministro-terrorista
Agora, esta mesma mídia manipuladora silencia sobre a visita ao Brasil, em julho, de um dos maiores carniceiros da Israel, o ministro de Relações Exteriores Avigdor Lieberman. Neste caso, não há dúvidas ou suspeitas: Lieberman é um racista assumido, que prega descaradamente ações terroristas. O jornal Água Verde, publicado no Paraná, preparou um dossiê sobre esse asqueroso personagem que, evidentemente, não será reproduzido pela chamada “grande imprensa”. Vale à pena conhecer sua história, até para organizar, desde já, protestos contra a sua indesejada visita.
“Virá ao Brasil no final deste mês de julho o racista e terrorista israelense Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, com a única tarefa de pressionar o governo brasileiro a romper relações com o Irã, país com o qual o Brasil tem ótimas relações comerciais. Em todo o país estão sendo organizadas manifestações de repúdio à vinda de Lieberman, um judeu sionista (racista) nascido na Moldávia.
Lieberman participou da quadrilha liderada por Ariel Sharon e responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas. Ele é fundador do partido de extrema direita Yisrael Beitenu (“Israel é nossa casa”), que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as declarações racistas e criminosas do terrorista Lieberman destacamos as seguintes:
“Transformar o Irã num aterro”
- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;
- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;
- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Lieberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.
- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Lieberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;
- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;
- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”
- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;
- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;
- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Mídia oculta os desastres do Plano Real
Na semana passada, os jornalões decadentes e as emissoras privadas de televisão fizeram grande alarde para “comemorar” o aniversário do Plano Real. O desgastado FHC foi bajulado por vários articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu do limbo para criticar a excessiva exposição do seu ministro da Fazenda e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. O tucano José Serra também ganhou os holofotes da mídia, numa nítida campanha pré-eleitoral.
No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.
“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!
No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.
“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!
quarta-feira, 24 de junho de 2009
O padrão-dólar agoniza no mundo?
Segundo recente reportagem do jornal Valor, “o presidente Luiz Inácio Lula da Silva já marcou data para anunciar seus planos ambiciosos para o uso do real nas transações da América do Sul... Na próxima reunião da Unasul, que agrega os países da região, ainda neste semestre, Lula quer apresentar aos parceiros proposta que pode ampliar o uso do real nas relações entre os vizinhos”. Caso a notícia se confirme, será um fato inédito na história desta sofrida região, sempre tratada como “quintal dos EUA”, e poderá representar o fim do “império do dólar” no continente.
Ainda conforme a reportagem, o mecanismo de substituição do dólar não está pronto e passa por discussões na equipe econômica, “onde, jura-se no Palácio do Planalto, já existe concordância do reticente Banco Central”. Henrique Meirelles, ex-dirigente do Bank of Boston, é um estorvo até neste tema. Segundo estudos prévios, os países sul-americanos seriam autorizados a sacar, junto ao BC, uma quantia de reais que seria usada no comércio com o Brasil ou mesmo para repassar a outros países da região. “Falta ainda, segundo graduado assessor de Lula, definir o total que será posto à disposição dos vizinhos. Lula quer que seja uma quantia significativa”, afirma o jornal.
O debate sobre o fim do padrão-dólar na região não parte apenas do governo brasileiro e nem é simples retórica. Hugo Chávez foi o primeiro a defender esta medida de defesa da soberania e de integração latino-americana, quando propôs a criação do “sucre” como moeda única regional. Na seqüência, em abril passado, Brasil e Argentina firmaram um acordo de substituição do dólar nas transações comerciais entre os dois países. A nova proposta do presidente Lula já tem o apoio de Cristina Kirchner e Hugo Chávez. Os demais países da região, inclusive os alinhados aos EUA, também deverão aderir à iniciativa, como forma, até pragmática, de superar sua vulnerabilidade.
“Um tabu mental desmorona”
Esta notícia bombástica, inimaginável há algum tempo atrás, parece confirmar uma tendência em curso em vários continentes e não só na nossa região. A mídia européia tratou a recente visita de Lula à China como mais um petardo no fim agonizante do padrão-dólar, com o início das trocas comerciais em iuan e real. “É como se um tabu mental desmoronasse, como se o inconcebível se tornasse, de repente, possível”, alertou o jornal francês Le Monde. “A idéia de um mundo liberto do domínio do bilhete verde avança. Moscou e Nova Déli poderão se juntar ao movimento e permitir às divisas do Bric formarem um bloco dos ‘4 R’ (real, rublo, rupia, renminbi). O fim do reinado do dólar será, talvez, lento. Mas não menos inevitável”, concluiu o renomado periódico.
No mesmo rumo, o presidente do Banco do Povo da China, Zhou Xiaochuan, defende substituir o dólar pelos Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma vez que a moeda de reserva dominante traria maior estabilidade à economia global. Sua idéia de reformar o sistema através de uma moeda de reserva supranacional já teria o apoio da Rússia e de outros países. A mesma tese também é defendida por Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia, que propõe uma nova moeda de reserva, possivelmente baseada no DES, criado há 40 anos para suplementar o que na época foi considerado um nível inadequado de reservas globais.
“Quais as probabilidades de se adotar um plano deste tipo hoje? Os EUA estariam preparados para aderir a uma reforma do sistema monetário internacional que reduzisse o papel do dólar? Até recentemente, eu teria considerado isto improvável. A mudança da situação internacional e a possibilidade de um surto de grave fragilidade do dólar, porém, poderiam convencer os EUA a aderir a um plano de conversão que aliviasse a pressão excessiva exercida sobre o dólar. Além disso, excetuando-se possíveis considerações políticas, detentores de dólares de grande porte considerariam uma conta substituta atraente, como forma de proteção contra intensas oscilações no valor do dólar”, argumenta Onno Wijnholds, ex-diretor executivo do FMI.
