terça-feira, 9 de agosto de 2011

O tratamento suíço aos imigrantes

Por Rui Martins, no jornal Brasil de Fato:

A Suíça é o único país da Europa que, para expulsar imigrantes de avião usa o método do entrave, ou seja, ficam com os pés e as mãos algemados e uma corrente impede que possam ficar de pé. Durante o vôo, que pode durar mais de dez horas, o imigrante expulso não pode ir ao banheiro e é obrigado a ir fazendo nas calças suas necessidades. Três imigrantes já morreram durante esses vôos e tinham sido presos sem qualquer delito cometido.



O método suíço é bárbaro, indigno e vergonhoso e foi regulamentado durante a presença, na junta de sete ministros que governa o país, do ministro do Partido do Povo, Christoph Blocher, líder da extrema-direita, chamada de populista mas com comportamentos de partido neo-nazista.

Esse Partido, com quase 30% de votos nas eleições legislativas e primeiro partido suíço, costuma promover campanhas contra imigrantes, propor votações populares com o objetivo de transformar os estrangeiros no bode expiatório de todos os males suíços, política semelhante à usada por Hitler contra os judeus.

Uma nova lei do ministério da Justiça no departamento de emigração incluí a obrigação dos diretores de escolas denunciarem as crianças de imigrantes sem papéis. Essa proposta adicional ao arsenal de medidas deixada pelo ex-ministro do Partido do Povo, se deve à nova ministra que é do Partido Socialista. Lei semelhante não existe nos outros países europeus, mas tinha sido criado, em 1935, na Alemanha nazista, e consistia na obrigação dos professores denunciarem os alunos judeus, ciganos ou filhos de comunistas.

Essas revelações foram feitas no decurso do encontro com a imprensa do cineasta Fernand Melgar, depois da exibição do seu filme “Vôo Especial”, concorrendo ao Leopardo de Ouro. Melgar já fez outro filme, há poucos anos, Forteresse , sobre os campos de refugiados, onde ficam presos os estrangeiros enquanto aguardam os julgamentos de seus pedidos de refúgio.

O novo filme de Fernand Melgar foi autorizado documentar o lugar onde ficam presos os “sem papéis”, alguns deles já tendo família na Suíça onde vivem há mais de dez anos e mesmo vinte anos, como um kosovar em fase de expulsão, que saiu do Kosovo na época da guerra e não tem mais nenhuma ligação com seu país de origem, tendo se integrado na Suíça.

Fernand Melgar fará um terceiro filme sobre os imigrantes, mostrando como vivem no país de origem os imigrantes expulsos.

Na prisão de filmagem, localizada no lado suíço-francês, conta Melgar, o tratamento por parte dos responsáveis é correto, mas do lado suíço-alemão os imigrantes chegam a ficar em células isoladas, sem terem cometido qualquer crime ou delito, razão pela qual ocorrem suicídios.

Fernand Melgar deixa claro haver uma responsabilidade coletiva do povo suíço nessas medidas desumanas e discricionárias, pois foi o povo suíço quem votou e autorizou essas ações contra os imigrantes.

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