quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Nercessian e a seletividade de Gurgel

Por Altamiro Borges

Na sexta-feira passada, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal parecer pedindo o arquivamento do inquérito sobre o envolvimento do deputado Stepan Nercessian (PPS-RJ) com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira. O motivo de tamanha bondade, segundo sua assessoria, é que não ficou configurado o envolvimento do parlamentar e ator global com o mafioso – preso desde fevereiro sob a acusação de chefiar um esquema de jogos ilegais e de corrupção de autoridades.

A apuração no STF foi aberta logo após a Polícia Federal descobrir que o deputado recebera dinheiro de Cachoeira. O próprio Nercessian confessou que pegou emprestado R$ 175 mil e que era amigo do mafioso há pelo menos 20 anos. Mas ele jurou que não sabia da existência da quadrilha. Agora, ele agradece a generosidade de Gurgel. “Não tenho envolvimento com nenhum esquema. A sensação é de alívio com a decisão do procurador”. O deputado continua ainda sob investigação da Corregedoria da Câmara Federal.

Interferência nas eleições municipais

De fato, o ator Stepan Nercessian, deputado eleito pelo PPS de Roberto Freire, pode não ter nenhuma culpa no cartório. O que chama a atenção, porém, é a postura seletiva de Gurgel. Contra os “mensaleiros do PT”, ele é implacável. Ele acusa mesmo sem ter provas e promove uma baita escandalização da política. Já em outros casos, o procurador-geral mais parece um engavetador geral.  Arquivou as denúncias contra o chamado “mensalão tucano”, bem anterior ao caso em “julgamento” no STF, e agora liberou Nercessian.

Sempre em busca dos holofotes da mídia, Gurgel adora posar de paladino da ética. Ontem mesmo, ele afirmou que “seria bom” que o julgamento do “mensalão do PT” tivesse reflexo nas eleições municipais. “As urnas dirão se houve alguma repercussão. A meu ver, seria bom que houvesse, seria salutar”. Ele também voltou a pedir a imediata prisão dos condenados pelo STF. "De uma vez por todas, é preciso que, no Brasil, a lei valha para todos. Se o criminoso comum vai para a cadeia, é preciso que o colarinho branco também vá”.

Outro "grande aliado" de Serra

É muito cinismo! Gurgel nunca defendeu a prisão dos ricaços e mafiosos. Pelo contrário. Ele é conhecido exatamente por arquivar os processos contra os poderosos. Se dependesse dele, seu amigo Demóstenes Torres até hoje estaria bravateando no Senado. Quanto às eleições de domingo, só faltou ele pedir ao eleitor para votar nos “éticos” da oposição demotucana. A exemplo de Joaquim Barbosa, o procurador-geral da República também vai se mostrando um “grande aliado” de José Serra e de outros candidatos do PSDB e do DEM.

5 comentários:

Benjamin Eurico Malucelli disse...

Ora, esse é o Gurgel! Limpo, correto, asséptico, ético.

Anônimo disse...

Ta certo o procurador, o pps é um partido descente. Corrupção é coisa do pt e da esquerda.Não precisa nem de provas concretas,só o fato de ser esquerdista já é prova suficiente.

Anônimo disse...

Eu precisando de grana pra pagar minhas contas. Se eu soubesse que o carlinhas cachoeira era tão legal assim, um baita amigão, distribuindo dinheiro por aí de forma desinteressada

Ignez disse...

Ai, ai...os "quinta-coluna" da Democracia e do Povo Brasileiro estão se revelando aos poucos...As máscaras caem...já é quarta-feira de cinzas?!

Wagner Ortiz disse...

O ministro Lewandowski está sendo extremamente coerente em seus votos. Pelo mesmo peso e mesma medida, livrou a cara do Stepan Nercessian, já que os autos pessimamente preparados pelo brindeiro Gurgel, sem a linha investigativa profunda, não foram suficientes para a condenação. Mas Gurgel foi “profundo” com os réus da AP-407, inventando novas figuras jurídicas (fofoca, futrica)que ele não achou no processo de Stepan.