O declínio relativo do império
A possibilidade real, mas não irreversível, do fim do padrão-dólar tem forte motivação política e econômica. Ela reflete o declínio relativo da hegemonia mundial dos EUA, que se acelerou com a desastrosa administração do presidente-terrorista George W. Bush. No caso da América Latina, ela expressa profundas mudanças políticas na correlação de forças, com as vitorias eleitorais de forças progressistas não alinhadas automaticamente com o império. O fim do padrão-dólar seria impensável há alguns atrás, quando os EUA exerciam poder unipolar sobre o planeta. Como fera acuada, o “império do mal” pode até realizar novas provocações para manter sua hegemonia. Irã e Coréia do Norte podem ser os seus novos álibis, rasgando a “face humana” de Barack Obama.
Além do fator político, o derretimento do padrão-dólar coincide com o agravamento da recessão nos EUA, que detonou uma das mais graves crises da história do capitalismo mundial. A recente falência da GM, que a mídia brasileira insiste em abrandar com o uso do termo concordata, pode indicar o fim de um ciclo. Não foi apenas um símbolo do império ianque que sucumbiu; todo um edifício que está rachado. Como afirma o jornalista Bernardo Joffily, editor do Portal Vermelho, “quando os grandes quebram, é sinal de que a crise é grave, já que em crise ‘normais’ eles até se fortalecem, engolindo os concorrentes mais fracos. Isto significa também que um número muito maior de falências está ocorrendo na base da pirâmide empresarial, fora dos holofotes da mídia”.
"Um sistema que faz água"
No mês de maio, o total de falências nos EUA foi de 7.514, uma média de 242 por dia. O número foi 40% maior que o de maio de 2008. A falência da GM, maior produtora de veículos do planeta entre 1927 e 2007 e responsável por metade da frota de carros dos EUA, foi somente o caso mais emblemático. Antes da sua estatização – outro termo que a mídia procura omitir –, oito grandes bancos e várias indústrias já tinham quebrado. Além do baque empresarial, o governo dos EUA patina nos “déficits gêmeos” (importam mais do que exportam e gastam mais do que arrecadam) e as famílias estão endividadas. No ano passado, 1,1 milhão de famílias pediram “falência” – um recurso legal existente no país. Neste ano, calcula-se que serão 1,6 milhão de famílias.
“É todo um sistema que faz água, e as aflições dos oligopólios bilionários dão apenas uma pálida idéia do que acontece embaixo deles”, arremata Bernardo Joffily. Num cenário em que ninguém tem certeza sobre a dimensão e a duração da crise econômica e no qual a hegemonia política dos EUA atravessa um visível declínio, o padrão-dólar sofre questionamentos no mundo inteiro. A manutenção desta moeda como referência nas transações comerciais e financeiras é hoje mais motivo de instabilidade do que de segurança. Por estas e outras razões, o império do dólar corre sério risco, o que é motivo de expectativa para as nações “rivais” e de esperança para os povos.
Neste quadro de incertezas, a recente proposta do presidente Lula seduz até o jornal de negócios Valor, porta-voz do capital: “Se quiser reduzir as fontes de pressão sobre as políticas comerciais dos parceiros sul-americanos e minimizar seus efeitos sobre as vendas de produtos brasileiros na região, o governo tem de buscar mecanismos criativos e menos dependentes do fluxo de dólares para esses países. Lula mandou seus técnicos encontrarem esses mecanismos e conta tê-los em mãos até junho”. Se a medida realmente vingar, derrotando as “reticências” do BC e de outros neoliberais de plantão, a história das “veias abertas” da América Latina poderá ser reescrita no futuro. A soberania das nações e a integração latino-americana sairão fortalecidas.
Ainda conforme a reportagem, o mecanismo de substituição do dólar não está pronto e passa por discussões na equipe econômica, “onde, jura-se no Palácio do Planalto, já existe concordância do reticente Banco Central”. Henrique Meirelles, ex-dirigente do Bank of Boston, é um estorvo até neste tema. Segundo estudos prévios, os países sul-americanos seriam autorizados a sacar, junto ao BC, uma quantia de reais que seria usada no comércio com o Brasil ou mesmo para repassar a outros países da região. “Falta ainda, segundo graduado assessor de Lula, definir o total que será posto à disposição dos vizinhos. Lula quer que seja uma quantia significativa”, afirma o jornal.
O debate sobre o fim do padrão-dólar na região não parte apenas do governo brasileiro e nem é simples retórica. Hugo Chávez foi o primeiro a defender esta medida de defesa da soberania e de integração latino-americana, quando propôs a criação do “sucre” como moeda única regional. Na seqüência, em abril passado, Brasil e Argentina firmaram um acordo de substituição do dólar nas transações comerciais entre os dois países. A nova proposta do presidente Lula já tem o apoio de Cristina Kirchner e Hugo Chávez. Os demais países da região, inclusive os alinhados aos EUA, também deverão aderir à iniciativa, como forma, até pragmática, de superar sua vulnerabilidade.
“Um tabu mental desmorona”
Esta notícia bombástica, inimaginável há algum tempo atrás, parece confirmar uma tendência em curso em vários continentes e não só na nossa região. A mídia européia tratou a recente visita de Lula à China como mais um petardo no fim agonizante do padrão-dólar, com o início das trocas comerciais em iuan e real. “É como se um tabu mental desmoronasse, como se o inconcebível se tornasse, de repente, possível”, alertou o jornal francês Le Monde. “A idéia de um mundo liberto do domínio do bilhete verde avança. Moscou e Nova Déli poderão se juntar ao movimento e permitir às divisas do Bric formarem um bloco dos ‘4 R’ (real, rublo, rupia, renminbi). O fim do reinado do dólar será, talvez, lento. Mas não menos inevitável”, concluiu o renomado periódico.
No mesmo rumo, o presidente do Banco do Povo da China, Zhou Xiaochuan, defende substituir o dólar pelos Direitos Especiais de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI), uma vez que a moeda de reserva dominante traria maior estabilidade à economia global. Sua idéia de reformar o sistema através de uma moeda de reserva supranacional já teria o apoio da Rússia e de outros países. A mesma tese também é defendida por Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia, que propõe uma nova moeda de reserva, possivelmente baseada no DES, criado há 40 anos para suplementar o que na época foi considerado um nível inadequado de reservas globais.
