Reproduzo artigo de Rodrigo Vianna, publicado no blog Escrevinhador:
O debate na “RedeTV”, na noite desse domingo, foi talvez o mais morno desde o início da campanha eleitoral. Nada parecido com o que se viu na “Band” semana passada. Dilma e Serra pareciam cansados, esgotados depois de tantas viagens pelo país, e depois de tanta tensão desde o primeiro turno.
Avaliação feita pela “RedeTV” com um grupo de 27 indecisos mostrou que Serra foi avaliado ligeiramente melhor do que Dilma. José Roberto de Toledo, analista responsável por organizar essa avaliação, fez questão de ressaltar que era um grupo muito limitado, e restrito à cidade de São Paulo. Segundo ele, numa escala de 0 a 100, nenhum dos dois candidatos teve avaliação abaixo de 40 nem acima de 75 pontos. Ou seja, “tiveram desempenho medíocre”, segundo ele.
De minha parte, achei que o melhor trecho foi quando jornalistas puderam perguntar – fórmula parecida com a adotada pela Record no primeiro turno. Foram perguntas duras, diretas, bem formuladas. Para Dilma, sobre Erenice. Para Serra, sobre Paulo Preto. Foi o pior momento para Serra no debate, avaliou Toledo.
Diria que isso ocorre porque Serra não está acostumado a ser apertado pelos jornalistas, nem a ser confrontado. A imprensa amiga – especialmente em São Paulo – permite a Serra passar anos e anos sem ser incomodado. Dilma, apesar de menos experiente nesses embates, está mais acostumada a apanhar da imprensa.
O mais curioso foi a fórmula encontrada por Serra para explicar porque disse num dia que não conhecia Paulo Preto, e no dia seguinte saiu em defesa do ex-assessor (entre uma e outra declaração, lembremos, Paulo Preto deu uma entrevista fazendo ameaças veladas aos tucanos): “Eu disse que não conhecia Paulo Preto, porque eu o conhecia como Paulo Souza, aliás pra mim Paulo Preto é até um tratamento racista”.
Todos no PSDB chamam o ex-diretor da DERSA (estatal paulista que administra milhões de reais na construção de rodovias) de Paulo Preto. E Serra não sabia. Curioso. Pelo jeito, não colou com o eleitorado.
Do lado de Dilma, achei que ela passou muito tempo (no início do debate) martelando a questão das privatizações – de forma um pouco confusa. Permitiu sempre que Serra desse os contra-ataques – acusando PT de não apoiar privatização da telefonia. É um assunto que incomoda muito Serra. Mas Dilma não conseguiu nocauteá-lo em nenhum momento.
Em suma, um debate que não trouxe pautas novas para a campanha (ao contrário do que Dilma conseguiu fazer na “Band”, quando trouxe a discussão sobre Paulo Preto), nem teve momentos constrangedores ou espetaculares a ponto de mudar o quadro. Para Dilma, isso basta a essa altura.
As informações que chegam do PT são de que pesquisas internas mostram a distância entre os dois um pouco maior do que no início da semana, chegando perto dos 10 pontos.
Informações que devem ser tomadas com reserva, naturalmente. Mas se a primeira semana do segundo turno foi de pânico entre os dilmistas, a segunda termina com decepção para os serristas: eles, que chegaram a falar em vitória lá por terça ou quarta (quando até trackings do PT mostraram diferença de apenas 5 pontos entre os dois), viram a diferença se alargar de novo.
Os tucanos parece que comemoraram cedo demais. Dilma lidera por uma margem que não chega a ser confortável, a ponto de permitir relaxamento para os petistas. O que talvez seja bom para eles, já que nessa eleição quem relaxa se dá mal.
Serra mostrou – no debate da “RedeTV” – que o embate cara-a-cara com Dilma (ao contrário do que diziam alguns pretensiosos tucanos) não lhe permite vitórias arrasadoras, a ponto de encurtar a diferença.
Resta a baixaria e o boato. Não tenham dúvidas, esse será o caminho. Os tucanos vão usar um movimento duplo, em pinça: denúncias nos jornais, para manter a classe média raivosa contra o PT; e boatos religiosos nas periferias e no Nordeste, incluindo até baixarias de ordem sexual (que, segundo alguns leitores, já começam a circular na forma de panfletos contra Dilma, distribuídos de casa em casa). É uma tentativa desesperada de reduzir a popularidade de Dilma entre os mais pobres – trunfo da candidatura petista.
Os marqueteiros e o comando da campanha petista (hum…) parecem confiante a ponto de não achar necessárias novas vacinas contra a boataria – no horário político. Tenho minhas dúvidas. E sei que mais gente na cúpula do PT (com quem falei hoje) também segue moderadamente preocupada.
Serão quinze dias quentes. A eleição segue indefinida – com leve favoritismo para Dilma.
Ao contrário do primeiro turno, quando achei que os 55% de Dilma (obtidos em agosto) eram enganosos, minha avaliação agora é que – apesar da distância mais curta – Dilma parece ter um eleitorado sólido. Dificilmente baixará de 52 milhões de votos (o que garante vitória). Serra só conseguirá mudar esse quadro se algo de muito grave (ou sórdido) acontecer. E se o PT não estiver preparado para contra-atacar (e, aparentemente, isso mudou).
Dilma enfrenta a maior máquina de propaganda conservadora no país, desde 1964. O susto no fim do primeiro turno colocou em alerta os militantes e a liderança lulista mais combativa: não se pode mesmo menosprezar as forças que estão do outro lado. Eles vão tentar de tudo, e ainda vão aprontar muito até o dia 31.
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2 comentários:
Vou repetir o que já postei e comentei durante todos os dias neste segundo turno: Ou a campanha aborda as baixarias no guia, mostrando os panfletos, os vídeos, os boatos e acusando os apoiadores de serra por eles, todos os dias, o dia todo, ou vamos perder as eleições. No primeiro turno foi assim. Deu no que deu.
Caro Miro
No assunto da privatização da telefonia os tucanos alegam aumento no número de usuários de celulares no país. Ora, é elementar que este número aumentou substancialmente graças ao poder aquisitivo da população via aumento do salário mínimo e geraçlão de emprego no governo Lula. Mais emprego, mais renda, mais consumo. É dificil Dilma explicar isto? Sem falar que nas mãos do setor privado os serviços são ruins e os mais caros do mundo. Dilme pode dizer sobre o projetp Banda Larga que o governo vai implantar levando internet de qualidade e barata para todos. Meu Deus, coloca isto no horário eleitoral. Banda Larga, Já!Eu estou no meio do povo e o povo quer ouvir isto. Miro, envie isto para seus contatos na cúpula petista. BANDA LARGA. O SERRA PROMETE SLARIO MINIMO DE 600,00. PROMETA INTENET DE 1 MEGA A 15,00 NO HORARIO ELEITORAL E VC VAI VER O RESULTADO. OU TA ESPERANDO SERRA PROMETER ISTO E DILMA NAO PODER FAZER O MESMO NO HORARIO. MIRO, SUPLICO ENVIAR ESTA SUGESTAO URGENTE
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