sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Freada de arrumação na própria mídia

Por Luis Nassif, em seu blog:

No final dos anos 90 escrevi um conjunto de colunas na Folha, sobre os desvios e abusos da cobertura jornalística.

Na Abril, Roberto Civita xerocou e enviou para diretores de redação de diversas publicaçòes. No Estadão, Ruy Mesquita encaminhou cópias para o diretor de Redação Aluizio Maranhão. Na RBS ocorreu o mesmo processo. Na Folha, além do espaço que me davam, havia a figura do ombudsman e do Painel do Leitor permitindo algum contraponto.
Por trás desse interesse, a preocupação com um projeto de lei de um deputado federal de São José do Rio Preto – e, se não me engano, de Ibrahim abi-Ackel – definindo de forma mais rigorosa punições contra abusos de mídia.

O projeto arrefeceu e, com ele, arrefeceu a intenção da mídia de praticar um jornalismo mais responsável.

De lá para cá, o jornalismo investigativo foi piorando e enveredando por caminhos que, muitas vezes, ultrapassaram os limites da legalidade. Especialmente depois dos episódios Veja-Opportunity e Veja-Cachoeira.

Criou-se um círculo vicioso do qual a própria mídia se tornou prisioneira.

Nos últimos anos, o padrão de jornalismo investigativo no país foi dominado ou por vazamentos de autoridades (MPF, PF, TCU etc), o que é legítimo, ou pelo relacionamento mais promíscuo com criminosos e lobistas – casos do consultor que acabara de sair da cadeia, invasão do hotel de José Dirceu, as capas da Veja sobre maluquices (como propinas de R$ 200 mil sendo levadas ao Planalto em envelopes), grampos obtidos de maneira criminosa etc.

Esse movimento acabou gerando uma competição degradante, que vitimou até profissionais sérios da mídia. Porque criou-se uma competição com a escandalização desenfreada da Veja que acabou pressionando profissionais sérios a seguirem modelos de atuação de diversos inescrupulosos que invadiram a profissão.

O indiciamento de Policarpo Jr não significa sua condenação nem a da revista. Vai-se abrir um inquérito onde todas as partes serão ouvidas e todos poderão se defender. Mas – importante – permitirá uma freada de arrumação para a própria mídia e uma discussão séria, em um ambiente neutro, sobre os limites da cobertura jornalística.

A competição espúria
Ainda no final dos anos 90, escrevi um artigo sobre o fim do projeto Folha – como tal, entendida aquela simplificação de tratar todo funcionário público como preguiçoso, todo usineiro como caloteiro, todo banqueiro como ganancioso, todo movimento social como baderneiro.

Chegou-se a montar um seminário interno, na própria Folha, para analisar a nova etapa, inclusive frente às novas mídia que cresciam. No fim, preponderou a visão medrosa: e se pararmos com nosso modelo atual e o Globo (que começava a crescer) ocupar o espaço? Minha resposta é que seria ótimo, porque era um espaço sem futuro.

Mas abrir mão de uma posição que deu a liderança, até aquele momento, por um novo estilo, exige coragem e determinação. E os veículos de mídia são extremamente conservadores e refratários a mudanças, com medo de perder a clientela, mesmo que declinante.

O indiciamento de Policarpo será a pausa para esse momento de reflexão da própria mídia. O caso será analisado pelo Ministério Público Federal e pela Justiça – poderes teoricamente neutros. A discussão abrirá espaço para uma revisão dos métodos atuais e para um revigoramento da liberdade de imprensa, porque, daqui para frente, calçada em princípios legitimadores, não nesse vale-tudo atual.

Nenhum procurador, de ofício, tomará a iniciativa de agir. Nenhum Ministro de tribunal ousará, porque iniciativas individuais são alvejadas com ataques pessoais que intimidam qualquer um. Daí a importância de uma ação institucional, que se inicie no Congresso, passe pelo MPF e pelos tribunais. Até para comprovar que não existem intocáveis no país.

Se a CPMI recuar, perder-se-á uma oportunidade única de melhorar o ambiente jornalístico e legitimar a ação da mídia.

3 comentários:

Nestor Calazans disse...

Recuou e perdeu.

Taciana disse...

E agora com um tratamento muito veemente e "detalhado", divulga-se uma operação da PF que apreendeu documentos e indiciou uma assessora da AGU, devidamente "nomeada por Lula, com indicação de Zé Dirceu a quem assessora desde à década de 90".

Dizem os meios, tratar-se de um esquema montado de venda de pareceres favoráveis a empresas que se candidatam a obras no Governo.

Vale a pena conferir esse novo escândalo de fim de semana contra o Governo que traz a novidade de atingir a AGU.

Anônimo disse...


[LIBERDADE DE EXPRESSÃO NOS OLHOS DOS OUTROS É COLÍRIO E/OU É REFRESCO! ENTENDA]

Record indenizará William Waack por dizer que ele era espião da CIA

A Justiça de São Paulo condenou a Rede Record a pagar uma indenização de R$ 50 mil ao jornalista da Globo William Waack por danos morais. A ação se deu porque a emissora publicou no seu portal, o R7, uma notícia informando que Waack seria espião da CIA. A reportagem disponível na internet desde o dia 27 de outubro de 2011 diz "Wikileaks aponta William Waack como informante do governo dos EUA" e foi baseada em um texto do blog Brasil que Vai do economista Luiz Cezar. Segundo o juiz responsável pelo caso, Vitor Frederico Kümpel, “restou comprovado que inexiste qualquer documento do WikiLeaks apontando o autor como informante dos EUA, como infiltrado da CIA e outros fatos ofensivos que foram dirigidos ao jornalista William Waack”. De acordo com Kümpel a Record não se baseou em fontes fidedignas ao divulgar a informação. “A ré lançou palavras de forma totalmente sem fundamentação e que repercutiram negativamente ferindo a imagem e o nome do autor”, disse na sentença.

CACHOEIRA - perdão, ato falho -, FONTE: http://www.bahianoticias.com.br/
Sábado, 24 de Novembro de 2012 - 09:10

EM TEMPO DE LIBERDADE DE EXPRESSÃO(!): alguém do PIGolpista irá se manifestar propugnando ‘o domínio do fato’ característico de cerceamento e violação da liberdade da imprensa e/ou retaliação judicial de concorrente na disputa pela audiência e/ou tramoia urdida apelo PT para atacar a honra do impoluto (sic) ‘jornalista amigo dos patrões Marinhos’?!...

República de ‘Nois’ Bananas
Bahia, Feira de Santana
Messias Franca de Macedo