“Quais as probabilidades de se adotar um plano deste tipo hoje? Os EUA estariam preparados para aderir a uma reforma do sistema monetário internacional que reduzisse o papel do dólar? Até recentemente, eu teria considerado isto improvável. A mudança da situação internacional e a possibilidade de um surto de grave fragilidade do dólar, porém, poderiam convencer os EUA a aderir a um plano de conversão que aliviasse a pressão excessiva exercida sobre o dólar. Além disso, excetuando-se possíveis considerações políticas, detentores de dólares de grande porte considerariam uma conta substituta atraente, como forma de proteção contra intensas oscilações no valor do dólar”, argumenta Onno Wijnholds, ex-diretor executivo do FMI.
O declínio relativo do império
A possibilidade real, mas não irreversível, do fim do padrão-dólar tem forte motivação política e econômica. Ela reflete o declínio relativo da hegemonia mundial dos EUA, que se acelerou com a desastrosa administração do presidente-terrorista George W. Bush. No caso da América Latina, ela expressa profundas mudanças políticas na correlação de forças, com as vitorias eleitorais de forças progressistas não alinhadas automaticamente com o império. O fim do padrão-dólar seria impensável há alguns atrás, quando os EUA exerciam poder unipolar sobre o planeta. Como fera acuada, o “império do mal” pode até realizar novas provocações para manter sua hegemonia. Irã e Coréia do Norte podem ser os seus novos álibis, rasgando a “face humana” de Barack Obama.
Além do fator político, o derretimento do padrão-dólar coincide com o agravamento da recessão nos EUA, que detonou uma das mais graves crises da história do capitalismo mundial. A recente falência da GM, que a mídia brasileira insiste em abrandar com o uso do termo concordata, pode indicar o fim de um ciclo. Não foi apenas um símbolo do império ianque que sucumbiu; todo um edifício que está rachado. Como afirma o jornalista Bernardo Joffily, editor do Portal Vermelho, “quando os grandes quebram, é sinal de que a crise é grave, já que em crise ‘normais’ eles até se fortalecem, engolindo os concorrentes mais fracos. Isto significa também que um número muito maior de falências está ocorrendo na base da pirâmide empresarial, fora dos holofotes da mídia”.
"Um sistema que faz água"
No mês de maio, o total de falências nos EUA foi de 7.514, uma média de 242 por dia. O número foi 40% maior que o de maio de 2008. A falência da GM, maior produtora de veículos do planeta entre 1927 e 2007 e responsável por metade da frota de carros dos EUA, foi somente o caso mais emblemático. Antes da sua estatização – outro termo que a mídia procura omitir –, oito grandes bancos e várias indústrias já tinham quebrado. Além do baque empresarial, o governo dos EUA patina nos “déficits gêmeos” (importam mais do que exportam e gastam mais do que arrecadam) e as famílias estão endividadas. No ano passado, 1,1 milhão de famílias pediram “falência” – um recurso legal existente no país. Neste ano, calcula-se que serão 1,6 milhão de famílias.
“É todo um sistema que faz água, e as aflições dos oligopólios bilionários dão apenas uma pálida idéia do que acontece embaixo deles”, arremata Bernardo Joffily. Num cenário em que ninguém tem certeza sobre a dimensão e a duração da crise econômica e no qual a hegemonia política dos EUA atravessa um visível declínio, o padrão-dólar sofre questionamentos no mundo inteiro. A manutenção desta moeda como referência nas transações comerciais e financeiras é hoje mais motivo de instabilidade do que de segurança. Por estas e outras razões, o império do dólar corre sério risco, o que é motivo de expectativa para as nações “rivais” e de esperança para os povos.
Neste quadro de incertezas, a recente proposta do presidente Lula seduz até o jornal de negócios Valor, porta-voz do capital: “Se quiser reduzir as fontes de pressão sobre as políticas comerciais dos parceiros sul-americanos e minimizar seus efeitos sobre as vendas de produtos brasileiros na região, o governo tem de buscar mecanismos criativos e menos dependentes do fluxo de dólares para esses países. Lula mandou seus técnicos encontrarem esses mecanismos e conta tê-los em mãos até junho”. Se a medida realmente vingar, derrotando as “reticências” do BC e de outros neoliberais de plantão, a história das “veias abertas” da América Latina poderá ser reescrita no futuro. A soberania das nações e a integração latino-americana sairão fortalecidas.
segunda-feira, 15 de junho de 2009
Seminário debate democratização da mídia
O portal Vermelho, com apoio do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo e da Fundação Maurício Grabois, realizará nos dias 27 e 28 de junho o seminário "Propostas concretas para a democratização dos meios de comunicação". A iniciativa visa contribuir na preparação da Conferência Nacional de Comunicação, marcada para dezembro, e que será precedida das etapas municipais e estaduais entre os meses de julho-outubro. O objetivo é envolver mais pessoas neste processo de mobilização e contribuir na elaboração das propostas dos movimentos sociais. O Jornal dos Engenheiros publicou a seguinte matéria sobre o seminário:
O desafio da conferência nacional de comunicação
Após intensa pressão dos movimentos sociais, o presidente Lula finalmente convocou a primeira Conferência Nacional de Comunicação. Foi preciso dobrar a resistência dos barões da mídia, que manipulam corações e mentes de milhões de brasileiros, possuem expressiva e ativa bancada de senadores e deputados e estão infiltrados no próprio Palácio do Planalto, através do ministro das Comunicações – ou melhor, ministro da TV Globo –, Hélio Costa. A conferência está marcada para os dias 1, 2 e 3 de dezembro e será precedida pelas etapas municipais e estaduais, a partir de julho. Será a primeira oportunidade na história do país para a sociedade debater o papel da mídia.
Do ponto de vista do sindicalismo, não há dúvidas de que a mídia existente no país não serve à democracia e nem à luta dos trabalhadores. Ele vive desinformando a população, criminalizando os movimentos sociais e atacando os direitos trabalhistas. Qualquer ação sindical é tratada como “bagunça”, como fator de “caos no trânsito”. As leis trabalhistas são encaradas como privilégios; a previdência social é apontada como “gastança”; os sindicatos são rotulados de “corporativos e atrasados”. A mídia hegemônica serve aos interesses do grande capital. Atualmente, ela ocupa o papel do “partido da direita”, atacando as lutas sociais e os governos minimamente progressistas.
