Por Altamiro Borges
"Do alto de suas vassouras"
A trajetória sinistra do direitista
Na semana passada, a 8ª Câmara de Direito Privado de São
Paulo condenou o jornalista Boris Casoy a pagar R$ 21 mil de indenização por
danos morais ao gari Francisco Gabriel de Lima. A decisão foi festejada pelos
que lutam contra as baixarias da televisão brasileira, mas muita gente também
protestou e com razão. Afinal, a multa de R$ 21 é “uma vergonha” – para usar o famoso bordão do âncora da TV Bandeirantes. Além disso, o apresentador e a
emissora ainda poderão recorrer contra a mísera multa.
Para quem tem memória curta, vale relembrar o triste episódio
estrelado por um dos jornalistas mais reacionários da tevê nativa. Ao encerrar
o Jornal da Band da noite de 31 de dezembro de 2009, dois garis de
São Paulo apareceram desejando feliz ano novo ao povo brasileiro. Na sequência,
sem perceber a falha técnica do vazamento do áudio, Boris Casoy fez um
comentário asqueroso: “Que merda... Dois lixeiros desejando felicidades... do
alto de suas vassouras... Dois lixeiros... O mais baixo da escala do trabalho”.
Na noite seguinte, o jornalista preconceituoso pediu desculpas meio a contragosto: “Ontem durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Numa entrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostrou que não se arrependera da frase e do seu pensamento elitista, mas sim do vazamento. “Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados”.
Na noite seguinte, o jornalista preconceituoso pediu desculpas meio a contragosto: “Ontem durante o programa eu disse uma frase infeliz que ofendeu os garis. Eu peço profundas desculpas aos garis e a todos os telespectadores”. Numa entrevista à Folha, porém, Boris Casoy mostrou que não se arrependera da frase e do seu pensamento elitista, mas sim do vazamento. “Foi um erro. Vazou, era intervalo e supostamente os microfones estavam desligados”.
Diante do ocorrido, os dois garis humilhados e o sindicato
da categoria ingressaram na Justiça com processos exigindo retração pública e
indenização por danos morais. Só agora, após três anos, Boris Casoy e a TV
Bandeirantes foram condenados. Na Justiça, o âncora e a emissora alegaram que
não houve a intenção de ofender o gari. Mas quem conhece a trajetória de Boris
Casoy sabe que ele sempre teve posições elitistas e preconceituosas. Aqui cabe
outro registro para refrescar a memória.
A história de Boris Casoy é das mais sombrias do jornalismo
brasileiro. Ele sempre esteve vinculado a grupos de direita e manteve relações
com políticos reacionários. Segundo artigo bombástico da revista Cruzeiro,
em 1968, o então estudante do Mackenzie teria sido membro do Comando de Caça
aos Comunistas (CCC), o grupo fascista que promoveu inúmeros atos terroristas
durante a ditadura militar. Casoy nega a sua militância, mas vários
historiadores e personagens do período confirmam a denúncia.
Serviçal da ditadura militar
Ainda em 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré – em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoy ingressou na Folha e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Octávio Frias, outro partidário do setor “linha dura” da ditadura. Como âncora de tevê, a sua carreira teve início no SBT, em 1988.
Na seqüência, Casoy foi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governo pressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.
Em 2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta o MST. Nunca esconde a sua visão elitista contra as políticas sociais dos governos Lula e Dilma e alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores. Com esta trajetória sinistra, a multa aplicada agora é realmente “uma vergonha”.
Serviçal da ditadura militar
Ainda em 1968, o direitista foi nomeado secretário de imprensa de Herbert Levy, então secretário de Agricultura do governo biônico de Abreu Sodré – em plena ditadura. Também foi assessor do ministro da Agricultura do general Garrastazu Médici na fase mais dura das torturas e mortes do regime militar. Em 1974, Casoy ingressou na Folha e, numa ascensão meteórica, foi promovido a editor-chefe do jornal de Octávio Frias, outro partidário do setor “linha dura” da ditadura. Como âncora de tevê, a sua carreira teve início no SBT, em 1988.
Na seqüência, Casoy foi apresentador do Jornal da Record durante oito anos, até ser demitido em dezembro de 2005. Ressentido, ele declarou à revista IstoÉ que “o governo pressionou a Record [para me demitir]... Foram várias pressões e a final foi do Zé Dirceu”. Na prática, a emissora não teve como sustentar seu discurso raivoso, que transformou o telejornal em palanque da oposição de direita, bombardeando sem piedade o presidente Lula no chamado “escândalo do mensalão”.
Em 2008, Casoy foi contratado pela TV Bandeirantes e manteve suas posições direitistas. Ele é um inimigo declarado dos movimentos grevistas e detesta o MST. Nunca esconde a sua visão elitista contra as políticas sociais dos governos Lula e Dilma e alinha-se sempre com as posições imperialistas dos EUA nas questões da política externa. O vazamento do vídeo em que ofende os garis confirma seu arraigado preconceito contra os trabalhadores. Com esta trajetória sinistra, a multa aplicada agora é realmente “uma vergonha”.
2 comentários:
Boris Casoy é uma espécie de cicatriz de um período sombrio que o Brasil não tem saudade, mas não deve esquecer. Pena que o tal comentário preconceituoso não mexeu com a audiência da TV que o contratou. Caso isso acontecesse, seria sumariamente demitido e o Brasil ficaria livre de seus comentários rasteiros e elitistas.
Ele pode ir pra qualquer emissora, não deixará de ser um cocÔ !
Só isso.
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