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Na quinta-feira (29), a Espanha parou contra a regressão trabalhista imposta pelo governo do direitista Mariano Rajoy. A greve geral teve a adesão das principais categorias, com destaque para metalúrgicos, setor de transporte e servidores públicos. Segundo as duas maiores centrais sindicais do país, 77% dos trabalhadores espanhóis cruzaram os braços.
Em mais de 100 cidades ocorreram protestos, com passeatas e atos públicos. Em várias localidades, a polícia agiu com violência contra os manifestantes; ao menos 172 pessoas foram presas e 116 ficaram feridas. A mídia espanhola, que também foi afetada pela greve em várias redações, tentou criminalizar o movimento, divulgando que ele teria sido esvaziado e tumultuo a sociedade.
Direita prega endurecimento
Diante do êxito da greve geral, o primeiro-ministro Mariano Rajoy, porta-voz do capital financeiro e das corporações empresariais, sentiu o baque. Setores da direita já exigem maior endurecimento na relação com o movimento sindical. Afirmam temer que a Espanha reprise o grau de radicalização da Grécia, com crescentes greves gerais.
O chamado “deus-mercado” também chiou, fazendo terrorismo. O Ibex, principal índice da bolsa de valores da Espanha, teve baixa de 0,88% e o “risco-país” voltou a subiu, ultrapassando os 360 pontos. A famigerada troika - Banco Central Europeu, Fundo Monetário Internacional e União Européia - disse temer que os protestos gerem maior instabilidade na economia do velho continente.
Desemprego e da precarização
O pacote trabalhista do governo espanhol representa uma grave regressão. Ele barateia as demissões e flexibiliza a jornada de trabalho e os salários. Na avaliação das centrais sindicais, ele deverá aumentar ainda mais o desemprego no país – que hoje bate recorde na Europa (22,3%) e afeta principalmente a juventude (mais de 40%).
Um estudo da Fundação Ideias, vinculada ao Partido Socialista Operário Espanhol, estima que a reforma, ao facilitar as demissões e flexibilizar contratos de trabalho, vai fazer o total de desempregados crescer de 5 para 6 milhões e o PIB cair 2,2%, mais que a contração de 1,7% já prevista pelo próprio governo para 2012.
A greve geral foi a primeira na gestão de Mariano Rajoy, que completou na sexta-feira cem dias de governo. A CCOO (Comissões Obreiras) e UGT (União Geral dos Trabalhadores) já discutem a realização de novos protestos.
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