Diante deste quadro, a Conferência Nacional de Comunicação ganha enorme importância. Além de diagnosticar seu papel nefasto à sociedade, esta será a oportunidade para apresentar propostas concretas para a democratização da mídia. Medidas como a do fortalecimento da rede pública, a da revisão dos critérios de concessão às empresas privadas, a do incentivo às rádios comunitários e aos veículos alternativos ou a do estímulo à inclusão digital estarão na pauta desta conferência. A ditadura midiática, que fez de tudo para evitar a conferência, agora tentará evitar as mudanças mais profundas neste setor. Não dá para vacilar nesta batalha de caráter estratégico.
Com este visão, o Portal Vermelho, com o apoio do Sindicato dos Engenheiros e da Fundação Maurício Grabois, realizará nos dias 27 e 28 de junho o seminário “Propostas concretas para a democratização da comunicação”. O evento terá a presença dos mais renomados especialistas no tema. Além de discutir as medidas para o enfrentamento da ditadura midiática, ele abordará as experiências recentes em outros países do continente, que também padecem do mesmo mal. O objetivo do seminário é ajudar na construção de uma plataforma de propostas que sirvam para municiar os ativistas dos movimentos sociais nas conferências municipais, estadual e nacional.
A programação do evento é a seguinte:
Seminário: “Propostas concretas para a democratização da comunicação”
Dias 27 e 28 de junho.
Local: Auditório do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo.
(Rua Genebra, centro, ao lado da Câmara Municipal da capital paulista)
Dia 27 de junho (sábado), às 9 horas.
“O papel da mídia na atualidade”
- Venício de Lima – professor da UNB e autor do livro “Mídia: crise política e poder no Brasil”;
- Marcos Dantas – professor da PUC/RJ e autor do livro “Agenda democrática para as comunicações”;
- Altamiro Borges – diretor do Portal Vermelho e autor do livro “A ditadura da mídia”;
Dia 27 de junho (sábado), às 14 horas.
“As mudanças legais na América Latina”
- Beto Almeida – integrante do comitê diretivo da Telesur;
- João Brant – integrante da comissão de auditória da radiodifusão do Equador e do Intervozes;
- Celso Augusto Schröder – presidente da Federação dos Jornalistas da América Latina e da FNDC;
Dia 28 de junho (domingo), às 9 horas.
“As propostas dos poderes Executivo e Legislativo”
- Tereza Cruvinel – presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC); (*)
- Luiza Erundina – deputada federal do PSB/SP;
- Cida Diogo – deputada federal do PT/RJ; (*)
- Manoela D’Ávila – deputada federal do PCdoB;
Dia 28 de junho (domingo), às 14 horas.
“As propostas dos movimentos sociais brasileiros”
- Lucia Stumpf – presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE);
- Rachel Moreno – pesquisadora do Observatório da Mulher;
- Bia Barbosa – Coletivo Intervozes;
- Sérgio Murilo – presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj);
(*) Nomes ainda não confirmados;
- Vagas limitadas;
- Prazo para inscrições: 22 de junho;
- Taxa de inscrição: R$ 50,00
- Promoção: Portal Vermelho;
- Apoio:
- Sindicato dos Engenheiros de São Paulo;
- Fundação Maurício Grabois;
As inscrições devem ser feitas diretamente no baner do sítio do Vermelho - www.vermelho.org.br
O desafio da conferência nacional de comunicação
Após intensa pressão dos movimentos sociais, o presidente Lula finalmente convocou a primeira Conferência Nacional de Comunicação. Foi preciso dobrar a resistência dos barões da mídia, que manipulam corações e mentes de milhões de brasileiros, possuem expressiva e ativa bancada de senadores e deputados e estão infiltrados no próprio Palácio do Planalto, através do ministro das Comunicações – ou melhor, ministro da TV Globo –, Hélio Costa. A conferência está marcada para os dias 1, 2 e 3 de dezembro e será precedida pelas etapas municipais e estaduais, a partir de julho. Será a primeira oportunidade na história do país para a sociedade debater o papel da mídia.
Do ponto de vista do sindicalismo, não há dúvidas de que a mídia existente no país não serve à democracia e nem à luta dos trabalhadores. Ele vive desinformando a população, criminalizando os movimentos sociais e atacando os direitos trabalhistas. Qualquer ação sindical é tratada como “bagunça”, como fator de “caos no trânsito”. As leis trabalhistas são encaradas como privilégios; a previdência social é apontada como “gastança”; os sindicatos são rotulados de “corporativos e atrasados”. A mídia hegemônica serve aos interesses do grande capital. Atualmente, ela ocupa o papel do “partido da direita”, atacando as lutas sociais e os governos minimamente progressistas.
Diante deste quadro, a Conferência Nacional de Comunicação ganha enorme importância. Além de diagnosticar seu papel nefasto à sociedade, esta será a oportunidade para apresentar propostas concretas para a democratização da mídia. Medidas como a do fortalecimento da rede pública, a da revisão dos critérios de concessão às empresas privadas, a do incentivo às rádios comunitários e aos veículos alternativos ou a do estímulo à inclusão digital estarão na pauta desta conferência. A ditadura midiática, que fez de tudo para evitar a conferência, agora tentará evitar as mudanças mais profundas neste setor. Não dá para vacilar nesta batalha de caráter estratégico.
Com este visão, o Portal Vermelho, com o apoio do Sindicato dos Engenheiros e da Fundação Maurício Grabois, realizará nos dias 27 e 28 de junho o seminário “Propostas concretas para a democratização da comunicação”. O evento terá a presença dos mais renomados especialistas no tema. Além de discutir as medidas para o enfrentamento da ditadura midiática, ele abordará as experiências recentes em outros países do continente, que também padecem do mesmo mal. O objetivo do seminário é ajudar na construção de uma plataforma de propostas que sirvam para municiar os ativistas dos movimentos sociais nas conferências municipais, estadual e nacional.
