domingo, 5 de fevereiro de 2012

EUA formam internautas na Síria e Líbia

Por Iroel Sánchez, no blog cubano La Pupila Insomne:

Em 29 de novembro de 2011, o blog postou uma matéria intitulada “O que Alec Ross fazia a caminho de Damasco? Escrevemos:

*****

Há exatamente um ano, Alec Ross, principal assessor de Hillary Clinton para a internet, disse, sem querer, que havia estado na Síria treinando diversas pessoas para as redes sociais. Ele também ministrou conferência para autoridades estadunidenses em Santiago, Chile. O motivo de tal experiência evangelizadora era, segundo contou Ross, ensinar os sírios a denunciar o suposto castigo corporal nas escolas.

Perguntamos por que Ross não se preocupa com as vítimas de torturas em Guantánamo, que há muito tempo precisam de ajuda. Mas os acontecimentos precipitados na Síria, onde os alvos da administração Obama estão sendo cumpridos, como indica o “novo método” de intervenção na Líbia, revelam o verdadeiro motivo da presença do experiente jovem em Damasco.

O pesquisador canadense Mahdi Darius Nazenroaya afirma que tanto na Síria como na Líbia “foram utilizados o facebook, twitter, celulares e youtube para divulgar notícias dos dois governos. CNN, BB, Al Jazeera, Fox News, Sky News, France 24, TF1, entre outras, recorreram a estas fontes sem, ao menos, checar as informações”.

Segundo Nazenroaya, “desde o início dos acontecimentos na Síria e na Líbia estes meios de comunicação foram mobilizados e manipulados a partir do exterior. Preenchiam páginas do facebook e twitter sobre o que estava ocorrendo com milhares de inscritos desconhecidos. Os autores destas páginas são, portanto, discutíveis: todos escritos em inglês e outros idiomas e muito bem argumentados. Não tem aparência de espontaneidade e as contas não eram no idioma sírio ou líbio, isto é, em árabe”.

Um exemplo foi a escandalosa fraude em torno do blog ‘A gay girl in Damascus’ (uma lésbica em Damasco), cujas informações eram replicadas por diversos órgãos de imprensa e que se provou que o blog era de um estadunidense que estudava na Escócia. Assim como o ‘gay girls’, vários sítios foram criados sobre a Síria a partir de fevereiro de 2011 – eles previam os protestos, divulgando informações falsas.

Mahdi Darius Nazenroaya cita o caso de ‘The Syrian Revolution 2011’, que incentivava um ‘dia de ira’, em 4 de fevereiro de 2011, sexta-feira. O pesquisador salientava que ‘o nome desta página no facebook estava em inglês e o número de inscritos não foi traduzido igualmente na mobilização física.

Por outro lado, “as contas registradas pertenciam a pequenas áreas onde há um número reduzido de pessoas com acesso à internet”. O autor acrescenta que, “além disso, o treinamento de pessoas da oposição é realizado pelo Departamento de Estado com o pretexto de promover a democracia. Esta situação fica mais evidente quando conhecemos como o Pentágono e a Otan têm procurado enfatizar a estratégia militar para o ciberespaço”.

“As mídias sociais estão sob controle do SMSC (Social Media in Strategic Comunication) do Pentágono, cujo objetivo é utilizar os meios de comunicação como um instrumento militar”. O acadêmico menciona também a utilização destas mídias contra o Irã, assim como na Bolívia, Cuba, Venezuela, Bielorússia, Rússia, Sérvia, Equador, Armênia, Ucrânia, Líbano e China.

Sem dúvida, Ross preparava o terreno para que sua chefe voltasse a dizer, entre risadas, no melhor estilo do império romano ‘We came, we saw, we died’ (original em latim Veni, vidi, vici - Eu vim, eu vi, eu conquistei), após a tortura e linchamento de Muamar Kadafi, por seus aliados do Conselho Nacional de Transição. Porque se Bush dizia que falava com Deus, não há dúvidas de que Hillary e Obama falam com os césares mais sanguinários.


*****

Na conferência em Santiago, em que o Sr Ross explicou como treinou pessoas na Síria para difundir imagens na internet, estava Ernesto Hernández Busto, que é um dos principais “ativistas” da estratégia dos Estados Unidos contra Cuba na rede. Coincidentemente, Hernández Busto – que foi o responsável em conceder o prêmio Ortega e Gasset, do diário El País, a Yoani Sánchez – solicitou por escrito a intervenção militar dos EUA na Ilha.

Em Havana, Yoani Sánchez e um fotógrafo que têm os mesmos desejos de Hernández Busto anunciavam os premiados de um concurso de fotografia digital para “captar a futura imagem de nosso presente nacional”. E já sabemos a “futura imagem” que os aliados dos Estados Unidos captaram na Líbia e os dados fornecidos pela Otan, mas Cuba não é a Líbia, muito menos Afeganistão, por mais que os candidatos esperem fotografar os marines urinando em cadáveres e estátuas em Havana.

* Tradução de Sandra Luiz Alves

5 comentários:

Irineu (Yahia) Dourado Oliveira disse...

Boa noite amigo Miro!
Isso não justifica o apoio incondicional dado ao Governo da Síria pela esquerdas atrávez do mundo. Interesses econômicos e políticos não são mais importantes que a vida humana.
Se DEUS quiser até terça feira no lançamento do livro!

Anônimo disse...

Hum... Que esquerda, hein? Seria melhor concordar com os massacres praticados pelo governo estadunidense mundo afora? Ih...rineu cê tá vendo um mundo dourado...onde, hein? no Jardim das Oliveiras?

Giovanni disse...

Sr. Irineu:

Antes de tecer qualquer consideração sobre eventuais perdas da vida humana na Síria, repare que TODAS as informações divulgadas na imprensa sobre os "massacres" que teriam ocorrido naquele país advém de um certo "Observatório Sírio de Direitos Humanos", SEM QUALQUER VERIFICAÇÃO POSTERIOR DE PARTE DE NENHUM ÓRGÃO DE IMPRENSA.

Que eu saiba, a sede desse tal "Observatório", cujos textos são sempre em inglês e jamais em árabe, não fica dentro do território sírio. Gostaria que alguém investigasse qual a origem dessa entidade, e particularmente quem a financia.

Giovanni disse...

Miro, leia este artigo de Pepe Escobar sobre o relatório da missão da Liga Árabe na Síria, e o que não foi divulgado nele (mas que acabou vazando):

http://rebelion.org/noticia.php?id=144103

Irineu (Yahia) Dourado Oliveira disse...

Senhores, dizem que o pior cego é exatamente aquele que não quer ver. Olha a desculpa esfarrapada de uma " esquerda" sem rumo: "..seria melhor concordar com os massacres praticado pelo governo estadunidense mundo a fora ? " Sinceramente seria cômico se não fosse triste. É muito melhor assumir que defendem os interesses Russos na região e que o povo sírio que esta sendo impiedosamente massacrado é apenas um detalhe.Séria mais honesto.Eu só não dou risada porque a coisa é muito séria.Viva o povo sírio e a sua revolução e fora Bachar!!