A programação do evento é a seguinte:
Seminário: “Propostas concretas para a democratização da comunicação”
Dias 27 e 28 de junho.
Local: Auditório do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo.
(Rua Genebra, centro, ao lado da Câmara Municipal da capital paulista)
Dia 27 de junho (sábado), às 9 horas.
“O papel da mídia na atualidade”
- Venício de Lima – professor da UNB e autor do livro “Mídia: crise política e poder no Brasil”;
- Marcos Dantas – professor da PUC/RJ e autor do livro “Agenda democrática para as comunicações”;
- Altamiro Borges – diretor do Portal Vermelho e autor do livro “A ditadura da mídia”;
Dia 27 de junho (sábado), às 14 horas.
“As mudanças legais na América Latina”
- Beto Almeida – integrante do comitê diretivo da Telesur;
- João Brant – integrante da comissão de auditória da radiodifusão do Equador e do Intervozes;
- Celso Augusto Schröder – presidente da Federação dos Jornalistas da América Latina e da FNDC;
Dia 28 de junho (domingo), às 9 horas.
“As propostas dos poderes Executivo e Legislativo”
- Tereza Cruvinel – presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC); (*)
- Luiza Erundina – deputada federal do PSB/SP;
- Cida Diogo – deputada federal do PT/RJ; (*)
- Manoela D’Ávila – deputada federal do PCdoB;
Dia 28 de junho (domingo), às 14 horas.
“As propostas dos movimentos sociais brasileiros”
- Lucia Stumpf – presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE);
- Rachel Moreno – pesquisadora do Observatório da Mulher;
- Bia Barbosa – Coletivo Intervozes;
- Sérgio Murilo – presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj);
(*) Nomes ainda não confirmados;
- Vagas limitadas;
- Prazo para inscrições: 22 de junho;
- Taxa de inscrição: R$ 50,00
- Promoção: Portal Vermelho;
- Apoio:
- Sindicato dos Engenheiros de São Paulo;
- Fundação Maurício Grabois;
As inscrições devem ser feitas diretamente no baner do sítio do Vermelho - www.vermelho.org.br
domingo, 14 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
sábado, 6 de junho de 2009
sexta-feira, 29 de maio de 2009
PCdoB prioriza conferência de comunicação
A Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) aprovou nesta semana uma nota conclamando a sua militância a se engajar no processo de preparação da Conferência Nacional de Comunicação. Com o título “A prioridade da conferência pela democratização da comunicação”, a nota aponta os principais desafios deste processo de mobilização (leia abaixo).
Já em outubro de 2007, a direção nacional do PCdoB havia formulado propostas concretas para enfrentar o poder concentrado e manipulador da mídia hegemônica (nota abaixo). A mobilização partidária se intensificou com o anúncio oficial da conferência. Em fevereiro, o partido realizou um seminário nacional para discutir o fortalecimento da rede pública e agora promove encontros em vários estados sobre o tema. Nos quatro encontros estaduais já realizados (PE, CE, MG e RJ), mais de 400 comunistas discutiram o papel nocivo da ditadura midiática e também aprofundaram a reflexão sobre as propostas concretas para a democratização dos meios de comunicação.
Nota da Comissão Política
O presidente Lula, numa iniciativa que merece elogios, assinou em abril o decreto convocando a 1ª Conferência Nacional de Comunicação para os dias 1, 2 e 3 de dezembro. Ela será precedida das etapas municipais e estaduais e deverá mobilizar milhares de pessoas em todo o país. Pela primeira vez na história, a sociedade será chamada a discutir o papel dos meios de comunicação. O governo Lula já promoveu cerca de 50 conferências institucionais sobre variados temas. No caso da comunicação, houve muita resistência dos empresários, que exercem enorme poder político no país. Esta conferência será uma oportunidade impar para refletir sobre este tema estratégico na atualidade, indispensável para o avanço da democracia brasileira.
O PCdoB sempre tratou como prioridade a luta pela democratização dos meios de comunicação. Em outubro de 2007, o Comitê Central aprovou resolução com propostas concretas neste sentido. Entre outros pontos, defendeu o fortalecimento da rede pública de comunicação, a valorização da produção e da cultura nacional, a revisão dos critérios de concessões à radiodifusão privada, a definição de novos critérios para a publicidade oficial, o fim da criminalização das rádios e TVs comunitárias, maiores recursos para a inclusão digital e a elaboração de um novo marco regulatório para o setor, que regulamente os princípios constitucionais contrários à concentração e defina novos parâmetros para a convergência digital.
Agora, o PCdoB faz um chamamento à sua militância para se engaje efetivamente no processo da Conferência Nacional de Comunicação. É urgente envolver todos os movimentos sociais, vítimas constantes da criminalização midiática, nesta batalha de caráter estratégico. É preciso avançar na elaboração de propostas concretas que visem estimular a pluralidade informativa, sem a qual a democracia será sempre maculada. É imperioso construir uma plataforma unitária das forças populares para enfrentar a concentração e a manipulação da mídia. Amplitude e unidade serão decisivas nesta jornada. A Conferência Nacional de Comunicação deverá ser encarada como uma das prioridades nos próximos meses.
Comissão Política Nacional do PCdoB. São Paulo, maio de 2009.
Resolução da 8ª reunião do Comitê Central
A eleição presidencial de 2006 confirmou o papel prejudicial da mídia hegemônica no Brasil. Com raras exceções, ela fez de tudo para desinformar a sociedade e interferir no resultado final do pleito. Na prática, comportou-se como “partido da direita” brasileira, satanizando o governo Lula e as forças de esquerda para favorecer os partidos do bloco liberal-conservador.
Esta não é a primeira vez que a mídia cumpre a função manipuladora de consciências. Na fase mais recente, ela teve papel de relevo nos preparativos do golpe militar de 1964, no apoio à ditadura, na criminalização dos movimentos grevistas na sua retomada no final dos anos 1970, nos rumos da Constituinte em 1988 e na ofensiva neoliberal na década de 1990. Altamente monopolizada, num quadro em que apenas seis famílias controlam 80% do setor, ela se converteu num empecilho à democracia e ao avanço das lutas por soberania, desenvolvimento e justiça social na perspectiva do socialismo. Agora, com o processo de convergência digital, a questão se agrava com o perigo da invasão estrangeira que poderá comprometer a produção nacional e a formação cultural do nosso povo.
A luta pela democratização da mídia e em defesa da cultura nacional é hoje bandeira estratégica, que exige a mobilização dos setores progressistas da sociedade. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) tem participado ativamente desta luta. Perseguido e censurado por regimes ditatoriais, sempre defendeu a ampla liberdade de expressão, mas nunca confundiu a liberdade de imprensa com a liberdade dos monopólios. Sempre denunciou o papel manipulador da mídia reacionária e investiu na construção de veículos alternativos ao seu poder hegemônico. Agora, quando este debate ganha nova força na sociedade e a mídia dominante se encontra mais vulnerável, o PCdoB apresenta uma plataforma que tem como objetivo de mobilizar amplos setores políticos e sociais e construir ampla unidade com vistas a enfrentar a poderosa “ditadura midiática”.
1- O PCdoB apóia os esforços do governo Lula para construção da rede pública de comunicação. É fundamental construir uma televisão pública de qualidade no Brasil, que estimule a diversidade e a pluralidade de idéias, contrapondo-se ao “pensamento único” neoliberal da mídia comercial. Esta deve cumprir os preceitos constitucionais, que determinam a produção de conteúdos com finalidade educativa, cultural e artística e estimulam a produção independente e regional. Diferentemente da televisão estatal, que está prevista na Constituição e também é legítima, a TV pública precisa ter autonomia de gestão e de financiamento – como forma de garantir a sua perenidade diante das mudanças de governo. Qualquer intuito de exclusivismo para manter o seu controle, afastando os setores organizados da sociedade de suas instâncias de deliberação, será prejudicial à construção deste importante instrumento de democratização das comunicações.
2- A construção da rede pública, entretanto, não supera o problema da ditadura midiática. Faz-se urgente rediscutir os critérios de concessões públicas para as redes privadas de televisão e rádio. Na prática, elas desrespeitam as normas da Constituição de 1989, como a que proíbe a formação do monopólio e a propriedade cruzada, exige a produção de conteúdos regionais, que obriga que tenham finalidades educativas, culturais e artísticas e determina que expressem a diversidade de pensamento na sociedade. O atual processo de outorga e de renovação de concessões, com prazo de 15 anos para TVs e dez anos para rádios, é uma verdadeira caixa-preta. A sociedade não exerce qualquer controle social sobre este bem público, bem diferente do que ocorre em outras nações. É urgente exigir o cumprimento dos preceitos constitucionais, analisar com rigor a programação das emissoras e revisar os atuais mecanismos de outorgas. As emissoras de televisão e rádio não podem ficar acima da Constituição e do Estado de Direito.
3- O PCdoB defende que é necessário revisar os critérios de distribuição das verbas de publicidade dos órgãos públicos. Somente no ano passado, o governo federal repassou mais de um bilhão de reais para os veículos privados. Esse recurso é oriundo dos tributos da sociedade e deveria ter um destino mais democrático e descentralizado, evitando a monopolização do setor. Além dos critérios mercadológicos, usados como argumento pétreo pelas empresas, deveriam ser adotados mecanismos visando fortalecer a pluralidade e diversidade nos meios de comunicação, como já ocorre em países da Europa. A verba publicitária oficial também deveria ser usada para estimular a difusão dos veículos alternativos e dos movimentos sociais.
4- Outro instrumento para democratizar a mídia é o do estímulo à radiodifusão comunitária. O atual governo regrediu neste campo, promovendo descabida perseguição. Atualmente, mais de 5 mil comunicadores populares estão indiciados, aparelhos de transmissão destas rádios são alvo de apreensão e destruição e sedes são fechadas em decorrência da repressão do Ministério das Comunicações. É preciso promover mudanças na legislação para estimular a multiplicação das rádios comunitárias, sob o controle da sociedade organizada. Este ajuste legal deve aumentar o número de freqüências das emissoras, ampliar o limite da área e a potência de seu alcance – hoje restrito a um quilometro. A digitação em curso da rádio não pode servir para castrar as iniciativas populares. É necessário também que os poderes públicos garantam os meios de sustentação financeira destes veículos, contribuam na construção de conteúdos de qualidade e plurais e que criem barreiras para coibir a apropriação destes instrumentos por agrupamentos fisiológicos e para garantir seu caráter laico. Também como forma de democratizar o acesso à informação e ao conhecimento é preciso maiores investimentos públicos no processo de “inclusão digital”.
5- Estas e outras alterações colocam ordem do dia a necessidade de um novo marco regulatório do setor. A atual legislação é ultrapassada, dos anos 60, carregada de vícios e não dá respostas ao acelerado avanço tecnológico nesta área. Com a digitalização da televisão, a partir de dezembro, ocorrerão sensíveis mutações no setor. Apesar do padrão tecnológico adotado pelo governo ser restritivo, ainda é possível garantir espaços para novos canais e sua apropriação por entidades da sociedade. Para isto, faz-se necessário regulamentar os dispositivos da Constituição para reverter o processo de monopolização do setor e para garantir conteúdos mais plurais e democráticos. Ao mesmo tempo, é preciso definir regras que impeçam o processo de desnacionalização do setor e garantam a produção brasileira e a defesa da cultura nacional.
6- Para que a reflexão sobre este tema estratégico envolva a sociedade e permita enfrentar a atual ditadura midiática, o PCdoB entende que é fundamental realizar, com urgência, uma Conferencia Nacional de Comunicação, nos moldes aplicados por outros fóruns promovidos pelo governo – como as conferências das cidades, mulheres, saúde e outras. Este debate deve ser deflagrado a partir dos municípios e regiões, culminando com a conferência nacional, envolvendo o maior número de forças interessadas na democratização da mídia. Esse processo terá o papel de discutir o novo marco regulatório, o processo de convergência digital, a fortalecimento da TV pública, com o protagonismo da sociedade organizada, entre outros temas nevrálgicos. Este compromisso foi assumido pela candidatura Lula e precisa ser cobrado pela sociedade organizada.
7- Na luta pela democratização da mídia, além da denúncia do poder manipulador e concentrado dos meios privados de comunicação, o PCdoB entende que é fundamental multiplicar e fortalecer os veículos alternativos das forças de esquerda e dos movimentos sociais. Conforme resolução da direção nacional do partido, a comunicação é prioridade. É preciso reforçar ainda mais o Portal Vermelho, a experiência mais bem sucedida deste frente nos últimos anos, ampliando os acessos dos internautas, melhorando o seu conteúdo e prestando novos serviços – como a TV e a rádio Vermelho. É necessário também encontrar formas criativas para dinamizar a mídia impressa do partido, ingressando num novo patamar do jornal A Classe Operária. O partido também deve investir mais em campanha publicitárias e ser mais ousado na ocupação de espaços na televisão e na rádio. A disputa de hegemonia na sociedade e a construção de um partido forte dependem de maiores investimentos e maior energia aplicada na área de comunicação.
Comitê Central do PCdoB. São Paulo, 27 de outubro de 2007.
Já em outubro de 2007, a direção nacional do PCdoB havia formulado propostas concretas para enfrentar o poder concentrado e manipulador da mídia hegemônica (nota abaixo). A mobilização partidária se intensificou com o anúncio oficial da conferência. Em fevereiro, o partido realizou um seminário nacional para discutir o fortalecimento da rede pública e agora promove encontros em vários estados sobre o tema. Nos quatro encontros estaduais já realizados (PE, CE, MG e RJ), mais de 400 comunistas discutiram o papel nocivo da ditadura midiática e também aprofundaram a reflexão sobre as propostas concretas para a democratização dos meios de comunicação.
Nota da Comissão Política
O presidente Lula, numa iniciativa que merece elogios, assinou em abril o decreto convocando a 1ª Conferência Nacional de Comunicação para os dias 1, 2 e 3 de dezembro. Ela será precedida das etapas municipais e estaduais e deverá mobilizar milhares de pessoas em todo o país. Pela primeira vez na história, a sociedade será chamada a discutir o papel dos meios de comunicação. O governo Lula já promoveu cerca de 50 conferências institucionais sobre variados temas. No caso da comunicação, houve muita resistência dos empresários, que exercem enorme poder político no país. Esta conferência será uma oportunidade impar para refletir sobre este tema estratégico na atualidade, indispensável para o avanço da democracia brasileira.
O PCdoB sempre tratou como prioridade a luta pela democratização dos meios de comunicação. Em outubro de 2007, o Comitê Central aprovou resolução com propostas concretas neste sentido. Entre outros pontos, defendeu o fortalecimento da rede pública de comunicação, a valorização da produção e da cultura nacional, a revisão dos critérios de concessões à radiodifusão privada, a definição de novos critérios para a publicidade oficial, o fim da criminalização das rádios e TVs comunitárias, maiores recursos para a inclusão digital e a elaboração de um novo marco regulatório para o setor, que regulamente os princípios constitucionais contrários à concentração e defina novos parâmetros para a convergência digital.
Agora, o PCdoB faz um chamamento à sua militância para se engaje efetivamente no processo da Conferência Nacional de Comunicação. É urgente envolver todos os movimentos sociais, vítimas constantes da criminalização midiática, nesta batalha de caráter estratégico. É preciso avançar na elaboração de propostas concretas que visem estimular a pluralidade informativa, sem a qual a democracia será sempre maculada. É imperioso construir uma plataforma unitária das forças populares para enfrentar a concentração e a manipulação da mídia. Amplitude e unidade serão decisivas nesta jornada. A Conferência Nacional de Comunicação deverá ser encarada como uma das prioridades nos próximos meses.
Comissão Política Nacional do PCdoB. São Paulo, maio de 2009.
Resolução da 8ª reunião do Comitê Central
A eleição presidencial de 2006 confirmou o papel prejudicial da mídia hegemônica no Brasil. Com raras exceções, ela fez de tudo para desinformar a sociedade e interferir no resultado final do pleito. Na prática, comportou-se como “partido da direita” brasileira, satanizando o governo Lula e as forças de esquerda para favorecer os partidos do bloco liberal-conservador.
Esta não é a primeira vez que a mídia cumpre a função manipuladora de consciências. Na fase mais recente, ela teve papel de relevo nos preparativos do golpe militar de 1964, no apoio à ditadura, na criminalização dos movimentos grevistas na sua retomada no final dos anos 1970, nos rumos da Constituinte em 1988 e na ofensiva neoliberal na década de 1990. Altamente monopolizada, num quadro em que apenas seis famílias controlam 80% do setor, ela se converteu num empecilho à democracia e ao avanço das lutas por soberania, desenvolvimento e justiça social na perspectiva do socialismo. Agora, com o processo de convergência digital, a questão se agrava com o perigo da invasão estrangeira que poderá comprometer a produção nacional e a formação cultural do nosso povo.
A luta pela democratização da mídia e em defesa da cultura nacional é hoje bandeira estratégica, que exige a mobilização dos setores progressistas da sociedade. O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) tem participado ativamente desta luta. Perseguido e censurado por regimes ditatoriais, sempre defendeu a ampla liberdade de expressão, mas nunca confundiu a liberdade de imprensa com a liberdade dos monopólios. Sempre denunciou o papel manipulador da mídia reacionária e investiu na construção de veículos alternativos ao seu poder hegemônico. Agora, quando este debate ganha nova força na sociedade e a mídia dominante se encontra mais vulnerável, o PCdoB apresenta uma plataforma que tem como objetivo de mobilizar amplos setores políticos e sociais e construir ampla unidade com vistas a enfrentar a poderosa “ditadura midiática”.
1- O PCdoB apóia os esforços do governo Lula para construção da rede pública de comunicação. É fundamental construir uma televisão pública de qualidade no Brasil, que estimule a diversidade e a pluralidade de idéias, contrapondo-se ao “pensamento único” neoliberal da mídia comercial. Esta deve cumprir os preceitos constitucionais, que determinam a produção de conteúdos com finalidade educativa, cultural e artística e estimulam a produção independente e regional. Diferentemente da televisão estatal, que está prevista na Constituição e também é legítima, a TV pública precisa ter autonomia de gestão e de financiamento – como forma de garantir a sua perenidade diante das mudanças de governo. Qualquer intuito de exclusivismo para manter o seu controle, afastando os setores organizados da sociedade de suas instâncias de deliberação, será prejudicial à construção deste importante instrumento de democratização das comunicações.
2- A construção da rede pública, entretanto, não supera o problema da ditadura midiática. Faz-se urgente rediscutir os critérios de concessões públicas para as redes privadas de televisão e rádio. Na prática, elas desrespeitam as normas da Constituição de 1989, como a que proíbe a formação do monopólio e a propriedade cruzada, exige a produção de conteúdos regionais, que obriga que tenham finalidades educativas, culturais e artísticas e determina que expressem a diversidade de pensamento na sociedade. O atual processo de outorga e de renovação de concessões, com prazo de 15 anos para TVs e dez anos para rádios, é uma verdadeira caixa-preta. A sociedade não exerce qualquer controle social sobre este bem público, bem diferente do que ocorre em outras nações. É urgente exigir o cumprimento dos preceitos constitucionais, analisar com rigor a programação das emissoras e revisar os atuais mecanismos de outorgas. As emissoras de televisão e rádio não podem ficar acima da Constituição e do Estado de Direito.
3- O PCdoB defende que é necessário revisar os critérios de distribuição das verbas de publicidade dos órgãos públicos. Somente no ano passado, o governo federal repassou mais de um bilhão de reais para os veículos privados. Esse recurso é oriundo dos tributos da sociedade e deveria ter um destino mais democrático e descentralizado, evitando a monopolização do setor. Além dos critérios mercadológicos, usados como argumento pétreo pelas empresas, deveriam ser adotados mecanismos visando fortalecer a pluralidade e diversidade nos meios de comunicação, como já ocorre em países da Europa. A verba publicitária oficial também deveria ser usada para estimular a difusão dos veículos alternativos e dos movimentos sociais.
4- Outro instrumento para democratizar a mídia é o do estímulo à radiodifusão comunitária. O atual governo regrediu neste campo, promovendo descabida perseguição. Atualmente, mais de 5 mil comunicadores populares estão indiciados, aparelhos de transmissão destas rádios são alvo de apreensão e destruição e sedes são fechadas em decorrência da repressão do Ministério das Comunicações. É preciso promover mudanças na legislação para estimular a multiplicação das rádios comunitárias, sob o controle da sociedade organizada. Este ajuste legal deve aumentar o número de freqüências das emissoras, ampliar o limite da área e a potência de seu alcance – hoje restrito a um quilometro. A digitação em curso da rádio não pode servir para castrar as iniciativas populares. É necessário também que os poderes públicos garantam os meios de sustentação financeira destes veículos, contribuam na construção de conteúdos de qualidade e plurais e que criem barreiras para coibir a apropriação destes instrumentos por agrupamentos fisiológicos e para garantir seu caráter laico. Também como forma de democratizar o acesso à informação e ao conhecimento é preciso maiores investimentos públicos no processo de “inclusão digital”.
5- Estas e outras alterações colocam ordem do dia a necessidade de um novo marco regulatório do setor. A atual legislação é ultrapassada, dos anos 60, carregada de vícios e não dá respostas ao acelerado avanço tecnológico nesta área. Com a digitalização da televisão, a partir de dezembro, ocorrerão sensíveis mutações no setor. Apesar do padrão tecnológico adotado pelo governo ser restritivo, ainda é possível garantir espaços para novos canais e sua apropriação por entidades da sociedade. Para isto, faz-se necessário regulamentar os dispositivos da Constituição para reverter o processo de monopolização do setor e para garantir conteúdos mais plurais e democráticos. Ao mesmo tempo, é preciso definir regras que impeçam o processo de desnacionalização do setor e garantam a produção brasileira e a defesa da cultura nacional.
6- Para que a reflexão sobre este tema estratégico envolva a sociedade e permita enfrentar a atual ditadura midiática, o PCdoB entende que é fundamental realizar, com urgência, uma Conferencia Nacional de Comunicação, nos moldes aplicados por outros fóruns promovidos pelo governo – como as conferências das cidades, mulheres, saúde e outras. Este debate deve ser deflagrado a partir dos municípios e regiões, culminando com a conferência nacional, envolvendo o maior número de forças interessadas na democratização da mídia. Esse processo terá o papel de discutir o novo marco regulatório, o processo de convergência digital, a fortalecimento da TV pública, com o protagonismo da sociedade organizada, entre outros temas nevrálgicos. Este compromisso foi assumido pela candidatura Lula e precisa ser cobrado pela sociedade organizada.
7- Na luta pela democratização da mídia, além da denúncia do poder manipulador e concentrado dos meios privados de comunicação, o PCdoB entende que é fundamental multiplicar e fortalecer os veículos alternativos das forças de esquerda e dos movimentos sociais. Conforme resolução da direção nacional do partido, a comunicação é prioridade. É preciso reforçar ainda mais o Portal Vermelho, a experiência mais bem sucedida deste frente nos últimos anos, ampliando os acessos dos internautas, melhorando o seu conteúdo e prestando novos serviços – como a TV e a rádio Vermelho. É necessário também encontrar formas criativas para dinamizar a mídia impressa do partido, ingressando num novo patamar do jornal A Classe Operária. O partido também deve investir mais em campanha publicitárias e ser mais ousado na ocupação de espaços na televisão e na rádio. A disputa de hegemonia na sociedade e a construção de um partido forte dependem de maiores investimentos e maior energia aplicada na área de comunicação.
Comitê Central do PCdoB. São Paulo, 27 de outubro de 2007.
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